EXPRESSO: Cartaz

18-07-2001
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LIVROS

Portugal em transe

Um excelente estudo sobre o 25 de Abril e a construção da democracia portuguesa

PORTUGAL EN TRANSICIÓN de José Medeiros Ferreira (Fundo de Cultura Económica, Cidade do México e Madrid, 2000, 358 págs., 3500 pesetas, 21,04 euros)

António Costa Pinto

Com Portugal en Transición, o historiador e político José Medeiros Ferreira adaptou para um público de língua espanhola a sua síntese sobre o 25 de Abril de 1974 e a transição democrática, último volume da História de Portugal dirigida por José Mattoso para o Círculo de Leitores, no início dos anos 90. Uma edição de grande utilidade, pois, se já vão existindo alguns livros de historiadores portugueses traduzidos para francês e inglês, são curiosamente escassas as edições em castelhano.

«Gosto de misturar tudo»

Às voltas com Henrique Garcia Pereira, a propósito do seu livro «A Arte Recombinatória»

ARTE RECOMBINATÓRIA de Henrique Garcia Pereira (Teorema, 2000, 263 págs., 2940$00, 14,66 euros)

Ana Cristina Leonardo

«Não acredito em coisas impossíveis», disse a Alice. «Fazes mal», respondeu a Rainha «eu acredito sempre em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço». Este diálogo, retirado naturalmente do livro de Lewis Carroll, poderia servir de paradigma ao extraordinário caminho percorrido pelo conhecimento humano ao longo da História. E se pararmos por um segundo, lembrando, apenas vagamente, a forma como o saber foi potenciado durante o século que ainda agora terminou, não poderemos deixar de nos surpreender com a consciência visionária da Rainha que mandava cortar cabeças.

Deuses e demónios

Um estudo pertinente sobre a importância dos símbolos e práticas solsticiais de tradição popular

A FACE DO CAOS — RITOS DE SUBVERSÃO DA TRADIÇÃO PORTUGUESA de Aurélio Lopes (Edição do Autor/Edição Garrido, 2000, 250 págs., 2500$00, 12,47 euros)

Vítor Quelhas

Raras são as cosmovisões de modelo mítico e arcaico que não dividam simbolicamente a eclíptica solar, uma importante medida do tempo cíclico, em cortes temporais, soluções de continuidade, pontos de mutação, permitindo deste modo a subversão ritual das relações arquetípicas entre o caos e a ordem, o céu e a terra, o sagrado e o profano. Fizeram-no todas as grandes civilizações do passado, nomeadamente as que estenderam a sua influência à Península Ibérica, limitando-se o Cristianismo a seguir-lhes as pegadas ao cristianizar o que o paganismo consagrara.

A resistência poética

Nova antologia de René Char, um dos pontos culminantes da poesia francesa

FUROR E MISTÉRIO de René Char (Relógio d’Água, 2000, trad. de Margarida Vale de Gato, 404 págs., 3500$00, 17,46 euros)

Jorge Henrique Bastos

Ele não foi um homem público, nem teve a militância do seu amigo Albert Camus, mas comprometeu-se com inúmeras causas, revelando uma atitude moral inquebrantável. Combateu os nazis durante a II Guerra Mundial (e isso não impediu que nos anos 60 se tornasse amigo do filósofo Martin Heidegger); depois, converteu-se num activista antinuclear, apoiando os movimentos contra os projectos para a região onde nascera - L'Isle-sur-Sorgue -, e assinou manifestos contra a guerra da Argélia.

A voz das Palavras Proibidas

A verdadeira razão do naufrágio de Simão de Vasconcelos foi o desmedido peso dos seus sonhos

A GUARDIÃ de Catarina Fonseca (Caminho, 2000, 383 págs., 3780$00, 18,85 euros)

Luísa Mellid-Franco

LIVROS

Portugal em transe

Um excelente estudo sobre o 25 de Abril e a construção da democracia portuguesa

PORTUGAL EN TRANSICIÓN de José Medeiros Ferreira (Fundo de Cultura Económica, Cidade do México e Madrid, 2000, 358 págs., 3500 pesetas, 21,04 euros)

António Costa Pinto

Com Portugal en Transición, o historiador e político José Medeiros Ferreira adaptou para um público de língua espanhola a sua síntese sobre o 25 de Abril de 1974 e a transição democrática, último volume da História de Portugal dirigida por José Mattoso para o Círculo de Leitores, no início dos anos 90. Uma edição de grande utilidade, pois, se já vão existindo alguns livros de historiadores portugueses traduzidos para francês e inglês, são curiosamente escassas as edições em castelhano.

«Gosto de misturar tudo»

Às voltas com Henrique Garcia Pereira, a propósito do seu livro «A Arte Recombinatória»

ARTE RECOMBINATÓRIA de Henrique Garcia Pereira (Teorema, 2000, 263 págs., 2940$00, 14,66 euros)

Ana Cristina Leonardo

«Não acredito em coisas impossíveis», disse a Alice. «Fazes mal», respondeu a Rainha «eu acredito sempre em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço». Este diálogo, retirado naturalmente do livro de Lewis Carroll, poderia servir de paradigma ao extraordinário caminho percorrido pelo conhecimento humano ao longo da História. E se pararmos por um segundo, lembrando, apenas vagamente, a forma como o saber foi potenciado durante o século que ainda agora terminou, não poderemos deixar de nos surpreender com a consciência visionária da Rainha que mandava cortar cabeças.

Deuses e demónios

Um estudo pertinente sobre a importância dos símbolos e práticas solsticiais de tradição popular

A FACE DO CAOS — RITOS DE SUBVERSÃO DA TRADIÇÃO PORTUGUESA de Aurélio Lopes (Edição do Autor/Edição Garrido, 2000, 250 págs., 2500$00, 12,47 euros)

Vítor Quelhas

Raras são as cosmovisões de modelo mítico e arcaico que não dividam simbolicamente a eclíptica solar, uma importante medida do tempo cíclico, em cortes temporais, soluções de continuidade, pontos de mutação, permitindo deste modo a subversão ritual das relações arquetípicas entre o caos e a ordem, o céu e a terra, o sagrado e o profano. Fizeram-no todas as grandes civilizações do passado, nomeadamente as que estenderam a sua influência à Península Ibérica, limitando-se o Cristianismo a seguir-lhes as pegadas ao cristianizar o que o paganismo consagrara.

A resistência poética

Nova antologia de René Char, um dos pontos culminantes da poesia francesa

FUROR E MISTÉRIO de René Char (Relógio d’Água, 2000, trad. de Margarida Vale de Gato, 404 págs., 3500$00, 17,46 euros)

Jorge Henrique Bastos

Ele não foi um homem público, nem teve a militância do seu amigo Albert Camus, mas comprometeu-se com inúmeras causas, revelando uma atitude moral inquebrantável. Combateu os nazis durante a II Guerra Mundial (e isso não impediu que nos anos 60 se tornasse amigo do filósofo Martin Heidegger); depois, converteu-se num activista antinuclear, apoiando os movimentos contra os projectos para a região onde nascera - L'Isle-sur-Sorgue -, e assinou manifestos contra a guerra da Argélia.

A voz das Palavras Proibidas

A verdadeira razão do naufrágio de Simão de Vasconcelos foi o desmedido peso dos seus sonhos

A GUARDIÃ de Catarina Fonseca (Caminho, 2000, 383 págs., 3780$00, 18,85 euros)

Luísa Mellid-Franco

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