Suplemento Mil Folhas

25-08-2001
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Dicionário

Sábado, 25 de Agosto de 2001

Dias, Amílcar Vasques (n. Monção, 1945).

Iniciou a sua formação musical no Seminário de Braga, tendo estudado, posteriormente, com Manuel Ferreira de Faria. Concluiu os estudos superiores de piano e composição nos Conservatórios de Música do Porto e de Braga. Fez, enquanto aluno, entre outros, de Louis Andriessen, o Curso Superior de Composição no Conservatório Real de Haia, na Holanda, país onde, durante 14 anos, desenvolveu actividade pedagógica e artística, como pianista e compositor. "Serrana" (1989-90), para dez acordeões, quarteto de cordas e vibrafone, é um exemplo do estilo pós-minimalista por ele usado nessa época. Actualmente, é docente na Universidade de Évora.

Como pianista, Vasques Dias interpreta a sua música e utiliza a improvisação como meio de expressão musical. A sua produção como compositor abrange música de câmara instrumental, vocal (destacando-se as canções sobre textos extraídos do livro "Alentejo e ninguém", de Manuel Alegre, escritas entre 1997 e 2000), electroacústica, para orquestra de metais, para coro a capella ou acompanhado, obras multimedia, música para filme e teatro, arranjos de música tradicional portuguesa, assim como de obras de José Afonso e de Astor Piazzolla.

A música de Vasques Dias mostra a sua tendência para reduzir o material musical utilizado ao mais simples, de maneira a tirar dele o maior efeito - dramático e sonoro - possível, assim como uma procura de imediatez na recepção da sua música, relacionada com a apropriação de técnicas de improvisação próximas do jazz. O compositor tem posto em relação o seu estilo despido e a sua preferência por uma música directa, quase bruta, com a sua experiência da paisagem alentejana. O telurismo impregna, aliás, uma boa parte da sua obra, como é especialmente evidente no seu "Ciclo das plantas", para diversos instrumentos solistas e ou em formações reduzidas, iniciado com "Tojo", para violoncelo e piano, em 1993.

Vasques Dias está particularmente interessado no diálogo da música com outras manifestações artísticas, tais como a fotografia (tem feito música a partir de obras de Isabel Catalão), a dança ("Metalstage" e "Wine Wall", de 1994) e a literatura. Precisamente, numa das suas obras mais recentes, os "Doze nocturnos para o teu nome" (2001) baseados sobre textos da escritora Gabriela Llansol, o compositor fez uma espécie de síntese dos tópicos musicais mais recorrentes na sua música anterior, reunindo Wagner, Debussy, Bach, jazz, música tradicional, referências à música árabe e sefardita, assim como a obras anteriores da sua própria autoria. Teresa Cascudo.

Dicionário

Sábado, 25 de Agosto de 2001

Dias, Amílcar Vasques (n. Monção, 1945).

Iniciou a sua formação musical no Seminário de Braga, tendo estudado, posteriormente, com Manuel Ferreira de Faria. Concluiu os estudos superiores de piano e composição nos Conservatórios de Música do Porto e de Braga. Fez, enquanto aluno, entre outros, de Louis Andriessen, o Curso Superior de Composição no Conservatório Real de Haia, na Holanda, país onde, durante 14 anos, desenvolveu actividade pedagógica e artística, como pianista e compositor. "Serrana" (1989-90), para dez acordeões, quarteto de cordas e vibrafone, é um exemplo do estilo pós-minimalista por ele usado nessa época. Actualmente, é docente na Universidade de Évora.

Como pianista, Vasques Dias interpreta a sua música e utiliza a improvisação como meio de expressão musical. A sua produção como compositor abrange música de câmara instrumental, vocal (destacando-se as canções sobre textos extraídos do livro "Alentejo e ninguém", de Manuel Alegre, escritas entre 1997 e 2000), electroacústica, para orquestra de metais, para coro a capella ou acompanhado, obras multimedia, música para filme e teatro, arranjos de música tradicional portuguesa, assim como de obras de José Afonso e de Astor Piazzolla.

A música de Vasques Dias mostra a sua tendência para reduzir o material musical utilizado ao mais simples, de maneira a tirar dele o maior efeito - dramático e sonoro - possível, assim como uma procura de imediatez na recepção da sua música, relacionada com a apropriação de técnicas de improvisação próximas do jazz. O compositor tem posto em relação o seu estilo despido e a sua preferência por uma música directa, quase bruta, com a sua experiência da paisagem alentejana. O telurismo impregna, aliás, uma boa parte da sua obra, como é especialmente evidente no seu "Ciclo das plantas", para diversos instrumentos solistas e ou em formações reduzidas, iniciado com "Tojo", para violoncelo e piano, em 1993.

Vasques Dias está particularmente interessado no diálogo da música com outras manifestações artísticas, tais como a fotografia (tem feito música a partir de obras de Isabel Catalão), a dança ("Metalstage" e "Wine Wall", de 1994) e a literatura. Precisamente, numa das suas obras mais recentes, os "Doze nocturnos para o teu nome" (2001) baseados sobre textos da escritora Gabriela Llansol, o compositor fez uma espécie de síntese dos tópicos musicais mais recorrentes na sua música anterior, reunindo Wagner, Debussy, Bach, jazz, música tradicional, referências à música árabe e sefardita, assim como a obras anteriores da sua própria autoria. Teresa Cascudo.

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