EXPRESSO: País

23-05-2001
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7/4/2001

Soares relança debate sobre autodeterminação Rui Ochôa Mário Soares: a defesa do direito de Cabinda à autodeterminação não encontra eco no PS MÁRIO Soares relançou o debate sobre o direito (ou não) de Cabinda à autodeterminação, defendendo abertamente que o problema do enclave não é uma questão interna angolana. Em confronto directo com o que o Governo português tem vindo a defender - nomeadamente numa altura em que os movimentos pró-independência de Cabinda (FLEC-FAC e FLEC Renovada) mantêm cidadãos portugueses como reféns -, Soares saiu a terreiro considerando que «quem é partidário de uma autodeterminação nunca pode negar o direito a uma população de discutir este problema». Mais: «Quando as questões se põem a esse nível, como já chegou (a de Cabinda), nunca é uma questão interna só». MÁRIO Soares relançou o debate sobre o direito (ou não) de Cabinda à autodeterminação, defendendo abertamente que o problema do enclave não é uma questão interna angolana. Em confronto directo com o que o Governo português tem vindo a defender - nomeadamente numa altura em que os movimentos pró-independência de Cabinda (FLEC-FAC e FLEC Renovada) mantêm cidadãos portugueses como reféns -, Soares saiu a terreiro considerando que. Mais: Uma posição partilhada pelo duque de Bragança, D. Duarte, mas que divide os partidos com assento parlamentar. Esquerda contra teses de Soares Na Assembleia, o apoio às teses do ex-Presidente da República vem, curiosamente, do seu adversário nas presidenciais de 1991, o líder da bancada popular, Basílio Horta. Por outro lado, a posição oposta é defendida pela esquerda, com Manuel Alegre, Francisco Assis, Medeiros Ferreira, Octávio Teixeira e João Amaral a defenderem que o problema de Cabinda diz apenas respeito a Angola e aos cabindenses. Unânime é, no entanto, a consideração de que a prioridade absoluta é a libertação dos reféns portugueses, e que o Governo não deve tomar posição antes disso. Em declarações ao EXPRESSO, Basílio Horta frisou que «o acto de autodeterminação não pode ser tabu». E acrescentou que «não pode haver dois pesos e duas medidas. Uma lei para os amigos e outra para o resto». Basílio Horta recorre a razões históricas para basear o seu argumento: «Cabinda sempre foi tratada como território independente. Tanto em 1855 como na Constituição de 1933». E argumenta que «foi só a partir de um certo momento que a atitude mudou». Por seu lado, Paulo Portas considera que o território «tem identidade histórica e Alvor não fez bem em excluir esta questão da mesa das negociações». No PSD, Carlos Encarnação avança que os tratados históricos «reconheceram a independência e soberania de Angola» e Portugal tem cumprido essa condição. Mas, para o deputado social-democrata, «Cabinda tem uma especificidade própria». Encarnação traça assim duas prioridades: em primeiro lugar, a libertação dos reféns, sublinhando a importância da «inegociabilidade» num caso como este. Depois, o apoio ao estatuto de autonomia, com inclusão na Constituição. Encarnação lembra ainda que «Portugal só pode intervir nas negociações se tiver capacidade diplomática», o que, diz, passa pela credibilidade do Governo. O ex-secretário de Estado da Administração Interna acusa o Governo de ter uma posição atomizada: «Há a posição de Jaime Gama e a posição de Mário Soares. E o ministro da Defesa e o dos Negócios Estrangeiros têm posições diferentes». A tese soarista, curiosamente, encontra mais oposição junto do seu próprio partido. Francisco Assis, líder da bancada rosa, defende que «Cabinda faz parte de Angola e é neste quadro que deve ser encontrada a solução». Assis vai mesmo mais longe, avançando que, sendo o território pequeno, a «independência levantaria interesses económicos dos vizinhos» e seria difícil de sustentar. Por seu lado, o também deputado do PS Medeiros Ferreira contrapõe que, na prática, se tivesse de ter sido levantado o princípio de autodeterminação, devia ter sido durante negociações para a independência de Angola. Quanto à questão dos reféns portugueses, Medeiros Ferreira avança apenas que o «Governo português terá de avaliar se a comunidade portuguesa tem condições para lá ficar e declarar-se publicamente sobre o assunto». Manuel Alegre é outro dos deputados socialistas que se demarcam de Soares. Para o vice-presidente da Assembleia da República, esta «é uma questão entre Cabinda e Angola» e o único papel de Portugal é «defender os seus cidadãos». Também Octávio Teixeira, líder da bancada comunista, é contra qualquer intervenção de Portugal, argumentando que é «um problema com o qual o país nada tem a ver». Não se pronunciando explicitamente sobre a autodeterminação, o deputado do PCP e vice-presidente da Assembleia da República João Amaral avisa que «Portugal deve concentrar-se na libertação dos portugueses detidos, pois fomentar outro debate seria premiar esta via de crime».

ANA SERZEDELO

«É uma questão entre Cabinda e Angola» Manuel Alegre (PS) «Portugal só pode intervir nas negociações se tiver capacidade diplomática» Carlos Encarnação (PSD) «É um problema com o qual o nosso país nada tem a ver» Octávio Teixeira (PCP) «O acto de autodeterminação não pode ser tabu» Basílio Horta (CDS/PP)

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«Era como tentar fugir a nado»

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PP teme chacina em Cabinda

COMENTÁRIOS AO ARTIGO

9 comentários 1 a 9

12 Abril 2001 às 3:38

Ruy Bacelar ( bacelar@journalist.com )

Não me parece que se possa "arrumar" M. Alegre na lista dos anti-Soares nesta questão: Quando ele diz ser "uma questão enre Cabinda e Angola" esta a reconhecer a existência de duas entidades distintas politicamente, pondo-as ainda em pé de igualdade. O que é um reconhecimento implicito das teses independentistas das FLECS. E não penso de forma alguma que se trate duma distracção do Poeta Alegre.

11 Abril 2001 às 21:01

Evaristo

Sr. Dr. Mario Soares, quero louva-lo pela iniciativa do "referendo a autodeterminacao de Cabinda ".

Porem, permita-me dois reparos: o 1o. e para o facto do Sr., ao tomar a iniciativa, nao ter tido a coragem de se retratar. Devia ter dito aos portugueses que hoje reconhecia ter feito uma ma descolonizacao e propositadamente ou por desconhecimento de causa, ignorou o estatuto de Cabinda e o " Tratado de Simulambuco ".

Apos o 25 de Abril, os responsaveis politicos da altura, declararam respeitar todos os contratos assinados pelos governantes anteriores.

O 2o. e nao menos importante, e o facto do Sr. ter escolhido uma pessima altuta para o fazer. Nao so os portugueses, mas qualquer pessoa mais atenta, pode pensar que sera mais uma atitude contra o presidente Eduardo dos Santos, do que um acto de conviccao politica ou mesmo humanitaria.

Ja tive a oportunidade de escrever, num outro

comentario meu, tudo se deve fazer para libertar os refens portugueses, mas nao sao atitudes destas, neste momento, que ajudam a situacao.

Aproveito esta oportunidade para, mais uma vez, vir publicamente perguntar, a quem tenha conhecimento sufeciente, qual era o estatuto de Macau. Pessoalmente penso que nunca foi uma colonia portuguesa, porque li artigos sobre essa materia ha muitos anos, que Macau foi doado aos portugueses, pela China, pelos bons servicos por nos prestados ao povo chines.

Se o meu raciocinio esta correto, porque foi devolvido a china, como de uma colonia se tratasse?!

Acabei de ouvir a noticia que o presidente dos EUA, Jorge W. Bush, voltou o dito por nao dito e apresentou desculpas a China pela invasao do seu espaco aereo e pela aterragem de emergencia de um aviao americano em territorio chines.

Parece nada ter com o comentario, mas para bom entendedor ...

10 Abril 2001 às 18:00

chitali n'gueve ( chitali@hotmail.com )

A tese de que as questões étnicas se devem tornar enfáticas em relação aos erros de partilha geográfica da CONFERÊNCIA DE BERLIM , é simpática a algumas das tendências identificadas com alguns sectores Republicanos , a ponto de até terem ressurgido , com o caso da guerra que afecta a REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO , no "WASHINGTON POST" .

Acto reflexo , a cadeia de ligações tinha de fazer sentir em PORTUGAL , essa sensibilidade ... e ninguém melhor que MÁRIO SOARES , como um autêntico "nervo ciático" , para o fazer .

Os raptos de inocentes trabalhadores Portugueses , tornou - se no acontecimento mediático ideal para avançar com a tese e um SIMULAMBUCO caduco , de duvidosos protectorados , até ajuda a confundir historicamente os incautos .

O IDEAL SERIA RAPTAR MÁRIO SOARES ... talvez se começasse a discutir a autodeterminação dos AÇORES e da MADEIRA .

9 Abril 2001 às 15:14

Boss ( tsf-boss@anonymous.to )

Bravo, O protegido de Carlucci mordeu a lingua outra vez. Deve ser alguma manobra para tentar dar continuidade a sua carreira politica que todos nossos sentiamos aliviadamente que ja tinha terminada. Afinal o homem ainda tem cara para dizer asneiras, com certeza apoiado ,ou mandatado pelo Carlucci e a CIA. O palerma nem se lembra de que foi ele que fez a descolonizacao exemplar.A ultima das quais foi ir a India como um Maharajah para assinar a entrega formal de Goa, Damao e Diu aos invasores. Uma accao sem qualquer validade porque em Portugal reina a democracia Parlamentar e Soares era apenas o Presidente de Republica, um tacho folclorico que ele tao bem desempenhou enquanto evitou abrir a boca para dizer asneiras. Mas como diz um comentario anterior, Povo Portugues ajudai este pobre senil, pois sois os culpados de ele ter chegado a ser levado a serio.

8 Abril 2001 às 13:42

Incrédulo

É muito triste ver um político tido por muitos como referência a degradar-se devido ao avançado estado de senilidade e ninguém tem um gesto de humanismo . É urgente ajudar o Dr. Mário Soares ! Portuguesas e Portugueses uma vez mais mostrem a vossa grande onda de solidariedade .

8 Abril 2001 às 9:01

Manuel alves Carneiro

E uma vergonha ouvir alguns dos nossos lideres dizerem que Portugal nao tem nada a ver com o caso Cabinda sabendo que nos tinhamos assinado acordos com os Cabindas (tratado de Simulambuco). Sera que o tratado foi apenas meio de conseguir Cabinda na conferencia de Berlim ja que muitos paises estavam enteressados com aquela terra? Penso que nao , porque Cabinda foi sempre considerado como um protectorado nosso. por isso eu penso que chegou a hora de fazermos algo ou corrigir os nossos erros de 1975 e iniciar uma nova era. Porque nao se deve admitir que um pais como nosso que e democratico ignorar o sofrimento daquele povo que tanto nos gosta como disse o meu compatriota que foi liberto na semana passada pela F.L.E.C.Porque afinal de contas muitos de nos nao sabiamos o porque da luta pela independecia dos Cabindas porque eram considerados como terroristas o que foi desmentido pelo meu compatriota ex refem que foi liberto pela F.L.E.C quem conviveu com eles nas matas durante 11 meses produto de um rapto protagonizado pela F.L.E.C que tem estado a ser noticias a nivel de mundo. Eu sou contra os raptos de cidadaos porem penso que foi a unica forma de apresentar as suas aspiracoes e reivindicacoes. Portugal tem responsabilidade moral e direito de participar de uma forma activa no caso e nao desmarcar da situacao por causa dos compromissos economicos com Angola todavia seria mais um membro da C.P.L.P. E de louvar a coragem do Eurodeputado Sr. Mario Soares na defesa de autodeterminacao deste povo porque a razao vale mais que a forca e peco ao nosso governo que peca ao governo de Angola que pare com a limpesa etnica em Cabinda.Resolvendo este conflito nos os Portugueses estaremos livres do peso da consciencia perante todos os paises que antes da conferencia de Berlim estavam enteressados de Cabinda. Avante Srs. Mario Soares,Duque de Braganca e os demais Portugueses que neste momento dificil defendem a causa do povo irmao de Cabinda. E para o povo de Cabinda coragem,resistencia e uniao em busca da dignidade e liberdade sao os meus votos. Acreditem no futuro que nos os Portugueses faremos tudo.

8 Abril 2001 às 7:48

Armando Jardim Quaresma Da silva

O Sr. Mario Soares tem a razao e espero que todos aqueles que nao sabem ou ignoram os acordos assinados entre Portugal e os Cabindas mudan de comportamento porque caso Cabinda nao e apenas com Angola porque se os Cabindas fossem consultados nos acordos de Alvor ( que foram violados pelo M.P.L.A que nao cumpriu com as clausulas) Cabinda nao teria sido integrado a Angola em 1975. Por isso ja que a culpa foi nossa temos que ter a coragem moral de corrigirmos os nossos erros e salvar o povo de Cabinda que esta a sofrer bastante pela sua luta de libertacao com um pais que explora o petroleo de Cabinda e compra armamento para matar os Cabindas como forma de preservar o seu poder. Eu penso que chegou a hora de fazermos algo para este povo irmao como fizemos para com o Timor.Sr. Mario Soares estamos solidarios com a sua coragem politica e frontalidade no assunto e que nao tenha receio do regime de Angola porque eles podem viver sem Cabinda e tambem e uma forma de acabar a guerra que esta a vitimar muitos Angolanos.

7 Abril 2001 às 9:06

Gil Gonçalves ( GEPSI@SNET.CO.AO )

Ele só sabe é complicar as situações.Não percebe nada de África.E já se esqueceu da "descolonização exemplar"

7 Abril 2001 às 7:10

Manuel Monteriro Peixe

Quando o testemunha ocular confirma que Alvor não fez bem em excluir a questão de Cabinda,não consigo entender a base de argumentos que muitos dos meus compatriotas Portugueses sustentam dizendo que o caso cabinda é apenas de resposabilidade Angolana.Peço ao meu governo que toma a mesma atitude que teve com o povo Timorense visto que o caso e semelhante.

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Os comentários constituem um espaço aberto à participação dos leitores. EXPRESSO On-Line reserva-se, no entanto, o direito de não publicar opiniões ofensivas da dignidade dos visados ou que contenham expressões obscenas.

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Soares relança debate sobre autodeterminação Rui Ochôa Mário Soares: a defesa do direito de Cabinda à autodeterminação não encontra eco no PS MÁRIO Soares relançou o debate sobre o direito (ou não) de Cabinda à autodeterminação, defendendo abertamente que o problema do enclave não é uma questão interna angolana. Em confronto directo com o que o Governo português tem vindo a defender - nomeadamente numa altura em que os movimentos pró-independência de Cabinda (FLEC-FAC e FLEC Renovada) mantêm cidadãos portugueses como reféns -, Soares saiu a terreiro considerando que «quem é partidário de uma autodeterminação nunca pode negar o direito a uma população de discutir este problema». Mais: «Quando as questões se põem a esse nível, como já chegou (a de Cabinda), nunca é uma questão interna só». MÁRIO Soares relançou o debate sobre o direito (ou não) de Cabinda à autodeterminação, defendendo abertamente que o problema do enclave não é uma questão interna angolana. Em confronto directo com o que o Governo português tem vindo a defender - nomeadamente numa altura em que os movimentos pró-independência de Cabinda (FLEC-FAC e FLEC Renovada) mantêm cidadãos portugueses como reféns -, Soares saiu a terreiro considerando que. Mais: Uma posição partilhada pelo duque de Bragança, D. Duarte, mas que divide os partidos com assento parlamentar. Esquerda contra teses de Soares Na Assembleia, o apoio às teses do ex-Presidente da República vem, curiosamente, do seu adversário nas presidenciais de 1991, o líder da bancada popular, Basílio Horta. Por outro lado, a posição oposta é defendida pela esquerda, com Manuel Alegre, Francisco Assis, Medeiros Ferreira, Octávio Teixeira e João Amaral a defenderem que o problema de Cabinda diz apenas respeito a Angola e aos cabindenses. Unânime é, no entanto, a consideração de que a prioridade absoluta é a libertação dos reféns portugueses, e que o Governo não deve tomar posição antes disso. Em declarações ao EXPRESSO, Basílio Horta frisou que «o acto de autodeterminação não pode ser tabu». E acrescentou que «não pode haver dois pesos e duas medidas. Uma lei para os amigos e outra para o resto». Basílio Horta recorre a razões históricas para basear o seu argumento: «Cabinda sempre foi tratada como território independente. Tanto em 1855 como na Constituição de 1933». E argumenta que «foi só a partir de um certo momento que a atitude mudou». Por seu lado, Paulo Portas considera que o território «tem identidade histórica e Alvor não fez bem em excluir esta questão da mesa das negociações». No PSD, Carlos Encarnação avança que os tratados históricos «reconheceram a independência e soberania de Angola» e Portugal tem cumprido essa condição. Mas, para o deputado social-democrata, «Cabinda tem uma especificidade própria». Encarnação traça assim duas prioridades: em primeiro lugar, a libertação dos reféns, sublinhando a importância da «inegociabilidade» num caso como este. Depois, o apoio ao estatuto de autonomia, com inclusão na Constituição. Encarnação lembra ainda que «Portugal só pode intervir nas negociações se tiver capacidade diplomática», o que, diz, passa pela credibilidade do Governo. O ex-secretário de Estado da Administração Interna acusa o Governo de ter uma posição atomizada: «Há a posição de Jaime Gama e a posição de Mário Soares. E o ministro da Defesa e o dos Negócios Estrangeiros têm posições diferentes». A tese soarista, curiosamente, encontra mais oposição junto do seu próprio partido. Francisco Assis, líder da bancada rosa, defende que «Cabinda faz parte de Angola e é neste quadro que deve ser encontrada a solução». Assis vai mesmo mais longe, avançando que, sendo o território pequeno, a «independência levantaria interesses económicos dos vizinhos» e seria difícil de sustentar. Por seu lado, o também deputado do PS Medeiros Ferreira contrapõe que, na prática, se tivesse de ter sido levantado o princípio de autodeterminação, devia ter sido durante negociações para a independência de Angola. Quanto à questão dos reféns portugueses, Medeiros Ferreira avança apenas que o «Governo português terá de avaliar se a comunidade portuguesa tem condições para lá ficar e declarar-se publicamente sobre o assunto». Manuel Alegre é outro dos deputados socialistas que se demarcam de Soares. Para o vice-presidente da Assembleia da República, esta «é uma questão entre Cabinda e Angola» e o único papel de Portugal é «defender os seus cidadãos». Também Octávio Teixeira, líder da bancada comunista, é contra qualquer intervenção de Portugal, argumentando que é «um problema com o qual o país nada tem a ver». Não se pronunciando explicitamente sobre a autodeterminação, o deputado do PCP e vice-presidente da Assembleia da República João Amaral avisa que «Portugal deve concentrar-se na libertação dos portugueses detidos, pois fomentar outro debate seria premiar esta via de crime».

ANA SERZEDELO

«É uma questão entre Cabinda e Angola» Manuel Alegre (PS) «Portugal só pode intervir nas negociações se tiver capacidade diplomática» Carlos Encarnação (PSD) «É um problema com o qual o nosso país nada tem a ver» Octávio Teixeira (PCP) «O acto de autodeterminação não pode ser tabu» Basílio Horta (CDS/PP)

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12 Abril 2001 às 3:38

Ruy Bacelar ( bacelar@journalist.com )

Não me parece que se possa "arrumar" M. Alegre na lista dos anti-Soares nesta questão: Quando ele diz ser "uma questão enre Cabinda e Angola" esta a reconhecer a existência de duas entidades distintas politicamente, pondo-as ainda em pé de igualdade. O que é um reconhecimento implicito das teses independentistas das FLECS. E não penso de forma alguma que se trate duma distracção do Poeta Alegre.

11 Abril 2001 às 21:01

Evaristo

Sr. Dr. Mario Soares, quero louva-lo pela iniciativa do "referendo a autodeterminacao de Cabinda ".

Porem, permita-me dois reparos: o 1o. e para o facto do Sr., ao tomar a iniciativa, nao ter tido a coragem de se retratar. Devia ter dito aos portugueses que hoje reconhecia ter feito uma ma descolonizacao e propositadamente ou por desconhecimento de causa, ignorou o estatuto de Cabinda e o " Tratado de Simulambuco ".

Apos o 25 de Abril, os responsaveis politicos da altura, declararam respeitar todos os contratos assinados pelos governantes anteriores.

O 2o. e nao menos importante, e o facto do Sr. ter escolhido uma pessima altuta para o fazer. Nao so os portugueses, mas qualquer pessoa mais atenta, pode pensar que sera mais uma atitude contra o presidente Eduardo dos Santos, do que um acto de conviccao politica ou mesmo humanitaria.

Ja tive a oportunidade de escrever, num outro

comentario meu, tudo se deve fazer para libertar os refens portugueses, mas nao sao atitudes destas, neste momento, que ajudam a situacao.

Aproveito esta oportunidade para, mais uma vez, vir publicamente perguntar, a quem tenha conhecimento sufeciente, qual era o estatuto de Macau. Pessoalmente penso que nunca foi uma colonia portuguesa, porque li artigos sobre essa materia ha muitos anos, que Macau foi doado aos portugueses, pela China, pelos bons servicos por nos prestados ao povo chines.

Se o meu raciocinio esta correto, porque foi devolvido a china, como de uma colonia se tratasse?!

Acabei de ouvir a noticia que o presidente dos EUA, Jorge W. Bush, voltou o dito por nao dito e apresentou desculpas a China pela invasao do seu espaco aereo e pela aterragem de emergencia de um aviao americano em territorio chines.

Parece nada ter com o comentario, mas para bom entendedor ...

10 Abril 2001 às 18:00

chitali n'gueve ( chitali@hotmail.com )

A tese de que as questões étnicas se devem tornar enfáticas em relação aos erros de partilha geográfica da CONFERÊNCIA DE BERLIM , é simpática a algumas das tendências identificadas com alguns sectores Republicanos , a ponto de até terem ressurgido , com o caso da guerra que afecta a REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO , no "WASHINGTON POST" .

Acto reflexo , a cadeia de ligações tinha de fazer sentir em PORTUGAL , essa sensibilidade ... e ninguém melhor que MÁRIO SOARES , como um autêntico "nervo ciático" , para o fazer .

Os raptos de inocentes trabalhadores Portugueses , tornou - se no acontecimento mediático ideal para avançar com a tese e um SIMULAMBUCO caduco , de duvidosos protectorados , até ajuda a confundir historicamente os incautos .

O IDEAL SERIA RAPTAR MÁRIO SOARES ... talvez se começasse a discutir a autodeterminação dos AÇORES e da MADEIRA .

9 Abril 2001 às 15:14

Boss ( tsf-boss@anonymous.to )

Bravo, O protegido de Carlucci mordeu a lingua outra vez. Deve ser alguma manobra para tentar dar continuidade a sua carreira politica que todos nossos sentiamos aliviadamente que ja tinha terminada. Afinal o homem ainda tem cara para dizer asneiras, com certeza apoiado ,ou mandatado pelo Carlucci e a CIA. O palerma nem se lembra de que foi ele que fez a descolonizacao exemplar.A ultima das quais foi ir a India como um Maharajah para assinar a entrega formal de Goa, Damao e Diu aos invasores. Uma accao sem qualquer validade porque em Portugal reina a democracia Parlamentar e Soares era apenas o Presidente de Republica, um tacho folclorico que ele tao bem desempenhou enquanto evitou abrir a boca para dizer asneiras. Mas como diz um comentario anterior, Povo Portugues ajudai este pobre senil, pois sois os culpados de ele ter chegado a ser levado a serio.

8 Abril 2001 às 13:42

Incrédulo

É muito triste ver um político tido por muitos como referência a degradar-se devido ao avançado estado de senilidade e ninguém tem um gesto de humanismo . É urgente ajudar o Dr. Mário Soares ! Portuguesas e Portugueses uma vez mais mostrem a vossa grande onda de solidariedade .

8 Abril 2001 às 9:01

Manuel alves Carneiro

E uma vergonha ouvir alguns dos nossos lideres dizerem que Portugal nao tem nada a ver com o caso Cabinda sabendo que nos tinhamos assinado acordos com os Cabindas (tratado de Simulambuco). Sera que o tratado foi apenas meio de conseguir Cabinda na conferencia de Berlim ja que muitos paises estavam enteressados com aquela terra? Penso que nao , porque Cabinda foi sempre considerado como um protectorado nosso. por isso eu penso que chegou a hora de fazermos algo ou corrigir os nossos erros de 1975 e iniciar uma nova era. Porque nao se deve admitir que um pais como nosso que e democratico ignorar o sofrimento daquele povo que tanto nos gosta como disse o meu compatriota que foi liberto na semana passada pela F.L.E.C.Porque afinal de contas muitos de nos nao sabiamos o porque da luta pela independecia dos Cabindas porque eram considerados como terroristas o que foi desmentido pelo meu compatriota ex refem que foi liberto pela F.L.E.C quem conviveu com eles nas matas durante 11 meses produto de um rapto protagonizado pela F.L.E.C que tem estado a ser noticias a nivel de mundo. Eu sou contra os raptos de cidadaos porem penso que foi a unica forma de apresentar as suas aspiracoes e reivindicacoes. Portugal tem responsabilidade moral e direito de participar de uma forma activa no caso e nao desmarcar da situacao por causa dos compromissos economicos com Angola todavia seria mais um membro da C.P.L.P. E de louvar a coragem do Eurodeputado Sr. Mario Soares na defesa de autodeterminacao deste povo porque a razao vale mais que a forca e peco ao nosso governo que peca ao governo de Angola que pare com a limpesa etnica em Cabinda.Resolvendo este conflito nos os Portugueses estaremos livres do peso da consciencia perante todos os paises que antes da conferencia de Berlim estavam enteressados de Cabinda. Avante Srs. Mario Soares,Duque de Braganca e os demais Portugueses que neste momento dificil defendem a causa do povo irmao de Cabinda. E para o povo de Cabinda coragem,resistencia e uniao em busca da dignidade e liberdade sao os meus votos. Acreditem no futuro que nos os Portugueses faremos tudo.

8 Abril 2001 às 7:48

Armando Jardim Quaresma Da silva

O Sr. Mario Soares tem a razao e espero que todos aqueles que nao sabem ou ignoram os acordos assinados entre Portugal e os Cabindas mudan de comportamento porque caso Cabinda nao e apenas com Angola porque se os Cabindas fossem consultados nos acordos de Alvor ( que foram violados pelo M.P.L.A que nao cumpriu com as clausulas) Cabinda nao teria sido integrado a Angola em 1975. Por isso ja que a culpa foi nossa temos que ter a coragem moral de corrigirmos os nossos erros e salvar o povo de Cabinda que esta a sofrer bastante pela sua luta de libertacao com um pais que explora o petroleo de Cabinda e compra armamento para matar os Cabindas como forma de preservar o seu poder. Eu penso que chegou a hora de fazermos algo para este povo irmao como fizemos para com o Timor.Sr. Mario Soares estamos solidarios com a sua coragem politica e frontalidade no assunto e que nao tenha receio do regime de Angola porque eles podem viver sem Cabinda e tambem e uma forma de acabar a guerra que esta a vitimar muitos Angolanos.

7 Abril 2001 às 9:06

Gil Gonçalves ( GEPSI@SNET.CO.AO )

Ele só sabe é complicar as situações.Não percebe nada de África.E já se esqueceu da "descolonização exemplar"

7 Abril 2001 às 7:10

Manuel Monteriro Peixe

Quando o testemunha ocular confirma que Alvor não fez bem em excluir a questão de Cabinda,não consigo entender a base de argumentos que muitos dos meus compatriotas Portugueses sustentam dizendo que o caso cabinda é apenas de resposabilidade Angolana.Peço ao meu governo que toma a mesma atitude que teve com o povo Timorense visto que o caso e semelhante.

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