Bloco de Esquerda quer "operação mãos limpas"

16-12-2000
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Parlamento comenta demissões de Vara e Patrão

Bloco de Esquerda Quer "Operação Mãos Limpas"

Sábado, 16 de Dezembro de 2000

"Só pecam por tardias." A frase foi ontem repetida na Assembleia da República para comentar a queda do ministro e do secretário de Estado envolvidos no caso da fundação. Um desfecho, no entanto, que ninguém quer que resulte no fim das investigações ordenadas à Procuradoria-Geral da República, ao Ministério Público e à Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI). O Bloco de Esquerda chegou mesmo a falar da necessidade de uma "operação mãos limpas". Apenas o PS demonstrou pesar com a situação.

As reacções à saída dos dois governantes envolvidos na fundação do Ministério da Administração Interna reflectiram a unanimidade de posições no seio da oposição. Poucos minutos depois de se ter sabido das demissões de Armando Vara e Luís Patrão, já os líderes parlamentares de todos os partidos, exceptuando o PS, se encontravam dispostos para comentar o desfecho do caso da fundação.

A mensagem básica de todas as declarações foi repetida, de forma praticamente semelhante, pelos dirigentes de cada partido. António Capucho, presidente da bancada parlamentar do PSD, começou por dizer que as demissões já deviam ter acontecido há mais tempo. "Só pecam por tardias", afirmou. Depois, passou ao ataque, criticando António Guterres. "Aquilo que seria normal em democracia era o primeiro-ministro assumir a atitude e não ter de esperar a reacção das duas pessoas visadas. Era atitude normal de um primeiro-ministro que tivesse capacidade para governar o país."

Octávio Teixeira, líder parlamentar do PCP, exigiu a continuação das investigações: "Espero que o processo não seja enterrado, tudo deve ser apurado até às últimas consequências", alertou. Uma iniciativa que devia ser aplicada, aliás, a "todas as outras fundações criadas" pelo Governo.

Antes disso, Teixeira tinha já usado a mesma expressão de Capucho para comentar a demissão. "Peca por ser tardia", resumiu. Uma situação inevitável, contudo, por ser já "politicamente insustentável" a António Guterres manter Vara e Patrão. O comunista criticou o Governo por só ter reagido "depois de ter sido pressionado fortemente pela Assembleia".

Por seu turno, o presidente do PP, Paulo Portas, considerou necessária a realização de uma moção de confiança ao Governo. "Para saber se tem a confiança do Parlamento e virar a página. Se não tem a confiança, então que saia", concluiu. Uma medida necessária devido aos últimos dez dias do Governo. "É um vendaval, o PS parece uma Jugoslávia civil."

No entanto, foi Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, o mais duro com o Executivo de Guterres. "O primeiro-ministro tem de prestar contas ao país. Temos de começar uma ''operação mãos limpas'' em Portugal. Porque é necessário acabar com a corrupção em Portugal." Uma operação que realizasse "um inventário completo de todas as associações e fundações", para "cortar a rente nestas matérias".

Manuel dos Santos, da direcção parlamentar do PS, foi a excepção que confirmou a regra. Depois de ter manifestado o seu "pesar" pela demissão de "dois excelentes governantes", comentou as saídas como uma "perda para o Governo". O socialista reconheceu ainda a necessidade das investigações em curso continuarem, "incluindo a do Tribunal de Contas".

À saída da audição parlamentar, Jorge Coelho evitou falar sobre as demissões. Afirmou apenas ter tomado conhecimento da situação naquele momento, sublinhando que esse "problema" ocupava espaço "em demasia". "O país real precisa de continuar a trabalhar."

N.S.L.

Parlamento comenta demissões de Vara e Patrão

Bloco de Esquerda Quer "Operação Mãos Limpas"

Sábado, 16 de Dezembro de 2000

"Só pecam por tardias." A frase foi ontem repetida na Assembleia da República para comentar a queda do ministro e do secretário de Estado envolvidos no caso da fundação. Um desfecho, no entanto, que ninguém quer que resulte no fim das investigações ordenadas à Procuradoria-Geral da República, ao Ministério Público e à Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI). O Bloco de Esquerda chegou mesmo a falar da necessidade de uma "operação mãos limpas". Apenas o PS demonstrou pesar com a situação.

As reacções à saída dos dois governantes envolvidos na fundação do Ministério da Administração Interna reflectiram a unanimidade de posições no seio da oposição. Poucos minutos depois de se ter sabido das demissões de Armando Vara e Luís Patrão, já os líderes parlamentares de todos os partidos, exceptuando o PS, se encontravam dispostos para comentar o desfecho do caso da fundação.

A mensagem básica de todas as declarações foi repetida, de forma praticamente semelhante, pelos dirigentes de cada partido. António Capucho, presidente da bancada parlamentar do PSD, começou por dizer que as demissões já deviam ter acontecido há mais tempo. "Só pecam por tardias", afirmou. Depois, passou ao ataque, criticando António Guterres. "Aquilo que seria normal em democracia era o primeiro-ministro assumir a atitude e não ter de esperar a reacção das duas pessoas visadas. Era atitude normal de um primeiro-ministro que tivesse capacidade para governar o país."

Octávio Teixeira, líder parlamentar do PCP, exigiu a continuação das investigações: "Espero que o processo não seja enterrado, tudo deve ser apurado até às últimas consequências", alertou. Uma iniciativa que devia ser aplicada, aliás, a "todas as outras fundações criadas" pelo Governo.

Antes disso, Teixeira tinha já usado a mesma expressão de Capucho para comentar a demissão. "Peca por ser tardia", resumiu. Uma situação inevitável, contudo, por ser já "politicamente insustentável" a António Guterres manter Vara e Patrão. O comunista criticou o Governo por só ter reagido "depois de ter sido pressionado fortemente pela Assembleia".

Por seu turno, o presidente do PP, Paulo Portas, considerou necessária a realização de uma moção de confiança ao Governo. "Para saber se tem a confiança do Parlamento e virar a página. Se não tem a confiança, então que saia", concluiu. Uma medida necessária devido aos últimos dez dias do Governo. "É um vendaval, o PS parece uma Jugoslávia civil."

No entanto, foi Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, o mais duro com o Executivo de Guterres. "O primeiro-ministro tem de prestar contas ao país. Temos de começar uma ''operação mãos limpas'' em Portugal. Porque é necessário acabar com a corrupção em Portugal." Uma operação que realizasse "um inventário completo de todas as associações e fundações", para "cortar a rente nestas matérias".

Manuel dos Santos, da direcção parlamentar do PS, foi a excepção que confirmou a regra. Depois de ter manifestado o seu "pesar" pela demissão de "dois excelentes governantes", comentou as saídas como uma "perda para o Governo". O socialista reconheceu ainda a necessidade das investigações em curso continuarem, "incluindo a do Tribunal de Contas".

À saída da audição parlamentar, Jorge Coelho evitou falar sobre as demissões. Afirmou apenas ter tomado conhecimento da situação naquele momento, sublinhando que esse "problema" ocupava espaço "em demasia". "O país real precisa de continuar a trabalhar."

N.S.L.

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