EXPRESSO: Economia

28-02-2002
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A dança das cadeiras

Sempre que se aproximam novas eleições legislativas, os candidatos às lideranças de empresas e cargos públicos per filam-se e já são muitos os nomes na calha para ocupar as cadeiras após 17 de Março

SEMPRE que as eleições batem à porta, começam as apostas para saber quem serão os próximos ministros, secretários de Estado e presidentes de empresas públicas ou, pelo menos, com participações do Estado. Desta vez a tradição repete-se, talvez com mais força, devido à eventualidade de mudança de partido político à frente do Governo.

Os nomes dos candidatos e candidatáveis são mais que muitos, mas há quem defenda que ainda é cedo para ter certezas quanto aos futuros responsáveis políticos e gestores públicos. «Qualquer aposta é puro tiro-ao-alvo nesta altura do campeonato», afirmou um responsável político ao EXPRESSO.

Uma coisa é certa, a corrida para a dança das cadeiras dos cargos de nomeação política já começou e nas conversas de bastidores perde-se muito tempo com promessas e convites não oficiais. Isto porque ainda não se sabe quem será o vencedor das eleições de 17 de Março e não se podem oficializar candidaturas nem convites. Fala-se, inclusive, na antecipação de algumas assembleias-gerais de empresas de capitais públicos, para prevenir o eventual processo de troca de administrações.

A principal incógnita quanto à composição do futuro Executivo, seja socialista seja social-democrata, é a do ministro das Finanças. Com a pesada responsabilidade de reequilibrar as contas públicas, controlar o défice e recuperar a credibilidade do Estado, o sucessor de Guilherme d'Oliveira Martins terá de chegar ao Conselho de Ministros munido, sobretudo, de grande autoridade.

Neste caso, o PSD parece ser o partido com maior variedade de nomes possíveis, que começam desde o repetidamente apontado António Borges ao ex-ocupante da pasta, Miguel Cadilhe, livre para a função desde que recentemente abandonou a administração do BCP.

«Ajudantes» também têm vez

António Borges também é apontado como um possível sucessor de Vítor Constâncio no Banco de Portugal e há quem fale em Miguel Cadilhe para ministro da Presidência. No PS, o nome mais ouvido para as Finanças é o do advogado Vasco Vieira de Almeida.

Ernâni Lopes ficaria bem na lista de qualquer um dos partidos candidatos à vitória, mas poderá surgir não no cargo de responsável pelas Finanças, mas sim como vice-primeiro-ministro de um eventual Governo PSD.

No caso dos sociais-democratas, uma Secretaria de Estado também parece estar já resolvida: a de Assuntos Fiscais para o economista do BES, Miguel Frasquilho, considerado uma estrela em ascensão no PSD de Durão Barroso. Outros nomes apontados como possíveis «ajudantes» - como certa vez afirmou Cavaco Silva, referindo-se aos secretários de Estado - são os de Maria Eduarda Azevedo, José Luís Arnaut, também ponderado para o Ministério da Administração Interna em concorrência com Fernando Negrão, ou Nuno Morais Sarmento, José Eduardo Martins ou Paula Teixeira da Cruz.

Embora se afirme no PSD que Dias Loureiro, um dos homens mais fortes do partido, não deverá ocupar nenhuma pasta ministerial, há quem o dê como certo à frente dos Negócios Estrangeiros.

Sobretudo, defende-se que Durão Barroso terá de conquistar o apoio e a disponibilidade de «três ou quatro personalidades de grande peso na sociedade portuguesa que sejam capazes de compensar a sua relativa juventude para o cargo de primeiro-ministro», afirmou um social-democrata ao EXPRESSO.

Um dos nomes referidos nesta situação é o de Daniel Proença de Carvalho para a pasta da Justiça, João Lobo Antunes para a Saúde ou Luís Valadares Tavares para o complexo Ministério da Educação. Lembra-se ainda que o líder do PSD terá de encontrar algumas personalidades femininas de relevo para apresentar e, neste caso, o nome de Assunção Esteves para os Assuntos Parlamentares é um dos mais referidos.

Candidatos às empresas públicas

No Planeamento social-democrata poderá surgir Isabel Mota e fala-se em Isaltino de Morais para o Equipamento e Obras Públicas. Pastas aparentemente menos sedutoras também têm hipotéticos candidatos: Luís Capoulas (primo do actual ministro da Agricultura e um social-democrata de longa data) para a Agricultura; para ministro do Desporto, o mais falado num Governo PSD é Valentim Loureiro.

No que toca às empresas públicas, Manuela Ferreira Leite poderá surgir à frente da problemática RTP, seguindo a tradição recente de colocar como presidente um ex-secretário de Estado do Orçamento.

Um dos nomes para o cobiçado cargo de presidente da Portugal Telecom é o de Joaquim Ferreira do Amaral, ex-ministro das Obras Públicas de Cavaco Silva. Entretanto, o nome que tem sido mais mediatizado para a liderança da empresa de telecomunicações tem sido o de António Carrapatoso, de quem já se falou para a pasta da Economia, do Desporto e até para o regulador das telecomunicações (Anacom). O presidente demissionário do antigo ICP, Luís Nazaré, é apontado como um provável ministro da Economia ou do Desporto de um Governo socialista, candidato a presidente da PT ou apenas como um gestor que opte por sair de Portugal para exercer as suas actividades profissionais ou volte a escrever para jornais. Sempre citado é o nome de Luís Todo-Bom, gestor profissional com provas dadas, mas que sempre disse que não voltaria a sítios onde já tivesse estado, ou seja, à presidência da PT.

Para a presidência de uma Caixa Geral de Depósitos social-democrata, o nome menos controverso parece ser o de Tavares Moreira, ministro-sombra das Finanças do PSD. Mas um candidato perfila-se por fora: Mira Amaral. O ex-ministro da Indústria é também repetidamente citado como futuro responsável da EDP. Há quem diga que Jorge Godinho, ex-secretário de Estado das Pescas e presidente da Portucel, poderá escolher entre EDP, Galp ou um eventual retorno à Portucel.

Nomes de volta à ribalta

Um das características de um eventual Governo socialista é uma provável repetição de nomes do actual Executivo. Para além dos incontornáveis António Costa, de quem se fala que poderia passar a ministro da Presidência, e de Paulo Pedroso, citado como ministro-adjunto e dos Assuntos Sociais, volta-se a falar de Jaime Gama para a Defesa.

José Sócrates poderia, segundo se afirma nos bastidores do PS, manter a tutela do Equipamento, cargo para o qual é apontado em alternativa o nome de João Soares. No Desporto, aponta-se Mega Ferreira, com a experiência da Expo-98, para controlar o Euro-2004. Na Cultura, há quem defenda que um nome provável é o de Rui Vilar, actualmente à frente da GalpEnergia.

Guilherme d'Oliveira Martins aparece como eventual responsável pelo Ministério da Administração Interna, o actual secretário de Estado João Nuno Mendes poderia assumir o Planeamento e Armando Trigo de Abreu a Ciência e Tecnologia. Elisa Ferreira já foi referida para a complexa pasta da Saúde, e a Justiça poderia ficar nas mãos de Vitalino Canas.

A dança das cadeiras

Sempre que se aproximam novas eleições legislativas, os candidatos às lideranças de empresas e cargos públicos per filam-se e já são muitos os nomes na calha para ocupar as cadeiras após 17 de Março

SEMPRE que as eleições batem à porta, começam as apostas para saber quem serão os próximos ministros, secretários de Estado e presidentes de empresas públicas ou, pelo menos, com participações do Estado. Desta vez a tradição repete-se, talvez com mais força, devido à eventualidade de mudança de partido político à frente do Governo.

Os nomes dos candidatos e candidatáveis são mais que muitos, mas há quem defenda que ainda é cedo para ter certezas quanto aos futuros responsáveis políticos e gestores públicos. «Qualquer aposta é puro tiro-ao-alvo nesta altura do campeonato», afirmou um responsável político ao EXPRESSO.

Uma coisa é certa, a corrida para a dança das cadeiras dos cargos de nomeação política já começou e nas conversas de bastidores perde-se muito tempo com promessas e convites não oficiais. Isto porque ainda não se sabe quem será o vencedor das eleições de 17 de Março e não se podem oficializar candidaturas nem convites. Fala-se, inclusive, na antecipação de algumas assembleias-gerais de empresas de capitais públicos, para prevenir o eventual processo de troca de administrações.

A principal incógnita quanto à composição do futuro Executivo, seja socialista seja social-democrata, é a do ministro das Finanças. Com a pesada responsabilidade de reequilibrar as contas públicas, controlar o défice e recuperar a credibilidade do Estado, o sucessor de Guilherme d'Oliveira Martins terá de chegar ao Conselho de Ministros munido, sobretudo, de grande autoridade.

Neste caso, o PSD parece ser o partido com maior variedade de nomes possíveis, que começam desde o repetidamente apontado António Borges ao ex-ocupante da pasta, Miguel Cadilhe, livre para a função desde que recentemente abandonou a administração do BCP.

«Ajudantes» também têm vez

António Borges também é apontado como um possível sucessor de Vítor Constâncio no Banco de Portugal e há quem fale em Miguel Cadilhe para ministro da Presidência. No PS, o nome mais ouvido para as Finanças é o do advogado Vasco Vieira de Almeida.

Ernâni Lopes ficaria bem na lista de qualquer um dos partidos candidatos à vitória, mas poderá surgir não no cargo de responsável pelas Finanças, mas sim como vice-primeiro-ministro de um eventual Governo PSD.

No caso dos sociais-democratas, uma Secretaria de Estado também parece estar já resolvida: a de Assuntos Fiscais para o economista do BES, Miguel Frasquilho, considerado uma estrela em ascensão no PSD de Durão Barroso. Outros nomes apontados como possíveis «ajudantes» - como certa vez afirmou Cavaco Silva, referindo-se aos secretários de Estado - são os de Maria Eduarda Azevedo, José Luís Arnaut, também ponderado para o Ministério da Administração Interna em concorrência com Fernando Negrão, ou Nuno Morais Sarmento, José Eduardo Martins ou Paula Teixeira da Cruz.

Embora se afirme no PSD que Dias Loureiro, um dos homens mais fortes do partido, não deverá ocupar nenhuma pasta ministerial, há quem o dê como certo à frente dos Negócios Estrangeiros.

Sobretudo, defende-se que Durão Barroso terá de conquistar o apoio e a disponibilidade de «três ou quatro personalidades de grande peso na sociedade portuguesa que sejam capazes de compensar a sua relativa juventude para o cargo de primeiro-ministro», afirmou um social-democrata ao EXPRESSO.

Um dos nomes referidos nesta situação é o de Daniel Proença de Carvalho para a pasta da Justiça, João Lobo Antunes para a Saúde ou Luís Valadares Tavares para o complexo Ministério da Educação. Lembra-se ainda que o líder do PSD terá de encontrar algumas personalidades femininas de relevo para apresentar e, neste caso, o nome de Assunção Esteves para os Assuntos Parlamentares é um dos mais referidos.

Candidatos às empresas públicas

No Planeamento social-democrata poderá surgir Isabel Mota e fala-se em Isaltino de Morais para o Equipamento e Obras Públicas. Pastas aparentemente menos sedutoras também têm hipotéticos candidatos: Luís Capoulas (primo do actual ministro da Agricultura e um social-democrata de longa data) para a Agricultura; para ministro do Desporto, o mais falado num Governo PSD é Valentim Loureiro.

No que toca às empresas públicas, Manuela Ferreira Leite poderá surgir à frente da problemática RTP, seguindo a tradição recente de colocar como presidente um ex-secretário de Estado do Orçamento.

Um dos nomes para o cobiçado cargo de presidente da Portugal Telecom é o de Joaquim Ferreira do Amaral, ex-ministro das Obras Públicas de Cavaco Silva. Entretanto, o nome que tem sido mais mediatizado para a liderança da empresa de telecomunicações tem sido o de António Carrapatoso, de quem já se falou para a pasta da Economia, do Desporto e até para o regulador das telecomunicações (Anacom). O presidente demissionário do antigo ICP, Luís Nazaré, é apontado como um provável ministro da Economia ou do Desporto de um Governo socialista, candidato a presidente da PT ou apenas como um gestor que opte por sair de Portugal para exercer as suas actividades profissionais ou volte a escrever para jornais. Sempre citado é o nome de Luís Todo-Bom, gestor profissional com provas dadas, mas que sempre disse que não voltaria a sítios onde já tivesse estado, ou seja, à presidência da PT.

Para a presidência de uma Caixa Geral de Depósitos social-democrata, o nome menos controverso parece ser o de Tavares Moreira, ministro-sombra das Finanças do PSD. Mas um candidato perfila-se por fora: Mira Amaral. O ex-ministro da Indústria é também repetidamente citado como futuro responsável da EDP. Há quem diga que Jorge Godinho, ex-secretário de Estado das Pescas e presidente da Portucel, poderá escolher entre EDP, Galp ou um eventual retorno à Portucel.

Nomes de volta à ribalta

Um das características de um eventual Governo socialista é uma provável repetição de nomes do actual Executivo. Para além dos incontornáveis António Costa, de quem se fala que poderia passar a ministro da Presidência, e de Paulo Pedroso, citado como ministro-adjunto e dos Assuntos Sociais, volta-se a falar de Jaime Gama para a Defesa.

José Sócrates poderia, segundo se afirma nos bastidores do PS, manter a tutela do Equipamento, cargo para o qual é apontado em alternativa o nome de João Soares. No Desporto, aponta-se Mega Ferreira, com a experiência da Expo-98, para controlar o Euro-2004. Na Cultura, há quem defenda que um nome provável é o de Rui Vilar, actualmente à frente da GalpEnergia.

Guilherme d'Oliveira Martins aparece como eventual responsável pelo Ministério da Administração Interna, o actual secretário de Estado João Nuno Mendes poderia assumir o Planeamento e Armando Trigo de Abreu a Ciência e Tecnologia. Elisa Ferreira já foi referida para a complexa pasta da Saúde, e a Justiça poderia ficar nas mãos de Vitalino Canas.

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