O renascer de um convento

22-03-2002
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18 de Agosto de 2001 O renascer de um convento Obras de construção de um loteamento revelaram vestígios arqueológicos que pertencerão a antigo convento franciscano

Cristiana Vargas

DN-Natacha Cardoso

HISTÓRIA. Pórtico do Convento de S. Francisco, classificado como peça patrimonial de interesse concelhio. Vestígios agora encontrados trarão novos dados O loteamento da Quinta do Convento, em S. Francisco, no concelho de Alcochete, pôs a descoberto vestígios arqueológicos que se presume pertençam ao antigo convento da Ordem Reformadora de S. Francisco, ali construído no século XVI e que acabaria por ser demolido depois de vendido em hasta pública realizada em 1838. A autarquia já previa estes achados, daí que tivesse acordado com o promotor o acompanhamento dos trabalhos por parte do Instituto Português de Arqueologia e de uma empresa da especialidade. De acordo com o vereador António Luís Rodrigues, "os trabalhos vão incidir sobre o estudo do material encontrado, bem como na pesquisa da dimensão e enquadramento do antigo convento", permitindo aprofundar o conhecimento sobre a história daquele imóvel. Os vestígios serão retirados e catalogados e, se assim se justificar, serão expostos no museu municipal ou num eventual núcleo a instalar na freguesia de S. Francisco. Do convento resta apenas o pórtico, classificado como património de interesse concelhio e, para já, ficaram a descoberto uma antiga cisterna, da qual já existia registo, uma grande pedra de cantaria cuja proveniência se desconhece e diversos fragmentos de azulejo. Foram também encontradas ossadas, que poderão indiciar a presença de sepulturas. O autarca de Alcochete garantiu que a zona onde se encontram os arcos do pórtico está isenta de construção no âmbito do loteamento, devendo ser enquadrada numa zona verde, destino igual ao que terá a cisterna e outros vestígios que venham a ser encontrados e não possam ser removidos. O livro Vila de Alcochete e Seu Concelho, de Luís Santos Nunes, revela que o convento começou a ser erigido em 1572, junto a uma igreja dedicada a Nossa Senhora de Sebonha. Foi fundado por Frei Gaspar de Cuba e tomou a evocação de Nossa Senhora do Socorro, tendo recebido dez frades franciscanos recoletos, assim denominados pelo alto grau de reclusão a que obedeciam. Nos registos da época são atribuídos vários milagres a Nossa Senhora do Socorro, o que originou grande devoção no local, mas não impediu as dificuldades de subsistência pelas quais os frades passaram mais tarde, tendo abandonado o imóvel em 1834. O convento acabaria por ser vendido em hasta pública e adquirido por um alcochetano de alcunha "Chapéu de Ferro", que morreu devido ao desabamento de uma pedra enquanto dirigia os trabalhos de demolição.

18 de Agosto de 2001 O renascer de um convento Obras de construção de um loteamento revelaram vestígios arqueológicos que pertencerão a antigo convento franciscano

Cristiana Vargas

DN-Natacha Cardoso

HISTÓRIA. Pórtico do Convento de S. Francisco, classificado como peça patrimonial de interesse concelhio. Vestígios agora encontrados trarão novos dados O loteamento da Quinta do Convento, em S. Francisco, no concelho de Alcochete, pôs a descoberto vestígios arqueológicos que se presume pertençam ao antigo convento da Ordem Reformadora de S. Francisco, ali construído no século XVI e que acabaria por ser demolido depois de vendido em hasta pública realizada em 1838. A autarquia já previa estes achados, daí que tivesse acordado com o promotor o acompanhamento dos trabalhos por parte do Instituto Português de Arqueologia e de uma empresa da especialidade. De acordo com o vereador António Luís Rodrigues, "os trabalhos vão incidir sobre o estudo do material encontrado, bem como na pesquisa da dimensão e enquadramento do antigo convento", permitindo aprofundar o conhecimento sobre a história daquele imóvel. Os vestígios serão retirados e catalogados e, se assim se justificar, serão expostos no museu municipal ou num eventual núcleo a instalar na freguesia de S. Francisco. Do convento resta apenas o pórtico, classificado como património de interesse concelhio e, para já, ficaram a descoberto uma antiga cisterna, da qual já existia registo, uma grande pedra de cantaria cuja proveniência se desconhece e diversos fragmentos de azulejo. Foram também encontradas ossadas, que poderão indiciar a presença de sepulturas. O autarca de Alcochete garantiu que a zona onde se encontram os arcos do pórtico está isenta de construção no âmbito do loteamento, devendo ser enquadrada numa zona verde, destino igual ao que terá a cisterna e outros vestígios que venham a ser encontrados e não possam ser removidos. O livro Vila de Alcochete e Seu Concelho, de Luís Santos Nunes, revela que o convento começou a ser erigido em 1572, junto a uma igreja dedicada a Nossa Senhora de Sebonha. Foi fundado por Frei Gaspar de Cuba e tomou a evocação de Nossa Senhora do Socorro, tendo recebido dez frades franciscanos recoletos, assim denominados pelo alto grau de reclusão a que obedeciam. Nos registos da época são atribuídos vários milagres a Nossa Senhora do Socorro, o que originou grande devoção no local, mas não impediu as dificuldades de subsistência pelas quais os frades passaram mais tarde, tendo abandonado o imóvel em 1834. O convento acabaria por ser vendido em hasta pública e adquirido por um alcochetano de alcunha "Chapéu de Ferro", que morreu devido ao desabamento de uma pedra enquanto dirigia os trabalhos de demolição.

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