Depoimentos

06-05-2001
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Domingo, 29 de Abril de 2001 Joaquim Mourão, presidente da Câmara de Castelo Branco: "É evidente que não vão construir nenhuma linha de Aveiro a Salamanca" "Isto é surpreendente porque contradiz tudo o que foi falado nos últimos anos! O ministro Jorge Coelho disse várias vezes que a linha nunca iria passar por Badajoz". Joaquim Mourão, presidente da Câmara de Castelo Branco, nem queria acreditar que "todos os documentos a que tive acesso nos últimos dez anos" não valham agora nada. A sua cidade, simplesmente, desapareceu do mapa da rede de alta velocidade. "Estava previsto uma linha Porto-Lisboa ligada a outra da Ota a Castelo Branco que devia pegar na rede espanhola em Cáceres. Era o que diziam os ministros Cravinho e Jorge Coelho. Agora, com a ligação a Badajoz ficamos prejudicados. Também o professor José Manuel Viegas defende a amarração em Cáceres e o próprio Jorge Coelho esteve cá e disse que "Badajoz nunca". Estou estupefacto", diz o autarca socialista, que lamenta este volte face no projecto e promete desde já tudo fazer "para que isto não fique assim". E perante o receio de perder o Porto para a sua causa, alerta o "lobby" do Norte para que não se iluda porque "é evidente que não vão construir nenhuma linha de Aveiro a Salamanca - basta ver que privilegiam a ligação Lisboa - Badajoz e deixam o Porto para uma segunda fase". Ferreira do Amaral, ex-ministro das Obras Públicas: "Distraem as pessoas porque nem modernizar a Linha do Norte conseguem" Ferreira do Amaral é peremptório: não acredita no TGV e acha que tudo isto se destina a distrair os portugueses com projectos que nunca serão concretizados. Melhor seria, diz, "que modernizassem a linha do Norte, mas nem isso são capazes de fazer". De acordo com o projecto de modernização as obras já deveriam ter acabado há dois anos por forma a que os pendulares fizessem Lisboa-Porto em duas horas e 15 minutos, "mas qualquer dia já os pendulares estão obsoletos e ainda andam em obras". O ex-ministro de Cavaco Silva diz que "seria óptimo se houvesse TGV, mas nós, cidadãos, temos que estar atentos ao que nos impingem - querem fazer-nos acreditar que vamos ter alta velocidade daqui a uns quantos anos quando nem sequer conseguem acabar a linha do Norte". Céptico, recusa mesmo comentar qual a melhor rede para o país. "É indiferente um "T" deitado ou um "" com várias pernas. Estamos a falar de coisas para as quais não há financiamento. Eles não têm dinheiro para pagar isto." Manuel Queiró, deputado do PP: "É mais um ministro, mais um projecto para o TGV. Isto é ridículo" "É mais um ministro, mais um projecto para o TGV. Isto é ridículo", diz Manuel Queiró, do PP, que critica o Governo por ter em relação aos grandes projectos - TGV, Ota, terceira travessia do Tejo - uma "atitude irrealista, megalómana e excessivamente flutuante". Para Queiró, "o TGV está a ficar um mito que é utilizado demasiadas vezes como um grande projecto, sempre com novos conceitos, novas formulações, mas sempre sem passar do primeiro estádio". O PP defende que o traçado da alta velocidade sirva sempre o Noroeste da Peninsula Ibérica, mas não dá por adquirido que o TGV tenha de estar associado à Ota por considerar que a questão do novo aeroporto não está fechada. Quanto ao traçado por Badajoz para chegar a Madrid, Queiró diz que é óbvio ter sido uma decisão "dependente das opções espanholas". Octávio Teixeira, líder parlamentar do PCP: "Julgo mais prudente não tentar avançar com estes TGV todos" "É um investimento megalómano. Tenho as maiores reservas que seja possível nos próximos anos ter um investimento desta envergadura", diz Octávio Teixeira, do PCP. "Não me oponho a que haja uma linha Lisboa-Madrid - e temos em conta a opção dos espanhóis por Badajoz - porque é absolutamente necessário que tenhamos uma ligação à Europa", diz o deputado. "Em relação ao território nacional julgo mais prudente não tentar avançar com estes TGV todos". Em vez de se construírem linhas novas, o PCP defende a "recuperação e revitalização" das linhas actuais "evitando os erros que foram cometidos na linha do Norte" por forma a nelas circularem comboios pendulares e servir-se assim as populações do país. É que, lembra, "os recursos financeiros são escassos e é preciso rentabilizar o que temos". Maria do Carmo Sequeira, deputada por Castelo Branco: "Vou bater-me pelo anterior traçado durante a discussão pública" "Como deputada de Castelo Branco tenho que lamentar a opção que foi tomada, mas também entendo que terá sido baseada em estudos técnicos que permitiram chegar à conclusão de que essa é a melhor solução", diz Maria do Carmo Sequeira. Mas se assim foi, Castelo Branco "deve ter algumas compensações e ligações mais directas ao resto do país e com a Espanha", diz a deputada. "Vou bater-me pelo anterior traçado durante a discussão pública e entendo que devem ser dadas algumas explicações", concluíu. João Cravinho, deputado do PS: "Tenho que estudar o assunto com atenção" Apesar das declarações altamente críticas feitas ao último "O Independente", João Cravinho guarda para outra ocasião um comentário ao PÚBLICO sobre a proposta que substitui o seu pensamento estratégico de há dois anos. "Um projecto destes é absolutamente determinante para a maneira como Portugal se deve inserir na Europa", disse o ministro que foi mentor da primeira versão apresentada por um governo socialista para a alta velocidade. "Tenho que estudar o assunto com atenção pois não vejo isto apenas na óptica ferroviária, mas tendo em conta que o TGV é um instrumento importante para uma estratégia de valorização do território". OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE TGV em Portugal, a nova versão

Duas propostas, muitas diferenças

Salamanca, ou como não aprender com o passado

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O que está em discussão

Desperdiçar o que existe

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Estou estupefacto", diz o autarca socialista, que lamenta este volte face no projecto e promete desde já tudo fazer "para que isto não fique assim". E perante o receio de perder o Porto para a sua causa, alerta o "lobby" do Norte para que não se iluda porque "é evidente que não vão construir nenhuma linha de Aveiro a Salamanca - basta ver que privilegiam a ligação Lisboa - Badajoz e deixam o Porto para uma segunda fase". Ferreira do Amaral, ex-ministro das Obras Públicas: "Distraem as pessoas porque nem modernizar a Linha do Norte conseguem" Ferreira do Amaral é peremptório: não acredita no TGV e acha que tudo isto se destina a distrair os portugueses com projectos que nunca serão concretizados. Melhor seria, diz, "que modernizassem a linha do Norte, mas nem isso são capazes de fazer". De acordo com o projecto de modernização as obras já deveriam ter acabado há dois anos por forma a que os pendulares fizessem Lisboa-Porto em duas horas e 15 minutos, "mas qualquer dia já os pendulares estão obsoletos e ainda andam em obras". O ex-ministro de Cavaco Silva diz que "seria óptimo se houvesse TGV, mas nós, cidadãos, temos que estar atentos ao que nos impingem - querem fazer-nos acreditar que vamos ter alta velocidade daqui a uns quantos anos quando nem sequer conseguem acabar a linha do Norte". Céptico, recusa mesmo comentar qual a melhor rede para o país. "É indiferente um "T" deitado ou um "" com várias pernas. Estamos a falar de coisas para as quais não há financiamento. Eles não têm dinheiro para pagar isto." Manuel Queiró, deputado do PP: "É mais um ministro, mais um projecto para o TGV. Isto é ridículo" "É mais um ministro, mais um projecto para o TGV. Isto é ridículo", diz Manuel Queiró, do PP, que critica o Governo por ter em relação aos grandes projectos - TGV, Ota, terceira travessia do Tejo - uma "atitude irrealista, megalómana e excessivamente flutuante". Para Queiró, "o TGV está a ficar um mito que é utilizado demasiadas vezes como um grande projecto, sempre com novos conceitos, novas formulações, mas sempre sem passar do primeiro estádio". O PP defende que o traçado da alta velocidade sirva sempre o Noroeste da Peninsula Ibérica, mas não dá por adquirido que o TGV tenha de estar associado à Ota por considerar que a questão do novo aeroporto não está fechada. Quanto ao traçado por Badajoz para chegar a Madrid, Queiró diz que é óbvio ter sido uma decisão "dependente das opções espanholas". Octávio Teixeira, líder parlamentar do PCP: "Julgo mais prudente não tentar avançar com estes TGV todos" "É um investimento megalómano. Tenho as maiores reservas que seja possível nos próximos anos ter um investimento desta envergadura", diz Octávio Teixeira, do PCP. "Não me oponho a que haja uma linha Lisboa-Madrid - e temos em conta a opção dos espanhóis por Badajoz - porque é absolutamente necessário que tenhamos uma ligação à Europa", diz o deputado. "Em relação ao território nacional julgo mais prudente não tentar avançar com estes TGV todos". Em vez de se construírem linhas novas, o PCP defende a "recuperação e revitalização" das linhas actuais "evitando os erros que foram cometidos na linha do Norte" por forma a nelas circularem comboios pendulares e servir-se assim as populações do país. É que, lembra, "os recursos financeiros são escassos e é preciso rentabilizar o que temos". Maria do Carmo Sequeira, deputada por Castelo Branco: "Vou bater-me pelo anterior traçado durante a discussão pública" "Como deputada de Castelo Branco tenho que lamentar a opção que foi tomada, mas também entendo que terá sido baseada em estudos técnicos que permitiram chegar à conclusão de que essa é a melhor solução", diz Maria do Carmo Sequeira. Mas se assim foi, Castelo Branco "deve ter algumas compensações e ligações mais directas ao resto do país e com a Espanha", diz a deputada. "Vou bater-me pelo anterior traçado durante a discussão pública e entendo que devem ser dadas algumas explicações", concluíu. João Cravinho, deputado do PS: "Tenho que estudar o assunto com atenção" Apesar das declarações altamente críticas feitas ao último "O Independente", João Cravinho guarda para outra ocasião um comentário ao PÚBLICO sobre a proposta que substitui o seu pensamento estratégico de há dois anos. "Um projecto destes é absolutamente determinante para a maneira como Portugal se deve inserir na Europa", disse o ministro que foi mentor da primeira versão apresentada por um governo socialista para a alta velocidade. "Tenho que estudar o assunto com atenção pois não vejo isto apenas na óptica ferroviária, mas tendo em conta que o TGV é um instrumento importante para uma estratégia de valorização do território". OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE TGV em Portugal, a nova versão

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