Gosto pela política

28-10-2000
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Lucília Ferra

Mas, primeiro, as apresentações. Lucília tem 34 anos, é divorciada, e vive com uma filha, «cuja idade e força das circunstâncias já tornaram auto-suficiente». Licenciou-se em Direito, estagiou, montou escritório (que mantém, apesar da indisponibilidade horária não lhe deixar fazer nada relacionado com advocacia), e chegou a exercer. Técnica Superior do Ministério do Planeamento, a política acabou por assumir uma importância superior a qualquer outra opção. Venceu a sua inclinação natural.

As ligações à JSD vêm de longe, ainda que só depois do curso tenha surgido uma aproximação mais directa aos órgãos partidários. Encontrou na social-democracia «o espaço para a reflexão» que lhe pareceu mais ajustado aos seus princípios, tendo aderido ao partido, para «desgosto» da maior parte dos amigos, cuja sensibilidade política «infelizmente, não é próxima do PSD».

Lucília sorri. Aproveita a pausa para acender um cigarro. Lembra que mora no Montijo e foi eleita pelo círculo de Setúbal, «um distrito difícil, onde o partido teve um retrocesso eleitoral e é necessária uma reimplantação no terreno»; mas afirma-se mais preocupada em «ouvir as reivindicações das pessoas e das várias associações e movimentos locais».

Ultrapassado «o embate da novidade e alguma decepção», a sua experiência na Assembleia rapidamente a conseguiu «entusiasmar e envolver». Mas julga «ser necessário repensar o papel e o apoio dado aos deputados», uma referência à falta de condições de trabalho que, por vezes, considera existir: «eu partilho um gabinete com sete pessoas».

A formalidade inerente ao desempenho das suas funções - o peso institucional do cargo, as reuniões, os encontros e os discursos oficiais - é característica que não a apoquenta. Mesmo considerando-se uma pessoa comunicativa, com o gosto pelo convívio, aceita que há horas para tudo: «A formalidade justifica-se em alguns casos. É saudável e deve manter-se, por uma questão de respeito».

Na relação com os colegas fora desses momentos de trabalho, também há lugar para a informalidade. O que sempre é uma compensação para a falta de oportunidade para estar com os amigos, «que reivindicam mais atenção». Tem saudades do tempo em que a assiduidade aos concertos e ao cinema era ponto de honra. Actualmente, assistir a qualquer tipo de espectáculo é um luxo, que aproveita o melhor que pode. E não só. Assim que encontre umas horas livres, Lucília vai pôr em dia as leituras: «Gosto de Isabel Allende e de Gabriel Garcia Marquez. Mas agora queria ler Francesco Alberoni».

Lucília Ferra

Mas, primeiro, as apresentações. Lucília tem 34 anos, é divorciada, e vive com uma filha, «cuja idade e força das circunstâncias já tornaram auto-suficiente». Licenciou-se em Direito, estagiou, montou escritório (que mantém, apesar da indisponibilidade horária não lhe deixar fazer nada relacionado com advocacia), e chegou a exercer. Técnica Superior do Ministério do Planeamento, a política acabou por assumir uma importância superior a qualquer outra opção. Venceu a sua inclinação natural.

As ligações à JSD vêm de longe, ainda que só depois do curso tenha surgido uma aproximação mais directa aos órgãos partidários. Encontrou na social-democracia «o espaço para a reflexão» que lhe pareceu mais ajustado aos seus princípios, tendo aderido ao partido, para «desgosto» da maior parte dos amigos, cuja sensibilidade política «infelizmente, não é próxima do PSD».

Lucília sorri. Aproveita a pausa para acender um cigarro. Lembra que mora no Montijo e foi eleita pelo círculo de Setúbal, «um distrito difícil, onde o partido teve um retrocesso eleitoral e é necessária uma reimplantação no terreno»; mas afirma-se mais preocupada em «ouvir as reivindicações das pessoas e das várias associações e movimentos locais».

Ultrapassado «o embate da novidade e alguma decepção», a sua experiência na Assembleia rapidamente a conseguiu «entusiasmar e envolver». Mas julga «ser necessário repensar o papel e o apoio dado aos deputados», uma referência à falta de condições de trabalho que, por vezes, considera existir: «eu partilho um gabinete com sete pessoas».

A formalidade inerente ao desempenho das suas funções - o peso institucional do cargo, as reuniões, os encontros e os discursos oficiais - é característica que não a apoquenta. Mesmo considerando-se uma pessoa comunicativa, com o gosto pelo convívio, aceita que há horas para tudo: «A formalidade justifica-se em alguns casos. É saudável e deve manter-se, por uma questão de respeito».

Na relação com os colegas fora desses momentos de trabalho, também há lugar para a informalidade. O que sempre é uma compensação para a falta de oportunidade para estar com os amigos, «que reivindicam mais atenção». Tem saudades do tempo em que a assiduidade aos concertos e ao cinema era ponto de honra. Actualmente, assistir a qualquer tipo de espectáculo é um luxo, que aproveita o melhor que pode. E não só. Assim que encontre umas horas livres, Lucília vai pôr em dia as leituras: «Gosto de Isabel Allende e de Gabriel Garcia Marquez. Mas agora queria ler Francesco Alberoni».

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