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17-07-2001
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09 de Julho

OE/2002 - Governo: Socialistas temem veto de Carrilho ao próximo Orçamento de Estado

A direcção do partido socialista está preocupada com a hipótese de Manuel Maria Carrilho inviabilizar a aprovação do próximo Orçamento de Estado. por David Dinis As declarações do ex-ministro contra António Guterres e o «fim da Nova Maioria», lançadas ontem numa entrevista ao jornal «Público», obrigaram o PS a «refazer as contas» para as negociações do OE de 2002. Tudo porque um eventual veto de Carrilho obrigaria o Governo a procurar mais do que o simples voto de Daniel Campelo, para que a aprovação pudesse ficar garantida. Um exemplo claro dessa preocupação vem de Francisco Assis. «Se as suas divergências com o Governo forem de tal ordem que não possa aprovar o Orçamento, espero que retire daí ilações e que abandone o Parlamento antes da votação», diz o líder parlamentar socialista, apelando à «seriedade política» do actual deputado. Já dentro da Comissão Permanente do partido, os receios são comunicados de outra forma. «É um tipo muito complicado», diz ao Diário Económico um dos principais dirigentes socialistas. «É um caso de ódio pessoal ao eng. Guterres e, nessa perspectiva, ele é capaz de tudo. Era bom que se lembrasse que ele já prometeu que votaria sempre ao lado do PS no Parlamento. Mas como é um 'pilantra', como ficou provado pela linguagem violenta que usou, pode acontecer tudo», conclui a mesma fonte, dizendo que já alertou «alguns amigos» do Governo para a necessidade de negociar o OE/2002 com mais do que um deputado. O próprio Jorge Coelho, coordenador da Permanente, não evitou ontem classificar a entrevista de Carrilho como um «mau serviço ao partido», durante uma visita a Valença do Minho. Mas esta foi a única reacção oficial que se ouviu da boca das principais figuras do PS. A três meses da apresentação do OE, as preocupações do aparelho «rosa» prendem-se, especialmente, com uma resposta «evasiva» do actual deputado face à necessidade de eleições antecipadas. Carrilho disse que o PS não aproveitou, neste ano e meio, «o potencial político da maioria relativa de 115 deputados» e que «a situação actual é de grande impasse», deixando no ar duas soluções que considera não serem «fáceis» - a demissão do próprio Guterres e a dissolução do Parlamento por Jorge Sampaio. A resposta não é directa, mas Carrilho remata com duas frases enigmáticas: «Provavelmente já é tarde» para o Governo; e «se não houver sinais claros de saída deste impasse caminhar-se-á [para eleições antecipadas]». É este enigma que Manuel Maria Carrilho deixa no ar que lançou a confusão no PS, para seguir as palavras de outro dirigente socialista. «Eu achava que ele era doido, mas não tanto. Mas depois disto, tudo é possível. Nesta altura tudo depende de como as coisas evoluírem até Setembro», explica ao DE a mesma fonte, referindo-se à evolução das sondagens de opinião. Quem não respondeu às declarações do ex-titular da Cultura - que para mais sugere um congresso do PS para o pós-autárquicas para avaliar a liderança do partido - foi António Guterres. O primeiro-ministro recusou-se a falar no assunto, deixando todas as críticas para Jorge Coelho. ddinis@economica.iol.pt

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OE/2002 - Governo: Socialistas temem veto de Carrilho ao próximo Orçamento de Estado

A direcção do partido socialista está preocupada com a hipótese de Manuel Maria Carrilho inviabilizar a aprovação do próximo Orçamento de Estado. por David Dinis As declarações do ex-ministro contra António Guterres e o «fim da Nova Maioria», lançadas ontem numa entrevista ao jornal «Público», obrigaram o PS a «refazer as contas» para as negociações do OE de 2002. Tudo porque um eventual veto de Carrilho obrigaria o Governo a procurar mais do que o simples voto de Daniel Campelo, para que a aprovação pudesse ficar garantida. Um exemplo claro dessa preocupação vem de Francisco Assis. «Se as suas divergências com o Governo forem de tal ordem que não possa aprovar o Orçamento, espero que retire daí ilações e que abandone o Parlamento antes da votação», diz o líder parlamentar socialista, apelando à «seriedade política» do actual deputado. Já dentro da Comissão Permanente do partido, os receios são comunicados de outra forma. «É um tipo muito complicado», diz ao Diário Económico um dos principais dirigentes socialistas. «É um caso de ódio pessoal ao eng. Guterres e, nessa perspectiva, ele é capaz de tudo. Era bom que se lembrasse que ele já prometeu que votaria sempre ao lado do PS no Parlamento. Mas como é um 'pilantra', como ficou provado pela linguagem violenta que usou, pode acontecer tudo», conclui a mesma fonte, dizendo que já alertou «alguns amigos» do Governo para a necessidade de negociar o OE/2002 com mais do que um deputado. O próprio Jorge Coelho, coordenador da Permanente, não evitou ontem classificar a entrevista de Carrilho como um «mau serviço ao partido», durante uma visita a Valença do Minho. Mas esta foi a única reacção oficial que se ouviu da boca das principais figuras do PS. A três meses da apresentação do OE, as preocupações do aparelho «rosa» prendem-se, especialmente, com uma resposta «evasiva» do actual deputado face à necessidade de eleições antecipadas. Carrilho disse que o PS não aproveitou, neste ano e meio, «o potencial político da maioria relativa de 115 deputados» e que «a situação actual é de grande impasse», deixando no ar duas soluções que considera não serem «fáceis» - a demissão do próprio Guterres e a dissolução do Parlamento por Jorge Sampaio. A resposta não é directa, mas Carrilho remata com duas frases enigmáticas: «Provavelmente já é tarde» para o Governo; e «se não houver sinais claros de saída deste impasse caminhar-se-á [para eleições antecipadas]». É este enigma que Manuel Maria Carrilho deixa no ar que lançou a confusão no PS, para seguir as palavras de outro dirigente socialista. «Eu achava que ele era doido, mas não tanto. Mas depois disto, tudo é possível. Nesta altura tudo depende de como as coisas evoluírem até Setembro», explica ao DE a mesma fonte, referindo-se à evolução das sondagens de opinião. Quem não respondeu às declarações do ex-titular da Cultura - que para mais sugere um congresso do PS para o pós-autárquicas para avaliar a liderança do partido - foi António Guterres. O primeiro-ministro recusou-se a falar no assunto, deixando todas as críticas para Jorge Coelho. ddinis@economica.iol.pt

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