Cibernautas portugueses procuram respostas na Internet

04-10-2001
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Portais noticiosos portugueses congestionados pela procura

Cibernautas Portugueses Procuram Respostas na Internet

Segunda-feira, 17 de Setembro de 2001

A informação recebida pela televisão e rádio foi complementada na Internet durante as horas que se seguiram aos ataques terroristas de terça-feira passada nos EUA. Os principais portais de informação norte-americanos acabaram por não conseguir responder a todos os pedidos e os cibernautas portugueses viraram-se para os canais nacionais em busca de actualizações, com novos dados a chegar a toda a hora.

A rede nacional da Internet não sofreu com esta procura e o tráfego não aumentou de forma significativa - explicam alguns ISP - mas os portais tiveram de assegurar largura de banda suficiente para satisfazer os milhões de pedidos que lhes chegavam. Nas primeiras horas, alguns dos órgãos de informação "on-line" acabaram por optar por páginas simplificadas, apenas com texto, favorecendo as notícias e abdicando de publicidade, imagens e outras infografias.

O Sapo foi o primeiro portal a reagir com uma página de texto, onde as notícias eram apresentadas. A procura de informação depois das 14h00 de Portugal provocou uma "sobrecarga de uma magnitude nunca vista, o que afectou perto de 70 por cento dos serviços", refere Celso Martinho, director técnico. Durante o dia 11, os pedidos de acesso à "homepage" foram cerca de 7 vezes acima do normal, adianta Ana Gomes, editora do portal Sapo.

Meia hora após a informação do atentado, já estava a ser preparado um novo canal. "Apercebemo-nos de que aquilo que os utilizadores iriam querer, nas horas ou dias seguintes, seria informação rápida e actualizada ao minuto sobre os acontecimentos", explica Ana Gomes. Uma página simples, de acesso imediato, "a 'performance' face a outros 'sites' e o 'feedback' dos utilizadores vieram comprovar que tomámos a opção certa ao 'fechar' o resto do portal para garantir a qualidade máxima neste serviço". Uma janela pop-up para o canal de notícias do atentado criado com a TSF mantém-se "enquanto o ritmo de acontecimentos o justificar".

O volume de acessos obrigou também o Clix a criar uma janela anterior à "homepage" tradicional e mais fácil de aceder, onde eram destacados os acontecimentos. Apesar de estática, incluía ligações para vídeos, outros sites de informação e simulações gráficas das colisões dos aviões com as duas torres. Foi ainda criado um serviço gratuito por SMS com notícias, ao qual aderiram 11 mil utilizadores.

Miguel Figueiredo, director do departamento de comunicação do portal e ISP Clix, afirma que obteve um número significativo de acessos no dia 11 mas não entra em pormenores estatísticos. Apenas diz que "o número de utilizadores que visitaram o Clix nessa ocasião correspondeu a quase 20 por cento da média mensal de visitantes".

No IOL, o portal da Media Capital, os atentados fizeram com que se verificasse um novo recorde de tráfego, explica Fernando Soares, director técnico da Media Capital Multimédia. O servidor que aloja o IOL regista por norma um consumo de 25 a 30 Mbps de largura de banda, mas, no dia 11, foram consumidos 39,8 Mbps - a qual garantiu a manutenção do serviço sem congestionamento de tráfego, evitando a criação de uma página mais simples. Fernando Soares considera que esta opção dificulta a actualização dos sítios por tornar o acesso difícil aos jornalistas.

As páginas na Internet dos canais televisivos foram também fonte de informação "on-line" para os cibernautas. Paulo Bastos, da TVIOnline, afirma que foram visualizados 360 mil "banners" no dia dos atentados, tendo a primeira notícia colocada "on-line" registado 2 mil comentários.

No concorrente SIC.online, Lourenço Medeiros, editor executivo do sítio, referiu: "A meio da tarde, estávamos com picos de acessos de tal ordem que tivemos que colocar uma página estática com 'links' para quatro artigos dedicados ao tema, bem como para outras páginas dinâmicas do sítio". Em simultâneo, "estiveram no SIC.online um máximo de 50 mil utilizadores" na terça-feira. A edição digital da estação obteve um total de um milhão de visualizações durante esse dia e, na quarta-feira, o número de acessos diminuiu ligeiramente.

Embora a informação sobre o número de acessos ainda não tenha sido compilada, José Vitor Malheiros, director do PÚBLICO Online apoia-se na sua experiência para afirmar que a procura de informação no sítio foi intensa. O canal suprimiu algumas secções da informação de última hora e criou um "dossier" especial, onde foram colocadas as notícias, fotografias, infografias, animações e vídeos que iam sendo obtidos pela redacção.

O pico de procuras nos portais noticiosos não se reflectiu significativamente no tráfego, onde o volume registado não foi muito superior ao habitual, refere Luís Rodrigues, director de engenharia da Telepac. Este responsável adianta que os cibernautas acabavam por não receber resposta dos "sites" noticiosos e, por isso, as ligações não foram sobrecarregadas. Assim, a ligação internacional manteve-se sempre a funcionar, refere Luís Rodrigues.

A Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade (RCTS), que liga as instituições do sistema de ensino em Portugal, também não teve qualquer quebra - garante Pedro Veiga, presidente da FCCN. As ligações internacionais da rede passam pela Florida, pelo que não foram afectadas em termos de estrutura, e a actividade universitária ainda não está no seu apogeu, o que justifica que o ataque terrorista não tenha deixado marcas na RCTS. Mas algumas redes europeias não tiveram a mesma sorte, já que várias ligações internacionais tinham circuitos a passar por Nova Iorque, precisamente pelo World Trade Center, pelo que tiveram que procurar alternativas.

%Fátima Caçador e Miguel Caetano / Casa dos Bits

Portais noticiosos portugueses congestionados pela procura

Cibernautas Portugueses Procuram Respostas na Internet

Segunda-feira, 17 de Setembro de 2001

A informação recebida pela televisão e rádio foi complementada na Internet durante as horas que se seguiram aos ataques terroristas de terça-feira passada nos EUA. Os principais portais de informação norte-americanos acabaram por não conseguir responder a todos os pedidos e os cibernautas portugueses viraram-se para os canais nacionais em busca de actualizações, com novos dados a chegar a toda a hora.

A rede nacional da Internet não sofreu com esta procura e o tráfego não aumentou de forma significativa - explicam alguns ISP - mas os portais tiveram de assegurar largura de banda suficiente para satisfazer os milhões de pedidos que lhes chegavam. Nas primeiras horas, alguns dos órgãos de informação "on-line" acabaram por optar por páginas simplificadas, apenas com texto, favorecendo as notícias e abdicando de publicidade, imagens e outras infografias.

O Sapo foi o primeiro portal a reagir com uma página de texto, onde as notícias eram apresentadas. A procura de informação depois das 14h00 de Portugal provocou uma "sobrecarga de uma magnitude nunca vista, o que afectou perto de 70 por cento dos serviços", refere Celso Martinho, director técnico. Durante o dia 11, os pedidos de acesso à "homepage" foram cerca de 7 vezes acima do normal, adianta Ana Gomes, editora do portal Sapo.

Meia hora após a informação do atentado, já estava a ser preparado um novo canal. "Apercebemo-nos de que aquilo que os utilizadores iriam querer, nas horas ou dias seguintes, seria informação rápida e actualizada ao minuto sobre os acontecimentos", explica Ana Gomes. Uma página simples, de acesso imediato, "a 'performance' face a outros 'sites' e o 'feedback' dos utilizadores vieram comprovar que tomámos a opção certa ao 'fechar' o resto do portal para garantir a qualidade máxima neste serviço". Uma janela pop-up para o canal de notícias do atentado criado com a TSF mantém-se "enquanto o ritmo de acontecimentos o justificar".

O volume de acessos obrigou também o Clix a criar uma janela anterior à "homepage" tradicional e mais fácil de aceder, onde eram destacados os acontecimentos. Apesar de estática, incluía ligações para vídeos, outros sites de informação e simulações gráficas das colisões dos aviões com as duas torres. Foi ainda criado um serviço gratuito por SMS com notícias, ao qual aderiram 11 mil utilizadores.

Miguel Figueiredo, director do departamento de comunicação do portal e ISP Clix, afirma que obteve um número significativo de acessos no dia 11 mas não entra em pormenores estatísticos. Apenas diz que "o número de utilizadores que visitaram o Clix nessa ocasião correspondeu a quase 20 por cento da média mensal de visitantes".

No IOL, o portal da Media Capital, os atentados fizeram com que se verificasse um novo recorde de tráfego, explica Fernando Soares, director técnico da Media Capital Multimédia. O servidor que aloja o IOL regista por norma um consumo de 25 a 30 Mbps de largura de banda, mas, no dia 11, foram consumidos 39,8 Mbps - a qual garantiu a manutenção do serviço sem congestionamento de tráfego, evitando a criação de uma página mais simples. Fernando Soares considera que esta opção dificulta a actualização dos sítios por tornar o acesso difícil aos jornalistas.

As páginas na Internet dos canais televisivos foram também fonte de informação "on-line" para os cibernautas. Paulo Bastos, da TVIOnline, afirma que foram visualizados 360 mil "banners" no dia dos atentados, tendo a primeira notícia colocada "on-line" registado 2 mil comentários.

No concorrente SIC.online, Lourenço Medeiros, editor executivo do sítio, referiu: "A meio da tarde, estávamos com picos de acessos de tal ordem que tivemos que colocar uma página estática com 'links' para quatro artigos dedicados ao tema, bem como para outras páginas dinâmicas do sítio". Em simultâneo, "estiveram no SIC.online um máximo de 50 mil utilizadores" na terça-feira. A edição digital da estação obteve um total de um milhão de visualizações durante esse dia e, na quarta-feira, o número de acessos diminuiu ligeiramente.

Embora a informação sobre o número de acessos ainda não tenha sido compilada, José Vitor Malheiros, director do PÚBLICO Online apoia-se na sua experiência para afirmar que a procura de informação no sítio foi intensa. O canal suprimiu algumas secções da informação de última hora e criou um "dossier" especial, onde foram colocadas as notícias, fotografias, infografias, animações e vídeos que iam sendo obtidos pela redacção.

O pico de procuras nos portais noticiosos não se reflectiu significativamente no tráfego, onde o volume registado não foi muito superior ao habitual, refere Luís Rodrigues, director de engenharia da Telepac. Este responsável adianta que os cibernautas acabavam por não receber resposta dos "sites" noticiosos e, por isso, as ligações não foram sobrecarregadas. Assim, a ligação internacional manteve-se sempre a funcionar, refere Luís Rodrigues.

A Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade (RCTS), que liga as instituições do sistema de ensino em Portugal, também não teve qualquer quebra - garante Pedro Veiga, presidente da FCCN. As ligações internacionais da rede passam pela Florida, pelo que não foram afectadas em termos de estrutura, e a actividade universitária ainda não está no seu apogeu, o que justifica que o ataque terrorista não tenha deixado marcas na RCTS. Mas algumas redes europeias não tiveram a mesma sorte, já que várias ligações internacionais tinham circuitos a passar por Nova Iorque, precisamente pelo World Trade Center, pelo que tiveram que procurar alternativas.

%Fátima Caçador e Miguel Caetano / Casa dos Bits

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