Pressões demissionárias sobre responsável pelas pontes

09-03-2001
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Pressões Demissionárias Sobre Responsável Pelas Pontes

Por ISABEL BRAGA

Terça-feira, 6 de Março de 2001

Ausência do presidente do Instituto das Estradas de Portugal censurada por Jorge Coelho

O gabinete do ministro Jorge Coelho estranhou a total ausência de reacção à tragédia de Entre-os-Rios por parte do actual responsável pelo organismo que substituiu a Junta Autónoma de Estradas (JAE) na conservação e construção de estradas e pontes, o Instituto das Estradas de Portugal (IEP). O presidente do IEP, António Martins, que também preside ao Instituto para a Conservação e Exploração da Rede Rodoviária e ao Instituto de Construção Rodoviária, nem sequer compareceu no local.

"As pessoas não assumem as suas responsabilidades, há a responsabilidade política e há a outra. Seria natural, pela lógica, que o responsável pelas pontes [o presidente do Instituto de Estradas de Portugal] aparecesse, mas deixou-se ficar na toca. Não foi ao local nem apareceu em parte nenhuma", lamentou uma pessoa próxima do ex-ministro do Equipamento Social.

As relações entre Jorge Coelho e António Martins, antigo presidente do Gabinete da Área de Sines, foram sempre difíceis: convidado para o cargo por Guterres, António Martins prefere, em geral, despachar directamente com o primeiro-ministro a prestar contas à sua tutela, o ministro do Equipamento Social, que até ontem era Jorge Coelho. Na semana passada, as relações entre ambos tinham chegado a um ponto de tal modo crítico que chegou a falar-se na demissão de António Martins. Com o secretário de Estado das Obras Públicas, Luís Parreirão, o conflito também era constante, soube o PÚBLICO.

O PÚBLICO tentou, em vão, obter um comentário do presidente do IEP às censuras do gabinete de Jorge Coelho, saber de que forma iria assumir as suas responsabilidades e, concretamente, se tencionava demitir-se. O desastre da ponte de Entre-os-Rios coloca o Governo numa situação delicada, uma vez que os autarcas da zona alertaram repetidamente o Governo para o mau estado daquela infra-estrutura, tendo o secretário de Estado das Obras Públicas, Luís Parreirão, informado, em meados de Janeiro, o presidente da Câmara de Castelo de Paiva, que uma nova ponte iria esperar "mais alguns anos".

Contactado pelo PÚBLICO, o IEP pediu que as perguntas lhe fossem enviadas por escrito, o que foi feito no início da tarde de ontem, mas sem êxito: o engenheiro António Martins manteve-se silencioso. "O sr. presidente está em reunião", era a resposta invariável do gabinete de comunicação social do IEP aos telefonemas do PÚBLICO. Finalmente, surgiu um longo comunicado do instituto, 18 páginas de especificações técnicas sobre o projecto de uma nova ponte em Entre-os-Rios e nem uma linha a justificar a atitude de ausência do seu presidente, a explicar se se sente responsabilizado pelo acidente ou se tenciona apresentar ou não a demissão do cargo.

Pressões Demissionárias Sobre Responsável Pelas Pontes

Por ISABEL BRAGA

Terça-feira, 6 de Março de 2001

Ausência do presidente do Instituto das Estradas de Portugal censurada por Jorge Coelho

O gabinete do ministro Jorge Coelho estranhou a total ausência de reacção à tragédia de Entre-os-Rios por parte do actual responsável pelo organismo que substituiu a Junta Autónoma de Estradas (JAE) na conservação e construção de estradas e pontes, o Instituto das Estradas de Portugal (IEP). O presidente do IEP, António Martins, que também preside ao Instituto para a Conservação e Exploração da Rede Rodoviária e ao Instituto de Construção Rodoviária, nem sequer compareceu no local.

"As pessoas não assumem as suas responsabilidades, há a responsabilidade política e há a outra. Seria natural, pela lógica, que o responsável pelas pontes [o presidente do Instituto de Estradas de Portugal] aparecesse, mas deixou-se ficar na toca. Não foi ao local nem apareceu em parte nenhuma", lamentou uma pessoa próxima do ex-ministro do Equipamento Social.

As relações entre Jorge Coelho e António Martins, antigo presidente do Gabinete da Área de Sines, foram sempre difíceis: convidado para o cargo por Guterres, António Martins prefere, em geral, despachar directamente com o primeiro-ministro a prestar contas à sua tutela, o ministro do Equipamento Social, que até ontem era Jorge Coelho. Na semana passada, as relações entre ambos tinham chegado a um ponto de tal modo crítico que chegou a falar-se na demissão de António Martins. Com o secretário de Estado das Obras Públicas, Luís Parreirão, o conflito também era constante, soube o PÚBLICO.

O PÚBLICO tentou, em vão, obter um comentário do presidente do IEP às censuras do gabinete de Jorge Coelho, saber de que forma iria assumir as suas responsabilidades e, concretamente, se tencionava demitir-se. O desastre da ponte de Entre-os-Rios coloca o Governo numa situação delicada, uma vez que os autarcas da zona alertaram repetidamente o Governo para o mau estado daquela infra-estrutura, tendo o secretário de Estado das Obras Públicas, Luís Parreirão, informado, em meados de Janeiro, o presidente da Câmara de Castelo de Paiva, que uma nova ponte iria esperar "mais alguns anos".

Contactado pelo PÚBLICO, o IEP pediu que as perguntas lhe fossem enviadas por escrito, o que foi feito no início da tarde de ontem, mas sem êxito: o engenheiro António Martins manteve-se silencioso. "O sr. presidente está em reunião", era a resposta invariável do gabinete de comunicação social do IEP aos telefonemas do PÚBLICO. Finalmente, surgiu um longo comunicado do instituto, 18 páginas de especificações técnicas sobre o projecto de uma nova ponte em Entre-os-Rios e nem uma linha a justificar a atitude de ausência do seu presidente, a explicar se se sente responsabilizado pelo acidente ou se tenciona apresentar ou não a demissão do cargo.

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