O exemplo autárquico

18-12-1999
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Isabel Damasceno (PSD)

Este aumento perde impacto, no entanto, se se considerar que existem 305 concelhos e que apenas quatro por cento têm mulheres na presidência. Entre os vereadores, a percentagem de mulheres é mais elevada (11 por cento), mas fica muito abaixo da quota que o Governo pretende impor.

Apesar de muita gente entender que as quotas deviam começar a ser aplicadas nas eleições autárquicas, a proposta governamental não as contempla, para poupar os partidos à gigantesca tarefa de recrutarem, de um dia para o outro, milhares de candidatas.

Das 12 presidentes de Câmara, cinco são socialistas: Edite Estrela (Sintra), Maria da Luz Rosinha (Vila Franca de Xira), Maria Amélia Antunes (Montijo), Maria do Carmo Borges (Guarda) e Fátima Felgueiras (Felgueiras). O PSD tem quatro: Irene Barata (Vila de Rei), Isabel Soares (Silves), Isabel Damasceno (Leiria) e Emília Pereira da Silva (Baião). O PP nenhuma e o PCP três: Margarida Godinho (Alandroal), Ana Ribeiro (Salvaterra de Magos) e Maria Emília de Sousa (Baião).

Em regra, a esquerda seria a favor das quotas e a direita contra. Mas, pedida a opinião a mulheres presidentes de Câmara, de todos os partidos, verifica-se que não é exactamente assim.

Por exemplo, Fátima Felgueiras está contra a corrente oficial do seu partido, o PS, afirmando até que «impor quotas para qualquer participação é um insulto às mulheres», ainda mais para «uma participação minoritária». E duas eleitas da CDU, Ana Ribeiro e Margarida Godinho, acompanham-na, divergindo também das posições do PCP. Margarida Godinho sublinha que «as mulheres não se sentem bem recebidas na política», por uma questão de «cultura geral». A educação de base seria a melhor forma de aumentar a participação feminina e não as quotas.

Na linha oficial do PS, Maria Amélia Antunes, Edite Estrela e Maria da Luz Rosinha defendem as quotas. Segundo a presidente da Câmara do Montijo, apesar de haver «igualdade formal», na realidade, «as coisas são diferentes», constituindo as quotas «um incentivo necessário, à tomada de consciência do papel das mulheres». Maria da Luz Rosinha considera que «as mulheres têm um desempenho mais humanizado» e Edite Estrela já formou a sua lista, no segundo mandato, com base na quota dos 25 por cento.

Isabel Damasceno, do PSD, defende que a «participação feminina na política deve ser natural e não imposta e fruto da experiência pessoal de cada um». E a sua correligionária Isabel Soares acrescenta que as quotas seriam «uma clara descriminação, um inconstitucional privilégio das mulheres em relação aos homens».

A.S.

Isabel Damasceno (PSD)

Este aumento perde impacto, no entanto, se se considerar que existem 305 concelhos e que apenas quatro por cento têm mulheres na presidência. Entre os vereadores, a percentagem de mulheres é mais elevada (11 por cento), mas fica muito abaixo da quota que o Governo pretende impor.

Apesar de muita gente entender que as quotas deviam começar a ser aplicadas nas eleições autárquicas, a proposta governamental não as contempla, para poupar os partidos à gigantesca tarefa de recrutarem, de um dia para o outro, milhares de candidatas.

Das 12 presidentes de Câmara, cinco são socialistas: Edite Estrela (Sintra), Maria da Luz Rosinha (Vila Franca de Xira), Maria Amélia Antunes (Montijo), Maria do Carmo Borges (Guarda) e Fátima Felgueiras (Felgueiras). O PSD tem quatro: Irene Barata (Vila de Rei), Isabel Soares (Silves), Isabel Damasceno (Leiria) e Emília Pereira da Silva (Baião). O PP nenhuma e o PCP três: Margarida Godinho (Alandroal), Ana Ribeiro (Salvaterra de Magos) e Maria Emília de Sousa (Baião).

Em regra, a esquerda seria a favor das quotas e a direita contra. Mas, pedida a opinião a mulheres presidentes de Câmara, de todos os partidos, verifica-se que não é exactamente assim.

Por exemplo, Fátima Felgueiras está contra a corrente oficial do seu partido, o PS, afirmando até que «impor quotas para qualquer participação é um insulto às mulheres», ainda mais para «uma participação minoritária». E duas eleitas da CDU, Ana Ribeiro e Margarida Godinho, acompanham-na, divergindo também das posições do PCP. Margarida Godinho sublinha que «as mulheres não se sentem bem recebidas na política», por uma questão de «cultura geral». A educação de base seria a melhor forma de aumentar a participação feminina e não as quotas.

Na linha oficial do PS, Maria Amélia Antunes, Edite Estrela e Maria da Luz Rosinha defendem as quotas. Segundo a presidente da Câmara do Montijo, apesar de haver «igualdade formal», na realidade, «as coisas são diferentes», constituindo as quotas «um incentivo necessário, à tomada de consciência do papel das mulheres». Maria da Luz Rosinha considera que «as mulheres têm um desempenho mais humanizado» e Edite Estrela já formou a sua lista, no segundo mandato, com base na quota dos 25 por cento.

Isabel Damasceno, do PSD, defende que a «participação feminina na política deve ser natural e não imposta e fruto da experiência pessoal de cada um». E a sua correligionária Isabel Soares acrescenta que as quotas seriam «uma clara descriminação, um inconstitucional privilégio das mulheres em relação aos homens».

A.S.

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