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12-11-1999
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"Ligações perigosas na Expo-98" Recordando uma história... Alguns dos nomes que aparecem envolvidos na alegada fraude de mais de um milhão de contos na Expo-98 já eram referidos num trabalho editado no PÚBLICO de 28 de Janeiro de 1994 sob o título "Ligações perigosas na Expo-98". Aí se referia a existência de uma teia complexa de interesses entre responsáveis do certame, que actuavam de forma concertada e tendo como pano de fundo a exposição internacional. A reportagem edava conta da entrada na Parque Expo-98, empresa encarregue da montagem da exposição internacional, de um grupo de quadros ligados a uma sociedade privada, a Projectoplano, de que o maior accionista era António Pinto, actual administrador da Parque Expo e que tutela as áreas onde ocorreram os problemas. Com efeito, António Pinto esteve na origem da entrada para a Expo, entre 1993 e 1994, de vários colaboradores seus, nomeadamente de João Martins, o secretário-geral da Expo, e de Armando José Ruano, chefe do departamento de informática. Os dois estão no centro do escândalo que acaba de rebentar. O primeiro apresentou já, por iniciativa própria, o seu pedido de demissão do lugar que exercia, tendo o segundo sido suspenso por indicação da administração da Parque Expo. Para além disso, quer João Martins (tido como homem de confiança de António Pinto), quer Armando Ruano (que é seu cunhado) constam da lista de nomes de quadros superiores da Expo que a Polícia Judiciária (PJ) está a investigar por alegadamente estarem associados ao desvio de uma verba estimada em mais de um milhão de contos (ver textos nestas páginas). No centro da teia de ligações perigosas referidas pelo PÚBLICO surgia o nome de António Pinto. Menos de um ano depois de ter entrado na Parque Expo, em 1993, para exercer as funções de secretário-geral, Pinto era já considerado um dos homens fortes do projecto, tendo rapidamente ascendido a administrador da empresa. Passou então a controlar áreas estratégicas, como o urbanismo e o "marketing" da zona envolvente do recinto onde está montada a exposição. Trata-se da área que tem sido alvo de uma gigantesca operação imobiliária. É nesta fase que entram para a Parque Expo, para ocupar lugares de relevo, nomes associados a Pinto. O administrador começa por ir buscar José Barreiro, com quem trabalhara no Ministério do Planeamento e Administração do Território (MPAT). Barreiro é nomeado responsável pelo Planeamento e Orçamento Global da empresa. Quando sobe à administração, Pinto vai buscar João Martins para o substituir nas funções de secretário-geral. Os três homens estão ligados à Projectoplano, onde pontificam nomes ligados ao Partido Socialista. Quase em simultâneo, Pinto vai buscar o seu cunhado, Armando Ruano (ex-MPAT), para coordenar o sector informático. Pela mão de Pinto entram ainda na Parque Expo o arquitecto Vassalo Rosa, responsável pela versão final do plano urbanístico da exposição, e Machado Rodrigues, o vereador socialista na Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro dos transportes. Machado Rodrigues, ex-colaborador da Projectoplano, é consultor da Expo na área dos transportes. Na altura, António Pinto justificou a entrada deste grupo na Parque Expo não "por mero acaso, mas pela sua competência profissional". E adiantou mesmo: "O convite para integrarem os quadros da Expo-98 nada tem a ver com a Projectoplano. Até porque nunca exerci nenhum cargo de dirigente na empresa." À Projectoplano estão ainda ligados nomes como Menano do Amaral e o ex-governador de Macau, Carlos Melancia, ambos personagens principais do "caso" Emaudio. O PÚBLICO relatava, no referido trabalho, o envolvimento de António Pinto da seguinte forma: "Com ampla experiência na área das obras públicas, vai escolher nomes da sua inteira confiança para os lugares estratégicos, facto que lhe permite o controlo de sectores essenciais ao projecto de viabilização da exposição internacional de Lisboa: urbanismo, imobiliário e obras." Cristina Ferreira (c) Copyright PÚBLICO Comunicação Social, SA Email: publico@publico.pt

"Ligações perigosas na Expo-98" Recordando uma história... Alguns dos nomes que aparecem envolvidos na alegada fraude de mais de um milhão de contos na Expo-98 já eram referidos num trabalho editado no PÚBLICO de 28 de Janeiro de 1994 sob o título "Ligações perigosas na Expo-98". Aí se referia a existência de uma teia complexa de interesses entre responsáveis do certame, que actuavam de forma concertada e tendo como pano de fundo a exposição internacional. A reportagem edava conta da entrada na Parque Expo-98, empresa encarregue da montagem da exposição internacional, de um grupo de quadros ligados a uma sociedade privada, a Projectoplano, de que o maior accionista era António Pinto, actual administrador da Parque Expo e que tutela as áreas onde ocorreram os problemas. Com efeito, António Pinto esteve na origem da entrada para a Expo, entre 1993 e 1994, de vários colaboradores seus, nomeadamente de João Martins, o secretário-geral da Expo, e de Armando José Ruano, chefe do departamento de informática. Os dois estão no centro do escândalo que acaba de rebentar. O primeiro apresentou já, por iniciativa própria, o seu pedido de demissão do lugar que exercia, tendo o segundo sido suspenso por indicação da administração da Parque Expo. Para além disso, quer João Martins (tido como homem de confiança de António Pinto), quer Armando Ruano (que é seu cunhado) constam da lista de nomes de quadros superiores da Expo que a Polícia Judiciária (PJ) está a investigar por alegadamente estarem associados ao desvio de uma verba estimada em mais de um milhão de contos (ver textos nestas páginas). No centro da teia de ligações perigosas referidas pelo PÚBLICO surgia o nome de António Pinto. Menos de um ano depois de ter entrado na Parque Expo, em 1993, para exercer as funções de secretário-geral, Pinto era já considerado um dos homens fortes do projecto, tendo rapidamente ascendido a administrador da empresa. Passou então a controlar áreas estratégicas, como o urbanismo e o "marketing" da zona envolvente do recinto onde está montada a exposição. Trata-se da área que tem sido alvo de uma gigantesca operação imobiliária. É nesta fase que entram para a Parque Expo, para ocupar lugares de relevo, nomes associados a Pinto. O administrador começa por ir buscar José Barreiro, com quem trabalhara no Ministério do Planeamento e Administração do Território (MPAT). Barreiro é nomeado responsável pelo Planeamento e Orçamento Global da empresa. Quando sobe à administração, Pinto vai buscar João Martins para o substituir nas funções de secretário-geral. Os três homens estão ligados à Projectoplano, onde pontificam nomes ligados ao Partido Socialista. Quase em simultâneo, Pinto vai buscar o seu cunhado, Armando Ruano (ex-MPAT), para coordenar o sector informático. Pela mão de Pinto entram ainda na Parque Expo o arquitecto Vassalo Rosa, responsável pela versão final do plano urbanístico da exposição, e Machado Rodrigues, o vereador socialista na Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro dos transportes. Machado Rodrigues, ex-colaborador da Projectoplano, é consultor da Expo na área dos transportes. Na altura, António Pinto justificou a entrada deste grupo na Parque Expo não "por mero acaso, mas pela sua competência profissional". E adiantou mesmo: "O convite para integrarem os quadros da Expo-98 nada tem a ver com a Projectoplano. Até porque nunca exerci nenhum cargo de dirigente na empresa." À Projectoplano estão ainda ligados nomes como Menano do Amaral e o ex-governador de Macau, Carlos Melancia, ambos personagens principais do "caso" Emaudio. O PÚBLICO relatava, no referido trabalho, o envolvimento de António Pinto da seguinte forma: "Com ampla experiência na área das obras públicas, vai escolher nomes da sua inteira confiança para os lugares estratégicos, facto que lhe permite o controlo de sectores essenciais ao projecto de viabilização da exposição internacional de Lisboa: urbanismo, imobiliário e obras." Cristina Ferreira (c) Copyright PÚBLICO Comunicação Social, SA Email: publico@publico.pt

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