EXPRESSO: Economia

02-04-2002
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29/3/2002

Os seis trabalhos de Ferreira Leite OE rectificativo, OE-2003, Euro-2004, Programa de Convergência, Lei de Estabilidade Orçamental, grandes projectos: são estas as tarefas da nova ministra Rui Ochôa MANUELA Ferreira Leite, a primeira mulher em 90 anos a dirigir o Ministério das Finanças, não vai ter tarefa fácil à frente da pasta mais importante do novo executivo, depois da do primeiro-ministro. Curiosamente, a escolhida de Durão Barroso não apareceu nem como protagonista, nem como defensora do «choque fiscal», a bandeira eleitoral do primeiro-ministro indigitado, o que leva a pensar que não será apologista desta estratégia para reanimar a economia. MANUELA Ferreira Leite, a primeira mulher em 90 anos a dirigir o Ministério das Finanças, não vai ter tarefa fácil à frente da pasta mais importante do novo executivo, depois da do primeiro-ministro. Curiosamente, a escolhida de Durão Barroso não apareceu nem como protagonista, nem como defensora do «choque fiscal», a bandeira eleitoral do primeiro-ministro indigitado, o que leva a pensar que não será apologista desta estratégia para reanimar a economia. Em qualquer caso, a difícil situação das contas públicas do Estado obriga a que sejam tomadas várias decisões a muito curto prazo, sob pena de não ser possível cumprir o Pacto de Estabilidade e Convergência acordado com Bruxelas e que aponta para um défice zero em 2004. E há seis áreas que vão absorver a quase totalidade da atenção da nova equipa das Finanças nos próximos meses. 1. ORÇAMENTO DO ESTADO RECTIFICATIVO PARA 2002 - Os diversos economistas do PSD bateram na tecla da falta de credibilidade do cenário macroeconómico inscrito no OE/2002. Neste quadro, a primeira e imediata tarefa da nova ministra é elaborar um Orçamento Rectificativo, até porque o cepticismo quanto ao défice de 1,8% previsto para este ano está generalizado. 2. APRESENTAR UM NOVO PROGRAMA DE CONVERGÊNCIA - A alteração do valor dos défices em 2001 e 2002 vai obrigar as Finanças a trabalharem de novo a trajectória de convergência das contas públicas portuguesas, de forma a atingir o défice zero em 2004 (ou ficar próximo desse objectivo), de acordo com o Programa de Estabilidade e Convergência. 3. ELABORAR A LEI DE ESTABILIDADE ORÇAMENTAL - A ministra vai ter de se preocupar em apresentar uma Lei de Estabilidade Orçamental ao Parlamento, lei essa que obrigue todos os subsectores do Estado a colaborar solidariamente na redução da despesa pública - e que aplique sanções quando isso não acontecer. Ferreira Leite conta com o anteprojecto deixado pronto pelo Governo cessante, elaborado por Sousa Franco, um seu «ódio de estimação». Quererá aproveitá-lo? 4. PREPARAR OE/2003 - Como estamos já a entrar no quarto mês do ano, a ministra terá de começar a preocupar-se com a elaboração do OE/2003, que será de grande exigência, já que o défice previsto era de 1,1%, mas partindo de valores que se estão a verificar nada terem a ver com a realidade. 5. EURO 2004 E SITUAÇÃO FISCAL DO BENFICA - Manuela Ferreira Leite guarda boas recordações do futebol. Mas agora vai ter de comprimir os custos do Euro 2004, sob pena de as contas públicas descarrilarem definitivamente; e terá de descalçar a bota das dívidas do Benfica ao fisco, sem o qual o clube da Luz não terá direito a receber as ajudas públicas para construir o novo recinto, que deverá ser o palco da final do Euro. 6. REEQUACIONAR GRANDES PROJECTOS - Os grandes projectos socialistas, como o novo aeroporto da Ota e o comboio de alta velocidade, têm sido contestados pelos economistas do PSD. Manuela Ferreira Leite vai ter, na componente financeira, de tomar também decisões imediatas nesta matéria, até porque existem compromissos orçamentais com Bruxelas que, se não forem cumpridos, impedirão que o país recupere as verbas envolvidas em anos futuros. Nicolau Santos

A amiga de Cavaco FORAM precisos mais de 90 anos e outros tantos homens à frente das contas públicas portuguesas para, pela primeira vez desde a implantação da República, uma mulher chegar a ministra das Finanças. Maria Manuela Dias Ferreira Leite, divorciada e mãe de três filhos, tem 61 anos. No Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (hoje ISEG) forma-se em Economia e faz um amigo para a vida: Aníbal Cavaco Silva. Manuela Ferreira Leite é sua chefe de Gabinete enquanto ministro das Finanças em 1980 e depois sua secretária de Estado do Orçamento e ministra da Educação enquanto primeiro-ministro. Pelo meio, trabalha como directora-geral da Contabilidade Pública, entre 1986 e 1990. Na oposição a Guterres, torna-se vice-presidente do PSD, ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa, e depois presidente da Comissão Distrital do PSD e líder parlamentar da bancada social-democrata. Com Tavares Moreira, é ministra-sombra do PSD para a economia e finanças e preside à respectiva comissão parlamentar. Curiosamente, o único embaraço conhecido é causado pelo antigo rival à distrital de Lisboa. Em Novembro, Duarte Lima falta à votação do Orçamento de Estado para 2002 e torna desnecessária a abstenção do deputado do PP, Daniel Campelo, para que Guterres e Oliveira Martins aprovem um documento que Manuela considera «um insulto à inteligência». A próxima missão é a mais complicada. Mas tudo leva a crer que a intuição feminina possa ser uma boa aliada nas previsões macroeconómicas. Pelo menos, há um dado a favor. Na tabela semanal de palpites futebolísticos do EXPRESSO, Manuela Ferreira Leite ocupa o segundo lugar, muito à frente de especialistas como Vítor Serpa, Vítor Damas ou Manuel Serrão.

J.N.M.

Solução bem recebida «UMA excelente escolha», diz Medina Carreira. Para o advogado e antigo ministro das Finanças, Manuela Ferreira Leite tem todos os requisitos para ocupar a pasta das Finanças: «É uma pessoa de grande competência, rigor e seriedade, é capaz de enfrentar as adversidades, conhece bem a casa e não tem medo nem é 'intrigável'». Infelizmente, para Medina Carreira, estas características não chegam para assegurar o sucesso da nova ministra - «é preciso que o primeiro-ministro esteja disposto a dar o corpo ao manifesto e que o grupo parlamentar lhe dê apoio incondicional». O último ministro das Finanças de Cavaco Silva, Eduardo Catroga, também a considera uma óptima solução. «Trata-se de uma «dama de ferro», com determinação política e capacidade técnica para ser ao mesmo tempo ministra das Finanças e número dois do Governo», diz. Nogueira Leite é da mesma opinião: «É uma grande escolha em termos absolutos». Para o ex-secretário de Estado do Tesouro e das Finanças e um dos economistas que subscreveu o Manifesto sobre as Finanças Públicas, Manuela Ferreira Leite tem as capacidades para ser ministra das Finanças e de Estado. No meio empresarial, o nome de Manuela Ferreira Leite está a ser recebido com tranquilidade, como «uma boa escolha». Alexandre Oliveira, da Riopele, acredita que a futura ministra tem «operfil adequado, firmeza e pulso de ferro necessários para vencer o desafio» que terá pela frente. «É um nome conhecido, merece toda a confiança», afirma o empresário, que é também presidente da Associação Portuguesa de Têxteis e Vestuário. Henrique Martins, do grupo corticeiro Suberus, recebeu também a escolha de Durão Barroso com optimismo, «até porque as mulheres são geralmente mais rigorosas», disse ao EXPRESSO. Para o empresário e presidente da Associação Portuguesa da Cortiça, o trajecto de Manuela Ferreira Leite «é conhecido e oferece garantias de que ela sabe dizer não quando é preciso». Mais cauteloso, Ludgero Marques, presidente da AEP, prefere remeter qualquer comentário para o momento em que a nomeação for oficial.

J.N.M./M.D.C.

História dos nomes falhados A ESPECULAÇÃO começou poucas semanas depois da demissão do Governo de António Guterres. Quem seria o novo ministro das Finanças de Durão Barroso? Ernâni Lopes, o último ministro das Finanças antes do cavaquismo, foi o nome mais ventilado, mas deixou de ser hipótese ainda antes das legislativas. António Borges também. O economista da Goldman Sachs nunca equacionou abandonar a sua actividade profissional e frisou-o bem na entrevista ao EXPRESSO na véspera das eleições. O esforço de Carlos Tavares, secretário de Estado de Miguel Cadilhe e de Miguel Beleza, na defesa do choque fiscal foi notado e alimentou a especulação. Contudo, a sua nomeação nunca chegou a estar em cima da mesa. Era preciso um nome de primeira linha, como o do antigo ministro da pasta, Miguel Cadilhe. Durante a campanha eleitoral, Belmiro de Azevedo incita os candidatos a anunciarem os seus ministros das Finanças na conferência do «Diário Económico». Durão Barroso cita Cadilhe no discurso e o facto é notado. Conhecidos os resultados das eleições e a coligação do PSD com o PP, a especulação aumenta. Na última quarta-feira ainda surge o nome de Sérgio Rebelo. Mas a hipótese do economista a leccionar nos Estados Unidos regressar a Portugal nunca passou de uma hipótese académica. Antes de Manuela Ferreira Leite, só foram mesmo sondados dois nomes - Miguel Cadilhe e Eduardo Catroga - que se encontravam na «short list» que Cavaco passou a Durão Barroso. Miguel Cadilhe não perdoa a Paulo Portas as manchetes de «O Independente» e declina. Eduardo Catroga tem o apoio de Dias Loureiro, mas a recusa deste em integrar o Governo hipoteca o potencial convite. Desde o final da semana passada, o primeiro-ministro indigitado empenha-se em encontrar outro «número dois» para o novo Executivo. Manuela Ferreira Leite, líder da distrital de Lisboa e segunda deputada eleita pela capital, é convidada para ministra de Estado e das Finanças.

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Os seis trabalhos de Ferreira Leite

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2 comentários 1 a 2

31 de Março de 2002 às 14:05

Zé Luiz

Verifico, sem surpresa, que Nicolau Santos omitiu o sétimo, e mais importante, de todos os trabalhos: pôr os ricos a pagar impostos.

Se Manuela Ferreira Leite e Nicolau Santos imaginam que a arraia miúda vai aceitar sacrifícios que não sejam partilhados pelos mais ricos, é melhor tirarem o cavalinho da chuva e prepararem-se para novas eleições daqui a um ano. Só estou a avisar.

31 de Março de 2002 às 05:14

camelot ( jospot@SoftHome.net )

Menelinha Manelinha vê la se te portas bem agora. Com rigor sim, mas com humanismo tambem

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Os seis trabalhos de Ferreira Leite OE rectificativo, OE-2003, Euro-2004, Programa de Convergência, Lei de Estabilidade Orçamental, grandes projectos: são estas as tarefas da nova ministra Rui Ochôa MANUELA Ferreira Leite, a primeira mulher em 90 anos a dirigir o Ministério das Finanças, não vai ter tarefa fácil à frente da pasta mais importante do novo executivo, depois da do primeiro-ministro. Curiosamente, a escolhida de Durão Barroso não apareceu nem como protagonista, nem como defensora do «choque fiscal», a bandeira eleitoral do primeiro-ministro indigitado, o que leva a pensar que não será apologista desta estratégia para reanimar a economia. MANUELA Ferreira Leite, a primeira mulher em 90 anos a dirigir o Ministério das Finanças, não vai ter tarefa fácil à frente da pasta mais importante do novo executivo, depois da do primeiro-ministro. Curiosamente, a escolhida de Durão Barroso não apareceu nem como protagonista, nem como defensora do «choque fiscal», a bandeira eleitoral do primeiro-ministro indigitado, o que leva a pensar que não será apologista desta estratégia para reanimar a economia. Em qualquer caso, a difícil situação das contas públicas do Estado obriga a que sejam tomadas várias decisões a muito curto prazo, sob pena de não ser possível cumprir o Pacto de Estabilidade e Convergência acordado com Bruxelas e que aponta para um défice zero em 2004. E há seis áreas que vão absorver a quase totalidade da atenção da nova equipa das Finanças nos próximos meses. 1. ORÇAMENTO DO ESTADO RECTIFICATIVO PARA 2002 - Os diversos economistas do PSD bateram na tecla da falta de credibilidade do cenário macroeconómico inscrito no OE/2002. Neste quadro, a primeira e imediata tarefa da nova ministra é elaborar um Orçamento Rectificativo, até porque o cepticismo quanto ao défice de 1,8% previsto para este ano está generalizado. 2. APRESENTAR UM NOVO PROGRAMA DE CONVERGÊNCIA - A alteração do valor dos défices em 2001 e 2002 vai obrigar as Finanças a trabalharem de novo a trajectória de convergência das contas públicas portuguesas, de forma a atingir o défice zero em 2004 (ou ficar próximo desse objectivo), de acordo com o Programa de Estabilidade e Convergência. 3. ELABORAR A LEI DE ESTABILIDADE ORÇAMENTAL - A ministra vai ter de se preocupar em apresentar uma Lei de Estabilidade Orçamental ao Parlamento, lei essa que obrigue todos os subsectores do Estado a colaborar solidariamente na redução da despesa pública - e que aplique sanções quando isso não acontecer. Ferreira Leite conta com o anteprojecto deixado pronto pelo Governo cessante, elaborado por Sousa Franco, um seu «ódio de estimação». Quererá aproveitá-lo? 4. PREPARAR OE/2003 - Como estamos já a entrar no quarto mês do ano, a ministra terá de começar a preocupar-se com a elaboração do OE/2003, que será de grande exigência, já que o défice previsto era de 1,1%, mas partindo de valores que se estão a verificar nada terem a ver com a realidade. 5. EURO 2004 E SITUAÇÃO FISCAL DO BENFICA - Manuela Ferreira Leite guarda boas recordações do futebol. Mas agora vai ter de comprimir os custos do Euro 2004, sob pena de as contas públicas descarrilarem definitivamente; e terá de descalçar a bota das dívidas do Benfica ao fisco, sem o qual o clube da Luz não terá direito a receber as ajudas públicas para construir o novo recinto, que deverá ser o palco da final do Euro. 6. REEQUACIONAR GRANDES PROJECTOS - Os grandes projectos socialistas, como o novo aeroporto da Ota e o comboio de alta velocidade, têm sido contestados pelos economistas do PSD. Manuela Ferreira Leite vai ter, na componente financeira, de tomar também decisões imediatas nesta matéria, até porque existem compromissos orçamentais com Bruxelas que, se não forem cumpridos, impedirão que o país recupere as verbas envolvidas em anos futuros. Nicolau Santos

A amiga de Cavaco FORAM precisos mais de 90 anos e outros tantos homens à frente das contas públicas portuguesas para, pela primeira vez desde a implantação da República, uma mulher chegar a ministra das Finanças. Maria Manuela Dias Ferreira Leite, divorciada e mãe de três filhos, tem 61 anos. No Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (hoje ISEG) forma-se em Economia e faz um amigo para a vida: Aníbal Cavaco Silva. Manuela Ferreira Leite é sua chefe de Gabinete enquanto ministro das Finanças em 1980 e depois sua secretária de Estado do Orçamento e ministra da Educação enquanto primeiro-ministro. Pelo meio, trabalha como directora-geral da Contabilidade Pública, entre 1986 e 1990. Na oposição a Guterres, torna-se vice-presidente do PSD, ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa, e depois presidente da Comissão Distrital do PSD e líder parlamentar da bancada social-democrata. Com Tavares Moreira, é ministra-sombra do PSD para a economia e finanças e preside à respectiva comissão parlamentar. Curiosamente, o único embaraço conhecido é causado pelo antigo rival à distrital de Lisboa. Em Novembro, Duarte Lima falta à votação do Orçamento de Estado para 2002 e torna desnecessária a abstenção do deputado do PP, Daniel Campelo, para que Guterres e Oliveira Martins aprovem um documento que Manuela considera «um insulto à inteligência». A próxima missão é a mais complicada. Mas tudo leva a crer que a intuição feminina possa ser uma boa aliada nas previsões macroeconómicas. Pelo menos, há um dado a favor. Na tabela semanal de palpites futebolísticos do EXPRESSO, Manuela Ferreira Leite ocupa o segundo lugar, muito à frente de especialistas como Vítor Serpa, Vítor Damas ou Manuel Serrão.

J.N.M.

Solução bem recebida «UMA excelente escolha», diz Medina Carreira. Para o advogado e antigo ministro das Finanças, Manuela Ferreira Leite tem todos os requisitos para ocupar a pasta das Finanças: «É uma pessoa de grande competência, rigor e seriedade, é capaz de enfrentar as adversidades, conhece bem a casa e não tem medo nem é 'intrigável'». Infelizmente, para Medina Carreira, estas características não chegam para assegurar o sucesso da nova ministra - «é preciso que o primeiro-ministro esteja disposto a dar o corpo ao manifesto e que o grupo parlamentar lhe dê apoio incondicional». O último ministro das Finanças de Cavaco Silva, Eduardo Catroga, também a considera uma óptima solução. «Trata-se de uma «dama de ferro», com determinação política e capacidade técnica para ser ao mesmo tempo ministra das Finanças e número dois do Governo», diz. Nogueira Leite é da mesma opinião: «É uma grande escolha em termos absolutos». Para o ex-secretário de Estado do Tesouro e das Finanças e um dos economistas que subscreveu o Manifesto sobre as Finanças Públicas, Manuela Ferreira Leite tem as capacidades para ser ministra das Finanças e de Estado. No meio empresarial, o nome de Manuela Ferreira Leite está a ser recebido com tranquilidade, como «uma boa escolha». Alexandre Oliveira, da Riopele, acredita que a futura ministra tem «operfil adequado, firmeza e pulso de ferro necessários para vencer o desafio» que terá pela frente. «É um nome conhecido, merece toda a confiança», afirma o empresário, que é também presidente da Associação Portuguesa de Têxteis e Vestuário. Henrique Martins, do grupo corticeiro Suberus, recebeu também a escolha de Durão Barroso com optimismo, «até porque as mulheres são geralmente mais rigorosas», disse ao EXPRESSO. Para o empresário e presidente da Associação Portuguesa da Cortiça, o trajecto de Manuela Ferreira Leite «é conhecido e oferece garantias de que ela sabe dizer não quando é preciso». Mais cauteloso, Ludgero Marques, presidente da AEP, prefere remeter qualquer comentário para o momento em que a nomeação for oficial.

J.N.M./M.D.C.

História dos nomes falhados A ESPECULAÇÃO começou poucas semanas depois da demissão do Governo de António Guterres. Quem seria o novo ministro das Finanças de Durão Barroso? Ernâni Lopes, o último ministro das Finanças antes do cavaquismo, foi o nome mais ventilado, mas deixou de ser hipótese ainda antes das legislativas. António Borges também. O economista da Goldman Sachs nunca equacionou abandonar a sua actividade profissional e frisou-o bem na entrevista ao EXPRESSO na véspera das eleições. O esforço de Carlos Tavares, secretário de Estado de Miguel Cadilhe e de Miguel Beleza, na defesa do choque fiscal foi notado e alimentou a especulação. Contudo, a sua nomeação nunca chegou a estar em cima da mesa. Era preciso um nome de primeira linha, como o do antigo ministro da pasta, Miguel Cadilhe. Durante a campanha eleitoral, Belmiro de Azevedo incita os candidatos a anunciarem os seus ministros das Finanças na conferência do «Diário Económico». Durão Barroso cita Cadilhe no discurso e o facto é notado. Conhecidos os resultados das eleições e a coligação do PSD com o PP, a especulação aumenta. Na última quarta-feira ainda surge o nome de Sérgio Rebelo. Mas a hipótese do economista a leccionar nos Estados Unidos regressar a Portugal nunca passou de uma hipótese académica. Antes de Manuela Ferreira Leite, só foram mesmo sondados dois nomes - Miguel Cadilhe e Eduardo Catroga - que se encontravam na «short list» que Cavaco passou a Durão Barroso. Miguel Cadilhe não perdoa a Paulo Portas as manchetes de «O Independente» e declina. Eduardo Catroga tem o apoio de Dias Loureiro, mas a recusa deste em integrar o Governo hipoteca o potencial convite. Desde o final da semana passada, o primeiro-ministro indigitado empenha-se em encontrar outro «número dois» para o novo Executivo. Manuela Ferreira Leite, líder da distrital de Lisboa e segunda deputada eleita pela capital, é convidada para ministra de Estado e das Finanças.

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31 de Março de 2002 às 14:05

Zé Luiz

Verifico, sem surpresa, que Nicolau Santos omitiu o sétimo, e mais importante, de todos os trabalhos: pôr os ricos a pagar impostos.

Se Manuela Ferreira Leite e Nicolau Santos imaginam que a arraia miúda vai aceitar sacrifícios que não sejam partilhados pelos mais ricos, é melhor tirarem o cavalinho da chuva e prepararem-se para novas eleições daqui a um ano. Só estou a avisar.

31 de Março de 2002 às 05:14

camelot ( jospot@SoftHome.net )

Menelinha Manelinha vê la se te portas bem agora. Com rigor sim, mas com humanismo tambem

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