EXPRESSO: Opinião

10-05-2001
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28/4/2001

OPINIÃO

Ser e não ser José António Saraiva

Luiz Carvalho e Rui Ochôa António Guterres: como combater um partido que defende simultaneamente uma coisa e o seu contrário?

«É impossível um partido ser simultaneamente mais católico e mais anticlerical, mais protector dos empresários e mais defensor dos trabalhadores, melhor posicionado na esquerda e na direita, mais apologista do diálogo e da autoridade. Claro que, com isto, o PS desnorteia a oposição. Como fazer oposição a alguém que é simultaneamente uma coisa e o seu contrário? É difícil. É, de facto, muito difícil combater um partido que funciona assim. Resta, portanto, à oposição esperar que, à força de defender simultaneamente o branco e o preto, o PS se desuna, se desarticule, ou os portugueses se cansem.» O PARTIDO Socialista, nesta altura, é simultaneamente o ser e o não ser. O sim e o não. O debate da Lei da Liberdade Religiosa foi mais uma confirmação desta verdade. Ela veio mostrar que o PS é um partido anticlerical mas, igualmente, respeitador da Igreja. É anticlerical porque é herdeiro do jacobismo maçónico e muitos militantes seus gostariam de equiparar a Igreja Católica às outras religiões, suprimindo-lhe os privilégios, sujeitando-a às mesmas regras. É respeitador da Igreja porque tem um líder católico e uma maioria moderada, que se reviu na visita que o ministro dos Negócios Estrangeiros fez esta semana ao Papa. Mas esta atitude dúplice do PS em relação à Igreja católica alarga-se a quase todos os sectores. O ministro das Finanças, Pina Moura, esforça-se por satisfazer os empresários e chega a ser acusado de promover a promiscuidade entre o Estado e os interesses económicos - enquanto o ex-ministro Jorge Coelho diz que a base eleitoral do PS são os trabalhadores por conta de outrem e são esses que o partido deve proteger. E o mesmo se passa em relação à esquerda e à direita. Enquanto Mário Soares e Manuel Alegre continuam a dizer-se de «esquerda», António Guterres é acusado de fazer o jogo da direita. E o que dizer da autoridade? Como interpretar o facto de Guterres ter posto sempre o acento no diálogo e de Coelho vir dizer agora que o país precisa de mais autoridade? Esta «dessintonia» tem a sua expressão final na «liderança bicéfala». Enquanto o Governo tem hoje um primeiro-ministro liberal, católico e europeu (António Guterres), o partido tem um líder socialista, laico e bem português (Jorge Coelho). É impossível haver maior duplicidade. É impossível um partido ser simultaneamente mais católico e mais anticlerical, mais protector dos empresários e mais defensor dos trabalhadores, melhor posicionado na esquerda e na direita, mais apologista do diálogo e da autoridade. Claro que, com isto, o PS desnorteia a oposição. Como fazer oposição a alguém que é simultaneamente uma coisa e o seu contrário? É difícil. É, de facto, muito difícil combater um partido que funciona assim. Resta, portanto, à oposição esperar que, à força de defender simultaneamente o branco e o preto, o PS se desuna, se desarticule, ou os portugueses se cansem. Rita Blanco dizia na semana passada ao EXPRESSO que fazia tantas críticas ao seu próprio trabalho que retirava argumentos aos críticos para a criticarem. Com o PS passa-se o mesmo: mostra-se tão contraditório que a oposição fica sem espaço para o contraditar. E-mail: jsaraiva@mail.expresso.pt

COMENTÁRIOS AO ARTIGO

26 comentários 1 a 10

4 Maio 2001 às 21:57

Tribunus

Sr. Saraiva

Fez há umas semanas, um artigo em

que fazia considerações acerca do

custo da mudança de um ministro.

Dado o seu tic de ora agora viro eu ou viras tu, faça contas num próximo artigo, quanto vai custar

aos portugueses a manutenção deste

governo socialista neste limbo?

A culpa vai inteirinha para os por

tugueses, que votaram no socialismo

e num presidente da República que

deixa continuar tudo em lume brando!

Pense lá, quem vai votar o orçamento de 2002? os tais duodécimos estão ai à vista e vão

fazer bem à dieta do paìs, quem

vai a seguir pegar num governo?

Só com uma maioria absoluta que decida, mesmo nem sempre bem, mas

que dê esperança, neste mar de asneira pegada!

Ou será Sr. Saraiva, que ninguem está a contabilizar o que vamos

ter de pagar, por terem deixado um

governos sem maioria? O Presidente não viu? o resultado está à vista,

sem governo um Presidente que faz que anda mas não anda!

Sr. Saraiva o seu semanário vendia-se mais se mudá-se de orientação

redatorial e abri-se os olhos aos que estão a dormir.

Lembre-se dos custos!

cumprimentos

4 Maio 2001 às 18:11

Ema

O Guterres está um bocado pró gordinho, não está?

Catarina ponha-o a dieta já!

4 Maio 2001 às 11:49

S. Viana

Quero aqui testemunhar, em favor de J A S, que leio o seu artigo semanal, no Expresso, há muito tempo, e não me lembro de nos tempos «rosa» defender a «rosa»; pelo contrário, lembro-me de que era aqui bastante censurado por ser uma voz discordante e servir o patrão Balsemão, desancando sistematicamente o PS, o Governo «rosa» e o nosso «Primeiro»!

Não sei, portanto, a que texto(s) da época, se referirá o autor do comentário enviado em 1 de Maio às 20:00h

4 Maio 2001 às 11:47

S. Viana

Quero aqui testemunhar, em favor de J A S, que leio o seu artigo semanal, no Expresso, há muito tempo, e não me lembro de nos tempos «rosa» defender a «rosa»; pelo contrário, lembro-me de que era aqui bastante censurado por ser uma voz discordante e servir, o patrão Balsemão, dsancando sistematicamente o PS, o Governo «rosa» e o nosso «Primeiro»!

Não sei, portanto, a que texto(s), ou época, se referirá o autor do comentário enviado em 1 de Maio às 20:00h

3 Maio 2001 às 0:27

Luisa Jubilado ( maria.jubilado@netc.pt )

Ò meu caro sr.dr.o senhor já olhou

com olhos de ver para aquela bancada socialista na A.República?

Eles são todos ex-qualquer coisa,

ou ex-CDs,ou ex-PSD,ou ex-PCP,ou

ex......e então quando está lá o

Governo é de arrepiar..aquilo não

é um Partido é um verdadeiro albergue espanhol. Assim não sei de que se admira..assim vai a nossa

democracia..desgovernados por esta

gente oportunista.

2 Maio 2001 às 19:33

Maria

Gostei mesmo do artigo.Está bem conseguido.

Outo cavaco com umas nuances sim, o mesmo, o verdadeiro não!

E porque não experimentar o Barroso?

Lembrei-me, Ferro Rodrigues é uma Hipótese...

2 Maio 2001 às 3:31

Agostinho Rebelo ( agostinhorebelo@oninet.pt )

Dizer que a oposição não tem alternativa é uma hipocrisia política e é fazer o jogo destes socialistas incapazes... Eles são tão maus que nada pode ser pior, caramba!

Já agora: que provas tinha dado o Prof. Cavaco antes de 1985?

O que o País precisa é de quem governe, não de quem apenas tem paleio para o debate político na Assembleia.

Se estes palermas governassem tão bem como falam, já estavamos a par da Alemanha!...

1 Maio 2001 às 20:00

Você JAS é um catavento ... qd a coisa estava para a rosa, tocava a música. Agora martela nela sem dó, pq ela lhe parece definitivamente murcha ... Só que isso não é JORNALISMO ... nem serviço aos leitores ... é puro aproveitamento.

Lamento pelo Expresso ...

1 Maio 2001 às 11:28

teresa

Que o PS é um saco de gatos sem ideologia ou linha de rumo certo, já se sabia.

Lamentando que só agora um jornal como o Expresso o tenha descoberto, fazendo perder a este país 6 (seis) preciosos anos. Já fizeram as contas às horas, minutos e segundos desperdiçados por quem não sabe o que quer para o seu país? E as responsabilidades que o Expresso tem na manutenção de um governo assim em funções?

Já é hora de fazerem «mea culpa» e de apoiarem quem tem um projecto, seriedade, competência e provas dadas na governação deste país, para que ele não fique uma vez mais adiado.

30 Abril 2001 às 5:13

Daniel das Couves ( danieldascouves@hotmail.com )

"É impossível um partido ser simultaneamente (...)mais defensor dos trabalhadores"?! Oh JAS... se continuas assim, não podes conduzir...

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28/4/2001

OPINIÃO

Ser e não ser José António Saraiva

Luiz Carvalho e Rui Ochôa António Guterres: como combater um partido que defende simultaneamente uma coisa e o seu contrário?

«É impossível um partido ser simultaneamente mais católico e mais anticlerical, mais protector dos empresários e mais defensor dos trabalhadores, melhor posicionado na esquerda e na direita, mais apologista do diálogo e da autoridade. Claro que, com isto, o PS desnorteia a oposição. Como fazer oposição a alguém que é simultaneamente uma coisa e o seu contrário? É difícil. É, de facto, muito difícil combater um partido que funciona assim. Resta, portanto, à oposição esperar que, à força de defender simultaneamente o branco e o preto, o PS se desuna, se desarticule, ou os portugueses se cansem.» O PARTIDO Socialista, nesta altura, é simultaneamente o ser e o não ser. O sim e o não. O debate da Lei da Liberdade Religiosa foi mais uma confirmação desta verdade. Ela veio mostrar que o PS é um partido anticlerical mas, igualmente, respeitador da Igreja. É anticlerical porque é herdeiro do jacobismo maçónico e muitos militantes seus gostariam de equiparar a Igreja Católica às outras religiões, suprimindo-lhe os privilégios, sujeitando-a às mesmas regras. É respeitador da Igreja porque tem um líder católico e uma maioria moderada, que se reviu na visita que o ministro dos Negócios Estrangeiros fez esta semana ao Papa. Mas esta atitude dúplice do PS em relação à Igreja católica alarga-se a quase todos os sectores. O ministro das Finanças, Pina Moura, esforça-se por satisfazer os empresários e chega a ser acusado de promover a promiscuidade entre o Estado e os interesses económicos - enquanto o ex-ministro Jorge Coelho diz que a base eleitoral do PS são os trabalhadores por conta de outrem e são esses que o partido deve proteger. E o mesmo se passa em relação à esquerda e à direita. Enquanto Mário Soares e Manuel Alegre continuam a dizer-se de «esquerda», António Guterres é acusado de fazer o jogo da direita. E o que dizer da autoridade? Como interpretar o facto de Guterres ter posto sempre o acento no diálogo e de Coelho vir dizer agora que o país precisa de mais autoridade? Esta «dessintonia» tem a sua expressão final na «liderança bicéfala». Enquanto o Governo tem hoje um primeiro-ministro liberal, católico e europeu (António Guterres), o partido tem um líder socialista, laico e bem português (Jorge Coelho). É impossível haver maior duplicidade. É impossível um partido ser simultaneamente mais católico e mais anticlerical, mais protector dos empresários e mais defensor dos trabalhadores, melhor posicionado na esquerda e na direita, mais apologista do diálogo e da autoridade. Claro que, com isto, o PS desnorteia a oposição. Como fazer oposição a alguém que é simultaneamente uma coisa e o seu contrário? É difícil. É, de facto, muito difícil combater um partido que funciona assim. Resta, portanto, à oposição esperar que, à força de defender simultaneamente o branco e o preto, o PS se desuna, se desarticule, ou os portugueses se cansem. Rita Blanco dizia na semana passada ao EXPRESSO que fazia tantas críticas ao seu próprio trabalho que retirava argumentos aos críticos para a criticarem. Com o PS passa-se o mesmo: mostra-se tão contraditório que a oposição fica sem espaço para o contraditar. E-mail: jsaraiva@mail.expresso.pt

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26 comentários 1 a 10

4 Maio 2001 às 21:57

Tribunus

Sr. Saraiva

Fez há umas semanas, um artigo em

que fazia considerações acerca do

custo da mudança de um ministro.

Dado o seu tic de ora agora viro eu ou viras tu, faça contas num próximo artigo, quanto vai custar

aos portugueses a manutenção deste

governo socialista neste limbo?

A culpa vai inteirinha para os por

tugueses, que votaram no socialismo

e num presidente da República que

deixa continuar tudo em lume brando!

Pense lá, quem vai votar o orçamento de 2002? os tais duodécimos estão ai à vista e vão

fazer bem à dieta do paìs, quem

vai a seguir pegar num governo?

Só com uma maioria absoluta que decida, mesmo nem sempre bem, mas

que dê esperança, neste mar de asneira pegada!

Ou será Sr. Saraiva, que ninguem está a contabilizar o que vamos

ter de pagar, por terem deixado um

governos sem maioria? O Presidente não viu? o resultado está à vista,

sem governo um Presidente que faz que anda mas não anda!

Sr. Saraiva o seu semanário vendia-se mais se mudá-se de orientação

redatorial e abri-se os olhos aos que estão a dormir.

Lembre-se dos custos!

cumprimentos

4 Maio 2001 às 18:11

Ema

O Guterres está um bocado pró gordinho, não está?

Catarina ponha-o a dieta já!

4 Maio 2001 às 11:49

S. Viana

Quero aqui testemunhar, em favor de J A S, que leio o seu artigo semanal, no Expresso, há muito tempo, e não me lembro de nos tempos «rosa» defender a «rosa»; pelo contrário, lembro-me de que era aqui bastante censurado por ser uma voz discordante e servir o patrão Balsemão, desancando sistematicamente o PS, o Governo «rosa» e o nosso «Primeiro»!

Não sei, portanto, a que texto(s) da época, se referirá o autor do comentário enviado em 1 de Maio às 20:00h

4 Maio 2001 às 11:47

S. Viana

Quero aqui testemunhar, em favor de J A S, que leio o seu artigo semanal, no Expresso, há muito tempo, e não me lembro de nos tempos «rosa» defender a «rosa»; pelo contrário, lembro-me de que era aqui bastante censurado por ser uma voz discordante e servir, o patrão Balsemão, dsancando sistematicamente o PS, o Governo «rosa» e o nosso «Primeiro»!

Não sei, portanto, a que texto(s), ou época, se referirá o autor do comentário enviado em 1 de Maio às 20:00h

3 Maio 2001 às 0:27

Luisa Jubilado ( maria.jubilado@netc.pt )

Ò meu caro sr.dr.o senhor já olhou

com olhos de ver para aquela bancada socialista na A.República?

Eles são todos ex-qualquer coisa,

ou ex-CDs,ou ex-PSD,ou ex-PCP,ou

ex......e então quando está lá o

Governo é de arrepiar..aquilo não

é um Partido é um verdadeiro albergue espanhol. Assim não sei de que se admira..assim vai a nossa

democracia..desgovernados por esta

gente oportunista.

2 Maio 2001 às 19:33

Maria

Gostei mesmo do artigo.Está bem conseguido.

Outo cavaco com umas nuances sim, o mesmo, o verdadeiro não!

E porque não experimentar o Barroso?

Lembrei-me, Ferro Rodrigues é uma Hipótese...

2 Maio 2001 às 3:31

Agostinho Rebelo ( agostinhorebelo@oninet.pt )

Dizer que a oposição não tem alternativa é uma hipocrisia política e é fazer o jogo destes socialistas incapazes... Eles são tão maus que nada pode ser pior, caramba!

Já agora: que provas tinha dado o Prof. Cavaco antes de 1985?

O que o País precisa é de quem governe, não de quem apenas tem paleio para o debate político na Assembleia.

Se estes palermas governassem tão bem como falam, já estavamos a par da Alemanha!...

1 Maio 2001 às 20:00

Você JAS é um catavento ... qd a coisa estava para a rosa, tocava a música. Agora martela nela sem dó, pq ela lhe parece definitivamente murcha ... Só que isso não é JORNALISMO ... nem serviço aos leitores ... é puro aproveitamento.

Lamento pelo Expresso ...

1 Maio 2001 às 11:28

teresa

Que o PS é um saco de gatos sem ideologia ou linha de rumo certo, já se sabia.

Lamentando que só agora um jornal como o Expresso o tenha descoberto, fazendo perder a este país 6 (seis) preciosos anos. Já fizeram as contas às horas, minutos e segundos desperdiçados por quem não sabe o que quer para o seu país? E as responsabilidades que o Expresso tem na manutenção de um governo assim em funções?

Já é hora de fazerem «mea culpa» e de apoiarem quem tem um projecto, seriedade, competência e provas dadas na governação deste país, para que ele não fique uma vez mais adiado.

30 Abril 2001 às 5:13

Daniel das Couves ( danieldascouves@hotmail.com )

"É impossível um partido ser simultaneamente (...)mais defensor dos trabalhadores"?! Oh JAS... se continuas assim, não podes conduzir...

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