Cavaquistas preparam programa eleitoral dos sociais-democratas

27-12-2001
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Cavaquistas Preparam Programa Eleitoral dos Sociais-democratas

Por HELENA PEREIRA

Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2001

Eleições antecipadas aceleram ritmo

Desde há seis meses que o PSD trabalha nos bastidores, sob coordenação de Mira Amaral. Última fase será auscultar a sociedade civil

O programa eleitoral do PSD está a entrar na recta final. O trabalho está a ser coordenado por dois ex-ministros de Cavaco Silva - Mira Amaral e Valente de Oliveira - e Tavares Moreira, vice-presidente do PSD. O trabalho de base esteve a cargo do Gabinete de Estudos Nacional do PSD, que é formado por cerca de 150 pessoas, algumas independentes, sob direcção de Mira Amaral.

Há seis meses para cá, que os coordenadores das diferentes áreas vêm a trabalhar na preparação do programa de Governo do PSD. A parte dedicada às questões económicas já foi apresentada e discutida em comissão política no passado mês de Novembro. As segunda e terceiras partes - assuntos jurídico-constitucionais e administração pública e assuntos sociais e equipamento social - serão discutidas em Janeiro.

O que está feito até agora é o diagnóstico e análise do cumprimento dos programas eleitorais do PS e as propostas-base do PSD. A fase seguinte, que seria feita com mais calma, mas que foi apressada devido ao calendário eleitoral, deverá arrancar já em Janeiro.

O PSD vai fazer uma espécie de Estados-Gerais com independentes, sob a orientação de Mira Amaral, Valente de Oliveira e Tavares Moreira. Mas o molde é diferente do utilizado pelos socialistas. Vão efectuar várias reuniões sectoriais à porta fechada com a sociedade civil, convidando também pessoas ligadas ao CDS-PP e ao PS. A primeira dessas reuniões será sobre educação.

Mira Amaral confirmou ao PÚBLICO que a intenção do PSD é ouvir "muita gente que está desiludida com o PS, independentemente da sua filiação partidária", independentes e "personalidades ilustres mas desconhecidas" da vida política. Várias destas pessoas, disse, poderão até não vir a continuar a colaborar com o PSD. Face à possibilidade de o Presidente da República marcar as eleições legislativas para o início de Março, os sociais-democratas estão a trabalhar para que o programa eleitoral seja apresentado em Fevereiro, só depois da realização de uma grande convenção aprovada ontem pelo Conselho Nacional.

O triângulo de Cavaco

O trabalho de base foi feito por uma equipa, a do Gabinete de Estudos Nacional do PSD, também de inspiração cavaquista, ao mesmo tempo que Dias Loureiro se encarregava do aparelho do PSD e das eleições autárquicas. Mira Amaral dirige o gabinete de estudos e colocou Saldanha Bento, seu antigo chefe de gabinete, a coordenar a parte dos assuntos jurídicos e administração pública, e Artur Bívar, outro seu antigo adjunto no ministério da Indústria, a tratar do sector de assuntos sociais e equipamento social. Carlos Barros, professor universitário no Instituto Superior de Economia e Gestão, onde Cavaco Silva também lecciona, coordena a parte de Economia. As personalidades que compõem o Gabinete de Estudos Nacional do PSD podem não vir a ser os ministeriáveis de Durão Barroso, mas ajudam a perceber de onde vêm algumas orientações. Aliás, estes nomes são anteriores às eleições autárquicas, ou seja, aos ventos de mudança que sopraram na direcção de Durão.

A parte de economia conta ainda com Abel Mateus e Vasco Valdez. A saúde foi confiada a João Franklin, médico do Hospital da Cruz Vermelha, e a educação a Carlos Motta, vice-presidente da Universidade Lusíada.

A equipa divide-se entre um núcleo de antigos governantes e gestores do tempo de Cavaco Silva, e novas caras da geração de Durão Barroso. Na preparação para o programa de governo há, contudo, duas áreas que foram remetidas para segundo plano: defesa nacional e negócios estrangeiros, que não se encontram atribuídas.

Mira Amaral garante que o trabalho que terá agora que ser feito sê-lo-á em colaboração com o governo-sombra do PSD, uma estrutura bastante alargada, que até agora tem servido apenas dar resposta às perguntas diárias dos jornalistas. É constituído basicamente por deputados que aceitaram dar a cara e uma ajuda a Barroso na pior altura das sondagens. O grupo só se reuniu por cinco vezes. Alguns, como Manuela Ferreira Leite e Tavares Moreira, responsáveis pela área de Economia e Finanças, são pesos-pesados. Aliás, as pastas para as quais Durão Barroso terá menos dificuldades em encontrar nomes são estas duas.

Cavaquistas Preparam Programa Eleitoral dos Sociais-democratas

Por HELENA PEREIRA

Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2001

Eleições antecipadas aceleram ritmo

Desde há seis meses que o PSD trabalha nos bastidores, sob coordenação de Mira Amaral. Última fase será auscultar a sociedade civil

O programa eleitoral do PSD está a entrar na recta final. O trabalho está a ser coordenado por dois ex-ministros de Cavaco Silva - Mira Amaral e Valente de Oliveira - e Tavares Moreira, vice-presidente do PSD. O trabalho de base esteve a cargo do Gabinete de Estudos Nacional do PSD, que é formado por cerca de 150 pessoas, algumas independentes, sob direcção de Mira Amaral.

Há seis meses para cá, que os coordenadores das diferentes áreas vêm a trabalhar na preparação do programa de Governo do PSD. A parte dedicada às questões económicas já foi apresentada e discutida em comissão política no passado mês de Novembro. As segunda e terceiras partes - assuntos jurídico-constitucionais e administração pública e assuntos sociais e equipamento social - serão discutidas em Janeiro.

O que está feito até agora é o diagnóstico e análise do cumprimento dos programas eleitorais do PS e as propostas-base do PSD. A fase seguinte, que seria feita com mais calma, mas que foi apressada devido ao calendário eleitoral, deverá arrancar já em Janeiro.

O PSD vai fazer uma espécie de Estados-Gerais com independentes, sob a orientação de Mira Amaral, Valente de Oliveira e Tavares Moreira. Mas o molde é diferente do utilizado pelos socialistas. Vão efectuar várias reuniões sectoriais à porta fechada com a sociedade civil, convidando também pessoas ligadas ao CDS-PP e ao PS. A primeira dessas reuniões será sobre educação.

Mira Amaral confirmou ao PÚBLICO que a intenção do PSD é ouvir "muita gente que está desiludida com o PS, independentemente da sua filiação partidária", independentes e "personalidades ilustres mas desconhecidas" da vida política. Várias destas pessoas, disse, poderão até não vir a continuar a colaborar com o PSD. Face à possibilidade de o Presidente da República marcar as eleições legislativas para o início de Março, os sociais-democratas estão a trabalhar para que o programa eleitoral seja apresentado em Fevereiro, só depois da realização de uma grande convenção aprovada ontem pelo Conselho Nacional.

O triângulo de Cavaco

O trabalho de base foi feito por uma equipa, a do Gabinete de Estudos Nacional do PSD, também de inspiração cavaquista, ao mesmo tempo que Dias Loureiro se encarregava do aparelho do PSD e das eleições autárquicas. Mira Amaral dirige o gabinete de estudos e colocou Saldanha Bento, seu antigo chefe de gabinete, a coordenar a parte dos assuntos jurídicos e administração pública, e Artur Bívar, outro seu antigo adjunto no ministério da Indústria, a tratar do sector de assuntos sociais e equipamento social. Carlos Barros, professor universitário no Instituto Superior de Economia e Gestão, onde Cavaco Silva também lecciona, coordena a parte de Economia. As personalidades que compõem o Gabinete de Estudos Nacional do PSD podem não vir a ser os ministeriáveis de Durão Barroso, mas ajudam a perceber de onde vêm algumas orientações. Aliás, estes nomes são anteriores às eleições autárquicas, ou seja, aos ventos de mudança que sopraram na direcção de Durão.

A parte de economia conta ainda com Abel Mateus e Vasco Valdez. A saúde foi confiada a João Franklin, médico do Hospital da Cruz Vermelha, e a educação a Carlos Motta, vice-presidente da Universidade Lusíada.

A equipa divide-se entre um núcleo de antigos governantes e gestores do tempo de Cavaco Silva, e novas caras da geração de Durão Barroso. Na preparação para o programa de governo há, contudo, duas áreas que foram remetidas para segundo plano: defesa nacional e negócios estrangeiros, que não se encontram atribuídas.

Mira Amaral garante que o trabalho que terá agora que ser feito sê-lo-á em colaboração com o governo-sombra do PSD, uma estrutura bastante alargada, que até agora tem servido apenas dar resposta às perguntas diárias dos jornalistas. É constituído basicamente por deputados que aceitaram dar a cara e uma ajuda a Barroso na pior altura das sondagens. O grupo só se reuniu por cinco vezes. Alguns, como Manuela Ferreira Leite e Tavares Moreira, responsáveis pela área de Economia e Finanças, são pesos-pesados. Aliás, as pastas para as quais Durão Barroso terá menos dificuldades em encontrar nomes são estas duas.

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