Marcelo comentador ou político?

14-05-2001
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Marcelo Comentador Ou Político?

Por MARIA LOPES

Segunda-feira, 14 de Maio de 2001 Um ano a analisar Portugal aos Domingos à noite na TVI Marcelo Rebelo de Sousa é comentador de televisão, mas os seus antigos pares continuam a vê-lo como um político que tudo critica, especialmente o seu partido. Remeteu-se à discrição logo a seguir ao "flop" do projecto da nova AD, zangado com o PSD e com o "garoto" Paulo Portas. Mas depois de escassos meses longe das câmaras, Marcelo Rebelo de Sousa voltou à vida pública na TVI, onde há um ano se senta regularmente na cadeira de comentador. Político, claro. Mas alguns antigos colegas de profissão - política, entenda-se - acham que o ex-líder do PSD, mais do que comentador, assume na televisão o papel de político e tem espetado lanças envenenadas em Durão Barroso e apenas umas insignificantes alfinetadas em António Guterres. João Amaral, deputado do PCP, costuma ouvir os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa de vez em quando, "durante o ''zapping''". O tempo suficiente para poder afirmar que o professor, mais do que combater o Governo, "está a fazer política contra o líder do PSD e é muito eficaz neste campo". O seu objectivo, nas suas palavras, é "tirar o tapete a Durão Barroso", desvalorizando constantemente o seu modo de fazer oposição. A caricatura de Marcelo, disfarçado de Judas Iscariotes, é também desenhada por Narana Coissoró, o deputado do Partido Popular que, enquanto espectador regular, tem visto o comentador "criticar o Governo sem poupar, em nada, o líder do seu próprio partido. Para já não falar nas raivas contra o PP...". O ex-dirigente do PSD, afirma, parece querer "mostrar-se como um capital intacto, à espera da chamada", que pode soar "logo a seguir às eleições autárquicas" do final deste ano. Depois de, na TSF, dar notas às actuações dos políticos, Marcelo entretém-se agora, segundo Luís Fazenda, deputado do Bloco de Esquerda, a adivinhar o futuro. Pena é que, na sua opinião, a bola de cristal pareça estar avariada por excesso de uso: "A generalidade das previsões são falíveis. Já ninguém lhe leva a mal, mas habitualmente embaraça o presidente do PSD", afirma o bloquista, que confessa ver "irregularmente" os desempenhos televisivos de Marcelo. "Uma estratégia pessoal" É do ex-ministro da Cultura que vêm as críticas mais azedas. Para Manuel Maria Carrilho, Marcelo Rebelo de Sousa é "um viciado, no sentido clínico, da intriga política". Os comentários que expressa na TVI são, em seu entender, "uma maneira de exorcizar os seus fantasmas e fracassos na política, sobretudo na aliança PSD/PP". Talvez por isso, "mais do que fazer oposição, ele esteja obsessivamente a falar para o PSD". Para dizer ao partido que ainda existe e está ao seu dispor. Porque de momento "não encontra, em lado nenhum, um lugar político para ele. Parece uma borboleta estonteada pela luz, sem saber o que fazer", comenta Carrilho, irónico. Só em algumas alas do PSD Marcelo encontra quem o defenda. Manuela Ferreira Leite, deputada social-democrata, garante não perder os comentários do seu ex-líder e quando não está em casa deixa o vídeo a gravar. Mais do que mero comentador ou mero político, considera-o um "comentador político" no verdadeiro sentido da palavra. "Faz análise política, com o seu cunho pessoal, é certo, mas que por isso mesmo mantém o estilo do professor." O apreço pessoal, o poder da palavra e a inteligência de Marcelo Rebelo de Sousa - que classifica de "grande comentador político" - são os ingredientes que levam Paquete de Oliveira, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa, a ver "atentamente" as suas intervenções na estação de José Eduardo Moniz. Quanto ao conteúdo, o sociólogo diz que Marcelo "utiliza o tempo de antena não para fazer propaganda a favor do PSD, mas a favor de uma estratégia pessoal, de um protagonismo que, mais tarde ou mais cedo quer voltar a exercer na política nacional". O papel divulgador de Marcelo Rebelo de Sousa também não escapa às farpas dos deputados. Para João Amaral as intervenções do ex-dirigente "laranja" têm ainda a função de "divulgar os imensos livros que lhe oferecem". O antigo ministro da Cultura é bem mais mordaz ao afirmar que o seu colega académico "fala de livros que diz conhecer bem, mas que quase sempre se vê que não leu". OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Polémica e audiências no primeiro "reality-show" francês

O Big Brother gaulês

Portugal fora do Festival da Eurovisão

Nutícias com sotaque brasileiro

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TVHoje

Cinema em casa

Rádios

OLHO VIVO

Mulher não entra. A Maria sim. Manuel Alegre não.

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