O Independente

20-06-2000
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Chuva de subsídios

Pedro Guerra pguerra@mail.soci.pt

Bárbara Guimarães recebeu até Outubro do ano passado, durante todos os meses, mil contos do Ministério da Cultura para realizar um curto programa diário na RDP-Antena 1. Ao todo foram 12 mil contos recebidos em 1998 e cerca de nove a dez mil contos no ano passado. Ou seja, o Estado português gastou com Bárbara Guimarães um total de 21 a 22 mil contos. Tudo graças à amizade então existente entre o ministro da Cultura e a conhecida estrela de televisão. Manuel Maria Carrilho resolveu subsidiar o programa “Culto”, um pequeno magazine cultural de cinco minutos transmitido de segunda a sexta-feira na RDP-Antena 1. Um programa que na estação radiofónica do Estado tem causado alguma celeuma, uma vez que no programa da manhã, da responsabilidade de Francisco Sena Santos, são divulgados pelo conhecido jornalista vários eventos culturais.

Os mil contos mensais atribuídos por Manuel Maria Carrilho a Bárbara Guimarães foram pagos através do Fundo de Fomento Cultural, entidade tutelada pelo Ministério da Cultura e presidida pela actual secretária-geral do ministério, Helena Pinheiro Azevedo.

O protocolo

O Independente sabe que o financiamento do “Culto” implicou a formalização de um protocolo subscrito entre o Ministério da Cultura/Fundo de Fomento Cultural (FFC) e a T.V. Files - Produções de Espectáculos, Unipessoal, Lda., uma sociedade unipessoal da própria Bárbara Guimarães. Trata-se do protocolo número 2.4.4 (2191/97).

De acordo com uma carta de Outubro de 1999 do FFC para Bárbara Guimarães, à qual O Independente teve acesso, a apresentadora do “Chuva de Estrelas” recebeu do Ministério da Cultura dez mil contos, montante este correspondente aos primeiros dez meses do programa. Bárbara Guimarães recebeu ainda mais dois mil contos relativos aos meses em falta: Novembro e Dezembro. Este montante em falta foi-lhe pago em 25 de Janeiro de 99.

A carta, assinada pela presidente do FFC, permite concluir que o dinheiro atribuído pelo ministério de Carrilho não é entregue directamente à conhecida apresentadora da SIC. Bárbara Guimarães recebe através da T.V. Files, a sua produtora de rádio e televisão, cuja actividade também abarca as produções artísticas e de espectáculos.

A produtora

A T.V. Files tem sede em Carcavelos e foi constituída em Março do ano passado. Bárbara dos Santos Guimarães é sócia-gerente desta sociedade, cujo capital social é de mil contos. Bárbara, tal como acontece com todos os beneficiários de subsídios do Ministério da Cultura, foi obrigada a prestar contas. Para o efeito, foi instada pela presidente do FFC a elaborar um relatório circunstanciado, justificativo da aplicação do apoio financeiro que lhe foi atribuído.

O Independente sabe que, dos mil contos mensais, 850 destinavam-se a Bárbara Guimarães, sendo os restantes 150 contos pagos por esta a Mónica Galamba, a autora dos textos e do alinhamento do programa. Mónica Galamba foi apresentada a Bárbara Guimarães por Pedro Miguel Ramos, com quem trabalhava na Rádio Energia.

Ao que apurámos, os custos técnicos do programa eram todos suportados pela RDP-Antena 1. Bárbara gravava, normalmente, os programas para toda a semana à segunda-feira. O “Culto” actualmente é financiado pela Fundação Oriente.

As mordomias do Ministério da Cultura para com Bárbara Guimarães não se cingem ao apoio a programas radiofónicos.

Mais um subsídio

O Independente sabe que está na forja o financiamento de um programa de televisão da apresentadora no Canal de Notícias de Lisboa (CNL).

O projecto passa pela adaptação para TV do programa de rádio, tendo já falado com Nuno Santos, o futuro director do CNL. Nos planos de Bárbara Guimarães, o programa será produzido por Teresa Guilherme. A conhecida autora e produtora de programas de televisão confirmou ao nosso jornal ter falado com Bárbara, mas esclarece que “por agora ela nunca mais me falou do assunto”.

“É verdade que a ideia dela é transpor para televisão o programa de rádio, mas nunca chegámos a discutir sequer a periodicidade do mesmo. Chegámos a falar quais seriam as pessoas ideais para a Bárbara entrevistar. A ideia era apostar sobretudo nas pessoas que nunca querem dar entrevistas, o que a Bárbara, porque é a Bárbara, consegue, como aconteceu uma vez com a Cândida Pinto, na rádio”, explicou Teresa Guilherme. A produtora desconhece quem iria financiar o programa no CNL. “Se vier a concretizar-se esse projecto, espero ser eu a produzir, pois tenho o maior prazer em trabalhar com a Bárbara, de quem sou amiga”, acrescentou. O Independente tentou, sem êxito, falar com Bárbara Guimarães, Nuno Santos e com a presidente do Fundo de Fomento Cultural.

O caso

Tudo isto acontece numa altura em que o ministro e a apresentadora do “Chuva de Estrelas” resolveram oficializar a sua relação afectiva. António Guterres terá considerado que se trata de uma questão da vida privada do ministro e adoptou o mesmo procedimento acerca do rocambolesco episódio ocorrido no passado dia 9 de Maio, noite em que Carrilho teria sido violentamente agredido por Pedro Miguel Ramos em casa de Bárbara Guimarães. Um dos assuntos mais comentados no Governo durante as últimas duas semanas.

O ministro negou a agressão a O Independente: “É tudo mentira. Está a falar-me de uma pessoa que nunca vi na vida. Isso são alucinações de uma pessoa perturbada.” Carrilho refere-se a Pedro Miguel Ramos, que não quer falar do caso.

Chuva de subsídios

Pedro Guerra pguerra@mail.soci.pt

Bárbara Guimarães recebeu até Outubro do ano passado, durante todos os meses, mil contos do Ministério da Cultura para realizar um curto programa diário na RDP-Antena 1. Ao todo foram 12 mil contos recebidos em 1998 e cerca de nove a dez mil contos no ano passado. Ou seja, o Estado português gastou com Bárbara Guimarães um total de 21 a 22 mil contos. Tudo graças à amizade então existente entre o ministro da Cultura e a conhecida estrela de televisão. Manuel Maria Carrilho resolveu subsidiar o programa “Culto”, um pequeno magazine cultural de cinco minutos transmitido de segunda a sexta-feira na RDP-Antena 1. Um programa que na estação radiofónica do Estado tem causado alguma celeuma, uma vez que no programa da manhã, da responsabilidade de Francisco Sena Santos, são divulgados pelo conhecido jornalista vários eventos culturais.

Os mil contos mensais atribuídos por Manuel Maria Carrilho a Bárbara Guimarães foram pagos através do Fundo de Fomento Cultural, entidade tutelada pelo Ministério da Cultura e presidida pela actual secretária-geral do ministério, Helena Pinheiro Azevedo.

O protocolo

O Independente sabe que o financiamento do “Culto” implicou a formalização de um protocolo subscrito entre o Ministério da Cultura/Fundo de Fomento Cultural (FFC) e a T.V. Files - Produções de Espectáculos, Unipessoal, Lda., uma sociedade unipessoal da própria Bárbara Guimarães. Trata-se do protocolo número 2.4.4 (2191/97).

De acordo com uma carta de Outubro de 1999 do FFC para Bárbara Guimarães, à qual O Independente teve acesso, a apresentadora do “Chuva de Estrelas” recebeu do Ministério da Cultura dez mil contos, montante este correspondente aos primeiros dez meses do programa. Bárbara Guimarães recebeu ainda mais dois mil contos relativos aos meses em falta: Novembro e Dezembro. Este montante em falta foi-lhe pago em 25 de Janeiro de 99.

A carta, assinada pela presidente do FFC, permite concluir que o dinheiro atribuído pelo ministério de Carrilho não é entregue directamente à conhecida apresentadora da SIC. Bárbara Guimarães recebe através da T.V. Files, a sua produtora de rádio e televisão, cuja actividade também abarca as produções artísticas e de espectáculos.

A produtora

A T.V. Files tem sede em Carcavelos e foi constituída em Março do ano passado. Bárbara dos Santos Guimarães é sócia-gerente desta sociedade, cujo capital social é de mil contos. Bárbara, tal como acontece com todos os beneficiários de subsídios do Ministério da Cultura, foi obrigada a prestar contas. Para o efeito, foi instada pela presidente do FFC a elaborar um relatório circunstanciado, justificativo da aplicação do apoio financeiro que lhe foi atribuído.

O Independente sabe que, dos mil contos mensais, 850 destinavam-se a Bárbara Guimarães, sendo os restantes 150 contos pagos por esta a Mónica Galamba, a autora dos textos e do alinhamento do programa. Mónica Galamba foi apresentada a Bárbara Guimarães por Pedro Miguel Ramos, com quem trabalhava na Rádio Energia.

Ao que apurámos, os custos técnicos do programa eram todos suportados pela RDP-Antena 1. Bárbara gravava, normalmente, os programas para toda a semana à segunda-feira. O “Culto” actualmente é financiado pela Fundação Oriente.

As mordomias do Ministério da Cultura para com Bárbara Guimarães não se cingem ao apoio a programas radiofónicos.

Mais um subsídio

O Independente sabe que está na forja o financiamento de um programa de televisão da apresentadora no Canal de Notícias de Lisboa (CNL).

O projecto passa pela adaptação para TV do programa de rádio, tendo já falado com Nuno Santos, o futuro director do CNL. Nos planos de Bárbara Guimarães, o programa será produzido por Teresa Guilherme. A conhecida autora e produtora de programas de televisão confirmou ao nosso jornal ter falado com Bárbara, mas esclarece que “por agora ela nunca mais me falou do assunto”.

“É verdade que a ideia dela é transpor para televisão o programa de rádio, mas nunca chegámos a discutir sequer a periodicidade do mesmo. Chegámos a falar quais seriam as pessoas ideais para a Bárbara entrevistar. A ideia era apostar sobretudo nas pessoas que nunca querem dar entrevistas, o que a Bárbara, porque é a Bárbara, consegue, como aconteceu uma vez com a Cândida Pinto, na rádio”, explicou Teresa Guilherme. A produtora desconhece quem iria financiar o programa no CNL. “Se vier a concretizar-se esse projecto, espero ser eu a produzir, pois tenho o maior prazer em trabalhar com a Bárbara, de quem sou amiga”, acrescentou. O Independente tentou, sem êxito, falar com Bárbara Guimarães, Nuno Santos e com a presidente do Fundo de Fomento Cultural.

O caso

Tudo isto acontece numa altura em que o ministro e a apresentadora do “Chuva de Estrelas” resolveram oficializar a sua relação afectiva. António Guterres terá considerado que se trata de uma questão da vida privada do ministro e adoptou o mesmo procedimento acerca do rocambolesco episódio ocorrido no passado dia 9 de Maio, noite em que Carrilho teria sido violentamente agredido por Pedro Miguel Ramos em casa de Bárbara Guimarães. Um dos assuntos mais comentados no Governo durante as últimas duas semanas.

O ministro negou a agressão a O Independente: “É tudo mentira. Está a falar-me de uma pessoa que nunca vi na vida. Isso são alucinações de uma pessoa perturbada.” Carrilho refere-se a Pedro Miguel Ramos, que não quer falar do caso.

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