EXPRESSO: País

28-07-2001
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Borges anima PSD

O novo militante de Alter do Chão é recebido com «entusiasmo» no partido

António Pedro Ferreira António Borges (com Leonor Beleza) no Nicola: há crise, mas sem fatalismos

FRUSTRADO com o presente, optimista quanto ao futuro. Assim se apresentou a mais recente aquisição dos sociais-democratas, António Borges, no Café Nicola, para a última sessão das «Noites da Oposição» desta temporada. Expressando umpor aqueles que poderiam ter sido os melhores anos da economia portuguesa, na última década, o economista iniciou a intervenção criticando a forma como este Governo desperdiçou a herança do PSD.

Mas, em vez de «dar outro salto em frente», a credibilidade do país só serviu para um fim, nas palavras de António Borges: «Instalarmo-nos mais rapidamente, vivermos dos sacrifícios dos anos anteriores e relaxar a disciplina financeira». Lembrando que «os erros pagam-se caro», apontou como resultado o actual retrocesso da economia portuguesa. Com o regresso da inflação e a quebra da produtividade, assiste-se hoje «à mais dolorosa e triste fase de todas» pois não é possível aumentar os salários reais, sustentou. E, segundo o economista, a entrada no euro mais não fez do que adiar a crise. «Noutro tempo já teríamos o FMI a governar o país. Agora a sanção não é tão imediata, mas será mais pesada», sentenciou.

Depois da filiação (em Alter do Chão) de António Borges no PSD e do elogio que se lhe seguiu vindo do ex-primeiro-ministro Cavaco Silva, juntou-se uma multidão no Café Nicola para assistir à estreia do economista nas lides políticas. Leonor e Miguel Beleza, Manuela Ferreira Leite, Marcelo Rebelo de Sousa, José Luís Arnaut, Mira Amaral, Vieira de Castro, Miguel Macedo e Rui Carp foram alguns dos que marcaram presença. Pelo CDS/PP, compareceram Narana Coissoró e Pires de Lima.

As expectativas dos presentes em relação ao futuro político de Borges foram notórias. «Não tenho um plano de Governo», respondeu Borges às primeiras perguntas da noite. Contudo, o economista não se coibiu de apontar críticas e sugestões aos sectores mais vulneráveis da economia portuguesa. Segundo o economista, «a primeira medida de um governo sério e honesto seria a de combater a corrupção desde o primeiro dia». Lançar as reformas «essenciais» da Segurança Social , da Saúde, da Educação, mas «numa lógica financeira nova» seria outra das metas. Quanto à Administração Pública, é urgente «um mínimo de disciplina financeira», reformando-a pela via da modernização e do emagrecimento. O economista salientou ainda que o euro não significa apenas benesses e taxas de juros baixas e que «os portugueses ainda não se deram conta de que o euro levanta muito a barra da competitividade».

António Borges fez, assim, o diagnóstico de uma «situação dramática», mas, logo à partida, afirmou que «não é momento para fatalismos».

Satisfação no PSD

Depois de Cavaco Silva ter elogiado a adesão de António Borges ao PSD, o EXPRESSO ouviu outras destacadas personalidades social-democratas acerca da nova «estrela» do partido.

Luís Marques Mendes manifestou-se «particularmente satisfeito» com a nova filiação, sublinhando que «o PSD tem excelentes quadros no domínio da economia e em muitos outros, mas fica sempre mais forte quando a ele aderem pessoas de grande qualidade». E, acrescentou, esse «é claramente o caso de António Borges. Uma pessoa de competência invulgar, de grande craveira intelectual e com inegável prestígio reconhecido nacional e internacionalmente».

Também para Ângelo Correia, António Borges «é uma pessoa de muito valor, que vem melhorar o património do partido e contribuir para a credibilização do PSD como partido político».

António Capucho, por seu lado, reagiu com «enorme entusiasmo» à adesão de Borges, que «pela sua inegável capacidade e reconhecida competência, vem enriquecer muito o conjunto de quadros que abraçaram as causas do PSD».

Valentim Loureiro, por seu lado, pensa que a adesão «representa a confirmação de uma proximidade que sempre teve» e «revela um sentimento de que é urgente mudar o rumo do país e que quem vai liderar essa mudança é o PSD».

Já Santana Lopes limitou-se a responder que não tinha «nenhum comentário especial a fazer».

Sobre a questão de uma possível futura liderança do PSD, apenas Marques Mendes admite a possibilidade, considerando que Borges tem características para poder vir a ser um líder do PSD. «Claro que sim, pelas qualidades que já nomeei», responde o deputado. Ângelo Correia afirma não ter «a menor dúvida» de que António Borges seria «um excelente ministro das Finanças», mas salvaguarda que «um líder do PSD é mais do um ministro. É preciso ser um político». Para Valentim, se «há problema que o PSD não tem é o de poder encontrar entre os seus militantes, soluções de liderança» e « algumas das pessoas mais capazes de Portugal - e António Borges é uma delas - têm responsabilidades no PSD». António Capucho, por seu lado, defende que «no PSD, há dezenas de pessoas com capacidades de liderança. Mas essa questão não se coloca». Santana Lopes responde com uma pergunta: «Porque não? Todos podem ser um dia...»

Borges anima PSD

O novo militante de Alter do Chão é recebido com «entusiasmo» no partido

António Pedro Ferreira António Borges (com Leonor Beleza) no Nicola: há crise, mas sem fatalismos

FRUSTRADO com o presente, optimista quanto ao futuro. Assim se apresentou a mais recente aquisição dos sociais-democratas, António Borges, no Café Nicola, para a última sessão das «Noites da Oposição» desta temporada. Expressando umpor aqueles que poderiam ter sido os melhores anos da economia portuguesa, na última década, o economista iniciou a intervenção criticando a forma como este Governo desperdiçou a herança do PSD.

Mas, em vez de «dar outro salto em frente», a credibilidade do país só serviu para um fim, nas palavras de António Borges: «Instalarmo-nos mais rapidamente, vivermos dos sacrifícios dos anos anteriores e relaxar a disciplina financeira». Lembrando que «os erros pagam-se caro», apontou como resultado o actual retrocesso da economia portuguesa. Com o regresso da inflação e a quebra da produtividade, assiste-se hoje «à mais dolorosa e triste fase de todas» pois não é possível aumentar os salários reais, sustentou. E, segundo o economista, a entrada no euro mais não fez do que adiar a crise. «Noutro tempo já teríamos o FMI a governar o país. Agora a sanção não é tão imediata, mas será mais pesada», sentenciou.

Depois da filiação (em Alter do Chão) de António Borges no PSD e do elogio que se lhe seguiu vindo do ex-primeiro-ministro Cavaco Silva, juntou-se uma multidão no Café Nicola para assistir à estreia do economista nas lides políticas. Leonor e Miguel Beleza, Manuela Ferreira Leite, Marcelo Rebelo de Sousa, José Luís Arnaut, Mira Amaral, Vieira de Castro, Miguel Macedo e Rui Carp foram alguns dos que marcaram presença. Pelo CDS/PP, compareceram Narana Coissoró e Pires de Lima.

As expectativas dos presentes em relação ao futuro político de Borges foram notórias. «Não tenho um plano de Governo», respondeu Borges às primeiras perguntas da noite. Contudo, o economista não se coibiu de apontar críticas e sugestões aos sectores mais vulneráveis da economia portuguesa. Segundo o economista, «a primeira medida de um governo sério e honesto seria a de combater a corrupção desde o primeiro dia». Lançar as reformas «essenciais» da Segurança Social , da Saúde, da Educação, mas «numa lógica financeira nova» seria outra das metas. Quanto à Administração Pública, é urgente «um mínimo de disciplina financeira», reformando-a pela via da modernização e do emagrecimento. O economista salientou ainda que o euro não significa apenas benesses e taxas de juros baixas e que «os portugueses ainda não se deram conta de que o euro levanta muito a barra da competitividade».

António Borges fez, assim, o diagnóstico de uma «situação dramática», mas, logo à partida, afirmou que «não é momento para fatalismos».

Satisfação no PSD

Depois de Cavaco Silva ter elogiado a adesão de António Borges ao PSD, o EXPRESSO ouviu outras destacadas personalidades social-democratas acerca da nova «estrela» do partido.

Luís Marques Mendes manifestou-se «particularmente satisfeito» com a nova filiação, sublinhando que «o PSD tem excelentes quadros no domínio da economia e em muitos outros, mas fica sempre mais forte quando a ele aderem pessoas de grande qualidade». E, acrescentou, esse «é claramente o caso de António Borges. Uma pessoa de competência invulgar, de grande craveira intelectual e com inegável prestígio reconhecido nacional e internacionalmente».

Também para Ângelo Correia, António Borges «é uma pessoa de muito valor, que vem melhorar o património do partido e contribuir para a credibilização do PSD como partido político».

António Capucho, por seu lado, reagiu com «enorme entusiasmo» à adesão de Borges, que «pela sua inegável capacidade e reconhecida competência, vem enriquecer muito o conjunto de quadros que abraçaram as causas do PSD».

Valentim Loureiro, por seu lado, pensa que a adesão «representa a confirmação de uma proximidade que sempre teve» e «revela um sentimento de que é urgente mudar o rumo do país e que quem vai liderar essa mudança é o PSD».

Já Santana Lopes limitou-se a responder que não tinha «nenhum comentário especial a fazer».

Sobre a questão de uma possível futura liderança do PSD, apenas Marques Mendes admite a possibilidade, considerando que Borges tem características para poder vir a ser um líder do PSD. «Claro que sim, pelas qualidades que já nomeei», responde o deputado. Ângelo Correia afirma não ter «a menor dúvida» de que António Borges seria «um excelente ministro das Finanças», mas salvaguarda que «um líder do PSD é mais do um ministro. É preciso ser um político». Para Valentim, se «há problema que o PSD não tem é o de poder encontrar entre os seus militantes, soluções de liderança» e « algumas das pessoas mais capazes de Portugal - e António Borges é uma delas - têm responsabilidades no PSD». António Capucho, por seu lado, defende que «no PSD, há dezenas de pessoas com capacidades de liderança. Mas essa questão não se coloca». Santana Lopes responde com uma pergunta: «Porque não? Todos podem ser um dia...»

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