Interesses imobiliários controlam máquina socialista de Loures

08-05-2001
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Interesses Imobiliários Controlam Máquina Socialista de Loures

Por JOSÉ ANTÓNIO CEREJO

Sábado, 5 de Maio de 2001

Deputado do PS acusa

O candidato à câmara escolhido pela concelhia é acusado, pelo seu antecessor, de ser um homem de mão dos interesses imobiliários

O deputado socialista Menezes Rodrigues, que encabeçou a lista do PS nas últimas eleições para a Câmara Municipal de Loures, acusa o indigitado candidato do partido àquela autarquia de ligações obscuras aos construtores civis do concelho. O visado, Carlos Teixeira, responde que o único "lobby" a que pertence é o dos militantes socialistas de Loures. Edite Estrela, a presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa a quem Menezes Rodrigues endereçou estas graves acusações contra o seu colega de partido, ainda não se pronunciou sobre o diferendo.

"Na minha opinião, pior que o sindicato de voto praticado por dois grupos de militantes representados na comissão política com o objectivo da partilha de lugares nos órgãos municipais, foi o facto de um conhecido promotor imobiliário com interesses em Loures ter tentado desde o início do ano passado vender a tese de Carlos Teixeira para o lugar em apreço." A afirmação, textual, consta de uma carta datada de 14 de Fevereiro e dirigida a Edite Estrela por Menezes Rodrigues, actual deputado e vereador na Câmara de Loures.

Na missiva, o também ex-presidente da concelhia socialista de Loures escreve que nunca viu o seu rival Carlos Teixeira "articular qualquer pensamento político de alguma importância" e insiste na conexão do betão: "Um outro grande promotor imobiliário com interesses no concelho, em Maio do ano passado, promoveu um jantar com a minha participação e a do Carlos Teixeira com o objectivo de me convencer da bondade da candidatura do mesmo Teixeira."

Confrontado com estas afirmações, Carlos Teixeira respondeu ao PÚBLICO que é electrotécnico e não tem nada a ver com a construção civil. "O dr. Menezes Rodrigues, que é gestor, é que talvez tenha relações com o sector imobiliário." O indigitado candidato à Câmara de Loures - que foi vereador no anterior mandato e é actualmente presidente da junta de freguesia da cidade - sublinhou que foi escolhido "por unanimidade" na comissão concelhia e que a sua indigitação decorreu do facto de o actual presidente daquele órgão ter sido eleito, em Novembro passado e em substituição de Menezes Rodrigues, com um programa onde avultava o apoio à sua candidatura.

"Nem sei quem são os promotores imobiliários em Loures", adiantou Teixeira, embora confirmasse logo a seguir que conhecia pessoalmente Vítor Santos, o promotor da megaurbanização da Quinta do Infantado que nos últimos anos tem mantido um diferendo com o executivo comunista do concelho. "Até pela minha vida profissional conheço quase toda a gente", explicou.

Quanto a jantares com Menezes Rodrigues e construtores civis, respondeu: "Participei em muitos jantares com o dr. Menezes Rodrigues mas foi quando ele me tentava aliciar para ser o seu 'número dois' na candidatura à câmara." Além disso, garantiu, "em Maio do ano passado ainda nem se falava em nada disso [da sua candidatura à câmara]. Em declarações ao PÚBLICO, contudo, um importante mediador imobiliário da Quinta do Infantado disse ontem que cedeu gratuitamente uma loja ao PS em Janeiro do ano passado, através de Carlos Teixeira, porque "aposta" na sua candidatura à câmara (ver texto à parte).

Salvaguardando sempre que desconhecia a carta enviada pelo seu colega de partido a Edite Estrela, Carlos Teixeira defendeu que "os argumentes do dr. Menezes Rodrigues são desestabilizadores e não são muito úteis para o partido". Em sua opinião, o deputado assume este tipo de posições porque "não consegue perceber que perdeu e que o tempo dele passou". Quanto a si próprio, exibe uma certeza: "Eu faço parte de um 'lobby', mas é o dos militantes socialistas de Loures."

Contactado pelo PÚBLICO, Menezes Rodrigues manifestou-se "particularmente desconfortável e desgostoso" pelo facto de a "carta pessoal" que mandou a Edite Estrela ter sido objecto de divulgação e escusou-se a comentar o seu conteúdo. No entanto, a propósito da mudança das instalações da secção residencial de Loures para a Quinta do Infantado afirmou que, na ocasião, manifestou o seu desacordo e que nestes 16 meses só lá entrou uma vez. "É que não basta ser-se, tem de se parecer", explicou.

Interesses Imobiliários Controlam Máquina Socialista de Loures

Por JOSÉ ANTÓNIO CEREJO

Sábado, 5 de Maio de 2001

Deputado do PS acusa

O candidato à câmara escolhido pela concelhia é acusado, pelo seu antecessor, de ser um homem de mão dos interesses imobiliários

O deputado socialista Menezes Rodrigues, que encabeçou a lista do PS nas últimas eleições para a Câmara Municipal de Loures, acusa o indigitado candidato do partido àquela autarquia de ligações obscuras aos construtores civis do concelho. O visado, Carlos Teixeira, responde que o único "lobby" a que pertence é o dos militantes socialistas de Loures. Edite Estrela, a presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa a quem Menezes Rodrigues endereçou estas graves acusações contra o seu colega de partido, ainda não se pronunciou sobre o diferendo.

"Na minha opinião, pior que o sindicato de voto praticado por dois grupos de militantes representados na comissão política com o objectivo da partilha de lugares nos órgãos municipais, foi o facto de um conhecido promotor imobiliário com interesses em Loures ter tentado desde o início do ano passado vender a tese de Carlos Teixeira para o lugar em apreço." A afirmação, textual, consta de uma carta datada de 14 de Fevereiro e dirigida a Edite Estrela por Menezes Rodrigues, actual deputado e vereador na Câmara de Loures.

Na missiva, o também ex-presidente da concelhia socialista de Loures escreve que nunca viu o seu rival Carlos Teixeira "articular qualquer pensamento político de alguma importância" e insiste na conexão do betão: "Um outro grande promotor imobiliário com interesses no concelho, em Maio do ano passado, promoveu um jantar com a minha participação e a do Carlos Teixeira com o objectivo de me convencer da bondade da candidatura do mesmo Teixeira."

Confrontado com estas afirmações, Carlos Teixeira respondeu ao PÚBLICO que é electrotécnico e não tem nada a ver com a construção civil. "O dr. Menezes Rodrigues, que é gestor, é que talvez tenha relações com o sector imobiliário." O indigitado candidato à Câmara de Loures - que foi vereador no anterior mandato e é actualmente presidente da junta de freguesia da cidade - sublinhou que foi escolhido "por unanimidade" na comissão concelhia e que a sua indigitação decorreu do facto de o actual presidente daquele órgão ter sido eleito, em Novembro passado e em substituição de Menezes Rodrigues, com um programa onde avultava o apoio à sua candidatura.

"Nem sei quem são os promotores imobiliários em Loures", adiantou Teixeira, embora confirmasse logo a seguir que conhecia pessoalmente Vítor Santos, o promotor da megaurbanização da Quinta do Infantado que nos últimos anos tem mantido um diferendo com o executivo comunista do concelho. "Até pela minha vida profissional conheço quase toda a gente", explicou.

Quanto a jantares com Menezes Rodrigues e construtores civis, respondeu: "Participei em muitos jantares com o dr. Menezes Rodrigues mas foi quando ele me tentava aliciar para ser o seu 'número dois' na candidatura à câmara." Além disso, garantiu, "em Maio do ano passado ainda nem se falava em nada disso [da sua candidatura à câmara]. Em declarações ao PÚBLICO, contudo, um importante mediador imobiliário da Quinta do Infantado disse ontem que cedeu gratuitamente uma loja ao PS em Janeiro do ano passado, através de Carlos Teixeira, porque "aposta" na sua candidatura à câmara (ver texto à parte).

Salvaguardando sempre que desconhecia a carta enviada pelo seu colega de partido a Edite Estrela, Carlos Teixeira defendeu que "os argumentes do dr. Menezes Rodrigues são desestabilizadores e não são muito úteis para o partido". Em sua opinião, o deputado assume este tipo de posições porque "não consegue perceber que perdeu e que o tempo dele passou". Quanto a si próprio, exibe uma certeza: "Eu faço parte de um 'lobby', mas é o dos militantes socialistas de Loures."

Contactado pelo PÚBLICO, Menezes Rodrigues manifestou-se "particularmente desconfortável e desgostoso" pelo facto de a "carta pessoal" que mandou a Edite Estrela ter sido objecto de divulgação e escusou-se a comentar o seu conteúdo. No entanto, a propósito da mudança das instalações da secção residencial de Loures para a Quinta do Infantado afirmou que, na ocasião, manifestou o seu desacordo e que nestes 16 meses só lá entrou uma vez. "É que não basta ser-se, tem de se parecer", explicou.

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