Rui Rio assume candidatura de ruptura no Porto

01-05-2001
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Rui Rio Assume Candidatura de Ruptura no Porto

Por FILOMENA FONTES E RUI BAPTISTA

Quarta-feira, 25 de Abril de 2001

Históricos e JSD em peso na cerimónia de apresentação

O candidato do PSD exorta o Porto a ter "ambição nacional" e promete acabar com o "caos urbanístico" na cidade

"Mudança", "ruptura", "futuro" - estas foram as palavras mais vezes usadas por Rui Rio, ontem, na cerimónia de apresentação da sua candidatura à presidência da Câmara Municipal do Porto. A reconciliação dos portuenses com a participação na vida política foi primeira prioridade do discurso do candidato, que traçou as metas do seu projecto: "recuperar a dignidade do Porto", abandonando "a postura política de pendor excessivamente regionalista". O caos urbanístico, os atrasos no projecto do Metro e a insegurança são os três grandes vectores da candidatura social-democrata, que recusa o favoritismo do "putativo candidato socialista", Fernando Gomes.

Luís Filipe Menezes foi o grande ausente da cerimónia, que contou com a presença de Durão Barroso e que juntou a "velha guarda" do PSD, nomeadamente Valente de Oliveira, Silva Peneda, Montalvão Machado, Paulo Mendo, Carlos Brito e Couto dos Santos. A JSD esteve em peso, incluindo o líder nacional, Pedro Duarte, e a distrital esteve representada pelos dois "vices" de Menezes: João Loureiro e José Oliveira. Valentim Loureiro, presidente da Assembleia Distrital, sentou-se na primeira fila, ao lado de Durão e Miguel Veiga, mandatário da candidatura, fez o elogio do candidato: "Cidadão comprometido com valores e convicções, empenhado em causa, homem de rigor, de cabeça inteligente, preparado e assente em higiene mental, de cara fresca e lavada, de mãos limpas, economista experimentado e superiormente qualificado".

Supostamente de férias na ilha da Madeira, Menezes não ouviu as palavras que Rio lhe dirigiu, embora sem citar o seu nome: "A escolha dos candidatos feita exclusivamente através de inquéritos de opinião derrota a democracia e faz do poder mediático o centro de decisão (..) é pois, com orgulho e satisfação, que assumo que a minha escolha para candidato a presidente da Câmara do Porto não foi feita por simples recurso a sondagens".

Ataque cerrado a Fernando Gomes

Mas o alvo do candidato foi mesmo Fernando Gomes. Alertando para a necessidade de fazer "uma ruptura com o presente", Rio defendeu uma nova atitude da cidade perante o país. "O Porto não se pode autodespromover, remetendo-se a uma pequeno papel de simples vanguarda regional. Essa está adquirida por natureza. O Porto tem que ser uma voz que se ergue com respeito, com dignidade e com a autoridade que decorre da sua dimensão política, cultural, económica e social".

Nexte contexto, Rio considerou que "a afirmação política do Porto não se pode resumir aos êxitos desportivos que a cidade consegue". E avisou: "Festejar e promover esses êxitos é positivo sobre todos pontos de vista. Utilizá-los de forma sistemática e abusiva, para promoção política pessoal, é um tique que nos diminui e nos reduz politicamente perante o país". O ataque a Gomes ficou ainda mais evidente quando Rio exortou os portuenses a abandonarem "um certo complexo de perseguição que já chegou ao ponto de nos quererem pretender convencer que, em Lisboa, os ministros são demitidos apenas porque são do Porto".

Rio prometeu acabar com o "caos urbanístico" no concelho, considerou o Porto-2001 como "uma oportunidae perdida" e criticou duramente "a novela do Metro". "É por tudo isto que para o Porto se pede uma ruptura. O pior que nos podia acontecer seria um regresso ao passado". E, tal como antes tinha feito Miguel Veiga, exortou os portuenses a dizeram "basta" aos 12 anos de gestão socialista.

AD em risco

O PÚBLICO apurou, entretanto, que a reedição de uma coligação com o PP pode estar em risco, caso os populares mantenham a reivindicação de encabeçar a lista para a assembleia municipal. Miguel Anacoreta Correia, coordenador autárquico dos populares, e o advogado Manuel Cavaleiro Brandão são os dois nomes propostos pelo partido de Paulo Portas, mas o PSD não parece entusiasmado. Os sociais-democratas acreditam que será possível ter um resultado aproximado àquele de uma eventual coligação se a lista for encabeçada por um figura do partido de reconhecido prestígio. Como, por exemplo, Valente de Oliveira, que está a coordenar o programa de candidatura de Rui Rio.

As conversações entre as concelhias dos dois partidos terão "encalhado" no domingo, depois da convenção autárquica que o PP promoveu em Aveiro. Até aí, os populares tinham dado sinais de que estariam dispostos a abdicar da liderança da lista para a Assembleia Municipal do Porto em troco de eventuais acordos noutros concelhos. Porém, ao que tudo indica por ordem expressa de Portas, o PP-Porto decidiu subir a parada, impondo lugares nas listas e encurtando o "timing" de apresentação dos candidatos. Ontem, Durão não fechou as portas a uma coligação, mantendo que "está tudo em aberto", ressalvando, no entanto, que "é necessártio avaliar o que é melhor para a cidade".

Rui Rio Assume Candidatura de Ruptura no Porto

Por FILOMENA FONTES E RUI BAPTISTA

Quarta-feira, 25 de Abril de 2001

Históricos e JSD em peso na cerimónia de apresentação

O candidato do PSD exorta o Porto a ter "ambição nacional" e promete acabar com o "caos urbanístico" na cidade

"Mudança", "ruptura", "futuro" - estas foram as palavras mais vezes usadas por Rui Rio, ontem, na cerimónia de apresentação da sua candidatura à presidência da Câmara Municipal do Porto. A reconciliação dos portuenses com a participação na vida política foi primeira prioridade do discurso do candidato, que traçou as metas do seu projecto: "recuperar a dignidade do Porto", abandonando "a postura política de pendor excessivamente regionalista". O caos urbanístico, os atrasos no projecto do Metro e a insegurança são os três grandes vectores da candidatura social-democrata, que recusa o favoritismo do "putativo candidato socialista", Fernando Gomes.

Luís Filipe Menezes foi o grande ausente da cerimónia, que contou com a presença de Durão Barroso e que juntou a "velha guarda" do PSD, nomeadamente Valente de Oliveira, Silva Peneda, Montalvão Machado, Paulo Mendo, Carlos Brito e Couto dos Santos. A JSD esteve em peso, incluindo o líder nacional, Pedro Duarte, e a distrital esteve representada pelos dois "vices" de Menezes: João Loureiro e José Oliveira. Valentim Loureiro, presidente da Assembleia Distrital, sentou-se na primeira fila, ao lado de Durão e Miguel Veiga, mandatário da candidatura, fez o elogio do candidato: "Cidadão comprometido com valores e convicções, empenhado em causa, homem de rigor, de cabeça inteligente, preparado e assente em higiene mental, de cara fresca e lavada, de mãos limpas, economista experimentado e superiormente qualificado".

Supostamente de férias na ilha da Madeira, Menezes não ouviu as palavras que Rio lhe dirigiu, embora sem citar o seu nome: "A escolha dos candidatos feita exclusivamente através de inquéritos de opinião derrota a democracia e faz do poder mediático o centro de decisão (..) é pois, com orgulho e satisfação, que assumo que a minha escolha para candidato a presidente da Câmara do Porto não foi feita por simples recurso a sondagens".

Ataque cerrado a Fernando Gomes

Mas o alvo do candidato foi mesmo Fernando Gomes. Alertando para a necessidade de fazer "uma ruptura com o presente", Rio defendeu uma nova atitude da cidade perante o país. "O Porto não se pode autodespromover, remetendo-se a uma pequeno papel de simples vanguarda regional. Essa está adquirida por natureza. O Porto tem que ser uma voz que se ergue com respeito, com dignidade e com a autoridade que decorre da sua dimensão política, cultural, económica e social".

Nexte contexto, Rio considerou que "a afirmação política do Porto não se pode resumir aos êxitos desportivos que a cidade consegue". E avisou: "Festejar e promover esses êxitos é positivo sobre todos pontos de vista. Utilizá-los de forma sistemática e abusiva, para promoção política pessoal, é um tique que nos diminui e nos reduz politicamente perante o país". O ataque a Gomes ficou ainda mais evidente quando Rio exortou os portuenses a abandonarem "um certo complexo de perseguição que já chegou ao ponto de nos quererem pretender convencer que, em Lisboa, os ministros são demitidos apenas porque são do Porto".

Rio prometeu acabar com o "caos urbanístico" no concelho, considerou o Porto-2001 como "uma oportunidae perdida" e criticou duramente "a novela do Metro". "É por tudo isto que para o Porto se pede uma ruptura. O pior que nos podia acontecer seria um regresso ao passado". E, tal como antes tinha feito Miguel Veiga, exortou os portuenses a dizeram "basta" aos 12 anos de gestão socialista.

AD em risco

O PÚBLICO apurou, entretanto, que a reedição de uma coligação com o PP pode estar em risco, caso os populares mantenham a reivindicação de encabeçar a lista para a assembleia municipal. Miguel Anacoreta Correia, coordenador autárquico dos populares, e o advogado Manuel Cavaleiro Brandão são os dois nomes propostos pelo partido de Paulo Portas, mas o PSD não parece entusiasmado. Os sociais-democratas acreditam que será possível ter um resultado aproximado àquele de uma eventual coligação se a lista for encabeçada por um figura do partido de reconhecido prestígio. Como, por exemplo, Valente de Oliveira, que está a coordenar o programa de candidatura de Rui Rio.

As conversações entre as concelhias dos dois partidos terão "encalhado" no domingo, depois da convenção autárquica que o PP promoveu em Aveiro. Até aí, os populares tinham dado sinais de que estariam dispostos a abdicar da liderança da lista para a Assembleia Municipal do Porto em troco de eventuais acordos noutros concelhos. Porém, ao que tudo indica por ordem expressa de Portas, o PP-Porto decidiu subir a parada, impondo lugares nas listas e encurtando o "timing" de apresentação dos candidatos. Ontem, Durão não fechou as portas a uma coligação, mantendo que "está tudo em aberto", ressalvando, no entanto, que "é necessártio avaliar o que é melhor para a cidade".

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