"Só faz falta quem está presente"

17-07-2001
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"Só Faz Falta Quem Está Presente"

Por LUCIANO ALVAREZ

Sábado, 5 de Maio de 2001

Fausto Correia sobre Manuel Alegre

Presidente da comissão organizadora usa muleta do PCP do tempo dos dissidentes para comentar falta do poeta ao congresso socialista

"Só faz falta quem está presente." Foi com esta frase que Fausto Correia, presidente da comissão organizadora do congresso (COC) socialista, comentou ontem a anunciada ausência de Manuel Alegre na reunião magna do PS. Lembrado pelos jornalistas que esta frase foi em tempos usada pelo PCP para justificar a saída de alguns militantes do partido, Fausto Correia, visivelmente irritado, respondeu: "Nunca fui do PC, sempre fui do PS."

Numa conferência de imprensa para apresentação do conclave do PS, os membros da COC comentaram também as críticas que Manuel Maria Carrilho tem vindo a fazer, nomeadamente de que o congresso "poderá ser um circo". "Este congresso não vai ser um circo, mas pior seria se fosse uma feira de vaidades", afirmou Vera Jardim.

Adivinhando que as críticas de Manuel Maria Carrilho e de Manuel Alegre ao congresso iam ser chamadas à conferência de imprensa, Fausto Correia começou logo por salientar a "forma democrática, aberta, plural e transparente" como o congresso foi organizado.

Afinal, era isso que Alegre e Carrilho criticavam. O primeiro tinha anunciado na véspera que não ia estar presente por razões "políticas e efectivas", afirmando que o conclave socialista "está feito", nomeadamente devido ao facto de ser limitativo para o "debate e a livre expressão". Carrilho, já na manhã de ontem, repetia que o congresso "está feito" e, entre muitas outras coisas (ver texto nestas páginas), afirmava que a reunião magna dos socialistas "poderá ser um circo".

O primeiro a levar uma resposta política foi Carrilho. Fausto Correia começou por dizer que não admitia "qualquer desvalorização dos métodos democráticos", afirmou que a resposta da COC seria "o significativo silêncio", mas acabou por condenar os que "procuram meter golos na própria baliza e denegrir a imagem da direcção" socialista.

Vera Jardim, também membro da comissão organizadora do congresso, acabou por acrescentar a COC, "nunca aceitou que este congresso pudesse ser dividido em militantes de primeira e outros de segunda", salientando que o conclave não vai ser um circo, "mas pior seria se fosse uma feira de vaidades".

Já sobre Manuel Alegre, Fausto Correia começou por lamentar que "o respeitado, querido e velho amigo" estivesse ausente, mas logo a seguir salientou que "os militantes são todos iguais em direitos e em deveres" e que "só faz falta quem está presente".

Interrogado sobre o facto de as moções sectoriais serem todas empurradas para discussões fora do plenário do congresso e divididas em cinco painéis distintos, Fausto Correia lembrou que a tradição do PS era remeter esses documentos para a primeira comissão nacional do partido após o congresso: "Pela primeira vez, as moções sectoriais vão assumir a dignidade de serem discutidas em congresso."

Quem também ontem comentou a ausência de Manuel Alegre do congresso foi Edite Estrela, presidente da Câmara de Sintra e da Federação da Área Urbana de Lisboa dos socialistas. Em declarações à TSF, Edite Estrela lamentou esta ausência, mas, na sua opinião, "a democracia é também aceitar as regras que foram aprovadas pela maioria, mesmo que às vezes essas regras possam não vir ao encontro daquilo que nós gostaríamos".

"Manuel Alegre, que é um verdadeiro democrata, verificará que algumas das afirmações dele podem configurar uma atitude um pouco chantagista que não lhe fica bem", acrescentou.

"Só Faz Falta Quem Está Presente"

Por LUCIANO ALVAREZ

Sábado, 5 de Maio de 2001

Fausto Correia sobre Manuel Alegre

Presidente da comissão organizadora usa muleta do PCP do tempo dos dissidentes para comentar falta do poeta ao congresso socialista

"Só faz falta quem está presente." Foi com esta frase que Fausto Correia, presidente da comissão organizadora do congresso (COC) socialista, comentou ontem a anunciada ausência de Manuel Alegre na reunião magna do PS. Lembrado pelos jornalistas que esta frase foi em tempos usada pelo PCP para justificar a saída de alguns militantes do partido, Fausto Correia, visivelmente irritado, respondeu: "Nunca fui do PC, sempre fui do PS."

Numa conferência de imprensa para apresentação do conclave do PS, os membros da COC comentaram também as críticas que Manuel Maria Carrilho tem vindo a fazer, nomeadamente de que o congresso "poderá ser um circo". "Este congresso não vai ser um circo, mas pior seria se fosse uma feira de vaidades", afirmou Vera Jardim.

Adivinhando que as críticas de Manuel Maria Carrilho e de Manuel Alegre ao congresso iam ser chamadas à conferência de imprensa, Fausto Correia começou logo por salientar a "forma democrática, aberta, plural e transparente" como o congresso foi organizado.

Afinal, era isso que Alegre e Carrilho criticavam. O primeiro tinha anunciado na véspera que não ia estar presente por razões "políticas e efectivas", afirmando que o conclave socialista "está feito", nomeadamente devido ao facto de ser limitativo para o "debate e a livre expressão". Carrilho, já na manhã de ontem, repetia que o congresso "está feito" e, entre muitas outras coisas (ver texto nestas páginas), afirmava que a reunião magna dos socialistas "poderá ser um circo".

O primeiro a levar uma resposta política foi Carrilho. Fausto Correia começou por dizer que não admitia "qualquer desvalorização dos métodos democráticos", afirmou que a resposta da COC seria "o significativo silêncio", mas acabou por condenar os que "procuram meter golos na própria baliza e denegrir a imagem da direcção" socialista.

Vera Jardim, também membro da comissão organizadora do congresso, acabou por acrescentar a COC, "nunca aceitou que este congresso pudesse ser dividido em militantes de primeira e outros de segunda", salientando que o conclave não vai ser um circo, "mas pior seria se fosse uma feira de vaidades".

Já sobre Manuel Alegre, Fausto Correia começou por lamentar que "o respeitado, querido e velho amigo" estivesse ausente, mas logo a seguir salientou que "os militantes são todos iguais em direitos e em deveres" e que "só faz falta quem está presente".

Interrogado sobre o facto de as moções sectoriais serem todas empurradas para discussões fora do plenário do congresso e divididas em cinco painéis distintos, Fausto Correia lembrou que a tradição do PS era remeter esses documentos para a primeira comissão nacional do partido após o congresso: "Pela primeira vez, as moções sectoriais vão assumir a dignidade de serem discutidas em congresso."

Quem também ontem comentou a ausência de Manuel Alegre do congresso foi Edite Estrela, presidente da Câmara de Sintra e da Federação da Área Urbana de Lisboa dos socialistas. Em declarações à TSF, Edite Estrela lamentou esta ausência, mas, na sua opinião, "a democracia é também aceitar as regras que foram aprovadas pela maioria, mesmo que às vezes essas regras possam não vir ao encontro daquilo que nós gostaríamos".

"Manuel Alegre, que é um verdadeiro democrata, verificará que algumas das afirmações dele podem configurar uma atitude um pouco chantagista que não lhe fica bem", acrescentou.

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