Jamila Madeira ganha apoios para liderar JS

16-05-2000
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Com o secretário nacional do partido António Galamba como primeiro subscritor da sua candidatura e outros sete deputados da JS a seguirem-lhe o exemplo, a filha de Luís Filipe Madeira arranca para a campanha com clara «vantagem institucional» sobre Ana Catarina Mendes, inicialmente tida como a candidata preferida na sede nacional do Largo do Rato, e Rui Pedro Soares, o único candidato sem assento parlamentar e, dos três, o menos conotado com as estruturas dirigentes nacionais.

A candidata algarvia assegurou esta semana o apoio de oito dos seus 12 colegas de bancada na Assembleia da República, que, embora negando uma ruptura total com a direcção cessante, já se apresentam como «o novo ciclo» da JS.

Sousa Pinto demarca-se das três candidaturas

Neste contexto de mudança, Sérgio Sousa Pinto afasta-se por completo do processo que decidirá o seu (ou sua) sucessor(a).

Há três semanas, em Bruxelas, onde desde Junho assume o cargo de eurodeputado, despediu-se da direcção da estrutura a que ainda preside sem manifestar apoio a nenhum dos três candidatos. Mas, em declarações ao EXPRESSO, o líder cessante dos jovens socialistas não escondeu mesmo o descontentamento com a evolução dos acontecimentos. Sousa Pinto lamenta «não ter surgido uma candidatura única do Secretariado Nacional que garantisse as condições ideais para que a JS continuasse fiel aos seus princípios, afirmando-se como a consciência crítica na esquerda do PS». E a simples existência destas três candidaturas, diz, pode pôr em causa «a perda de autonomia e de identidade conquistadas no interior do PS e na sociedade portuguesa nos últimos seis anos» (o período da sua liderança).

Uma «leitura» comungada por Luís Miguel Teixeira - um dos dois deputados da JS que confirmaram ao EXPRESSO a intenção de manter a «neutralidade» até ao final do conclave de Maio -, que considera que «os três candidatos se precipitaram e não respeitaram o secretário-geral».

Feitas as contas, e juntando estes dois deputados «neutros» aos oito que já declararam apoio a Jamila - sendo que, destes, apenas um não terá direito de voto no conclave da JS, por nele ter assento apenas por inerência -, resta a Ana Catarina Mendes ter a seu lado somente a jovem deputada Mafalda Troncho. E fora das paredes da Assembleia, Ana Catarina começa também a enfrentar alguns obstáculos: o seu sucessor na presidência da distrital de Setúbal, Sérgio Calhau, fez questão de se incluir nos apoiantes de Jamila Madeira.

Quanto a Rui Pedro Soares, o único candidato que não é deputado, está excluído desta contabilidade.

Campanha arranca com propostas gerais

Fazendo bandeira de ser, dos três candidatos, o menos comprometido com o «aparelho», Rui Pedro tem prosseguido o périplo pelas distritais do país com um discurso recheado de críticas ao Governo. O mesmo com que, aliás, se apresentou no primeiro debate travado entre os candidatos, há duas semanas, no núcleo de São Domingos de Benfica, em Lisboa. Disferindo acusações à política de habitação e do emprego, Rui Pedro sustenta que a sua candidatura surge num momento em que é necessário «combater a perda de entusiasmo nos sectores mais dinâmicos da sociedade relativamente ao PS por ser o partido do poder».

Por sua vez, Ana Catarina Mendes não tem poupado elogios às anteriores direcções da JS, nem ao PS, com o qual assume ser essencial «manter um trabalho de cooperação». As linhas estratégicas que levará ao Congresso baseiam-se, a nível interno, numa aposta nas novas tecnologias dentro da estrutura para promover o contacto entre o centro e as bases, e a nível externo, como a própria afirma, «num verdadeiro ordenamento do território onde os jovens autarcas tenham uma intervenção muito activa».

Quanto a Jamila Madeira, a deputada algarvia está voltada para a alteração do funcionamento interno da JS, que, no seu entender, deve rever o seu papel na sociedade. O grande objectivo de Jamila é «potenciar os 42 mil militantes da JS para criar uma rede de ligações que não quer ser uma rede de poder». E, para provar que o seu projecto não é mera teoria, Jamila lança hoje uma página na Internet onde, entre as 15 e as 18 horas, se dispõe responder a todas as questões dos militantes. A intenção de Jamila é «colocar a par do (seu) projecto todos aqueles que não o conhecem». Tudo porque, como a própria afirma, «até ao lavar dos cestos, é vindima!».

SANDRA FELGUEIRAS

Com o secretário nacional do partido António Galamba como primeiro subscritor da sua candidatura e outros sete deputados da JS a seguirem-lhe o exemplo, a filha de Luís Filipe Madeira arranca para a campanha com clara «vantagem institucional» sobre Ana Catarina Mendes, inicialmente tida como a candidata preferida na sede nacional do Largo do Rato, e Rui Pedro Soares, o único candidato sem assento parlamentar e, dos três, o menos conotado com as estruturas dirigentes nacionais.

A candidata algarvia assegurou esta semana o apoio de oito dos seus 12 colegas de bancada na Assembleia da República, que, embora negando uma ruptura total com a direcção cessante, já se apresentam como «o novo ciclo» da JS.

Sousa Pinto demarca-se das três candidaturas

Neste contexto de mudança, Sérgio Sousa Pinto afasta-se por completo do processo que decidirá o seu (ou sua) sucessor(a).

Há três semanas, em Bruxelas, onde desde Junho assume o cargo de eurodeputado, despediu-se da direcção da estrutura a que ainda preside sem manifestar apoio a nenhum dos três candidatos. Mas, em declarações ao EXPRESSO, o líder cessante dos jovens socialistas não escondeu mesmo o descontentamento com a evolução dos acontecimentos. Sousa Pinto lamenta «não ter surgido uma candidatura única do Secretariado Nacional que garantisse as condições ideais para que a JS continuasse fiel aos seus princípios, afirmando-se como a consciência crítica na esquerda do PS». E a simples existência destas três candidaturas, diz, pode pôr em causa «a perda de autonomia e de identidade conquistadas no interior do PS e na sociedade portuguesa nos últimos seis anos» (o período da sua liderança).

Uma «leitura» comungada por Luís Miguel Teixeira - um dos dois deputados da JS que confirmaram ao EXPRESSO a intenção de manter a «neutralidade» até ao final do conclave de Maio -, que considera que «os três candidatos se precipitaram e não respeitaram o secretário-geral».

Feitas as contas, e juntando estes dois deputados «neutros» aos oito que já declararam apoio a Jamila - sendo que, destes, apenas um não terá direito de voto no conclave da JS, por nele ter assento apenas por inerência -, resta a Ana Catarina Mendes ter a seu lado somente a jovem deputada Mafalda Troncho. E fora das paredes da Assembleia, Ana Catarina começa também a enfrentar alguns obstáculos: o seu sucessor na presidência da distrital de Setúbal, Sérgio Calhau, fez questão de se incluir nos apoiantes de Jamila Madeira.

Quanto a Rui Pedro Soares, o único candidato que não é deputado, está excluído desta contabilidade.

Campanha arranca com propostas gerais

Fazendo bandeira de ser, dos três candidatos, o menos comprometido com o «aparelho», Rui Pedro tem prosseguido o périplo pelas distritais do país com um discurso recheado de críticas ao Governo. O mesmo com que, aliás, se apresentou no primeiro debate travado entre os candidatos, há duas semanas, no núcleo de São Domingos de Benfica, em Lisboa. Disferindo acusações à política de habitação e do emprego, Rui Pedro sustenta que a sua candidatura surge num momento em que é necessário «combater a perda de entusiasmo nos sectores mais dinâmicos da sociedade relativamente ao PS por ser o partido do poder».

Por sua vez, Ana Catarina Mendes não tem poupado elogios às anteriores direcções da JS, nem ao PS, com o qual assume ser essencial «manter um trabalho de cooperação». As linhas estratégicas que levará ao Congresso baseiam-se, a nível interno, numa aposta nas novas tecnologias dentro da estrutura para promover o contacto entre o centro e as bases, e a nível externo, como a própria afirma, «num verdadeiro ordenamento do território onde os jovens autarcas tenham uma intervenção muito activa».

Quanto a Jamila Madeira, a deputada algarvia está voltada para a alteração do funcionamento interno da JS, que, no seu entender, deve rever o seu papel na sociedade. O grande objectivo de Jamila é «potenciar os 42 mil militantes da JS para criar uma rede de ligações que não quer ser uma rede de poder». E, para provar que o seu projecto não é mera teoria, Jamila lança hoje uma página na Internet onde, entre as 15 e as 18 horas, se dispõe responder a todas as questões dos militantes. A intenção de Jamila é «colocar a par do (seu) projecto todos aqueles que não o conhecem». Tudo porque, como a própria afirma, «até ao lavar dos cestos, é vindima!».

SANDRA FELGUEIRAS

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