EXPRESSO

17-10-2000
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A devassa

«Estamos numa encruzilhada desta civilização. Por um lado, os cidadãos têm medo e querem reagir - e, por outro, não dispõem de referências que lhes permitam perceber a importância de certos princípios, como a necessidade de preservar o sigilo profissional. E, no entanto, sem esses princípios tornar-se-á insuportável a vida em sociedade. Porque as pessoas ver-se-ão desapossadas de toda a privacidade.»

REPÚBLICA Dos «kits» à transparência

«Não menos curiosa e intrigante é a coincidência de o Presidente da República ter também sublinhado, este sim nas comemorações do 5 de Outubro, a necessidade de 'cada vez mais rigor, transparência e boa administração'. Quando duas personalidades com a envergadura política de Soares e Sampaio - ambas pertencentes ao partido no poder, como se sabe - manifestam tais preocupações, o que deve pensar o país? O que será que os apoquenta? O que saberão eles que nós não sabemos?» LUTO Morrer em Timor

«Agora que o Governo quer transformar Timor-Leste na sua preocupação central e talvez exclusiva, em termos de participação militar, convém que vá preparando as mães portuguesas para o pior. De modo a evitar que, logo aos primeiros mortos, a opinião pública comece a mudar. E que a apaixonada disponibilidade de há um ano para todas as entregas e sacrifícios dê lugar a um discurso novo e muito menos generoso.» «SEGURANÇAS» A lei do murro

«Tudo indica que, à medida que a polícia se afasta dos cidadãos, há poderes obscuros que tomam o seu lugar, impondo a lei do murro e fazendo justiça pelas próprias mãos. Perante certas situações, ficamos sem saber onde pára o Estado de direito que tanto nos apregoam.» REVOLUÇÃO O beijo

«Então, diremos: este foi o beijo que derrubou, em Belgrado, o último dos muros europeus do século, na mesma semana em que, por sinal, a Alemanha festejava os primeiros dez anos da unificação.»

«The right man in the wrong place»

«Sendo um homem cheio de virtudes, Ferreira do Amaral não tem perfil, nem idade, nem currículo para ser Presidente da República.»

PINA MOURA

FERNANDA RIBEIRO

CUNHA RODRIGUES

JOÃO CRAVINHO

ANTÓNIO GUTERRES

CARLOS CARVALHAS

Por JOSÉ ANTÓNIO LIMA

«Big Brother», «little children»

«Quem exigir o cumprimento da lei, de forma a que as cenas (do 'Big Brother') apenas sejam emitidas às horas legais, será imediatamente apodado de censor. É o normal, vindo dos que se julgam bem-pensantes por acharem que tudo é permitido. Pois bem, é preciso dizer-lhes que não é assim. E, se acaso não o concluem por falta de educação ou de raciocínio, é mesmo necessário impedi-los. Porque em muitas casas há crianças ou, se preferirem, 'little children'.»

A pátria e a política

«O súbito ataque de nacionalismo pré-primário, básico e secundário, que impeliu os principais governantes e dirigentes partidários a invadirem as escolas do país, além de ser profundamente ridículo, tem muito que se lhe diga. Só falta mesmo os políticos distribuírem tabuadas pelas escolas.»

Ruben A.

«Ruben A. havia de gostar desta espécie de tributo sem gravata, nem 'ingredientes de suas excelências', nem discursos, nem formalidades. Da Casa de Esteiró à Torre de Geraz, do Paço da Glória e da sua estranheza entranhada nas paredes, passando pela casa do escritor em Montedor e depois pela Biblioteca de Caminha, percorreu-se uma privada geografia minhota, terna deambulação entre amigos e amável viagem pelos lugares que tanto o inspiraram.»

Liberdade ou «libertação»?

«A minha sugestão às 'brigadas de especialistas' é muito simples: desistam de 'libertar' os outros. Aprendam a apreciar o usufruto da liberdade. E deixem as pessoas escolher.» UM OLHAR SOBRE A CIDADE Os «gangs» e os gaguejos

Eduardo Vilaça

Sociólogo «Veja-se quanto pouparia o Orçamento de Estado se, em vez de mais polícias, mais esquadras, prisões e escolas de reinserção, investisse em formação e qualificação profissional, em promoção de emprego, em reabilitação e requalificação ambiental e muitos outros, numa lógica de desenvolvimento social e urbano. Intervenções desta complexidade são trabalhosas e difíceis, mas rentáveis a médio prazo. Estratégicas para um novo conceito de cidade.» A reforma Silva Lopes

Saldanha Sanches «Fixar administrativamente rendimentos por meio de sinais exteriores de riqueza é um poder que a administração fiscal tem de ter: mas exige um pronto controlo judicial como condição básica para a sua aplicação.» Um passo em frente na supervisão financeira

José Nunes Pereira

Ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários «O novo mecanismo irá facilitar a concertação de políticas em matéria de supervisão, designadamente no contexto da promoção do sistema financeiro.» OLHO VIVO Impostos, lista de mercearia?

Manuel Monteiro «Temos de saber, desde logo, se há lugar a uma verdadeira reforma fiscal desenquadrada de uma filosofia política geral sobre a riqueza, a sua distribuição e o papel, hoje, do Estado na economia. Os impostos não são uma lista de mercearia, cujas colunas se riscam ou acrescentam consoante as conveniências do momento.» Prodi, o referendo e Milosevic

Por Mário Soares

De Bruxelas «Pela primeira vez, Romano Prodi produziu um discurso no Plenário do Parlamento Europeu que surpreendeu positivamente. Os democratas-cristãos, satisfeitos, diziam, nos corredores: 'Habemus Papa'! Os liberais e os socialistas, um pouco mais cépticos, contestavam: 'Parece antes o título de um filme de sucesso: um condenado evadiu-se...'.» O pior inimigo interno

Manuel Alegre «Dada a fraqueza da oposição, o PS só pode ser derrotado por si próprio. Não pelo exercício do direito à crítica, mas pela imposição de falsos unanimismos, quase sempre geradores das grandes rupturas. Por isso não precisa de um clima de caça às bruxas. Precisa de uma reorientação estratégica e de repor com urgência o primado dos valores.» A cidade e o carro

José Paulo Esperança

Docente do ISCTE «Resolver o problema da eficácia, da segurança e da comodidade dos transportes é um imperativo essencial - no dia-a-dia e nas situações de emergência. Quando um doente transportado de urgência falece porque a ambulância ficou retida num congestionamento, de quem é a responsabilidade? O 'dia sem carros' do passado 22 de Setembro não pode ser o único dia útil do ano em que esse doente teria fortes probabilidades de chegar a tempo.» Demagogia ou ignorância

José Calisto Santos, José António Gamboa, Maria José Campos, M. Gabriela Rodrigues, Marco Silva

Psicólogo, o primeiro; sociólogo, o segundo; médicos, os três últimos «Confundir os efeitos de um derivado da 'cannabis' com os da heroína é demagogia ou ignorância.»

«É NATURAL, inevitável e desejável que existam mais divergências no Grupo Parlamentar do que em qualquer outra instância do PS», afirmava há dias Francisco Assis, líder dos deputados socialistas. Assis bem se tem esforçado e pode até dizer-se que a bancada socialista tem funcionado, quase na perfeição, como um grupo organizado de contestação ao Governo. Que ainda recentemente se reforçou com alguns dos mais notáveis deserdados e desencantados do guterrismo, como Fernando Gomes, Manuel Maria Carrilho, Maria de Belém, José Penedos ou Osvaldo Castro. Mas, apesar da boa vontade de Assis e da sublevação em curso na manta de retalhos em que se transformou a bancada do PS, a confusão instalada não é nada que se compare com o que se passa ao mais alto nível do Largo do Rato, no Secretariado e na Comissão Política. «Estou afastado da vida política activa.(...) Mas não prescindo de uma intervenção cívica sobre os problemas do país sempre que achar conveniente» Cavaco Silva, «DN», 3/10/00

Roma não paga aos traidores

«Ora o PS deveria interrogar-se se, na verdade, o estilo de governação rosa não está a conduzir o país para uma perigosa situação, traduzida no facto de, pelo menos este ano e no próximo, Portugal ir crescer menos que a média europeia. Deveria interrogar-se se realmente não se está a criar uma situação pantanosa entre os interesses do Estado e os interesses legítimos mas privados dos grupos económicos.»

Preços determinam sucesso do UMTS

«O que vai ser determinante para o sucesso do UMTS serão os preços dos serviços. Se forem semelhantes aos praticados para os actuais telemóveis, se os operadores disponibilizarem terminais a preços acessíveis e se os serviços e conteúdos disponíveis forem atractivos e úteis para os utilizadores, é natural que o UMTS seja um sucesso. Caso contrário, com preços de terminais e serviços muito elevados, será muito mais difícil impor o UMTS.»

Campanha alegre na reforma fiscal

«Mas não há dúvida de que a reforma (fiscal) em curso arrisca-se a ser uma reformazinha, mais um conjunto de pequenas medidas, de mexidas nas taxas e nos escalões, com um impacto marginal na estrutura do sistema. E, sobretudo, marcado negativamente pela batalha política que se aproxima, com todos os partidos a procurarem ganhar apoios e votos à custa da reforma fiscal.»

Indiferença

«Defrontando-se com uma liquidez confrangedora, o mercado nacional continua à mercê de 'affaires' e rumores que, pelo menos, servem para injectar adrenalina especulativa onde apenas se vislumbra uma olímpica indiferença.»

Uma reserva inaceitável

«Israel usufrui nos 'media' de um estatuto inadmissível nos planos profissional e intelectual: a história não pode justificar o presente.» O não dinamarquês prejudica a UEM? Prejuízo apenas para a Dinamarca

Dirigir é antes de mais prever

«Ficou demonstrado que o resultado do referendo dinamarquês não mudou o curso do euro nem sequer fez estremecer as fundações da UEM.» «O voto da Dinamarca revela também a desesperança da utopia europeia, às turras com as realidades da economia, envolta esta em medos e dúvidas.»

O ódio

«Quando fala sobre a paz na região, o velho general fala exactamente com o tom metálico e gelado com que o sheiks do Hamas falam do futuro: para negar a sua existência. O ódio de uns ampara-se no ódio do outro. Naquela terra há demasiado ódio, demasiadas gerações educadas na violência e na privação, demasiada memória, demasiado martírio. Deixar que o velho general continue a matar crianças e assassine anos e anos de labor negocial por parte de israelitas e palestinianos corajosos é ceder ao ódio. Sharon deve ser retirado de cena, antes que faça mais estragos. Quem ousará?»

As cabeças

«Vamos dar mais panfletos à nossa democracia. História de um rei em promoção no feriado da República.»

Conflito de gerações

«Nunca consegui perceber as pessoas que praticam determinados actos e que anos mais tarde são os maiores críticos desses mesmos actos.»

A devassa

«Estamos numa encruzilhada desta civilização. Por um lado, os cidadãos têm medo e querem reagir - e, por outro, não dispõem de referências que lhes permitam perceber a importância de certos princípios, como a necessidade de preservar o sigilo profissional. E, no entanto, sem esses princípios tornar-se-á insuportável a vida em sociedade. Porque as pessoas ver-se-ão desapossadas de toda a privacidade.»

REPÚBLICA Dos «kits» à transparência

«Não menos curiosa e intrigante é a coincidência de o Presidente da República ter também sublinhado, este sim nas comemorações do 5 de Outubro, a necessidade de 'cada vez mais rigor, transparência e boa administração'. Quando duas personalidades com a envergadura política de Soares e Sampaio - ambas pertencentes ao partido no poder, como se sabe - manifestam tais preocupações, o que deve pensar o país? O que será que os apoquenta? O que saberão eles que nós não sabemos?» LUTO Morrer em Timor

«Agora que o Governo quer transformar Timor-Leste na sua preocupação central e talvez exclusiva, em termos de participação militar, convém que vá preparando as mães portuguesas para o pior. De modo a evitar que, logo aos primeiros mortos, a opinião pública comece a mudar. E que a apaixonada disponibilidade de há um ano para todas as entregas e sacrifícios dê lugar a um discurso novo e muito menos generoso.» «SEGURANÇAS» A lei do murro

«Tudo indica que, à medida que a polícia se afasta dos cidadãos, há poderes obscuros que tomam o seu lugar, impondo a lei do murro e fazendo justiça pelas próprias mãos. Perante certas situações, ficamos sem saber onde pára o Estado de direito que tanto nos apregoam.» REVOLUÇÃO O beijo

«Então, diremos: este foi o beijo que derrubou, em Belgrado, o último dos muros europeus do século, na mesma semana em que, por sinal, a Alemanha festejava os primeiros dez anos da unificação.»

«The right man in the wrong place»

«Sendo um homem cheio de virtudes, Ferreira do Amaral não tem perfil, nem idade, nem currículo para ser Presidente da República.»

PINA MOURA

FERNANDA RIBEIRO

CUNHA RODRIGUES

JOÃO CRAVINHO

ANTÓNIO GUTERRES

CARLOS CARVALHAS

Por JOSÉ ANTÓNIO LIMA

«Big Brother», «little children»

«Quem exigir o cumprimento da lei, de forma a que as cenas (do 'Big Brother') apenas sejam emitidas às horas legais, será imediatamente apodado de censor. É o normal, vindo dos que se julgam bem-pensantes por acharem que tudo é permitido. Pois bem, é preciso dizer-lhes que não é assim. E, se acaso não o concluem por falta de educação ou de raciocínio, é mesmo necessário impedi-los. Porque em muitas casas há crianças ou, se preferirem, 'little children'.»

A pátria e a política

«O súbito ataque de nacionalismo pré-primário, básico e secundário, que impeliu os principais governantes e dirigentes partidários a invadirem as escolas do país, além de ser profundamente ridículo, tem muito que se lhe diga. Só falta mesmo os políticos distribuírem tabuadas pelas escolas.»

Ruben A.

«Ruben A. havia de gostar desta espécie de tributo sem gravata, nem 'ingredientes de suas excelências', nem discursos, nem formalidades. Da Casa de Esteiró à Torre de Geraz, do Paço da Glória e da sua estranheza entranhada nas paredes, passando pela casa do escritor em Montedor e depois pela Biblioteca de Caminha, percorreu-se uma privada geografia minhota, terna deambulação entre amigos e amável viagem pelos lugares que tanto o inspiraram.»

Liberdade ou «libertação»?

«A minha sugestão às 'brigadas de especialistas' é muito simples: desistam de 'libertar' os outros. Aprendam a apreciar o usufruto da liberdade. E deixem as pessoas escolher.» UM OLHAR SOBRE A CIDADE Os «gangs» e os gaguejos

Eduardo Vilaça

Sociólogo «Veja-se quanto pouparia o Orçamento de Estado se, em vez de mais polícias, mais esquadras, prisões e escolas de reinserção, investisse em formação e qualificação profissional, em promoção de emprego, em reabilitação e requalificação ambiental e muitos outros, numa lógica de desenvolvimento social e urbano. Intervenções desta complexidade são trabalhosas e difíceis, mas rentáveis a médio prazo. Estratégicas para um novo conceito de cidade.» A reforma Silva Lopes

Saldanha Sanches «Fixar administrativamente rendimentos por meio de sinais exteriores de riqueza é um poder que a administração fiscal tem de ter: mas exige um pronto controlo judicial como condição básica para a sua aplicação.» Um passo em frente na supervisão financeira

José Nunes Pereira

Ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários «O novo mecanismo irá facilitar a concertação de políticas em matéria de supervisão, designadamente no contexto da promoção do sistema financeiro.» OLHO VIVO Impostos, lista de mercearia?

Manuel Monteiro «Temos de saber, desde logo, se há lugar a uma verdadeira reforma fiscal desenquadrada de uma filosofia política geral sobre a riqueza, a sua distribuição e o papel, hoje, do Estado na economia. Os impostos não são uma lista de mercearia, cujas colunas se riscam ou acrescentam consoante as conveniências do momento.» Prodi, o referendo e Milosevic

Por Mário Soares

De Bruxelas «Pela primeira vez, Romano Prodi produziu um discurso no Plenário do Parlamento Europeu que surpreendeu positivamente. Os democratas-cristãos, satisfeitos, diziam, nos corredores: 'Habemus Papa'! Os liberais e os socialistas, um pouco mais cépticos, contestavam: 'Parece antes o título de um filme de sucesso: um condenado evadiu-se...'.» O pior inimigo interno

Manuel Alegre «Dada a fraqueza da oposição, o PS só pode ser derrotado por si próprio. Não pelo exercício do direito à crítica, mas pela imposição de falsos unanimismos, quase sempre geradores das grandes rupturas. Por isso não precisa de um clima de caça às bruxas. Precisa de uma reorientação estratégica e de repor com urgência o primado dos valores.» A cidade e o carro

José Paulo Esperança

Docente do ISCTE «Resolver o problema da eficácia, da segurança e da comodidade dos transportes é um imperativo essencial - no dia-a-dia e nas situações de emergência. Quando um doente transportado de urgência falece porque a ambulância ficou retida num congestionamento, de quem é a responsabilidade? O 'dia sem carros' do passado 22 de Setembro não pode ser o único dia útil do ano em que esse doente teria fortes probabilidades de chegar a tempo.» Demagogia ou ignorância

José Calisto Santos, José António Gamboa, Maria José Campos, M. Gabriela Rodrigues, Marco Silva

Psicólogo, o primeiro; sociólogo, o segundo; médicos, os três últimos «Confundir os efeitos de um derivado da 'cannabis' com os da heroína é demagogia ou ignorância.»

«É NATURAL, inevitável e desejável que existam mais divergências no Grupo Parlamentar do que em qualquer outra instância do PS», afirmava há dias Francisco Assis, líder dos deputados socialistas. Assis bem se tem esforçado e pode até dizer-se que a bancada socialista tem funcionado, quase na perfeição, como um grupo organizado de contestação ao Governo. Que ainda recentemente se reforçou com alguns dos mais notáveis deserdados e desencantados do guterrismo, como Fernando Gomes, Manuel Maria Carrilho, Maria de Belém, José Penedos ou Osvaldo Castro. Mas, apesar da boa vontade de Assis e da sublevação em curso na manta de retalhos em que se transformou a bancada do PS, a confusão instalada não é nada que se compare com o que se passa ao mais alto nível do Largo do Rato, no Secretariado e na Comissão Política. «Estou afastado da vida política activa.(...) Mas não prescindo de uma intervenção cívica sobre os problemas do país sempre que achar conveniente» Cavaco Silva, «DN», 3/10/00

Roma não paga aos traidores

«Ora o PS deveria interrogar-se se, na verdade, o estilo de governação rosa não está a conduzir o país para uma perigosa situação, traduzida no facto de, pelo menos este ano e no próximo, Portugal ir crescer menos que a média europeia. Deveria interrogar-se se realmente não se está a criar uma situação pantanosa entre os interesses do Estado e os interesses legítimos mas privados dos grupos económicos.»

Preços determinam sucesso do UMTS

«O que vai ser determinante para o sucesso do UMTS serão os preços dos serviços. Se forem semelhantes aos praticados para os actuais telemóveis, se os operadores disponibilizarem terminais a preços acessíveis e se os serviços e conteúdos disponíveis forem atractivos e úteis para os utilizadores, é natural que o UMTS seja um sucesso. Caso contrário, com preços de terminais e serviços muito elevados, será muito mais difícil impor o UMTS.»

Campanha alegre na reforma fiscal

«Mas não há dúvida de que a reforma (fiscal) em curso arrisca-se a ser uma reformazinha, mais um conjunto de pequenas medidas, de mexidas nas taxas e nos escalões, com um impacto marginal na estrutura do sistema. E, sobretudo, marcado negativamente pela batalha política que se aproxima, com todos os partidos a procurarem ganhar apoios e votos à custa da reforma fiscal.»

Indiferença

«Defrontando-se com uma liquidez confrangedora, o mercado nacional continua à mercê de 'affaires' e rumores que, pelo menos, servem para injectar adrenalina especulativa onde apenas se vislumbra uma olímpica indiferença.»

Uma reserva inaceitável

«Israel usufrui nos 'media' de um estatuto inadmissível nos planos profissional e intelectual: a história não pode justificar o presente.» O não dinamarquês prejudica a UEM? Prejuízo apenas para a Dinamarca

Dirigir é antes de mais prever

«Ficou demonstrado que o resultado do referendo dinamarquês não mudou o curso do euro nem sequer fez estremecer as fundações da UEM.» «O voto da Dinamarca revela também a desesperança da utopia europeia, às turras com as realidades da economia, envolta esta em medos e dúvidas.»

O ódio

«Quando fala sobre a paz na região, o velho general fala exactamente com o tom metálico e gelado com que o sheiks do Hamas falam do futuro: para negar a sua existência. O ódio de uns ampara-se no ódio do outro. Naquela terra há demasiado ódio, demasiadas gerações educadas na violência e na privação, demasiada memória, demasiado martírio. Deixar que o velho general continue a matar crianças e assassine anos e anos de labor negocial por parte de israelitas e palestinianos corajosos é ceder ao ódio. Sharon deve ser retirado de cena, antes que faça mais estragos. Quem ousará?»

As cabeças

«Vamos dar mais panfletos à nossa democracia. História de um rei em promoção no feriado da República.»

Conflito de gerações

«Nunca consegui perceber as pessoas que praticam determinados actos e que anos mais tarde são os maiores críticos desses mesmos actos.»

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