O mundo maravilhoso que promete Durão Barroso

21-02-2002
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Convenção do PSD

O Mundo Maravilhoso Que Promete Durão Barroso

Por HELENA PEREIRA

Segunda-feira, 18 de Fevereiro de 2002 Muita confiança e euforia marcaram ontem a convenção de um PSD cada vez mais seguro de chegar ao poder Embalados pelo "Wonderful World" de Louis Armstrong, os dirigentes e apoiantes do PSD falaram muito de uma vitória por "maioria clara" e foi tudo encenado ao milímetro, fazendo lembrar o velho profissionalismo social-democrata. O PSD montou uma festa para sublinhar a urgência do seu regresso ao poder. Durão pediu uma "maioria clara", outros a maioria absoluta Foi um PSD eufórico, em confiante caminhada para o poder, que ontem se apresentou no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. A convenção foi encenada num tom de festa quanto à expectativa da vitória nas eleições de Março. As bandeiras do PSD estiveram ausentes e, com a presença de vários independentes, os dirigentes sociais-democratas quiseram mostrar, num espectáculo encenado ao pormenor para a televisão, que estão preparados para, com toda a gente que consigam convencer, conquistar o país e governá-lo sob as regras anunciadas do rigor, competência, produtividade, palavras repetidas ao longo do dia, a par das ideias de mudança, de esperança, da encruzilhada e da perspectiva de um novo ciclo. O líder do PSD ajudou à festa, emocionou-se com as palavras de Pedro Santana Lopes, conseguiu arrebatar o Coliseu, gritou que estava preparado para governar Portugal e pediu maioria absoluta ("uma maioria clara, uma solução estável"), mais uma vez sem dizer a palavra chave, depois de ter escutado os apelos também nesse sentido de Ernâni Lopes, José Roquette, Francisco Pinto Balsemão e Proença de Carvalho. Durão explicou que o seu mundo maravilhoso é colocar Portugal num "dos primeiros lugares do concerto da nações" e não apenas na média europeia. "Por que razão não haveremos de lutar para ser os melhores?", perguntou, num discurso em que repetiu os compromissos principais que tem vindo a anunciar nas últimas semanas: mais produtividade, menos despesismo, mais justiça social, melhor saúde e descentralização. Ontem, surgiu também pela primeira vez a nova imagem de Durão Barroso. Um cartaz com a sua cara dava as boas-vindas no átrio do Coliseu dos Recreios. É um Durão mais sério e com ar grave, construído para adequar-se ao momento de crise em que o país se encontra, segundo o PSD. O próprio Dias Loureiro, que abriu a convenção, fez o diagnóstico negro do país, para depois dele desfilarem os apoios dos sociais-democratas e independentes que estavam ali na tentativa de "trazer a esperança" ao povo português, como António Borges, João Salgueiro, Manuela Ferreira Leite, Rui Rio, Pacheco Pereira, Rita Ferro, Fernando Nobre, entre outros. A mensagem era esta, intercalada com vários depoimentos de rua de cidadãos que diziam, resumidamente, que os impostos são um roubo e que cada vez viviam pior. Mas o ar de alegria era evidente entre os convidados, independentes e dirigentes do PSD. Os jornalistas testemunhavam de longe as conversas, os abraços e alguns reencontros dos sociais-democratas. As regras eram rígidas. Só os profissionais de imagem podiam circular junto da plateia e mesmo assim com restrições. Tudo para não incomodar as "personalidades". Tal como no tempo de Cavaco Silva. A desculpa começou por ser as apertadas regras de segurança por causa de José Maria Aznar, mas o primeiro-ministro espanhol só apareceu de tarde e a direcção do PSD assumiu que a exigência era só sua. Confinados aos camarotes do primeiro andar, os jornalistas não chegaram a ter acesso ao programa da convenção. O profissionalismo da convenção foi evidente, tal como a preocupação com a encenação e com as imagens que passariam nos ecrãs de televisão. Junto ao palco, os organizadores esforçavam-se por alinhar as pessoas na primeira fila, que além de Durão Barroso tinha sempre as pessoas que iam subir ao palco no momento seguinte. A determinada altura, foi visível o esforço para preencher os dois lugares vazios que ficaram entre Durão e Pinto Balsemão. A sincronia era tal que, tal como nos congressos do PCP, havia um sinal a indicar ao orador que já tinha excedido o seu tempo, apesar de ser só utilizado com os independentes. Os trabalhos iniciaram-se pouco depois das 10 da manhã ao som do "Wonderful World" de Louis Armstrong, uma música que funcionou como o hino da convenção e que foi utilizada em vários momentos, tal como no encerrar da reunião. No final, já passava das 19 horas, Durão teve ao seu lado no palco Cavaco Silva, Santana Lopes e Dias Loureiro e o militante número 1 Francisco Pinto Balsemão. O velho PSD de novo na fotografia à conquista do país. Isabel Silvestre cantou o hino nacional, enquanto uma série de jovens vestidos de verde e vermelho agitavam bandeiras de Portugal. De vez em quando, alguém mais distraído da assistência gritou PSD e JSD, slogans que fugiam ao esquema traçado para a convenção. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE O mundo maravilhoso que promete Durão Barroso

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As estreias

Breves

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