Pergunta da deputada Luísa Mesquita

10-10-2000
marcar artigo

(PCP)

Sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez

Pergunta da deputada Luísa Mesquita

4 de Fevereiro de 1998

Senhor Presidente,

Senhores Deputados,

Senhora Deputada:

Afirma a Senhora Deputada que o projecto de lei que subscreve é inovador e deixará estupefactos os seus netos e bisnetos.

Quanto ao estupefacto terá a Senhora Deputada toda a razão.

Ainda hoje netos e bisnetos de Galileu, assim continuam estupefactos, perante a hipocrisia e a humilhação que convicções e morais de alguns impuseram à realidade do mundo.

Quanto ao carácter inovador a Senhora Deputada sabe que é falso.

Mas também aqui há que distinguir entre quem sabe a verdade e a quer escondida e quem involuntariamente percorre os caminhos da ignorância.

Como a Senhora Deputada não pode ter subscrito o seu projecto, nem ter vindo para este debate de olhos fechados e ouvidos moucos, só pode integrar o primeiro pelotão.

A Senhora Deputada sabe que a Assembleia da República está a debater a despenalização do abordo num conjunto limitado de situações; no entanto, anuncia que se discute a liberalização do aborto e compara-o com a pena de morte.

A Senhora Deputada sabe que aprovados os projectos de lei do PCP e da Juventude Socialista nenhuma mulher é obrigada a abortar, pondo em causa convicções de qualquer índole; no entanto, a Senhora Deputada quer transformar as suas convicções em leis do Estado e com elas obrigar todas as mulheres a pensar pela sua cabeça.

A Senhora Deputada sabe que a Assembleia da República está a realizar um debate sério sobre um problema gravíssimo de saúde pública que atinge milhares de mulheres - o aborto clandestino - e que, cumulativamente, se têm vindo a aprovar medidas para combater as causas; no entanto, a Senhora Deputada quer silenciar as consequências, como se não houvesse mulheres mortas, amputadas, condenadas fisicamente e psiquicamente.

Foi assim que reagiu a sociedade medieval à peste negra.

A Senhora Deputada sabe que só o direito a uma maternidade consciente e feliz é capaz de defender e proteger o embrião, o feto e naturalmente a criança; no entanto, a Senhora Deputada propõe exactamente o contrário às mulheres portuguesas - uma maternidade obrigada e penalizada, sabendo que está a condenar o embrião, o feto e naturalmente a criança.

A Senhora Deputada sabe que o projecto do PP tem um único objectivo - a penalização das mulheres em toda e qualquer circunstância.

Às que optarem pela interrupção voluntária da gravidez a Senhora Deputada acusa-as de utilizarem uma "licença para matar".

Às que optarem pelo aborto clandestino, das duas, uma, ou fecha os olhos ou coloca-as na prisão.

Às que optarem pela continuidade da gravidez a Senhora Deputada oferece-se para votar contra as iniciativas legislativas que discriminam positivamente as mulheres na área laboral, ou aquelas outras que protegem a maternidade e defendem o planeamento familiar.

Senhora Deputada:

Ter um filho é exclusivamente para o PP e para a Senhora Deputada um dever?

E o direito, a liberdade de escolha da mulher não lhe merece respeito?

Considera-se a Senhora Deputada legitimada para perseguir e dar ordem de prisão a todas as mulheres portuguesas que não perfilhem as suas convicções?

(PCP)

Sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez

Pergunta da deputada Luísa Mesquita

4 de Fevereiro de 1998

Senhor Presidente,

Senhores Deputados,

Senhora Deputada:

Afirma a Senhora Deputada que o projecto de lei que subscreve é inovador e deixará estupefactos os seus netos e bisnetos.

Quanto ao estupefacto terá a Senhora Deputada toda a razão.

Ainda hoje netos e bisnetos de Galileu, assim continuam estupefactos, perante a hipocrisia e a humilhação que convicções e morais de alguns impuseram à realidade do mundo.

Quanto ao carácter inovador a Senhora Deputada sabe que é falso.

Mas também aqui há que distinguir entre quem sabe a verdade e a quer escondida e quem involuntariamente percorre os caminhos da ignorância.

Como a Senhora Deputada não pode ter subscrito o seu projecto, nem ter vindo para este debate de olhos fechados e ouvidos moucos, só pode integrar o primeiro pelotão.

A Senhora Deputada sabe que a Assembleia da República está a debater a despenalização do abordo num conjunto limitado de situações; no entanto, anuncia que se discute a liberalização do aborto e compara-o com a pena de morte.

A Senhora Deputada sabe que aprovados os projectos de lei do PCP e da Juventude Socialista nenhuma mulher é obrigada a abortar, pondo em causa convicções de qualquer índole; no entanto, a Senhora Deputada quer transformar as suas convicções em leis do Estado e com elas obrigar todas as mulheres a pensar pela sua cabeça.

A Senhora Deputada sabe que a Assembleia da República está a realizar um debate sério sobre um problema gravíssimo de saúde pública que atinge milhares de mulheres - o aborto clandestino - e que, cumulativamente, se têm vindo a aprovar medidas para combater as causas; no entanto, a Senhora Deputada quer silenciar as consequências, como se não houvesse mulheres mortas, amputadas, condenadas fisicamente e psiquicamente.

Foi assim que reagiu a sociedade medieval à peste negra.

A Senhora Deputada sabe que só o direito a uma maternidade consciente e feliz é capaz de defender e proteger o embrião, o feto e naturalmente a criança; no entanto, a Senhora Deputada propõe exactamente o contrário às mulheres portuguesas - uma maternidade obrigada e penalizada, sabendo que está a condenar o embrião, o feto e naturalmente a criança.

A Senhora Deputada sabe que o projecto do PP tem um único objectivo - a penalização das mulheres em toda e qualquer circunstância.

Às que optarem pela interrupção voluntária da gravidez a Senhora Deputada acusa-as de utilizarem uma "licença para matar".

Às que optarem pelo aborto clandestino, das duas, uma, ou fecha os olhos ou coloca-as na prisão.

Às que optarem pela continuidade da gravidez a Senhora Deputada oferece-se para votar contra as iniciativas legislativas que discriminam positivamente as mulheres na área laboral, ou aquelas outras que protegem a maternidade e defendem o planeamento familiar.

Senhora Deputada:

Ter um filho é exclusivamente para o PP e para a Senhora Deputada um dever?

E o direito, a liberdade de escolha da mulher não lhe merece respeito?

Considera-se a Senhora Deputada legitimada para perseguir e dar ordem de prisão a todas as mulheres portuguesas que não perfilhem as suas convicções?

marcar artigo