Sampaio misterioso sobre demissão na sua campanha
"Não Precisamos Nada da Classe Política"
Por GUSTAVO BRÁS
Sexta-feira, 29 de Dezembro de 2000 Jorge Sampaio escusa-se a comentar a demissão de Aires Ferreira, director de campanha em Bragança, optando por afirmar que "quem anda nisto há 40 anos tem de se habituar a tudo". Interrogado sobre se a causa da fraca mobilização para o comício de abertura de campanha era uma consequência das recentes demissões de Armando Vara e Júlio Meirinhos, Sampaio foi ainda mais cáustico, ao afirmar: "Nós precisamos mais da política na sua essência pura, para decidir e resolver as expectativas dos cidadãos. Não precisamos nada da classe política e é a classe política que distancia os cidadãos da política. Isto é que é preciso evitar." O candidato presidencial diz que "haverá com certeza muitas lições a tirar do episódio", mas só as tirará a partir do dia seguinte ao das eleições, marcadas para 14 de Janeiro. "Mas se alguma lição posso tirar é a de que a minha independência saiu reforçada", frisou, durante o encontro com os jornalistas, que marcou o início de uma visita, a segunda num espaço de um mês, ao distrito da Guarda. Instado a comentar a fraca adesão ao comício em Bragança, Sampaio sustenta que mesmo assim "correu bem", tendo em conta o mau tempo que se fazia sentir. "Esta data é péssima, mas há que fazer a campanha e em política não se pode dar é a sensação de que estamos a cumprir calendário e que estamos a fazer uma proeza, isso está completamente fora dos meus hábitos." Sampaio continua incessantemente a alertar para que "nunca nada está garantido, os cidadãos são conscientes, gostam de ser esclarecidos e, por isso, é preciso ser feito um esforço para os convidar a participar no processo político". E daí, mais uma vez, recordou aos que o apoiam que "não é ficando em casa que se ganham eleições, é estando presente, dando o testemunho". Salientando que não se impressiona com as sondagens, Sampaio mostra-se confiante na vitória, mas nega ter qualquer tipo de arrogância e frisa que "é preciso todos os dias começar a construir a democracia portuguesa". Por isso, diz que está nesta corrida presidencial "como se estivesse na primeira". Neste segundo dia de campanha, Sampaio foi recebido na Câmara da Guarda pela presidente socialista Maria do Carmo Borges, onde defendeu que é necessária uma revolução no relacionamento com o poder central, tornando-o mais estreito. A manhã terminaria com uma visita à Delphi, empresa de cablagens para automóveis localizada na Guarda-Gare e que emprega mais de 2500 trabalhadores. Nesta unidade, o candidato ficou impressionado com o nível das habilitações literárias dos operários, cuja maioria tem entre o 9º e o 12º ano de escolaridade. A falta de recursos humanos tem sido um dos problemas com que se debate a Delphi, vendo-se por isso forçada a contratar trabalhadores de origem estrangeira. Gustavo Brás OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Presidenciais sob o signo da indiferença
Os poderes do Presidente fixados na Constituição
As novas regras da campanha
EDITORIAL A eleição soporífera
"Um país a duas velocidades"
"Não precisamos nada da classe política"
As estratégias das campanhas
Sobre os poderes do Presidente
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Sampaio misterioso sobre demissão na sua campanha
"Não Precisamos Nada da Classe Política"
Por GUSTAVO BRÁS
Sexta-feira, 29 de Dezembro de 2000 Jorge Sampaio escusa-se a comentar a demissão de Aires Ferreira, director de campanha em Bragança, optando por afirmar que "quem anda nisto há 40 anos tem de se habituar a tudo". Interrogado sobre se a causa da fraca mobilização para o comício de abertura de campanha era uma consequência das recentes demissões de Armando Vara e Júlio Meirinhos, Sampaio foi ainda mais cáustico, ao afirmar: "Nós precisamos mais da política na sua essência pura, para decidir e resolver as expectativas dos cidadãos. Não precisamos nada da classe política e é a classe política que distancia os cidadãos da política. Isto é que é preciso evitar." O candidato presidencial diz que "haverá com certeza muitas lições a tirar do episódio", mas só as tirará a partir do dia seguinte ao das eleições, marcadas para 14 de Janeiro. "Mas se alguma lição posso tirar é a de que a minha independência saiu reforçada", frisou, durante o encontro com os jornalistas, que marcou o início de uma visita, a segunda num espaço de um mês, ao distrito da Guarda. Instado a comentar a fraca adesão ao comício em Bragança, Sampaio sustenta que mesmo assim "correu bem", tendo em conta o mau tempo que se fazia sentir. "Esta data é péssima, mas há que fazer a campanha e em política não se pode dar é a sensação de que estamos a cumprir calendário e que estamos a fazer uma proeza, isso está completamente fora dos meus hábitos." Sampaio continua incessantemente a alertar para que "nunca nada está garantido, os cidadãos são conscientes, gostam de ser esclarecidos e, por isso, é preciso ser feito um esforço para os convidar a participar no processo político". E daí, mais uma vez, recordou aos que o apoiam que "não é ficando em casa que se ganham eleições, é estando presente, dando o testemunho". Salientando que não se impressiona com as sondagens, Sampaio mostra-se confiante na vitória, mas nega ter qualquer tipo de arrogância e frisa que "é preciso todos os dias começar a construir a democracia portuguesa". Por isso, diz que está nesta corrida presidencial "como se estivesse na primeira". Neste segundo dia de campanha, Sampaio foi recebido na Câmara da Guarda pela presidente socialista Maria do Carmo Borges, onde defendeu que é necessária uma revolução no relacionamento com o poder central, tornando-o mais estreito. A manhã terminaria com uma visita à Delphi, empresa de cablagens para automóveis localizada na Guarda-Gare e que emprega mais de 2500 trabalhadores. Nesta unidade, o candidato ficou impressionado com o nível das habilitações literárias dos operários, cuja maioria tem entre o 9º e o 12º ano de escolaridade. A falta de recursos humanos tem sido um dos problemas com que se debate a Delphi, vendo-se por isso forçada a contratar trabalhadores de origem estrangeira. Gustavo Brás OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Presidenciais sob o signo da indiferença
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EDITORIAL A eleição soporífera
"Um país a duas velocidades"
"Não precisamos nada da classe política"
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Sobre os poderes do Presidente