Entrevista com Jorge Salcedo

02-08-2001
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Quinta-feira, 1 de Março de 2001

Entrevista com Jorge Salcedo

«A certa altura passou pela cabeça desistir» Jorge Salcedo, 48 anos, é o presidente do Comité Organizador do Mundial de Pista Coberta Lisboa'2001. Filho de um antigo atleta e dirigente federativo – Afonso Salcedo Fernandes –, entrou no atletismo por influência paterna, em meados dos ano 70. Professor de biologia, em 1992, trocou definitivamente o seu lugar no Liceu Camões pela Federação Portuguesa de Atletismo, onde ocupa actualmente os cargos de secretário-geral e presidente do Comité de Competições.

Esteve por detrás de todas as grandes organizações do atletismo português, casos do Campeonato do Mundo de Juniores em 1994 ou do Mundial de Vilamoura em corta-mato, realizado o ano passado. Em entrevista ao ID Online, Jorge Salcedo conta como foi possível a organização deste grande evento face à indefinição do Governo no que toca ao financiamento. Fala ainda do inesperado sucesso de bilheteira, da elite do atletismo mundial presente em Lisboa, da pouca tradição portuguesa em pista coberta, do tabu Fernanda Ribeiro...Tópicos de uma grande entrevista a apenas uma semana do arranque dos Mundiais no Pavilhão Atlântico. Entrevista de Ricardo Reis e Ana Proença Infordesporto Online – Como surgiu a ideia de organizar o Mundial de Pista Coberta 2001 em Lisboa?

Jore Salcedo – As competições que temos organizado têm surgido por dois tipos de motivos: a convite de uma entidade, e isso foi muito claro no Mundial de Corta-Mato de Vilamoura (2000). Noutros casos, têm surgido para fomentar a construção ou o aparecimento de uma nova instalação; e ainda para promover a modalidade, possibilitando às pessoas assistir a grandes espectáculos de atletismo.

No caso do Mundial de pista coberta, foi-nos endereçado um desafio por parte do responsável do desporto na época, o Dr. Miranda Calha. ID Online – A existência do Pavilhão Atlântico foi condição sine qua non...

JS – Sim, claro, foi o que motivou a nossa candidatura, porque sem ele não o poderíamos fazer. Seria difícil a IAAF aceitar o Pavilhão de Espinho para organizar um Campeonato de Pista Coberta. ID Online – Que passos foram necessários dar para que a ideia de um Mundial em Lisboa se tornasse realidade?

JS – Primeiro, foi preciso apresentar o habitual dossier de candidatura à Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e, além disso, ter a base financeira para avançar. Isso foi logo falado com o Dr.Miranda Calha, em representação do governo, e com a Dra. Rita Magrinho, do pelouro do desporto da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Depois, tentámos influenciar os membros do conselho da IAAF, defendendo a nossa candidatura. Ou seja, fazendo o lobby que é necessário fazer.

Há membros do conselho da IAAF que são pró-Portugal. Independentemente da qualidade da candidatura, votariam sempre em nós, porque acham que fazemos as coisas bem. ID Online – Quando Miranda Calha sugeriu a organização do Mundial, qual foi a vossa reacção? Não se assustaram?

JS – O Mundial de Juniores, em 1994, foi o grande baptismo para nós em termos de organização de grandes eventos. Do ponto de vista logístico, foi uma competição difícil de organizar. Portanto, já tínhamos tido uma prova de fogo e até com um número superior de atletas. ID Online – A ideia principal partiu então do Governo. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) acolheu a iniciativa de braços abertos?

JS – Sim, desde o início que houve receptividade. ID Online – Até mesmo para a construção da infra-estrutura onde será instalada a pista depois do Mundial?

JS – Sim. Houve apenas um atraso na abertura do concurso para a construção do Pavilhão. A pista vai ter de ser desmontada assim que a competição acabe, porque logo na quinta-feira seguinte haverá outro espectáculo no Pavilhão Atlântico. Segundo as informações que temos, a pista será armazenada em Almada até que o pavilhão seja construído (na Avenida do Brasil). ID Online – Quantas pessoas dentro da Federação Portuguesa de Atletismo estão envolvidas na organização do Mundial de Pista Coberta?

JS – Para já temos 12 responsáveis de departamento. Se considerarmos os sub-departamentos, são cerca de 30 pessoas que estão a trabalhar para o Mundial. ID Online – Como é que se conjuga o trabalho de todas essas pessoas?

JS – Não é fácil. Temos reuniões periódicas, com os responsáveis de cada departamento. Mas a partir do momento em que traçamos um plano de trabalho, a responsabilidade é dada a cada um dos coordenadores. Há uma grande descentralização em termos do comité organizador. Existe um grande trabalho de equipa dentro da federação. (Continuação)

Quinta-feira, 1 de Março de 2001

Entrevista com Jorge Salcedo

«A certa altura passou pela cabeça desistir» Jorge Salcedo, 48 anos, é o presidente do Comité Organizador do Mundial de Pista Coberta Lisboa'2001. Filho de um antigo atleta e dirigente federativo – Afonso Salcedo Fernandes –, entrou no atletismo por influência paterna, em meados dos ano 70. Professor de biologia, em 1992, trocou definitivamente o seu lugar no Liceu Camões pela Federação Portuguesa de Atletismo, onde ocupa actualmente os cargos de secretário-geral e presidente do Comité de Competições.

Esteve por detrás de todas as grandes organizações do atletismo português, casos do Campeonato do Mundo de Juniores em 1994 ou do Mundial de Vilamoura em corta-mato, realizado o ano passado. Em entrevista ao ID Online, Jorge Salcedo conta como foi possível a organização deste grande evento face à indefinição do Governo no que toca ao financiamento. Fala ainda do inesperado sucesso de bilheteira, da elite do atletismo mundial presente em Lisboa, da pouca tradição portuguesa em pista coberta, do tabu Fernanda Ribeiro...Tópicos de uma grande entrevista a apenas uma semana do arranque dos Mundiais no Pavilhão Atlântico. Entrevista de Ricardo Reis e Ana Proença Infordesporto Online – Como surgiu a ideia de organizar o Mundial de Pista Coberta 2001 em Lisboa?

Jore Salcedo – As competições que temos organizado têm surgido por dois tipos de motivos: a convite de uma entidade, e isso foi muito claro no Mundial de Corta-Mato de Vilamoura (2000). Noutros casos, têm surgido para fomentar a construção ou o aparecimento de uma nova instalação; e ainda para promover a modalidade, possibilitando às pessoas assistir a grandes espectáculos de atletismo.

No caso do Mundial de pista coberta, foi-nos endereçado um desafio por parte do responsável do desporto na época, o Dr. Miranda Calha. ID Online – A existência do Pavilhão Atlântico foi condição sine qua non...

JS – Sim, claro, foi o que motivou a nossa candidatura, porque sem ele não o poderíamos fazer. Seria difícil a IAAF aceitar o Pavilhão de Espinho para organizar um Campeonato de Pista Coberta. ID Online – Que passos foram necessários dar para que a ideia de um Mundial em Lisboa se tornasse realidade?

JS – Primeiro, foi preciso apresentar o habitual dossier de candidatura à Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e, além disso, ter a base financeira para avançar. Isso foi logo falado com o Dr.Miranda Calha, em representação do governo, e com a Dra. Rita Magrinho, do pelouro do desporto da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Depois, tentámos influenciar os membros do conselho da IAAF, defendendo a nossa candidatura. Ou seja, fazendo o lobby que é necessário fazer.

Há membros do conselho da IAAF que são pró-Portugal. Independentemente da qualidade da candidatura, votariam sempre em nós, porque acham que fazemos as coisas bem. ID Online – Quando Miranda Calha sugeriu a organização do Mundial, qual foi a vossa reacção? Não se assustaram?

JS – O Mundial de Juniores, em 1994, foi o grande baptismo para nós em termos de organização de grandes eventos. Do ponto de vista logístico, foi uma competição difícil de organizar. Portanto, já tínhamos tido uma prova de fogo e até com um número superior de atletas. ID Online – A ideia principal partiu então do Governo. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) acolheu a iniciativa de braços abertos?

JS – Sim, desde o início que houve receptividade. ID Online – Até mesmo para a construção da infra-estrutura onde será instalada a pista depois do Mundial?

JS – Sim. Houve apenas um atraso na abertura do concurso para a construção do Pavilhão. A pista vai ter de ser desmontada assim que a competição acabe, porque logo na quinta-feira seguinte haverá outro espectáculo no Pavilhão Atlântico. Segundo as informações que temos, a pista será armazenada em Almada até que o pavilhão seja construído (na Avenida do Brasil). ID Online – Quantas pessoas dentro da Federação Portuguesa de Atletismo estão envolvidas na organização do Mundial de Pista Coberta?

JS – Para já temos 12 responsáveis de departamento. Se considerarmos os sub-departamentos, são cerca de 30 pessoas que estão a trabalhar para o Mundial. ID Online – Como é que se conjuga o trabalho de todas essas pessoas?

JS – Não é fácil. Temos reuniões periódicas, com os responsáveis de cada departamento. Mas a partir do momento em que traçamos um plano de trabalho, a responsabilidade é dada a cada um dos coordenadores. Há uma grande descentralização em termos do comité organizador. Existe um grande trabalho de equipa dentro da federação. (Continuação)

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