Um chamariz chamado poder

07-01-2001
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António Guterres nas comemorações do primeiro aniversário dos «Estados Gerais»: mostrar uma base de apoio alargada é também o objectivo da próxima Convenção Nacional do PS

Com Durão Barroso mergulhado na sua primeira volta a Portugal à frente do PSD, numa cruzada de mobilização do partido e de caça ao voto, Guterres joga nas vantagens de quem já está no poder e contraria a ideia de um PS virado sobre si próprio e desgastado pela governação, com mais um «happening» virado para fora onde exibirá sobretudo rostos alheios à militância. A «pesca à linha», que durou alguns meses, foi (curiosamente) entregue ao homem do aparelho do PS. Jorge Coelho foi o coordenador deste «remake» renovado dos Estados-Gerais para uma Nova Maioria, e embora a segunda vez não tenha o efeito da primeira, a direcção socialista dá enorme importância a esta convenção, enquanto prova de que a capacidade mobilizadora do partido se mantém intacta.

Os nomes que responderam à chamada não têm novidades avassaladoras, sobretudo depois da novidade que foi a «chuva de estrelas» em 95. Mas há alguns rostos com especial simbolismo, como Nuno Ribeiro da Silva, ex-membro dos governos de Cavaco Silva, ou Fernando Santos, o homem que levou o Futebol Clube do Porto ao «penta».

Muita música

Pôr os independentes a falar e com isso dar uma imagem de renovação de um partido que chega ao fim do seu primeiro mandato governamental manchado pela imagem do desgaste e da inacção é um dos objectivos desta Convenção Nacional. Mas a estrela principal continua a chamar-se António Guterres - que encerrará a sessão com um discurso virado para o futuro e de confirmação das grandes linhas do programa eleitoral com que espera mobilizar o país para uma maioria absoluta.

Do discurso de Guterres não se esperam ataques à oposição nem referências pela negativa ao que quer que seja. A palavra de ordem continua a ser «tudo pela positiva», e para amaciar o clima nada como um arranque musical.

A Orquestra de Sopros dos Templários vai abrir a convenção, e a hipótese de trocar os artistas «pimba» por talentos mais desconhecidos da música portuguesa durante toda a campanha eleitoral está a ser estudada no PS. Quanto às primeiras intervenções no Coliseu, deverão caber a Rui Alarcão e Almeida Santos. Mário Soares também deverá estar presente, pelo menos é intenção da direcção socialista convidá-lo.

Listas avançam

Depois de dia 3, termina o prazo de interdição ditado por Guterres sobre as próximas listas de deputados, e a verdade é que já não se fala de outra coisa.

Certo, por agora, é que vários ministros serão chamados a encabeçar listas, a começar por Jorge Coelho, que será o primeiro em Setúbal, prevendo-se como muito provável que Pina Moura encabece a lista de Braga e Ferro Rodrigues a de Leiria. Guterres deverá manter-se em Castelo Branco, Almeida Santos em Lisboa, Fernando Gomes no Porto, Manuel Alegre em Coimbra (embora o poeta ainda alimente algum suspense sobre a sua disponibilidade), Armando Vara em Bragança, Capoulas Santos em Évora e Miranda Calha em Portalegre. Jaime Gama poderá manter-se como número dois por Lisboa e Manuel Maria Carrilho tem sido sondado pelo Porto. Nesta distrital, Narciso Miranda quer ter a lista pronta até ao dia 17 de Julho, para ser aprovada numa reunião do PS/Porto no dia 24 e, como presidente da distrital, deverá ser o número dois. Carrilho é o nome mais provável para aparecer na terceira posição, numa lista onde mantêm lugar cativo Francisco Assis, José Lello, Manuel dos Santos, José Saraiva e Manuel Strecht, entre outros. O PS/Porto quer manter Maria de Belém e Elisa Ferreira na sua lista, mas já aceitou a saída de Pina Moura para encabeçar outro distrito.

Os abandonos prováveis no Porto são os de Pedro Baptista, o candidato derrotado nas eleições para a Câmara de Gondomar, Daniel Bessa e Sérgio Silva. Mais problemática do que a escolha das saídas será a selecção das mulheres, neste novo esquema de quotas. Além das duas ministras referidas, Rosa Mota e Paula Cristina são hipóteses a considerar, havendo uma quinta mulher cujo nome é guardado como sendo uma surpresa.

Maria Santos entra, JS treme

Maria Santos, a ex-deputada de Os Verdes, deverá voltar ao Parlamento, agora pela mão do PS. Bem como Manuela Arcanjo, a ex-secretária de Estado do Orçamento.

Na JS vivem-se algumas incertezas, já que Sérgio Sousa Pinto não conseguiu garantir que a sua saída para o Parlamento Europeu garantisse o lugar até aqui ao dispor do líder da Juventude para outro dirigente nacional. Na conversa que teve com Guterres sobre a sua ida para Bruxelas, Sousa Pinto pediu dois lugares para dirigentes nacionais, independentemente daqueles que a JS sempre consegue através das federações. E o EXPRESSO sabe que os dois nomes por si defendidos para a bancada eram os de Marques Perestrelo e Fernando Rocha Andrade (ambos assessores de António Costa nos Assuntos Parlamentares).

Jorge Coelho não confirma quaisquer compromissos nesta matéria, e o facto de Marques Perestrelo ser o candidato de Sousa Pinto à sua sucessão , contra a vontade da direcção do partido, que aponta outros nomes - Catarina Mendes, de Setúbal, ou Jamila Madeira, de Faro e filha de Luís Filipe Madeira -, não permite antecipar certezas.

Ângela Silva, com R.J.P.

António Guterres nas comemorações do primeiro aniversário dos «Estados Gerais»: mostrar uma base de apoio alargada é também o objectivo da próxima Convenção Nacional do PS

Com Durão Barroso mergulhado na sua primeira volta a Portugal à frente do PSD, numa cruzada de mobilização do partido e de caça ao voto, Guterres joga nas vantagens de quem já está no poder e contraria a ideia de um PS virado sobre si próprio e desgastado pela governação, com mais um «happening» virado para fora onde exibirá sobretudo rostos alheios à militância. A «pesca à linha», que durou alguns meses, foi (curiosamente) entregue ao homem do aparelho do PS. Jorge Coelho foi o coordenador deste «remake» renovado dos Estados-Gerais para uma Nova Maioria, e embora a segunda vez não tenha o efeito da primeira, a direcção socialista dá enorme importância a esta convenção, enquanto prova de que a capacidade mobilizadora do partido se mantém intacta.

Os nomes que responderam à chamada não têm novidades avassaladoras, sobretudo depois da novidade que foi a «chuva de estrelas» em 95. Mas há alguns rostos com especial simbolismo, como Nuno Ribeiro da Silva, ex-membro dos governos de Cavaco Silva, ou Fernando Santos, o homem que levou o Futebol Clube do Porto ao «penta».

Muita música

Pôr os independentes a falar e com isso dar uma imagem de renovação de um partido que chega ao fim do seu primeiro mandato governamental manchado pela imagem do desgaste e da inacção é um dos objectivos desta Convenção Nacional. Mas a estrela principal continua a chamar-se António Guterres - que encerrará a sessão com um discurso virado para o futuro e de confirmação das grandes linhas do programa eleitoral com que espera mobilizar o país para uma maioria absoluta.

Do discurso de Guterres não se esperam ataques à oposição nem referências pela negativa ao que quer que seja. A palavra de ordem continua a ser «tudo pela positiva», e para amaciar o clima nada como um arranque musical.

A Orquestra de Sopros dos Templários vai abrir a convenção, e a hipótese de trocar os artistas «pimba» por talentos mais desconhecidos da música portuguesa durante toda a campanha eleitoral está a ser estudada no PS. Quanto às primeiras intervenções no Coliseu, deverão caber a Rui Alarcão e Almeida Santos. Mário Soares também deverá estar presente, pelo menos é intenção da direcção socialista convidá-lo.

Listas avançam

Depois de dia 3, termina o prazo de interdição ditado por Guterres sobre as próximas listas de deputados, e a verdade é que já não se fala de outra coisa.

Certo, por agora, é que vários ministros serão chamados a encabeçar listas, a começar por Jorge Coelho, que será o primeiro em Setúbal, prevendo-se como muito provável que Pina Moura encabece a lista de Braga e Ferro Rodrigues a de Leiria. Guterres deverá manter-se em Castelo Branco, Almeida Santos em Lisboa, Fernando Gomes no Porto, Manuel Alegre em Coimbra (embora o poeta ainda alimente algum suspense sobre a sua disponibilidade), Armando Vara em Bragança, Capoulas Santos em Évora e Miranda Calha em Portalegre. Jaime Gama poderá manter-se como número dois por Lisboa e Manuel Maria Carrilho tem sido sondado pelo Porto. Nesta distrital, Narciso Miranda quer ter a lista pronta até ao dia 17 de Julho, para ser aprovada numa reunião do PS/Porto no dia 24 e, como presidente da distrital, deverá ser o número dois. Carrilho é o nome mais provável para aparecer na terceira posição, numa lista onde mantêm lugar cativo Francisco Assis, José Lello, Manuel dos Santos, José Saraiva e Manuel Strecht, entre outros. O PS/Porto quer manter Maria de Belém e Elisa Ferreira na sua lista, mas já aceitou a saída de Pina Moura para encabeçar outro distrito.

Os abandonos prováveis no Porto são os de Pedro Baptista, o candidato derrotado nas eleições para a Câmara de Gondomar, Daniel Bessa e Sérgio Silva. Mais problemática do que a escolha das saídas será a selecção das mulheres, neste novo esquema de quotas. Além das duas ministras referidas, Rosa Mota e Paula Cristina são hipóteses a considerar, havendo uma quinta mulher cujo nome é guardado como sendo uma surpresa.

Maria Santos entra, JS treme

Maria Santos, a ex-deputada de Os Verdes, deverá voltar ao Parlamento, agora pela mão do PS. Bem como Manuela Arcanjo, a ex-secretária de Estado do Orçamento.

Na JS vivem-se algumas incertezas, já que Sérgio Sousa Pinto não conseguiu garantir que a sua saída para o Parlamento Europeu garantisse o lugar até aqui ao dispor do líder da Juventude para outro dirigente nacional. Na conversa que teve com Guterres sobre a sua ida para Bruxelas, Sousa Pinto pediu dois lugares para dirigentes nacionais, independentemente daqueles que a JS sempre consegue através das federações. E o EXPRESSO sabe que os dois nomes por si defendidos para a bancada eram os de Marques Perestrelo e Fernando Rocha Andrade (ambos assessores de António Costa nos Assuntos Parlamentares).

Jorge Coelho não confirma quaisquer compromissos nesta matéria, e o facto de Marques Perestrelo ser o candidato de Sousa Pinto à sua sucessão , contra a vontade da direcção do partido, que aponta outros nomes - Catarina Mendes, de Setúbal, ou Jamila Madeira, de Faro e filha de Luís Filipe Madeira -, não permite antecipar certezas.

Ângela Silva, com R.J.P.

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