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11-05-2001
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Manuel Maria Carrilho vaiado e impedido de discursar

O estrangulado 05-MAY-2001

Francisco Trigo de Abreu, João Vasco Almeida*

«É facil falar de pluralismo quando se estrangulam as palavras das pessoas». A última frase o discurso de Mauel Maria Carrilho é a síntese perfeita da intervenção do ex-ministro da Cultura no XII Conngresso Nacional do PS.

O crítico da liderança de Guterres - que repetidamente tem sido acusado de não expor as suas ideias perante o partido - nem sequer conseguiu ler o seu discurso aos delegados ao congresso.

As vaias dos congressistas e as interrupções do Presidente do partido, António Almeida Santos, deixaram a meio um discurso que nem sequer estava a fugir ao tom habitual das intervenções de Carrilho: consensual e pouco crítico.

O deputado começou por elogiar a intervenção de António Guterres no congresso, congratulando-se pela moção do líder apelar a «mais progresso», «mais debate interno», «melhor liderança» e «melhor governação». Mas logo a seguir, Carrilho tornou-se vítima: «O surpreendente é que se pretenda nesse discurso crucificar em congresso os militantes que há muitos anos defendem isso mesmo.»

Os congressistas não gostaram e vaiaram pela primeira vez Carrilho. Perturbado, o ex-ministro insistiu: «O que o secretário-geral dise hoje foi o mesmo que há dois anos. Só se espera que desta vez seja para valer».

Depois desta crítica, Carrilho decidiu dar uma na ferradura: «Estou certo que vai ser diferente porque agora contamos com o contributo de Jorge Coelho», num elogio ao ex-ministro do Equipamento e número dois da nomenklatura socialista.

«É preciso lembrar o desalento e a desmoralização que tem alastrado pelo país» afirmou Carrilho para quem os sucessivos sinais de alerta dados, quer pelos indicadores económicos, quer por recentes intervenções dde Rui Vilar e Vasco Vieira de Almeida «são sinais vermelhos que não deixam dúvidas a ninguém».

E foi a partir de aqui que o caldo se entornou definitivamente. Limitado a três minutos de discurso, em igualdade de circunstâncias com os outros oradores, Carrilho tentou continuar o discurso, mas as interrupções constantes do presidente da mesa do congresso, Almeida Santos, impediram o crítico completar o seu discurso.

Perante a insistência de um visivelmente atrapalhado Carrilho em continuar a ler o seu discurso, os congressistas começaram a vaiar fortemente o ex-ministro. E se é verdade que Almeida Santos, assim como Jorge Coelho e Narciso Miranda, tentaram impedir a exteriorização do desagrado dos delegados, não é menos verdade que Almeida Santos, pura e simplesmente, impediu Manuel Maria Carriho de falar.

O parlamentar numa resposta ao repto de António Guterres - que pediu aos críticos para se candidatarem às autárquicas - lembrou que quis ser candidato nas legislativas em Viseu (um dos distritos mais dificeis para o PS) mas que Coelho e Guterres não deixaram.

Até ao final do discuso foram só apupos e interrupções. Melhor, àparte da revolta do ministro por não poder discursar, ficaram os sorrisos cínicos dos notáveis.

Quando abandonou o palanque, Carrilho disse que «o partido caminha para um torpor muito acentuado» e que, com a sua intervenção, «quis fazer a prova do que é o debate no PS».

Referindo-se às conferências desta sexta-feira, Carrilho afirmou que apenas serviram para encher as pessoas com «entulho» e diz que ficou surpreendido com o discurso de António Guterres, que classificou de «aparelhístico, ao nível de José Junqueiro».

Quanto a uma eventual candidatura autárquica, Carrilho adiantou que tem vários convites. O PortugalDiário sabe que Gaia é uma das hipóteses. Barbosa Ribeiro, presidente da concelhia de Gaia, disse ao PortugalDiário que está «a trabalhar para que o ex-ministro da Cultura defronte Luís Filipe Menezes»

* e Carlos Lima

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O crítico da liderança de Guterres - que repetidamente tem sido acusado de não expor as suas ideias perante o partido - nem sequer conseguiu ler o seu discurso aos delegados ao congresso.

As vaias dos congressistas e as interrupções do Presidente do partido, António Almeida Santos, deixaram a meio um discurso que nem sequer estava a fugir ao tom habitual das intervenções de Carrilho: consensual e pouco crítico.

O deputado começou por elogiar a intervenção de António Guterres no congresso, congratulando-se pela moção do líder apelar a «mais progresso», «mais debate interno», «melhor liderança» e «melhor governação». Mas logo a seguir, Carrilho tornou-se vítima: «O surpreendente é que se pretenda nesse discurso crucificar em congresso os militantes que há muitos anos defendem isso mesmo.»

Os congressistas não gostaram e vaiaram pela primeira vez Carrilho. Perturbado, o ex-ministro insistiu: «O que o secretário-geral dise hoje foi o mesmo que há dois anos. Só se espera que desta vez seja para valer».

Depois desta crítica, Carrilho decidiu dar uma na ferradura: «Estou certo que vai ser diferente porque agora contamos com o contributo de Jorge Coelho», num elogio ao ex-ministro do Equipamento e número dois da nomenklatura socialista.

«É preciso lembrar o desalento e a desmoralização que tem alastrado pelo país» afirmou Carrilho para quem os sucessivos sinais de alerta dados, quer pelos indicadores económicos, quer por recentes intervenções dde Rui Vilar e Vasco Vieira de Almeida «são sinais vermelhos que não deixam dúvidas a ninguém».

E foi a partir de aqui que o caldo se entornou definitivamente. Limitado a três minutos de discurso, em igualdade de circunstâncias com os outros oradores, Carrilho tentou continuar o discurso, mas as interrupções constantes do presidente da mesa do congresso, Almeida Santos, impediram o crítico completar o seu discurso.

Perante a insistência de um visivelmente atrapalhado Carrilho em continuar a ler o seu discurso, os congressistas começaram a vaiar fortemente o ex-ministro. E se é verdade que Almeida Santos, assim como Jorge Coelho e Narciso Miranda, tentaram impedir a exteriorização do desagrado dos delegados, não é menos verdade que Almeida Santos, pura e simplesmente, impediu Manuel Maria Carriho de falar.

O parlamentar numa resposta ao repto de António Guterres - que pediu aos críticos para se candidatarem às autárquicas - lembrou que quis ser candidato nas legislativas em Viseu (um dos distritos mais dificeis para o PS) mas que Coelho e Guterres não deixaram.

Até ao final do discuso foram só apupos e interrupções. Melhor, àparte da revolta do ministro por não poder discursar, ficaram os sorrisos cínicos dos notáveis.

Quando abandonou o palanque, Carrilho disse que «o partido caminha para um torpor muito acentuado» e que, com a sua intervenção, «quis fazer a prova do que é o debate no PS».

Referindo-se às conferências desta sexta-feira, Carrilho afirmou que apenas serviram para encher as pessoas com «entulho» e diz que ficou surpreendido com o discurso de António Guterres, que classificou de «aparelhístico, ao nível de José Junqueiro».

Quanto a uma eventual candidatura autárquica, Carrilho adiantou que tem vários convites. O PortugalDiário sabe que Gaia é uma das hipóteses. Barbosa Ribeiro, presidente da concelhia de Gaia, disse ao PortugalDiário que está «a trabalhar para que o ex-ministro da Cultura defronte Luís Filipe Menezes»

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