EXPRESSO: Vidas

19-03-2002
marcar artigo

5/1/2002

GENTE

Decisão — De Fernanda Ribeiro, a atleta de Penafiel, de enfrentar um outro desafio. A ex-campeã olímpica integrou a lista da coligação PSD/CDS-PP que saiu vencedora no seu município e foi eleita vereadora. Agora não sabe se deve tomar posse do cargo de vereadora para o qual foi eleita, mas, em caso afirmativo, faz questão de conciliar a carreira política com a de desportista. Porém, se na sua terra participou na coligação de centro-direita, no Porto a sua preferência recaiu na lista socialista. No manifesto da candidatura de Fernando Gomes, Fernanda deu a cara dizendo que «nunca esquecerá» o trabalho do ex-autarca.

Silêncio — Do ex-ministro e principal redactor do programa da candidatura autárquica vencedora no Porto, Valente de Oliveira, que costuma ser um visitante assíduo dos alfarrabistas da Invicta. A crise governativa e a eventual chegada ao poder do PSD faz com que os alfarrabistas temam perder um importante cliente com a ida de Valente para Lisboa. Ainda um destes dias, Nuno Canavez, dono da Livraria Académica, interrogou o ex-ministro sobre um possível regresso ao Executivo. Mas Valente, com cargos na estrutura da Associação Empresarial de Portugal, manteve-se fiel à sua prudência e remeteu-se ao silêncio. Contudo, Luís Valente de Oliveira aproveitou para sossegar Nuno Canavez, dizendo que, por ele, o negócio do alfarrabista continuaria florescente.

Primeiros — Passos dados por João Paulo, num hotel em Lisboa onde por acaso se encontrava Eusébio Ferreira da Silva, vulgo Pantera Negra. Tem um ano de idade e durante as primeiras semanas de vida mal viu o pai. É filho do presidente da Câmara de Castelo de Paiva, Paulo Teixeira, e tinha nascido algum tempo antes do desastre da Ponte Hintze Ribeiro. Tantas influências da capital no futuro de João Paulo não incomodam o autarca. Aos cinco dias de idade do filho, Paulo Teixeira inscreveu-o como sócio do FC Porto, não fosse o diabo tecê-las. O papa portista, Pinto da Costa, tem agora mais um cordeiro no seu rebanho, para proteger contra o belzebu lisboeta.

Falar — Sem parar durante 72 horas e dois minutos foi a façanha do brasileiro José Luís Pereira Passos. Com um discurso nada conciso, este professor de latim, de 62 anos, quis denunciar a violência e a falta de solidariedade entre os países. A prelecção, que decorreu em Teresina, vai directa para o livro «Guinness», destronando Fidel Castro, que não sendo docente de latim, gastou-o várias vezes durante sete horas seguidas.

Dez — Magníficos eleitos pela revista «Newsweek» para marcar 2002 e os anos seguintes. São eles o tenente-general da aviação norte-americana, Charles Wald; o presidente do Irão, Mohamed Khatami; o senador e médico norte-americano, Bill Frist; o presidente da American Civil Liberties Union (uma associação que zela pelos direitos, liberdades e garantias), Anthony Romero; a reitora da Universidade de Brown, Ruth Simmons; a directora do Institute for Genomic Research, Claire Fraser; o presidente da Southwest Airlines, James Parker; um autor de jogos de vídeo, Hideo Kojima; uma esperança dos EUA na patinagem artística, Sarah Hughes; e a vocalista Alicia Keys. Resta lembrar que a revista é norte-americana.

Hospitalização — Da cantora Gloria Trevi, a pedido dos seus advogados. A diva mexicana, grávida de oito meses, deixou a prisão e vai permanecer no hospital até dar à luz. Um ícone no seu país, Gloria foi acusada de corrupção de menores e encontrava-se foragida, no Brasil, quando foi presa, em Janeiro de 2001. Em Setembro foi transferida para uma penitenciária em Brasília, quando os médicos descobriram que estava grávida. Muito se especulou e as autoridades sustentaram a tese de que Gloria se teria inseminado artificialmente, com sémen do companheiro, Sergio Andrade, também ele recluso. A imprensa apoiou a hipótese de uma eventual violação por parte dos guardas prisionais ou de outros presos.

Casamento — Da escritora britânica J.K. Rowling, autora do celebérrimo «Harry Potter», com o médico Neil Murray. A cerimónia, íntima, realizou-se na Escócia, na noite de 26 de Dezembro. Aos 36 anos, a «mãe» do pequeno feiticeiro soma já a segunda boda. A primeira foi com um português, de quem Rowling tem uma filha, Jessica. O mega-sucesso chegou depois do divórcio.

Cavaco à sombra do Chaparrinho Coordenação de César Avó

RUI OCHÔA Concretizada a profecia da «vassourada» ao PS nas últimas autárquicas, Cavaco Silva passou o ano descansadamente, e em família, na sua famosa casa do Algarve. Para onde foi na quinta-feira da semana passada, não sem passar pelo não menos famoso restaurante do Castro da Cola, o Chaparrinho. Onde o chefe Aleixo e a dona Carmelinda continuam a tratar o ex-primeiro-ministro como se continuasse a ser titular do cargo, apesar de vários ministros e secretários de Estado socialistas também serem militantes do «jantarinho» e dos ensopados da casa. Concretizada a profecia da «vassourada» ao PS nas últimas autárquicas, Cavaco Silva passou o ano descansadamente, e em família, na sua famosa casa do Algarve. Para onde foi na quinta-feira da semana passada, não sem passar pelo não menos famoso restaurante do Castro da Cola, o Chaparrinho. Onde o chefe Aleixo e a dona Carmelinda continuam a tratar o ex-primeiro-ministro como se continuasse a ser titular do cargo, apesar de vários ministros e secretários de Estado socialistas também serem militantes do «jantarinho» e dos ensopados da casa. Onde D. Aleixo continua a insistir que não entram hamburgueres nem batatas fritas.

Os resultados do «Avante!» O jornal oficial do PCP, apesar dos resultados muito pouco famosos da CDU nas últimas autárquicas, desta vez não privou os seus leitores dos resultados - concelho a concelho- das eleições, ao contrário do que sucedeu, e mereceu reparo crítico, nas presidenciais de 2001. E na primeira edição do «Avante!» imediatamente a seguir à ida às urnas lá vinham 10 páginas (dez!) com todos os resultados autárquicos. É verdade que, desta feita, não trazia os habituais quadros comparativos com as autárquicas anteriores (no caso, de 1997), mas, de todo o modo, é de saudar que não se tenha repetido a «falha técnica» que impediu a publicação dos não menos desastrosos resultados da candidatura de António Abreu nas últimas presidenciais. O jornal oficial do PCP, apesar dos resultados muito pouco famosos da CDU nas últimas autárquicas, desta vez não privou os seus leitores dos resultados - concelho a concelho- das eleições, ao contrário do que sucedeu, e mereceu reparo crítico, nas presidenciais de 2001. E na primeira edição do «Avante!» imediatamente a seguir à ida às urnas lá vinham 10 páginas (dez!) com todos os resultados autárquicos. É verdade que, desta feita, não trazia os habituais quadros comparativos com as autárquicas anteriores (no caso, de 1997), mas, de todo o modo, é de saudar que não se tenha repetido a «falha técnica» que impediu a publicação dos não menos desastrosos resultados da candidatura de António Abreu nas últimas presidenciais.

Socialistas no Paris No sábado seguinte à demissão de Guterres, o restaurante Paris, na Baixa de Lisboa, parecia ocupado pelos socialistas. Numa mesa almoçava o ainda ministro da Ciência, Mariano Gago, com a família. Noutra, Medeiros Ferreira e o ministro cessante da Saúde, Correia de Campos, conversavam animadamente. E, noutra ainda, era Serras Gago (que não consta que seja familiar de Mariano) quem comia com um senhor de idade, que GENTE presume ser o pai. Dada a difícil situação política que atravessamos, que congeminações fariam estes ilustres socialistas? Ou estariam nostalgicamente a despedir-se do poder, num restaurante cujo nome recorda a cidade que durante os anos da ditadura acolheu muitos militantes do PS no exílio?

As fitas de Durão LUIZ CARVALHO O líder do PSD, José Manuel Durão Barroso, foi passar o ano ao Brasil... Mais propriamente, a Salvador da Bahia. Umas férias depois da agitação dos últimos meses, mas que logo foi comentada pelas más línguas, que não resistiram a imaginar que Barroso iria voltar do Brasil com excesso de peso na bagagem. Porquê? Viria carregadinho com as famosas fitas de Nosso Senhor do Bonfim - aquelas que, quando se rompem, «dão direito» a três desejos - para, até 17 de Março, as distribuir por muitos e muitos dirigentes e militantes sociais-democratas. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. O líder do PSD, José Manuel Durão Barroso, foi passar o ano ao Brasil... Mais propriamente, a Salvador da Bahia. Umas férias depois da agitação dos últimos meses, mas que logo foi comentada pelas más línguas, que não resistiram a imaginar que Barroso iria voltar do Brasil com excesso de peso na bagagem. Porquê? Viria carregadinho com as famosas fitas de Nosso Senhor do Bonfim - aquelas que, quando se rompem, «dão direito» a três desejos - para, até 17 de Março, as distribuir por muitos e muitos dirigentes e militantes sociais-democratas. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Bom Ano Novo, pá! JOSÉ PEDRO TOMAZ Se é verdade que a realidade imita a ficção, a mensagem de Ano Novo de Jorge Sampaio levou esta máxima a um nível surreal. Para quem não assistiu à emissão da RTP1 do dia 1 de Janeiro, aqui ficam os factos. Tudo começou, por volta das 19h30, no programa «Contra-Informação», com uma rábula à mensagem de ano novo do Presidente da República. O boneco Jorge Compaio lá estava, com o cenário institucional do gabinete de Belém por trás, dirigindo aos portugueses uma mensagem de Ano Novo que a certo passo é interrompida por Toneca Guterres, terminando todo o «sketch» humorístico com uns piropos de Compaio ao optimismo da mensagem de Natal de Toneca. Final do «Contra-Informação». Imediatamente a seguir, sem sequer um bloco de publicidade pelo meio, surge... a mensagem de Ano Novo de Jorge Sampaio! Lá estava o nosso chefe de Estado, com o cenário institucional do gabinete de Belém por trás, etc. Impossível conter a gargalhada. Escusado será dizer que todo o discurso - com laivos de optimismo que nos remetiam para Toneca e António Guterres - foi ouvido à luz do «Contra-Informação» por quem tinha visto toda a sequência Compaio-Sampaio. Na procura de uma explicação, GENTE permite-se avançar com a seguinte teoria: o director-geral da estação estatal, Emídio Rangel, preocupado com uma possível quebra das audiências do «prime time», não resistiu a pôr Compaio a dar uma ajuda ao menos inspirado Sampaio. Será que vai fazer o mesmo com os tempos de antena? Se é verdade que a realidade imita a ficção, a mensagem de Ano Novo de Jorge Sampaio levou esta máxima a um nível surreal. Para quem não assistiu à emissão da RTP1 do dia 1 de Janeiro, aqui ficam os factos. Tudo começou, por volta das 19h30, no programa «Contra-Informação», com uma rábula à mensagem de ano novo do Presidente da República. O boneco Jorge Compaio lá estava, com o cenário institucional do gabinete de Belém por trás, dirigindo aos portugueses uma mensagem de Ano Novo que a certo passo é interrompida por Toneca Guterres, terminando todo o «sketch» humorístico com uns piropos de Compaio ao optimismo da mensagem de Natal de Toneca. Final do «Contra-Informação». Imediatamente a seguir, sem sequer um bloco de publicidade pelo meio, surge... a mensagem de Ano Novo de Jorge Sampaio! Lá estava o nosso chefe de Estado, com o cenário institucional do gabinete de Belém por trás, etc. Impossível conter a gargalhada. Escusado será dizer que todo o discurso - com laivos de optimismo que nos remetiam para Toneca e António Guterres - foi ouvido à luz do «Contra-Informação» por quem tinha visto toda a sequência Compaio-Sampaio. Na procura de uma explicação, GENTE permite-se avançar com a seguinte teoria: o director-geral da estação estatal, Emídio Rangel, preocupado com uma possível quebra das audiências do «prime time», não resistiu a pôr Compaio a dar uma ajuda ao menos inspirado Sampaio. Será que vai fazer o mesmo com os tempos de antena?

Tourada no São Carlos Dia 26 de Dezembro, no intervalo da representação da ópera «Falstaff» (a única de Verdi que o São Carlos apresentou no ano do centenário do compositor), Marcelo Rebelo de Sousa era um homem desconsolado com o naipe de metais da orquestra (a Sinfónica Portuguesa). Estava o professor no exercício da sua livre crítica quando a responsável das relações públicas do Teatro, Maria Stella Cansado, lhe apresentou Paolo Pinamonti, o novo director do Teatro Nacional de São Carlos, directamente vindo do belíssimo e famosíssimo Teatro de La Fenice, em Veneza. Após as cortesias iniciais, Pinamonti, que não ouvira as apreciações musicais de Marcelo, perguntou-lhe o que estava achar do espectáculo. E este, apesar da quadra natalícia, não encontrou melhor do que lhe dizer que estava tudo muito bem, salvo os metais, que pareciam «dignos de uma tourada». Pinamonti, entre dois sorrisos amarelos, lá foi dizendo «No, no!»... GENTE aconselha o italiano a ver rapidamente uma tourada, a fim de avaliar a justiça ou injustiça da crítica.

É só fazer as contas ANA BAIÃO O ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal perderam duas boas oportunidades de estar calados logo no primeiro dia do euro. Guilherme d'Oliveira Martins e Vítor Constâncio quiseram, perante as câmaras de televisão, ser um exemplo a seguir pelo comum cidadão no que respeita à facilidade de lidar com a nova divisa e a verdade é que, se não o conseguiram, pelo menos fizeram com que todos os portugueses se sentissem menos sozinhos nas suas angústias com a nova aritmética: O ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal perderam duas boas oportunidades de estar calados logo no primeiro dia do euro. Guilherme d'Oliveira Martins e Vítor Constâncio quiseram, perante as câmaras de televisão, ser um exemplo a seguir pelo comum cidadão no que respeita à facilidade de lidar com a nova divisa e a verdade é que, se não o conseguiram, pelo menos fizeram com que todos os portugueses se sentissem menos sozinhos nas suas angústias com a nova aritmética: JORGE SIMÃO Oliveira Martins hesitou, enganou-se e corrigiu antes de acertar em quantos escudos são 100 euros (fazendo lembrar a célebre «gaffe» de Guterres em relação ao PIB); e Constâncio, depois de elogiar os que se atreveram a usar euros logo no primeiro dia, não foi capaz de confessar que ele próprio não o tinha feito, antes preferindo responder, à pergunta se tinha pago o café da manhã em escudos ou em euros, com um titubeante «não sei». É o que se chama começar bem o ano. Oliveira Martins hesitou, enganou-se e corrigiu antes de acertar em quantos escudos são 100 euros (fazendo lembrar a célebre «gaffe» de Guterres em relação ao PIB); e Constâncio, depois de elogiar os que se atreveram a usar euros logo no primeiro dia, não foi capaz de confessar que ele próprio não o tinha feito, antes preferindo responder, à pergunta se tinha pago o café da manhã em escudos ou em euros, com um titubeante. É o que se chama começar bem o ano.

Música na Câmara Rui Rio prometeu que iria mudar a forma como o PS geriu a Câmara do Porto e parece com intenções de começar com as alterações logo que entre no seu novo gabinete na Avenida dos Aliados. Por isso, sugeriu que na cerimónia de tomada de posse, na próxima terça-feira, se substituísse a tradicional sessão de música barroca por um pequeno espectáculo de Rui Veloso. E, fazendo jus à sua fama de poupado, até disse que o autor de «Porto sentido» poderia actuar com uma simples guitarra acústica, para evitar a montagem de um sofisticado sistema de som. Só que o presidente cessante da Assembleia Municipal, o socialista Manuel Baganha, não esteve com espírito para mais mudanças: considerou a ideia de levar Rui Veloso aos Paços do Concelho muito «popularucha» e insistiu na mais austera sessão de música de câmara. Se calhar por achar o nome mais apropriado para uma cerimónia autárquica. Ou para poder contrariar, uma última vez, os desejos sociais-democratas...

Que aconteceu ao Sumol? O Sumol foi dos poucos refrigerantes nacionais que resistiu à invasão estrangeira. Depois da entrada da Coca-Cola, da Pepsi, do Tri-Naranjus, da Fanta e de outras marcas transnacionais, o Sumol de laranja ou ananás continuou orgulhosamente a existir (ao contrário do saudoso Buçaco, por exemplo) e a distinguir-se pela qualidade. Eis senão quando GENTE é surpreendida por uma aparente mudança de fórmula, que tornou o líquido aguado e a saber gritantemente a conservantes. Será que as nossas marcas, quando não são vencidas pelas estrangeiras, se suicidam? O Sumol foi dos poucos refrigerantes nacionais que resistiu à invasão estrangeira. Depois da entrada da Coca-Cola, da Pepsi, do Tri-Naranjus, da Fanta e de outras marcas transnacionais, o Sumol de laranja ou ananás continuou orgulhosamente a existir (ao contrário do saudoso Buçaco, por exemplo) e a distinguir-se pela qualidade. Eis senão quando GENTE é surpreendida por uma aparente mudança de fórmula, que tornou o líquido aguado e a saber gritantemente a conservantes. Será que as nossas marcas, quando não são vencidas pelas estrangeiras, se suicidam?

De quien es Olivença? O «El País» comparou os preços entre Portugal e Espanha e chegou à conclusão de que não vale a pena atravessar a fronteira para comprar mais barato do lado de cá. Até aqui tudo bem e não é surpresa. Como de costume, cada vez que se comparam os dois países ibéricos, e sobretudo se as diferenças têm que ver com questões económicas e de poder de compra, são Elvas e Badajoz que servem de exemplo. Quando se trata de divergências políticas, no entanto, é a vez de Olivença vir à baila. Se Olivença fosse portuguesa seria assim, sendo espanhola é assado... Neste momento de euforia europeísta, o «El País» resolveu esta questão de forma salomónica. Na versão espanhola, refere-se a Olivença como vila de fronteira ainda reclamada pelas autoridades de Lisboa, deles portanto. Na versão em língua inglesa, distribuída com o «Herald Tribune», Olivença é nossa, uma vez que o tradutor simplificou com um «Portugal's Olivenza». Não deixa de ser simpático, embora se de facto Olivença fosse portuguesa os seus habitantes teriam que desembolsar mais euros pelo gasóleo e muito mais pelos antibióticos e pelos móveis. O «El País» comparou os preços entre Portugal e Espanha e chegou à conclusão de que não vale a pena atravessar a fronteira para comprar mais barato do lado de cá. Até aqui tudo bem e não é surpresa. Como de costume, cada vez que se comparam os dois países ibéricos, e sobretudo se as diferenças têm que ver com questões económicas e de poder de compra, são Elvas e Badajoz que servem de exemplo. Quando se trata de divergências políticas, no entanto, é a vez de Olivença vir à baila. Se Olivença fosse portuguesa seria assim, sendo espanhola é assado... Neste momento de euforia europeísta, o «El País» resolveu esta questão de forma salomónica. Na versão espanhola, refere-se a Olivença como vila de fronteira ainda reclamada pelas autoridades de Lisboa, deles portanto. Na versão em língua inglesa, distribuída com o «Herald Tribune», Olivença é nossa, uma vez que o tradutor simplificou com um «Portugal's Olivenza». Não deixa de ser simpático, embora se de facto Olivença fosse portuguesa os seus habitantes teriam que desembolsar mais euros pelo gasóleo e muito mais pelos antibióticos e pelos móveis.

Entrada proibida a políticos O proprietário de um restaurante argentino de Mendonza - uma cidade a cerca de mil quilómetros da capital, Buenos Aires -, em protesto contra os cortes nas ajudas sociais anunciados pelo novo Presidente, decidiu pôr uma bandeira negra no seu estabelecimento e barrar a entrada a políticos e assessores. O que levou Fernando Barbera, dono de La Marchigiana, a tal acção? A grave crise social e económica que o país atravessa e que pôs já nas ruas milhares de argentinos em protesto, arrastando consigo quatro presidentes em apenas 12 dias. Fernando de La Rúa renunciava ao cargo a 20 de Dezembro, seguindo-se Ramon Puerta, Adolfo Rodríguez Saá e Eduardo Camaño. Agora, é a vez de Eduardo Duhalde, um peronista de 60 anos, tentar a sua sorte, de dar novo rumo ao país. Barbera apelou a outros proprietários para lhe seguirem as pisadas, mas estes, tendo nos políticos bons e assíduos clientes, não aderiram à iniciativa. Mesmo sozinho, o dono de La Marchigiana garante: «Até a Argentina sair da crise, não há comida para políticos!...»

União Agag-Aznar Agora que o casamento real do príncipe Felipe com a modelo norueguesa Eva Sannum parece definitivamente arredado do altar, os espanhóis e respectivas revistas «del corazón» vão ter que se contentar com uma boda mais ao género republicano. Ana Aznar Botella, filha do primeiro-ministro José María Aznar e de Ana Botella, vai casar, no próximo mês de Setembro, com Alejandro Agag, secretário-geral do Partido Popular Europeu (PPE). O pedido oficial foi realizado na semana passada, na estância de esqui de Baquera Beret, nos Pirenéus, onde o clã Aznar se reúne tradicionalmente durante a quadra natalícia. Alejandro Agag, de 31 anos, e Ana, de 20, conhecem-se desde 1996, altura em que Agag começou a trabalhar como ajudante do líder governamental, no Palácio de la Moncloa, tornando-se rapidamente um amigo pessoal da família. EPA EPA

Euro alergia Eurocépticos de todos os cantos do Velho Continente, mas em particular da Velha Albion, não poderiam estar mais satisfeitos. As suas previsões sobre os efeitos nocivos do euro foram confirmadas cientificamente. A moeda única europeia faz mal à saúde. Milhões de pessoas poderão contrair o eczema por manejarem a nova moeda europeia, revela um artigo científico publicado no «British Journal of Dermatology». Segundo a equipa médica que conduziu a investigação, as moedas de euro contêm níveis elevados de níquel, um metal responsável por várias alergias. Aparentemente, uma em cada sete pessoas (e em particular mulheres) tem reacções alérgicas ao níquel, chegando mesmo a desenvolver eczema nas mãos. Apesar desta informação estatística, a União Europeia decidiu cunhar os euros em níquel, pois um grande número de países europeus já utilizava este metal nas suas moedas. Lojas e bancos, receando uma avalanche de «baixas» ou de processos legais, estão a aconselhar os seus empregados que manejam dinheiro a trabalhar com luvas ou então a procurar um novo emprego. Em contrapartida, os dermatologistas prevêem um ano em cheio a tratar todos os europeus que têm alergia ao euro.

ANTERIOR TOPO

5/1/2002

GENTE

Decisão — De Fernanda Ribeiro, a atleta de Penafiel, de enfrentar um outro desafio. A ex-campeã olímpica integrou a lista da coligação PSD/CDS-PP que saiu vencedora no seu município e foi eleita vereadora. Agora não sabe se deve tomar posse do cargo de vereadora para o qual foi eleita, mas, em caso afirmativo, faz questão de conciliar a carreira política com a de desportista. Porém, se na sua terra participou na coligação de centro-direita, no Porto a sua preferência recaiu na lista socialista. No manifesto da candidatura de Fernando Gomes, Fernanda deu a cara dizendo que «nunca esquecerá» o trabalho do ex-autarca.

Silêncio — Do ex-ministro e principal redactor do programa da candidatura autárquica vencedora no Porto, Valente de Oliveira, que costuma ser um visitante assíduo dos alfarrabistas da Invicta. A crise governativa e a eventual chegada ao poder do PSD faz com que os alfarrabistas temam perder um importante cliente com a ida de Valente para Lisboa. Ainda um destes dias, Nuno Canavez, dono da Livraria Académica, interrogou o ex-ministro sobre um possível regresso ao Executivo. Mas Valente, com cargos na estrutura da Associação Empresarial de Portugal, manteve-se fiel à sua prudência e remeteu-se ao silêncio. Contudo, Luís Valente de Oliveira aproveitou para sossegar Nuno Canavez, dizendo que, por ele, o negócio do alfarrabista continuaria florescente.

Primeiros — Passos dados por João Paulo, num hotel em Lisboa onde por acaso se encontrava Eusébio Ferreira da Silva, vulgo Pantera Negra. Tem um ano de idade e durante as primeiras semanas de vida mal viu o pai. É filho do presidente da Câmara de Castelo de Paiva, Paulo Teixeira, e tinha nascido algum tempo antes do desastre da Ponte Hintze Ribeiro. Tantas influências da capital no futuro de João Paulo não incomodam o autarca. Aos cinco dias de idade do filho, Paulo Teixeira inscreveu-o como sócio do FC Porto, não fosse o diabo tecê-las. O papa portista, Pinto da Costa, tem agora mais um cordeiro no seu rebanho, para proteger contra o belzebu lisboeta.

Falar — Sem parar durante 72 horas e dois minutos foi a façanha do brasileiro José Luís Pereira Passos. Com um discurso nada conciso, este professor de latim, de 62 anos, quis denunciar a violência e a falta de solidariedade entre os países. A prelecção, que decorreu em Teresina, vai directa para o livro «Guinness», destronando Fidel Castro, que não sendo docente de latim, gastou-o várias vezes durante sete horas seguidas.

Dez — Magníficos eleitos pela revista «Newsweek» para marcar 2002 e os anos seguintes. São eles o tenente-general da aviação norte-americana, Charles Wald; o presidente do Irão, Mohamed Khatami; o senador e médico norte-americano, Bill Frist; o presidente da American Civil Liberties Union (uma associação que zela pelos direitos, liberdades e garantias), Anthony Romero; a reitora da Universidade de Brown, Ruth Simmons; a directora do Institute for Genomic Research, Claire Fraser; o presidente da Southwest Airlines, James Parker; um autor de jogos de vídeo, Hideo Kojima; uma esperança dos EUA na patinagem artística, Sarah Hughes; e a vocalista Alicia Keys. Resta lembrar que a revista é norte-americana.

Hospitalização — Da cantora Gloria Trevi, a pedido dos seus advogados. A diva mexicana, grávida de oito meses, deixou a prisão e vai permanecer no hospital até dar à luz. Um ícone no seu país, Gloria foi acusada de corrupção de menores e encontrava-se foragida, no Brasil, quando foi presa, em Janeiro de 2001. Em Setembro foi transferida para uma penitenciária em Brasília, quando os médicos descobriram que estava grávida. Muito se especulou e as autoridades sustentaram a tese de que Gloria se teria inseminado artificialmente, com sémen do companheiro, Sergio Andrade, também ele recluso. A imprensa apoiou a hipótese de uma eventual violação por parte dos guardas prisionais ou de outros presos.

Casamento — Da escritora britânica J.K. Rowling, autora do celebérrimo «Harry Potter», com o médico Neil Murray. A cerimónia, íntima, realizou-se na Escócia, na noite de 26 de Dezembro. Aos 36 anos, a «mãe» do pequeno feiticeiro soma já a segunda boda. A primeira foi com um português, de quem Rowling tem uma filha, Jessica. O mega-sucesso chegou depois do divórcio.

Cavaco à sombra do Chaparrinho Coordenação de César Avó

RUI OCHÔA Concretizada a profecia da «vassourada» ao PS nas últimas autárquicas, Cavaco Silva passou o ano descansadamente, e em família, na sua famosa casa do Algarve. Para onde foi na quinta-feira da semana passada, não sem passar pelo não menos famoso restaurante do Castro da Cola, o Chaparrinho. Onde o chefe Aleixo e a dona Carmelinda continuam a tratar o ex-primeiro-ministro como se continuasse a ser titular do cargo, apesar de vários ministros e secretários de Estado socialistas também serem militantes do «jantarinho» e dos ensopados da casa. Concretizada a profecia da «vassourada» ao PS nas últimas autárquicas, Cavaco Silva passou o ano descansadamente, e em família, na sua famosa casa do Algarve. Para onde foi na quinta-feira da semana passada, não sem passar pelo não menos famoso restaurante do Castro da Cola, o Chaparrinho. Onde o chefe Aleixo e a dona Carmelinda continuam a tratar o ex-primeiro-ministro como se continuasse a ser titular do cargo, apesar de vários ministros e secretários de Estado socialistas também serem militantes do «jantarinho» e dos ensopados da casa. Onde D. Aleixo continua a insistir que não entram hamburgueres nem batatas fritas.

Os resultados do «Avante!» O jornal oficial do PCP, apesar dos resultados muito pouco famosos da CDU nas últimas autárquicas, desta vez não privou os seus leitores dos resultados - concelho a concelho- das eleições, ao contrário do que sucedeu, e mereceu reparo crítico, nas presidenciais de 2001. E na primeira edição do «Avante!» imediatamente a seguir à ida às urnas lá vinham 10 páginas (dez!) com todos os resultados autárquicos. É verdade que, desta feita, não trazia os habituais quadros comparativos com as autárquicas anteriores (no caso, de 1997), mas, de todo o modo, é de saudar que não se tenha repetido a «falha técnica» que impediu a publicação dos não menos desastrosos resultados da candidatura de António Abreu nas últimas presidenciais. O jornal oficial do PCP, apesar dos resultados muito pouco famosos da CDU nas últimas autárquicas, desta vez não privou os seus leitores dos resultados - concelho a concelho- das eleições, ao contrário do que sucedeu, e mereceu reparo crítico, nas presidenciais de 2001. E na primeira edição do «Avante!» imediatamente a seguir à ida às urnas lá vinham 10 páginas (dez!) com todos os resultados autárquicos. É verdade que, desta feita, não trazia os habituais quadros comparativos com as autárquicas anteriores (no caso, de 1997), mas, de todo o modo, é de saudar que não se tenha repetido a «falha técnica» que impediu a publicação dos não menos desastrosos resultados da candidatura de António Abreu nas últimas presidenciais.

Socialistas no Paris No sábado seguinte à demissão de Guterres, o restaurante Paris, na Baixa de Lisboa, parecia ocupado pelos socialistas. Numa mesa almoçava o ainda ministro da Ciência, Mariano Gago, com a família. Noutra, Medeiros Ferreira e o ministro cessante da Saúde, Correia de Campos, conversavam animadamente. E, noutra ainda, era Serras Gago (que não consta que seja familiar de Mariano) quem comia com um senhor de idade, que GENTE presume ser o pai. Dada a difícil situação política que atravessamos, que congeminações fariam estes ilustres socialistas? Ou estariam nostalgicamente a despedir-se do poder, num restaurante cujo nome recorda a cidade que durante os anos da ditadura acolheu muitos militantes do PS no exílio?

As fitas de Durão LUIZ CARVALHO O líder do PSD, José Manuel Durão Barroso, foi passar o ano ao Brasil... Mais propriamente, a Salvador da Bahia. Umas férias depois da agitação dos últimos meses, mas que logo foi comentada pelas más línguas, que não resistiram a imaginar que Barroso iria voltar do Brasil com excesso de peso na bagagem. Porquê? Viria carregadinho com as famosas fitas de Nosso Senhor do Bonfim - aquelas que, quando se rompem, «dão direito» a três desejos - para, até 17 de Março, as distribuir por muitos e muitos dirigentes e militantes sociais-democratas. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. O líder do PSD, José Manuel Durão Barroso, foi passar o ano ao Brasil... Mais propriamente, a Salvador da Bahia. Umas férias depois da agitação dos últimos meses, mas que logo foi comentada pelas más línguas, que não resistiram a imaginar que Barroso iria voltar do Brasil com excesso de peso na bagagem. Porquê? Viria carregadinho com as famosas fitas de Nosso Senhor do Bonfim - aquelas que, quando se rompem, «dão direito» a três desejos - para, até 17 de Março, as distribuir por muitos e muitos dirigentes e militantes sociais-democratas. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Bom Ano Novo, pá! JOSÉ PEDRO TOMAZ Se é verdade que a realidade imita a ficção, a mensagem de Ano Novo de Jorge Sampaio levou esta máxima a um nível surreal. Para quem não assistiu à emissão da RTP1 do dia 1 de Janeiro, aqui ficam os factos. Tudo começou, por volta das 19h30, no programa «Contra-Informação», com uma rábula à mensagem de ano novo do Presidente da República. O boneco Jorge Compaio lá estava, com o cenário institucional do gabinete de Belém por trás, dirigindo aos portugueses uma mensagem de Ano Novo que a certo passo é interrompida por Toneca Guterres, terminando todo o «sketch» humorístico com uns piropos de Compaio ao optimismo da mensagem de Natal de Toneca. Final do «Contra-Informação». Imediatamente a seguir, sem sequer um bloco de publicidade pelo meio, surge... a mensagem de Ano Novo de Jorge Sampaio! Lá estava o nosso chefe de Estado, com o cenário institucional do gabinete de Belém por trás, etc. Impossível conter a gargalhada. Escusado será dizer que todo o discurso - com laivos de optimismo que nos remetiam para Toneca e António Guterres - foi ouvido à luz do «Contra-Informação» por quem tinha visto toda a sequência Compaio-Sampaio. Na procura de uma explicação, GENTE permite-se avançar com a seguinte teoria: o director-geral da estação estatal, Emídio Rangel, preocupado com uma possível quebra das audiências do «prime time», não resistiu a pôr Compaio a dar uma ajuda ao menos inspirado Sampaio. Será que vai fazer o mesmo com os tempos de antena? Se é verdade que a realidade imita a ficção, a mensagem de Ano Novo de Jorge Sampaio levou esta máxima a um nível surreal. Para quem não assistiu à emissão da RTP1 do dia 1 de Janeiro, aqui ficam os factos. Tudo começou, por volta das 19h30, no programa «Contra-Informação», com uma rábula à mensagem de ano novo do Presidente da República. O boneco Jorge Compaio lá estava, com o cenário institucional do gabinete de Belém por trás, dirigindo aos portugueses uma mensagem de Ano Novo que a certo passo é interrompida por Toneca Guterres, terminando todo o «sketch» humorístico com uns piropos de Compaio ao optimismo da mensagem de Natal de Toneca. Final do «Contra-Informação». Imediatamente a seguir, sem sequer um bloco de publicidade pelo meio, surge... a mensagem de Ano Novo de Jorge Sampaio! Lá estava o nosso chefe de Estado, com o cenário institucional do gabinete de Belém por trás, etc. Impossível conter a gargalhada. Escusado será dizer que todo o discurso - com laivos de optimismo que nos remetiam para Toneca e António Guterres - foi ouvido à luz do «Contra-Informação» por quem tinha visto toda a sequência Compaio-Sampaio. Na procura de uma explicação, GENTE permite-se avançar com a seguinte teoria: o director-geral da estação estatal, Emídio Rangel, preocupado com uma possível quebra das audiências do «prime time», não resistiu a pôr Compaio a dar uma ajuda ao menos inspirado Sampaio. Será que vai fazer o mesmo com os tempos de antena?

Tourada no São Carlos Dia 26 de Dezembro, no intervalo da representação da ópera «Falstaff» (a única de Verdi que o São Carlos apresentou no ano do centenário do compositor), Marcelo Rebelo de Sousa era um homem desconsolado com o naipe de metais da orquestra (a Sinfónica Portuguesa). Estava o professor no exercício da sua livre crítica quando a responsável das relações públicas do Teatro, Maria Stella Cansado, lhe apresentou Paolo Pinamonti, o novo director do Teatro Nacional de São Carlos, directamente vindo do belíssimo e famosíssimo Teatro de La Fenice, em Veneza. Após as cortesias iniciais, Pinamonti, que não ouvira as apreciações musicais de Marcelo, perguntou-lhe o que estava achar do espectáculo. E este, apesar da quadra natalícia, não encontrou melhor do que lhe dizer que estava tudo muito bem, salvo os metais, que pareciam «dignos de uma tourada». Pinamonti, entre dois sorrisos amarelos, lá foi dizendo «No, no!»... GENTE aconselha o italiano a ver rapidamente uma tourada, a fim de avaliar a justiça ou injustiça da crítica.

É só fazer as contas ANA BAIÃO O ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal perderam duas boas oportunidades de estar calados logo no primeiro dia do euro. Guilherme d'Oliveira Martins e Vítor Constâncio quiseram, perante as câmaras de televisão, ser um exemplo a seguir pelo comum cidadão no que respeita à facilidade de lidar com a nova divisa e a verdade é que, se não o conseguiram, pelo menos fizeram com que todos os portugueses se sentissem menos sozinhos nas suas angústias com a nova aritmética: O ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal perderam duas boas oportunidades de estar calados logo no primeiro dia do euro. Guilherme d'Oliveira Martins e Vítor Constâncio quiseram, perante as câmaras de televisão, ser um exemplo a seguir pelo comum cidadão no que respeita à facilidade de lidar com a nova divisa e a verdade é que, se não o conseguiram, pelo menos fizeram com que todos os portugueses se sentissem menos sozinhos nas suas angústias com a nova aritmética: JORGE SIMÃO Oliveira Martins hesitou, enganou-se e corrigiu antes de acertar em quantos escudos são 100 euros (fazendo lembrar a célebre «gaffe» de Guterres em relação ao PIB); e Constâncio, depois de elogiar os que se atreveram a usar euros logo no primeiro dia, não foi capaz de confessar que ele próprio não o tinha feito, antes preferindo responder, à pergunta se tinha pago o café da manhã em escudos ou em euros, com um titubeante «não sei». É o que se chama começar bem o ano. Oliveira Martins hesitou, enganou-se e corrigiu antes de acertar em quantos escudos são 100 euros (fazendo lembrar a célebre «gaffe» de Guterres em relação ao PIB); e Constâncio, depois de elogiar os que se atreveram a usar euros logo no primeiro dia, não foi capaz de confessar que ele próprio não o tinha feito, antes preferindo responder, à pergunta se tinha pago o café da manhã em escudos ou em euros, com um titubeante. É o que se chama começar bem o ano.

Música na Câmara Rui Rio prometeu que iria mudar a forma como o PS geriu a Câmara do Porto e parece com intenções de começar com as alterações logo que entre no seu novo gabinete na Avenida dos Aliados. Por isso, sugeriu que na cerimónia de tomada de posse, na próxima terça-feira, se substituísse a tradicional sessão de música barroca por um pequeno espectáculo de Rui Veloso. E, fazendo jus à sua fama de poupado, até disse que o autor de «Porto sentido» poderia actuar com uma simples guitarra acústica, para evitar a montagem de um sofisticado sistema de som. Só que o presidente cessante da Assembleia Municipal, o socialista Manuel Baganha, não esteve com espírito para mais mudanças: considerou a ideia de levar Rui Veloso aos Paços do Concelho muito «popularucha» e insistiu na mais austera sessão de música de câmara. Se calhar por achar o nome mais apropriado para uma cerimónia autárquica. Ou para poder contrariar, uma última vez, os desejos sociais-democratas...

Que aconteceu ao Sumol? O Sumol foi dos poucos refrigerantes nacionais que resistiu à invasão estrangeira. Depois da entrada da Coca-Cola, da Pepsi, do Tri-Naranjus, da Fanta e de outras marcas transnacionais, o Sumol de laranja ou ananás continuou orgulhosamente a existir (ao contrário do saudoso Buçaco, por exemplo) e a distinguir-se pela qualidade. Eis senão quando GENTE é surpreendida por uma aparente mudança de fórmula, que tornou o líquido aguado e a saber gritantemente a conservantes. Será que as nossas marcas, quando não são vencidas pelas estrangeiras, se suicidam? O Sumol foi dos poucos refrigerantes nacionais que resistiu à invasão estrangeira. Depois da entrada da Coca-Cola, da Pepsi, do Tri-Naranjus, da Fanta e de outras marcas transnacionais, o Sumol de laranja ou ananás continuou orgulhosamente a existir (ao contrário do saudoso Buçaco, por exemplo) e a distinguir-se pela qualidade. Eis senão quando GENTE é surpreendida por uma aparente mudança de fórmula, que tornou o líquido aguado e a saber gritantemente a conservantes. Será que as nossas marcas, quando não são vencidas pelas estrangeiras, se suicidam?

De quien es Olivença? O «El País» comparou os preços entre Portugal e Espanha e chegou à conclusão de que não vale a pena atravessar a fronteira para comprar mais barato do lado de cá. Até aqui tudo bem e não é surpresa. Como de costume, cada vez que se comparam os dois países ibéricos, e sobretudo se as diferenças têm que ver com questões económicas e de poder de compra, são Elvas e Badajoz que servem de exemplo. Quando se trata de divergências políticas, no entanto, é a vez de Olivença vir à baila. Se Olivença fosse portuguesa seria assim, sendo espanhola é assado... Neste momento de euforia europeísta, o «El País» resolveu esta questão de forma salomónica. Na versão espanhola, refere-se a Olivença como vila de fronteira ainda reclamada pelas autoridades de Lisboa, deles portanto. Na versão em língua inglesa, distribuída com o «Herald Tribune», Olivença é nossa, uma vez que o tradutor simplificou com um «Portugal's Olivenza». Não deixa de ser simpático, embora se de facto Olivença fosse portuguesa os seus habitantes teriam que desembolsar mais euros pelo gasóleo e muito mais pelos antibióticos e pelos móveis. O «El País» comparou os preços entre Portugal e Espanha e chegou à conclusão de que não vale a pena atravessar a fronteira para comprar mais barato do lado de cá. Até aqui tudo bem e não é surpresa. Como de costume, cada vez que se comparam os dois países ibéricos, e sobretudo se as diferenças têm que ver com questões económicas e de poder de compra, são Elvas e Badajoz que servem de exemplo. Quando se trata de divergências políticas, no entanto, é a vez de Olivença vir à baila. Se Olivença fosse portuguesa seria assim, sendo espanhola é assado... Neste momento de euforia europeísta, o «El País» resolveu esta questão de forma salomónica. Na versão espanhola, refere-se a Olivença como vila de fronteira ainda reclamada pelas autoridades de Lisboa, deles portanto. Na versão em língua inglesa, distribuída com o «Herald Tribune», Olivença é nossa, uma vez que o tradutor simplificou com um «Portugal's Olivenza». Não deixa de ser simpático, embora se de facto Olivença fosse portuguesa os seus habitantes teriam que desembolsar mais euros pelo gasóleo e muito mais pelos antibióticos e pelos móveis.

Entrada proibida a políticos O proprietário de um restaurante argentino de Mendonza - uma cidade a cerca de mil quilómetros da capital, Buenos Aires -, em protesto contra os cortes nas ajudas sociais anunciados pelo novo Presidente, decidiu pôr uma bandeira negra no seu estabelecimento e barrar a entrada a políticos e assessores. O que levou Fernando Barbera, dono de La Marchigiana, a tal acção? A grave crise social e económica que o país atravessa e que pôs já nas ruas milhares de argentinos em protesto, arrastando consigo quatro presidentes em apenas 12 dias. Fernando de La Rúa renunciava ao cargo a 20 de Dezembro, seguindo-se Ramon Puerta, Adolfo Rodríguez Saá e Eduardo Camaño. Agora, é a vez de Eduardo Duhalde, um peronista de 60 anos, tentar a sua sorte, de dar novo rumo ao país. Barbera apelou a outros proprietários para lhe seguirem as pisadas, mas estes, tendo nos políticos bons e assíduos clientes, não aderiram à iniciativa. Mesmo sozinho, o dono de La Marchigiana garante: «Até a Argentina sair da crise, não há comida para políticos!...»

União Agag-Aznar Agora que o casamento real do príncipe Felipe com a modelo norueguesa Eva Sannum parece definitivamente arredado do altar, os espanhóis e respectivas revistas «del corazón» vão ter que se contentar com uma boda mais ao género republicano. Ana Aznar Botella, filha do primeiro-ministro José María Aznar e de Ana Botella, vai casar, no próximo mês de Setembro, com Alejandro Agag, secretário-geral do Partido Popular Europeu (PPE). O pedido oficial foi realizado na semana passada, na estância de esqui de Baquera Beret, nos Pirenéus, onde o clã Aznar se reúne tradicionalmente durante a quadra natalícia. Alejandro Agag, de 31 anos, e Ana, de 20, conhecem-se desde 1996, altura em que Agag começou a trabalhar como ajudante do líder governamental, no Palácio de la Moncloa, tornando-se rapidamente um amigo pessoal da família. EPA EPA

Euro alergia Eurocépticos de todos os cantos do Velho Continente, mas em particular da Velha Albion, não poderiam estar mais satisfeitos. As suas previsões sobre os efeitos nocivos do euro foram confirmadas cientificamente. A moeda única europeia faz mal à saúde. Milhões de pessoas poderão contrair o eczema por manejarem a nova moeda europeia, revela um artigo científico publicado no «British Journal of Dermatology». Segundo a equipa médica que conduziu a investigação, as moedas de euro contêm níveis elevados de níquel, um metal responsável por várias alergias. Aparentemente, uma em cada sete pessoas (e em particular mulheres) tem reacções alérgicas ao níquel, chegando mesmo a desenvolver eczema nas mãos. Apesar desta informação estatística, a União Europeia decidiu cunhar os euros em níquel, pois um grande número de países europeus já utilizava este metal nas suas moedas. Lojas e bancos, receando uma avalanche de «baixas» ou de processos legais, estão a aconselhar os seus empregados que manejam dinheiro a trabalhar com luvas ou então a procurar um novo emprego. Em contrapartida, os dermatologistas prevêem um ano em cheio a tratar todos os europeus que têm alergia ao euro.

ANTERIOR TOPO

marcar artigo