«Avante!» Nº 1431

12-03-2002
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Imitação

ACTUAL • Vítor Dias

Imagine-se que também nos tínhamos rendido a esse «must» do jornalismo político que são as colunas de «sobe e desce».

Nesse caso, e sem ninguém a subir, poderia sair algo como segue.

PAULO PORTAS – Uma indignidade a sua mistura de assassinados pelas «FP», siglas e datas para criar o efeito de «vítimas do 25 de Abril». Quem, como o PCP, foi dos principais alvos do terrorismo de extrema-direita e moveu um firme combate político às «FP», tem autoridade para dizer a Paulo Portas que se deixe do «argumento» de que andava de bibe ou no liceu e veja lá se, na sede do Caldas, não encontra uma fotografia de um tal José Esteves ao volante de um carro com Freitas do Amaral ao lado. Ou uns papéis sobre essa associação de beneficência que se deu pelo nome de CODECO (Comandos Operacionais de Defesa da Civilização Ocidental).

OTELO - O 25 de Abril fez 27 anos, mas pelo menos desde há 26 que Otelo mente sobre o PCP. Este obreiro da nossa liberdade que, enquanto tal, sempre respeitámos, voltou agora, enquanto mentiroso compulsivo, a repetir bafientas calúnias contra o PCP, acusando-o de estar na origem da sua prisão, supostamente por medo que lhe roubasse votos nas «legislativas de 84» (que, por sinal, nunca existiram). Pelo meio, esqueceu-se que, entre as presidenciais de 1976 e a sua prisão, já tinha havido as presidenciais de 1980 em que tinha tido o espectacular resultado de 1,48%.

JORGE SAMPAIO - Escolha pouco feliz a de relançar a temática do financiamento dos partidos, designadamente com a defesa de mais elevados limites máximos de despesas eleitorais. Assim tirando o tapete às soluções de contenção do despesismo que justamente tinham sido adoptadas há apenas dez meses. E isto sem falar da duvidosa contribuição para a credibilização dos partidos e da vida política que viria da sua sugestão de transformar os tempos de antena televisivos em «spots» inseridos nos «espaços comerciais» (entre o Ariel e a Superbock, ou entre a TMN e o BCP?).

LUÍS FAZENDA - Segundo o «JN» de 21/4, terá afirmado, na abertura do Congresso do PSR, que o PCP representa uma esquerda «velha, caquética, acabada». E terá qualificado a «a nossa agenda» (a do Bloco) como «a única da esquerda». Se é verdade que Fazenda disse tais coisas, então todo o comentário crítico é supérfluo. Porque salta à vista que a primeira afirmação se insere na «política séria de aproximação das esquerdas» que o Bloco proclama defender (cf. Moção de orientação à II Convenção Nacional). E que a segunda afirmação comprova que é o PCP que tem a mania de apresentar «a CDU como monopólio do espaço de representação à esquerda do PS» (cf. a mesma Moção).

«Avante!» Nº 1431 - 3.Maio.2001

Imitação

ACTUAL • Vítor Dias

Imagine-se que também nos tínhamos rendido a esse «must» do jornalismo político que são as colunas de «sobe e desce».

Nesse caso, e sem ninguém a subir, poderia sair algo como segue.

PAULO PORTAS – Uma indignidade a sua mistura de assassinados pelas «FP», siglas e datas para criar o efeito de «vítimas do 25 de Abril». Quem, como o PCP, foi dos principais alvos do terrorismo de extrema-direita e moveu um firme combate político às «FP», tem autoridade para dizer a Paulo Portas que se deixe do «argumento» de que andava de bibe ou no liceu e veja lá se, na sede do Caldas, não encontra uma fotografia de um tal José Esteves ao volante de um carro com Freitas do Amaral ao lado. Ou uns papéis sobre essa associação de beneficência que se deu pelo nome de CODECO (Comandos Operacionais de Defesa da Civilização Ocidental).

OTELO - O 25 de Abril fez 27 anos, mas pelo menos desde há 26 que Otelo mente sobre o PCP. Este obreiro da nossa liberdade que, enquanto tal, sempre respeitámos, voltou agora, enquanto mentiroso compulsivo, a repetir bafientas calúnias contra o PCP, acusando-o de estar na origem da sua prisão, supostamente por medo que lhe roubasse votos nas «legislativas de 84» (que, por sinal, nunca existiram). Pelo meio, esqueceu-se que, entre as presidenciais de 1976 e a sua prisão, já tinha havido as presidenciais de 1980 em que tinha tido o espectacular resultado de 1,48%.

JORGE SAMPAIO - Escolha pouco feliz a de relançar a temática do financiamento dos partidos, designadamente com a defesa de mais elevados limites máximos de despesas eleitorais. Assim tirando o tapete às soluções de contenção do despesismo que justamente tinham sido adoptadas há apenas dez meses. E isto sem falar da duvidosa contribuição para a credibilização dos partidos e da vida política que viria da sua sugestão de transformar os tempos de antena televisivos em «spots» inseridos nos «espaços comerciais» (entre o Ariel e a Superbock, ou entre a TMN e o BCP?).

LUÍS FAZENDA - Segundo o «JN» de 21/4, terá afirmado, na abertura do Congresso do PSR, que o PCP representa uma esquerda «velha, caquética, acabada». E terá qualificado a «a nossa agenda» (a do Bloco) como «a única da esquerda». Se é verdade que Fazenda disse tais coisas, então todo o comentário crítico é supérfluo. Porque salta à vista que a primeira afirmação se insere na «política séria de aproximação das esquerdas» que o Bloco proclama defender (cf. Moção de orientação à II Convenção Nacional). E que a segunda afirmação comprova que é o PCP que tem a mania de apresentar «a CDU como monopólio do espaço de representação à esquerda do PS» (cf. a mesma Moção).

«Avante!» Nº 1431 - 3.Maio.2001

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