O pecado de Carrilho

04-05-2000
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Manuel Maria Carrilho: o ministro da Cultura foi ao Parlamento com o «terreno minado» pela própria bancada socialista

Voltar para o futuro

O ministro tinha sido atacado por Artur Santos Silva no acto da sua demissão e era-lhe reconhecido o direito a defender-se. Mas o tom deveria ser politicamente correcto e tudo foi devidamente concertado pelas cúpulas socialistas. Jorge Coelho, Fernando Gomes e Francisco Assis avisaram Carrilho que a orientação do partido para esta guerra era falar sobre o futuro e evitar ataques pessoais. E o próprio Guterres telefonou de Cuba ao ministro na véspera da sua prestação parlamentar dizendo-lhe que contava com ele para que tudo corresse bem.

O ministro disse a todos que sim, mas os deputados, pelo sim pelo não, decidiram minar-lhe o terreno. Na véspera de Carrilho ir ao Parlamento, o PS aprovava um voto de saudação a Santos Silva apresentado pelo PSD, onde se elogiava «a capacidade e competência» de Santos Silva. E, no dia seguinte, quando Carrilho subiu à tribuna para denunciar a «ineficácia» da gestão do presidente do BPI à frente do Porto 2001, a oposição só teve que explorar a dissonância - Carrilho estava em claro desacordo com os deputados do seu partido.

«Os ataques do ministro a Santos Silva são da sua exclusiva responsabilidade», afirmou ao EXPRESSO um influente ministro, que embora admita que este incidente não terá, para já, consequência de maior, sublinha o facto de Carrilho ter «pisado o risco» e antecipa um clima de guerra contra o titular da Cultura cujo desfecho só o tempo o dirá.

Alegre quer que Guterres fale

Alegre tenta, assim, quebrar o silêncio do primeiro-ministro que, em boa verdade, foi a pessoa decisiva para que Carrilho continuasse no Governo, mau-grado os inúmeros anticorpos que de há muito estavam criados na sua relação com o PS. Para Guterres, Carrilho tem um atributo político de peso: tem-lhe evitado frentes de combate entre o Governo e os agentes da Cultura. Por quanto tempo, é a questão essencial.

ÂNGELA SILVA

Manuel Maria Carrilho: o ministro da Cultura foi ao Parlamento com o «terreno minado» pela própria bancada socialista

Voltar para o futuro

O ministro tinha sido atacado por Artur Santos Silva no acto da sua demissão e era-lhe reconhecido o direito a defender-se. Mas o tom deveria ser politicamente correcto e tudo foi devidamente concertado pelas cúpulas socialistas. Jorge Coelho, Fernando Gomes e Francisco Assis avisaram Carrilho que a orientação do partido para esta guerra era falar sobre o futuro e evitar ataques pessoais. E o próprio Guterres telefonou de Cuba ao ministro na véspera da sua prestação parlamentar dizendo-lhe que contava com ele para que tudo corresse bem.

O ministro disse a todos que sim, mas os deputados, pelo sim pelo não, decidiram minar-lhe o terreno. Na véspera de Carrilho ir ao Parlamento, o PS aprovava um voto de saudação a Santos Silva apresentado pelo PSD, onde se elogiava «a capacidade e competência» de Santos Silva. E, no dia seguinte, quando Carrilho subiu à tribuna para denunciar a «ineficácia» da gestão do presidente do BPI à frente do Porto 2001, a oposição só teve que explorar a dissonância - Carrilho estava em claro desacordo com os deputados do seu partido.

«Os ataques do ministro a Santos Silva são da sua exclusiva responsabilidade», afirmou ao EXPRESSO um influente ministro, que embora admita que este incidente não terá, para já, consequência de maior, sublinha o facto de Carrilho ter «pisado o risco» e antecipa um clima de guerra contra o titular da Cultura cujo desfecho só o tempo o dirá.

Alegre quer que Guterres fale

Alegre tenta, assim, quebrar o silêncio do primeiro-ministro que, em boa verdade, foi a pessoa decisiva para que Carrilho continuasse no Governo, mau-grado os inúmeros anticorpos que de há muito estavam criados na sua relação com o PS. Para Guterres, Carrilho tem um atributo político de peso: tem-lhe evitado frentes de combate entre o Governo e os agentes da Cultura. Por quanto tempo, é a questão essencial.

ÂNGELA SILVA

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