Ferroviários dizem que projecto é fuga para a frente

13-07-2001
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Modernização da rede antiga devia ser prioridade

Ferroviários Dizem Que Projecto É Fuga para a Frente

Por C.C.

Segunda-feira, 11 de Junho de 2001

"A Alta Velocidade é uma discussão que não tem mal nenhum desde que isso não ponha em causa a modernização da actual rede de caminhos de ferro do país". A afirmação é de José Manuel Oliveira, da Federação dos Sindicatos Ferroviários, afecta à CGTP, e poderia ser subscrita por praticamente todos os sindicalistas contactados pelo PÚBLICO.

"Qualquer plano tem que ter em linha de conta a rede existente", diz o responsável, que levanta as maiores dúvidas ao projecto actual devido à ausência de estudos de viabilidade económica que o sustentem. As maiores críticas vão para a proposta de transportar mercadorias em alta velocidade, coisa que "todos os técnicos dizem que não é possível". Por essa razão, José Manuel Oliveira pensa que "este não está a ser um projecto sério, mas sim uma fuga para a frente" para ocultar o estado em que se encontra a actual rede. E conclui: "tendo em conta o tamanho do país, podíamos ter uma rede de velocidade alta [220 Km/hora] com mais comboios pendulares].

António Medeiros, do Sindicato dos Maquinistas, lamenta que este projecto esteja a "lançar a Alta Velocidade em prejuízo do caminho de ferro que ainda temos, quando a opção deveria ser a modernização da rede tradicional". O sindicalista dá como exemplo a linha do Norte que corre o risco de "ficar desprezada".

É que as "linhas férreas não podem estar isoladas, mas sim a funcionar em rede, porque se deixam definhar algumas, secam os eixos principais". Por isso Medeiros entende que a proposta do "T deitado" é melhor do que o "devaneio" do "" porque a primeira proposta articulava a alta velocidade com a rede tradicional e a segunda ignora as linhas existentes.

José Reininho, da Comissão de Trabalhadores da CP, defende que "primeiro devemos arrumar a casa" antes de se pensar em alta velocidade. E dá o exemplo de Viseu que ficou amputada da sua ligação à Beira Alta através de Sta. Comba Dão e à linha do Norte através de Sernada do Vouga. Em vez duma linha de alta velocidade entre Aveiro e Salamanca, acha mais realista (e mais barato) uma linha do porto de Aveiro a Viseu e daí a Mangualde para entroncar com a Beira Alta.

Francisco Fortunato, do Sindefer (Sindicato Independente Ferroviário) diz que "a alta velocidade, enquanto sistema, não substitui a necessidade da ferrovia clássica e por isso a CP e a Refer teriam que continuar a existir, uma como operadora dos serviços regionais (os mais dispendiosos e que não produzem receita) e a outra como dona de uma infrastrutura obsoleta", diz Fortunato, que pertence também à Tendência Sindical Socialista da Ferrovia.

Comentando afirmações do presidente da Rave, Manuel Moura, segundo as quais a implementação da alta velocidade custaria ao país por ano o mesmo que os prejuízos acumulados pelas duas empresas estatais do sector (90 milhões de contos) considera que não é um bom argumento avançar-se para a alta velocidade com base no que custa ao país a Refer e a CP

A CP "não tem capacidade para intervir no preço dos bilhetes, é obrigada a transportar gratuitamente milhões de utentes e não é ressarcida pelo serviço público que é obrigada a prestar", justifica.

A Fertagus", tem preços de transporte mais elevados do que a CP e não paga taxa de uso porque não atingiu os mínimos de tráfego previstos. "Se a CP tivesse as mesmas condições seria uma das empresas mais rentáveis do país", conclui.

C.C.

Modernização da rede antiga devia ser prioridade

Ferroviários Dizem Que Projecto É Fuga para a Frente

Por C.C.

Segunda-feira, 11 de Junho de 2001

"A Alta Velocidade é uma discussão que não tem mal nenhum desde que isso não ponha em causa a modernização da actual rede de caminhos de ferro do país". A afirmação é de José Manuel Oliveira, da Federação dos Sindicatos Ferroviários, afecta à CGTP, e poderia ser subscrita por praticamente todos os sindicalistas contactados pelo PÚBLICO.

"Qualquer plano tem que ter em linha de conta a rede existente", diz o responsável, que levanta as maiores dúvidas ao projecto actual devido à ausência de estudos de viabilidade económica que o sustentem. As maiores críticas vão para a proposta de transportar mercadorias em alta velocidade, coisa que "todos os técnicos dizem que não é possível". Por essa razão, José Manuel Oliveira pensa que "este não está a ser um projecto sério, mas sim uma fuga para a frente" para ocultar o estado em que se encontra a actual rede. E conclui: "tendo em conta o tamanho do país, podíamos ter uma rede de velocidade alta [220 Km/hora] com mais comboios pendulares].

António Medeiros, do Sindicato dos Maquinistas, lamenta que este projecto esteja a "lançar a Alta Velocidade em prejuízo do caminho de ferro que ainda temos, quando a opção deveria ser a modernização da rede tradicional". O sindicalista dá como exemplo a linha do Norte que corre o risco de "ficar desprezada".

É que as "linhas férreas não podem estar isoladas, mas sim a funcionar em rede, porque se deixam definhar algumas, secam os eixos principais". Por isso Medeiros entende que a proposta do "T deitado" é melhor do que o "devaneio" do "" porque a primeira proposta articulava a alta velocidade com a rede tradicional e a segunda ignora as linhas existentes.

José Reininho, da Comissão de Trabalhadores da CP, defende que "primeiro devemos arrumar a casa" antes de se pensar em alta velocidade. E dá o exemplo de Viseu que ficou amputada da sua ligação à Beira Alta através de Sta. Comba Dão e à linha do Norte através de Sernada do Vouga. Em vez duma linha de alta velocidade entre Aveiro e Salamanca, acha mais realista (e mais barato) uma linha do porto de Aveiro a Viseu e daí a Mangualde para entroncar com a Beira Alta.

Francisco Fortunato, do Sindefer (Sindicato Independente Ferroviário) diz que "a alta velocidade, enquanto sistema, não substitui a necessidade da ferrovia clássica e por isso a CP e a Refer teriam que continuar a existir, uma como operadora dos serviços regionais (os mais dispendiosos e que não produzem receita) e a outra como dona de uma infrastrutura obsoleta", diz Fortunato, que pertence também à Tendência Sindical Socialista da Ferrovia.

Comentando afirmações do presidente da Rave, Manuel Moura, segundo as quais a implementação da alta velocidade custaria ao país por ano o mesmo que os prejuízos acumulados pelas duas empresas estatais do sector (90 milhões de contos) considera que não é um bom argumento avançar-se para a alta velocidade com base no que custa ao país a Refer e a CP

A CP "não tem capacidade para intervir no preço dos bilhetes, é obrigada a transportar gratuitamente milhões de utentes e não é ressarcida pelo serviço público que é obrigada a prestar", justifica.

A Fertagus", tem preços de transporte mais elevados do que a CP e não paga taxa de uso porque não atingiu os mínimos de tráfego previstos. "Se a CP tivesse as mesmas condições seria uma das empresas mais rentáveis do país", conclui.

C.C.

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