EXPRESSO: Opinião

22-03-2002
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29 de Janeiro de 2002 às 01:02

Skin & Bone ( FMGomes@netcabo.pt )

O sr.KK esqueceu-se dos acentos.

Em vez de Eh,Eh,Eh, dever-se-á ler É,É,É!!!

27 de Janeiro de 2002 às 23:17

Kostas Kalimera ( kkalimera@hotmail.com )

Esta é a verdade:

"DURANTE os quase 26 anos de vigência da Constituição da República, aprovada em 2 de Abril de 1976, o PSD esteve cerca de 16 anos consecutivos no poder (1979-1995), o PS cerca de 11 anos alternados (1976-1978, 1983-1985, 1995-2002) e o CDS cerca de quatro anos (1978, 1979-1983). Várias foram as fórmulas governativas adoptadas ao longo destes 26 anos. E vale a pena recordá-las porque foram, de facto, para todos os gostos....",

E é esta verdade que o PCP deve dar a conhecer o mais possível!

Dar a conhecer que é a alternativa séria, credível e responsável a este estado de coisas, áqueles partidos e ao que andarama fazer no governo durante 26 anos no governo, fosse qual fosse o líder que estivesse á frente deles.

E, naturalmente, pedir o apoio e o voto para si e para as suas propostas e política.

....

"Veja-se o caso do Expresso e de um militante autonomeado Kostas Kalimera. Pelo que escreve, é homem bem colocado no partido"""

Eheheheheheheheheh!!!!

27 de Janeiro de 2002 às 20:54

Paulo Fidalgo ( andrade.fidalgo@mail.eunet.pt )

Ao que cita artigos pertéritos do JAmaral contra o PS, fica demonstrado o alto nível de oposição do João Amaral à social-democracia de direita e mostra-se, assim, como lutar pela unidade anti-liberal e anti-capitalismo agressivo (dos monopólios, agora dominante)passa pelo combate tenaz contra os pontos de vista de direita. Defender a unidade é também remeter os pontos de vista dominantes na direcção actual do PS para o caixote do lixo da história.

Ao polemista que esgrime contra a ideia de JAmaral de responder aos 3 desafios de Ferro Rodrigues com um programa concreto na área da convergência real (e de modo nenhum nominal como deturpa o tal polemista) seria a obrigação imediata do PCp mostrando como uma nova política económica enquadrada num projecto de europa democrática favorável aos trabalhadores, faria agora todo o sentido, pois só assim estaríamos a tornar possível e concretizável uma saída diferente daquela que o PSD e a direita do PS nos querem fazer crer ser inevitável. Jogar o jogo de responder às condições de Ferro Rodrigues com condições concretas, de preferência em público, para toda a gente perceber o que se quer e para onde se quer ir, seria o tipo de intervenção que uma direcção comunista deveria dar mostras. Neste capítulo, a contribuição de gente como o JAmaral seria decisiva, pela sua preparação na matéria, assim como a de muitos outros, para encostar o PS (de direita) à parede, não face a nós, mas face aos seus próprios militantes que desejam criar espaço para impedir a vitória da direita e construir uma nova política em Portugal. Esse é o sentdo do artigo de JAmaral. Não é ceder de modo algum a pressões pró-capitalistas da convergência nominal. O citado polemista com a sua liminar recusa em jogar o jogo da réplica a Ferro Rodrigues, mesmo sem dar por isso, está só a a facilitar o caminmho da direita e do núcleo de direita que hegemoniza o PS. Ao polemista que diz que o nosso alvo é só o eleitorado, e não os aparelhos e militantes e direcção do partido socialista, tenho de lhe dizer que esse simplismo é esquerdismo empobrecedor. É doença infantil! Só que não sei se é doença infantil do comunismo ou de outra coisa bastante indefinida.

As nossas propostas são para serem confrontadas com todos os níveis e não apenas com o nível do eleitorado. Há muito, desde os anos 30 , que o movimento comunista recusou esse tipo de fórmulas. Agora voltamos a ver este tipo de fraseologia pseudorevolucionária mas profundamente recuada na realidade. Se o PS não importa, na nossa manobra e acção políticas, então, o nosso polemista é daquela escola do imperialismo é um tigre de papel e coisas esquerdalhas do mesmo género que alimentaram uma certa mitologia radical de há umas décadas atrás. O PS não interessará, mas não deixa por isso de constituir um incontornável fenómeno da nossa vida política. Não vale a pena vociferar que ele não interessa, pois não é assim que ele desaparece. Este nível de discussão política preocupa-me, na medida em que nada tem que ver com a escola política do PCP e constituiu uma total ruptura com o marxismo.

27 de Janeiro de 2002 às 19:28

Skin & Bone ( FMGomes@netcabo.pt )

Aos "funcionários" de Serviço nestas críticas(?) remeto-os para o post-it do site WWW.netparque.pt:

"MINISTRO, NUNCA!

Isto é um SOS: preciso urgentemente de contactar os que persistentemente me andam a incitar a ser Ministro. E não só Ministro: também já fui incitado a ser Secretário de Estado, Subsecretário, Chefe de Gabinete ou Assessor ministerial, ou tão simplesmente boy.

Vão pensar que esse contacto será fácil, já que quem está como Primeiro Ministro é o Eng. Guterres e quem aspira a sê-lo é o Dr. Ferro Rodrigues, pelo que bastará clicar os respectivos números de telefone.

Engano grave: ao contrário do que mentes perversas gostam de propalar, os convites não provêm do PS mas sim de camaradas meus militantes do PCP!

Não acreditam? Então leiam por exemplo os comentários de leitores na Internet, feitos sobre artigos ou notícias referentes ao PCP. Veja-se o caso do Expresso e de um militante autonomeado Kostas Kalimera. Pelo que escreve, é homem bem colocado no partido. E não perde oportunidade: está sempre a dizer que acabo Ministro, ou simplesmente boy.

Só que todos esses militantes, que dizem que acabo boy, escondem-se no anonimato. Não é por cobardia, claro. Há de ser por pudor: eles não podem deixar de ter vergonha das desvergonhas que escrevem...

Peço então a quem sabe que me ponha em contacto com eles. No PCP, peço ajuda a camaradas colocados no topo do aparelho, com acesso fácil aos ficheiros de militantes, digam-me por favor, um contacto chega!

Mas, se não quiserem fazê-lo (talvez para garantir a privacidade desses cibernautas envergonhados), ao menos dêem-lhes este recado: Não quero ser nem serei Ministro, nem boy seja de categoria for. Não estou à venda nem me vendo.

Lego aos meus filhos um nome honrado, que não é atingível pela calúnia lamacenta cozinhada sabe-se bem onde!

João Amaral "

27 de Janeiro de 2002 às 15:58

Duckman ( duckman2@mindless.com )

Pequena previsão eleitoral - nas próximas eleições o PCP (ou CDU mais correctamente) vai ter MENOS votos que o BE!

Não, não se riam, esperem para ver.

~:D

Nota: e já agora não se esqueçam - foi aqui que leram isto pela primeira vez.

27 de Janeiro de 2002 às 03:47

DEUScronio ( ocsav_p@yahoo.com )

Fica aqui alguns exertos de uns artigos do João Amaral, deputado do PCP sobre o Governo PS entre 95-99.

Pegunto eu se o PS mudou entre 99-01?

Se no fundo nao continua, passando para lá da propria Social-Democracia bem juntinho ao Neoliberalismo. Isso não quer dizer que o PS nao tenha gente de esquerda, mas que nao manda dentro do PS.

Custa.me ver militantes do PCP a dizer que o PCP nada fez para tirar o PS da direita (como ele fosse um partido acefalo, que bastava o PCP querer e ele ia atras, ou os seus JOBS e os seus Lobbys permitissem isso).Ou dizerem que o PCP nestes 6 anos de governos PS, teve uma atitude do contra, nao aprovando, medidas positivas e importantes.

Penso que neste artigo fica bem claro que nada foi assim.

Estranho é ver militantes do PCP com muitos anos de casa a não criticarem o PS(o que tem feito de mal no governo), e ver os tais militantes do PS da chamada "ala esquerda" a meterem os dedos na ferida e a criticarem o PS de uma forma dura, mas realista. As vezes penso, se estes militantes tanto do PS e do PCP, nao estam enganados no partido.

Pena é que muitos, incluindo quem escreveu este artigo (J.A.) se esqueça da luta, da intervençao, das propostas que temos feito, nestes anos de Governo PS, querendo com isso "passar a mao pelo pelo" deste PS. Ha procura sabe.se la do quê...

Vasco Gonçalves

(não, não é o General)

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(exertos das) Notas sobre a VII Legislatura (1995-1999)

Por João Amaral

As eleições de Outubro de 1995 corresponderam a uma recomposição política da Assembleia: o PSD derrotado, o PS com uma elevada maioria relativa (112 Deputados em 230), e o PP com um score que lhe permitiu passar a 3º partido, com igual número de Deputados da CDU.

...O PCP, pela voz do Secretário-Geral, posicionou-se como oposição de esquerda à anunciada política neo-liberal do Governo. Mas, sublinhou: "não seremos oposição sistemática, potenciaremos tudo o que possa vir de positivo"...

...As primeiras iniciativas do PCP foram os projectos de redução do horário de trabalho para as 40 horas, a criação do rendimento mínimo, o reforço da fiscalização dos Serviços de Informações, a retoma da idade de reforma das mulheres aos 62 anos, o pré-escolar, a revogação dos normas de Cavaco contra a liberdade de imprensa, o regime de exclusividade dos Directores Gerais, a Lei de opções da política de segurança interna (contra a política das super-esquadras), a revogação da lei das propinas, a fixação de um calendário para a regionalização. A primeira intervenção de fundo do PCP foi a defesa da barragem do Alqueva. No debate, Lino de Carvalho saudou a afirmação do socialista Hasse Ferreira de que o Alqueva seria feito, embora lamentando que não fosse claro a assumir esse compromisso em nome do PS...

...Por exemplo, na fiscalização do SIS, inviabiliza com uma abstenção o projecto do PCP, mais avançado, e "obriga" o PCP a viabilizar com uma abstenção o próprio projecto PS, mais limitado. Uma táctica semelhante nas propinas inviabiliza a revogação proposta pelo PCP mas "obriga" o PCP a abster-se (face aos votos contra do PSD e PP) na suspensão...

...Já na aplicação da Lei das Finanças Locais, para impedir a sua total aplicação, como propunha o PCP, o PS descansa na abstenção do PSD...

...Esta fase serve ainda para aprovar algumas leis positivas com os votos PCP e PS. É assim com a revogação da legislação cavaquista que limitava a liberdade de imprensa, e é assim com a legislação sobre freguesias (competências e regime de permanência), embora aqui mais tarde, na especialidade, o PS tenha imposto soluções muito restritivas...

...O PCP marca logo o debate do projecto das 40 horas, que o PS chumba. Esse facto condiciona fortemente toda a evolução política posterior.

O PSD ataca com o voto dos portugueses no estrangeiro. Na altura o PS resistiu. Ainda vinham longe os compromissos da revisão constitucional.

O PP dá a sua marca com o agravamento brutal das penas, que é chumbado pelos outros partidos. Simultaneamente, abre em Fevereiro a revisão constitucional apresentando o seu projecto...

...Alguns acontecimentos entretanto, permitiram confrontos sérios. O mais grave foi a amnistia às FP25, votado pelo PS e PCP, depois da mensagem do Presidente Soares a solicitá-la...

...É neste quadro que se chega ao Orçamento do Estado para 1996. O PCP faz uma crítica cerrada. Lino de Carvalho duvida do previsto aumento de PIB de 2,7% e fala de 1%; crítica a política de habitação, dizendo que a baixa orçamental não poderá ser colmatada por uma grande descida das taxas de juro em que ninguém acredita; augura o aumento do desemprego; critica a contenção salarial e a desvalorização das políticas sociais; denuncia a escalada de privatizações...

...O PCP põe-se do claro lado da oposição. O Governo vai negociar com o PP, que assim fica com os lucros de um negócio sem princípios, já que aprova o Orçamento de Maastricht, o tal tratado que tanto dizia criticar. E Manuel Monteiro passa à categoria de "querido inimigo"...

...Este debate do OE para 1996 foi o marco decisivo, que deu o tom à legislatura. As consequências piores estavam ainda para vir...

...Aquelas opções radicavam nos traços essenciais da política anunciada logo no programa do Governo por António Guterres, no plano económico e financeiro e no plano europeu. O PS elegia como grande objectivo o cumprimento dos critérios de Maastricht para adesão à moeda única. Por outro lado, anunciava-se desde o início o prosseguimento e aceleração do processo de privatizações...

...Para o PCP, estas opções representavam, além do seu próprio demérito, o abandono das promessas de mudança de política feitas na campanha eleitoral pelo PS. E não só: implicando aparentemente uma política orçamental restritiva e a contenção do processo de crescimento, essas opções deveriam ter fortes repercussões nas políticas sociais e de desenvolvimento, com graves custos para o país e para os portugueses....

...E assim, apesar de algumas convergências pontuais em torno de algumas iniciativas legislativas, o PCP, reconhecendo não ser oposição sistemática, posicionou-se claramente como oposição, mais concretamente como oposição de esquerda.

A questão que importa enfrentar é simples, resume-se numa pergunta: podia ter sido de forma diferente?

Evidentemente que este "ser de forma diferente" implicaria da parte do Governo alterações significativas dos seus objectivos de política económica e financeira, e da sua política europeia.

Basta ver o que se passou a seguir à aprovação do Orçamento para 1996, entre Março e Julho de 1996. Basta analisar três traços característicos do comportamento do PS para com o PCP.

Primeiro traço: em relação a algumas reformas de fundo, que constituíam repetidas propostas do PCP, o PS rejeitou os projectos comunistas para aprovar os seus próprios projectos, orgulhosamente só. Assim sucedeu com o rendimento mínimo garantido e com o pré-escolar. Com esse comportamento, o PS não conseguiu retirar um milímetro ao mérito da acção e iniciativa do PCP. Mas deu um péssimo sinal acerca do que pretendia que fosse o seu relacionamento com o PCP.

Segundo traço: o PS dá prioridade a iniciativas que sabe à partida que contam com a clara oposição do PCP. Foi assim com a lei dos horários "flexíveis". Foi assim com o anúncio do agravamento da penalização dos cortes de estrada. Na situação inversa, de votação de um projecto do PCP, o PS obtém o mesmo efeito com a rejeição do projecto do PCP para reposição da idade de reforma das mulheres aos 62 anos. Também aqui privilegia a "provocação" ao PCP e aos seus valores, neste caso com a despudorada negação das posições que o próprio PS tinha assumido na legislatura anterior.

Terceiro traço: a busca de entendimento com a direita em matérias de grande repercussão política, em que existia convergência entre PCP e PS.

O paradigma é o caso da regionalização. A regionalização tinha sido possível, no quadro constitucionalmente então vigente com os votos do PCP e do PS. O PS recuou, perante a chantagem do PSD. Recuou, com a ajuda do PP, aceitando o referendo e remetendo a regionalização para o fim do processo de revisão. Mas, é bom frizá-lo, o PS não quis o referendo por o achar necessário (e muito menos por admitir na altura vir a perdê-lo!).

Não: o PS recuou para ficar com pontes para a direita e para não ter de votar em aliança com o PCP uma lei estruturante.

Assim, nos cinco meses entre Março e Julho de 1996, o PS solidificou a sua opção pelo apoio da direita. Não é possível nenhuma encenação em que o PS seja vítima da "intransigência" do PCP. Foi o PS que escolheu o caminho e tudo fez para o percorrer, contra o PCP.

Claro que neste período não deixou de haver convergências pontuais com o PCP, designadamente em matérias em que o PCP tomou iniciativa.

Assim sucedeu por exemplo com a importante lei sobre a floresta, com a revisão do Plano de Erradicação de Barracas, com uma lei com o alcance da tutela administrativa, ou com a regularização extraordinária da situação dos imigrantes. São exemplos do que poderia ter sido diferente, se outra fosse a vontade do PS.

Mesmo o rendimento mínimo só foi possível porque, apesar da rejeição pelo PS do nosso projecto, o PCP não se deixou cegar e pensou nos interesses dos excluídos, e por isso deu o seu voto para que o rendimento mínimo pudesse existir.

A partir de Julho de 1996, iam começar os piores anos, as convergências estruturantes com o PSD. Seria então possível terem as coisas corrido de outra forma? Valerá a pena fazer essa análise, numa terceira parte deste artigo.

Analisando os temas mais importantes, votados no decurso desses doze meses, desde a política económica e financeira até a revisão constitucional e passando pela política europeia, pode afirmar-se o seguinte: o miolo da VII Legislatura assenta no Bloco Central PS/PSD com a ajuda e incentivo do PP.

Numa primeira fase, foram sendo feitas várias opções que conduzem à convergência do PS com o PP de Manuel Monteiro. Apesar da sua autoproclamada oposição à política europeia em curso (que lhe valeu muitos votos nas eleições!), Monteiro apoia o PS no momento decisivo do Orçamento de Estado, apesar de ele consubstanciar a aceitação das imposições do Tratado de Maastricht. Para o PCP, essas imposições constituíam um garrote económico e social, incompatível com a necessária política de desenvolvimento e de melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo em geral. Por isso, o PCP só podia votar contra o Orçamento.

Até à votação do Orçamento (Março de 1996), o Governo distribuiu apoios e concessões, procurando cativar qualquer dos outros partidos. Nesse período, foi possível aprovar várias leis positivas, como se descreveu no primeiro artigo desta série. Mas, a opção estratégica do

Governo (Maastricht e Moeda Única) não podia ser sustentada pelo PCP.

Com estes traços caracterizadores, não espanta que o PS tenha atravessado todo este período em situação de confronto e conflito com o PCP.

A única convergência de alcance, sobre a questão do aborto, terminou com a derrota dos projectos do PCP e do PS (e a passagem do projecto de Strecht Monteiro).

As restantes convergências foram sobre temas menores (Observatório dos Mercados Agrícolas, Museu do Douro, etc.), ou sobre algumas consequências negativas das decisões da União Europeia em matéria agrícola e da indústria têxtil (resoluções condenatórias que o PS aproveita para se dissociar das consequências nacionais da política europeia que defende).

Talvez mais do que nenhum outro debate, o que marca este período é o voto do PS contra o projecto do PCP que pretendia resolver a favor dos trabalhadores as dúvidas sobre a questão das pausas no horário de 40 horas.

Neste ano, o debate sobre o Estado da Nação não se realizou, apesar de ser obrigatório face ao Regimento da Assembleia da República. Não espanta. Para o PS o estado da Nação era baço. Apesar de "êxitos" como o resultado eleitoral nos Açores, a descrença era grande. Guterres chegou mesmo a afirmar que o PS só fazia asneiras!

Quanto ao PSD, que viveu este período de braço dado com o PS, a crítica não era oportuna nem necessária.

Em Setembro de 1997, com o fim deste período, o PSD sentir-se-à então pronto para fazer o barulho a que chama oposição

«Avante!» - Março/Abril.1999

26 de Janeiro de 2002 às 22:43

Duckman ( duckman2@mindless.com )

Este Kostas Kalimera não será de facto o Kamarada Karlos Karvalhas? Com a K7 tão bem enfiada, só pode...

~:D

PS (Post Scriptum): Mas porque raio de carga d'água é kestes komunas expõem as "suas" ideias por 1., 2., 3., etc.?

Serão influências do Wittgenstein? Se é isso então recordem o final do seu "Tratactus Logicus Philosophicus":

"9.99 - E sobre o que não sabemos, devemos ficar calados."

26 de Janeiro de 2002 às 22:03

manuel caetano ( fertum@amanet.pt )

Apenas três contribuições para quem não tenha desistido de pensar::

1. João Amaral acha que o «debate» forçou o PCP a uma demarcação da direita e a declaração de disponibilidade em direcção ao PS para examinar etc.etc. Dir-se-á que só pode escrever isto quem ou não conhece a real orientação de sempre do seu Partido ou gasta tempo demais a deturpá-la. E, reparem na contenção, volta a insinuar que haveria algum risco do PCP poderia ser «muleta do PSD». Mas é claro que, se fosse candidato, não teria nenhum problema em responder aos candidatos do PS que nunca tinha dito isso e que essa afirmação, se feita pelos candidatos do PS, é uma infame calúnia contra o PCP!

2.Registo, com sincera tristeza, que pela enésima vez, após todos os esclarecimentos que já vieram a público, João Amaral volte a insistir numa suposta «votação envergonhada» do PCP em legislação com marca de esquerda. Curioso debate de ideias este ! Repete, repete, repete. Mas não responde ao esclarecimento de que as abstenções do PCP na reforma fiscal e na lei de bases da segurança social se ficaram a dever à impossibilidade de o PCP, com um voto a favor, dar respectivamente cobertura política ao tratamento dado à questão dos «off-shores» e dar cobertura política à consagração do príncipio do «plafonamento». Aliás, se tivesse votado a favor, talvez Edgar Correia não estivesse tão à vontade, como esteve, para em artigo no Público ter criticado a pressão e vontade do Ministro Paulo Pedroso para andar para a frente com o «plafonamento».Mas apesar dessas abstenções, a verdade é que jamais alguém contestou ou escondeu a relevante contribuição do PCP para essas leis. O dever de João Amaral era explicar se no Comité Central do PCP alguma vez pôs alguma reserva a essas abstenções, ou então explicitar que está a criticar «a posteriori» Edgar Correia que, como membro da Comissão Política, se diz também não ter tido qualquer objecção a essas duas abstenções.

3. Bem pode João Amaral, no quadro de uma contenção que reclama dos outros mas não pratica, continuar a insistir, em fase de arranque da pré-campanha, que o PCP é que não se esforçou o suficiente para uma aproximação ou entendimento global com o PS.

Julgo que está esquecido de muitas coisas.

Por exemplo, está esquecido que, em Junho de 2001, era o PS que cedia totalmente as pressões da direita e do grande capital ao ponto de ter sacrificado Pina Moura, um Ministro muito «in» no guterrismo. E até por este facto se vê que a culpa é toda do PCP !.

E está esquecido que era ele próprio, e não Domingos Abrantes, que , em 15 de Janeiro de 2000, apenas três meses após a formação do 2º governo do PS e no início da legislatura agora interrompida, em artigo no «Expresso» intitulado «ESTE PS NÃO É DE CONFIANÇA», que escrevia : « Com a mesma legitimidade que assiste a esses dirigentes do PS para deitarem o PCP na marquesa médica e submetê-lo a exame, faço aqui também o exame do PS, para saber se ele está em condições de participar com forças políticas da esquerda em soluções políticas, no governo do país e das autarquias» (...); « Este PS do Engenheiro Guterres (...) nem é o PS dos que continuam socialistas e acreditam em coisas tão fora de moda como o valor do trabalho, a luta social ou o principio da laicidade do Estado. O PS do engenheiro Guterres é este PS dos negócios, um PS que não acredita na transformação da sociedade, um PS que inspirado nas convicções do seu líder entende que a justiça social é copiar a Conferência de S. Vicente de Paulo (...)»; «Continuam as operações de saneamento das competências e sua substituição por «boys», tudo feito com desprezo pelas pessoas e sem qualquer pudor. Continua o serviço dos grandes grupos económicos. cada vez mais donos das decisões políticas governamentais» (...) ;«Seguramente este PS não é de confiança. Pela sua própria prática, parece cortar as escassas possibilidades de diálogo à esquerda.»

4. Registo, de boca aberta, que ocupado com tantas críticas à direcção e orientação do PCP, João Amaral o que tem a dizer sobre as «condições» do PS é apenas o seguinte : « O facto é que o PS já «ditou» três condições, que têm de ser examinadas. Qual o conteúdo da proposta do PCP? Por exemplo, um objectivo essencial de uma política de esquerda deve ser a melhoria das condições de vida e direitos dos trabalhadores, o que supõe um programa de acelerada convergência real com a UE. É à luz da garantia desse programa que são consideradas as condicionantes do país quanto aos défices, bem como a estratégia nacional no aprofundamento da construção europeia». Que maravilha de «critica», que maravilha de clareza ! João Amaral já não sabe a diferença entre convergência «real» e «nominal» e que a «nominal» se têm revelado inimiga da «real» ? Ou as suas palavras tão «soft» são a introdução à aceitação das «condições» de Ferro ou quê?

26 de Janeiro de 2002 às 19:25

Kostas Kalimera ( kkalimera@hotmail.com )

O PCP não tem que se preocupar com o PS.

O que o PCP tem de fazer é procurar o entendimento com os eleitores, com o povo soberano, ouvir o que têm para nos dizer, convencer que o PCP, a CDU, é a melhor alternativa ao rotativismo paralisante do PS com o PSD, a melhor saída para a letargia a que aqueles dois partidos, com vários lideres diferentes conduziram o país após longos anos de governo; ora um, ora outro, ora os dois juntos, com o apoio expresso ou não do CDS/PP, e sempre, mas sempre convergindo os dois nas questões mais importantes.

Como se sabe, os dramáticos acontecimentos do princípio da década de noventa reflectiram-se muito negativamente no PCP. O PCP já procedeu à análise desses acontecimentos, que importa continuar e aprofundar.

A implosão da URSS e o desaparecimento dos regimes do leste europeu levou ao júbilo os arautos do capitalismo. Entraram em êxtase. Anunciaram o paraíso. Vinha aí o progresso, a democracia, os direitos humanos, o desenvolvimento e a paz.

Mas não foi isso o que aconteceu.

Pelo contrário. A devastação social nos países do leste e da antiga União Soviética atingiu proporções inimagináveis. Reacenderam-se velhos ódios, a guerra voltou ao solo europeu, o Direito Internacional praticamente desapareceu, instalou-se o unilateralismo e a”lei do mais forte” nas relações internacionais. A presença militar é uma constante, aumenta a violência e a insegurança; os conflitos perduram e agravam-se; reina o pessimismo.

Hoje, mesmo pessoas muito afastadas do comunismo, já reconhecem que a potência dominante, os USA, utilizam o seu enorme poder não para promover a paz e a concórdia, mas para impôr o seu domínio e vontade discricionária.

A luta pelo desarmamento mundial desapareceu. Os USA rasgam tratados internacionais e relançam a louca corrida aos armamentos. Propôem-se gastar somas fabulosas na construção de novas armas para juntar ao seu já dantesco arsenal militar.

Neste quadro, em que a bazófia dos trombetas do sistema se desacreditou completamente, é possível que muitos que deixaram de apoiar o PCP e a CDU reconsiderem da sua posição e voltem a dar o seu apoio e voto aqueles que nunca desistiram da luta, que mantêm a esperança, que não procuram mordomias, que são portadores de um projecto modernizador, revolucionário, democrático e responsável para o nosso país e o nosso povo!

29 de Janeiro de 2002 às 01:02

Skin & Bone ( FMGomes@netcabo.pt )

O sr.KK esqueceu-se dos acentos.

Em vez de Eh,Eh,Eh, dever-se-á ler É,É,É!!!

27 de Janeiro de 2002 às 23:17

Kostas Kalimera ( kkalimera@hotmail.com )

Esta é a verdade:

"DURANTE os quase 26 anos de vigência da Constituição da República, aprovada em 2 de Abril de 1976, o PSD esteve cerca de 16 anos consecutivos no poder (1979-1995), o PS cerca de 11 anos alternados (1976-1978, 1983-1985, 1995-2002) e o CDS cerca de quatro anos (1978, 1979-1983). Várias foram as fórmulas governativas adoptadas ao longo destes 26 anos. E vale a pena recordá-las porque foram, de facto, para todos os gostos....",

E é esta verdade que o PCP deve dar a conhecer o mais possível!

Dar a conhecer que é a alternativa séria, credível e responsável a este estado de coisas, áqueles partidos e ao que andarama fazer no governo durante 26 anos no governo, fosse qual fosse o líder que estivesse á frente deles.

E, naturalmente, pedir o apoio e o voto para si e para as suas propostas e política.

....

"Veja-se o caso do Expresso e de um militante autonomeado Kostas Kalimera. Pelo que escreve, é homem bem colocado no partido"""

Eheheheheheheheheh!!!!

27 de Janeiro de 2002 às 20:54

Paulo Fidalgo ( andrade.fidalgo@mail.eunet.pt )

Ao que cita artigos pertéritos do JAmaral contra o PS, fica demonstrado o alto nível de oposição do João Amaral à social-democracia de direita e mostra-se, assim, como lutar pela unidade anti-liberal e anti-capitalismo agressivo (dos monopólios, agora dominante)passa pelo combate tenaz contra os pontos de vista de direita. Defender a unidade é também remeter os pontos de vista dominantes na direcção actual do PS para o caixote do lixo da história.

Ao polemista que esgrime contra a ideia de JAmaral de responder aos 3 desafios de Ferro Rodrigues com um programa concreto na área da convergência real (e de modo nenhum nominal como deturpa o tal polemista) seria a obrigação imediata do PCp mostrando como uma nova política económica enquadrada num projecto de europa democrática favorável aos trabalhadores, faria agora todo o sentido, pois só assim estaríamos a tornar possível e concretizável uma saída diferente daquela que o PSD e a direita do PS nos querem fazer crer ser inevitável. Jogar o jogo de responder às condições de Ferro Rodrigues com condições concretas, de preferência em público, para toda a gente perceber o que se quer e para onde se quer ir, seria o tipo de intervenção que uma direcção comunista deveria dar mostras. Neste capítulo, a contribuição de gente como o JAmaral seria decisiva, pela sua preparação na matéria, assim como a de muitos outros, para encostar o PS (de direita) à parede, não face a nós, mas face aos seus próprios militantes que desejam criar espaço para impedir a vitória da direita e construir uma nova política em Portugal. Esse é o sentdo do artigo de JAmaral. Não é ceder de modo algum a pressões pró-capitalistas da convergência nominal. O citado polemista com a sua liminar recusa em jogar o jogo da réplica a Ferro Rodrigues, mesmo sem dar por isso, está só a a facilitar o caminmho da direita e do núcleo de direita que hegemoniza o PS. Ao polemista que diz que o nosso alvo é só o eleitorado, e não os aparelhos e militantes e direcção do partido socialista, tenho de lhe dizer que esse simplismo é esquerdismo empobrecedor. É doença infantil! Só que não sei se é doença infantil do comunismo ou de outra coisa bastante indefinida.

As nossas propostas são para serem confrontadas com todos os níveis e não apenas com o nível do eleitorado. Há muito, desde os anos 30 , que o movimento comunista recusou esse tipo de fórmulas. Agora voltamos a ver este tipo de fraseologia pseudorevolucionária mas profundamente recuada na realidade. Se o PS não importa, na nossa manobra e acção políticas, então, o nosso polemista é daquela escola do imperialismo é um tigre de papel e coisas esquerdalhas do mesmo género que alimentaram uma certa mitologia radical de há umas décadas atrás. O PS não interessará, mas não deixa por isso de constituir um incontornável fenómeno da nossa vida política. Não vale a pena vociferar que ele não interessa, pois não é assim que ele desaparece. Este nível de discussão política preocupa-me, na medida em que nada tem que ver com a escola política do PCP e constituiu uma total ruptura com o marxismo.

27 de Janeiro de 2002 às 19:28

Skin & Bone ( FMGomes@netcabo.pt )

Aos "funcionários" de Serviço nestas críticas(?) remeto-os para o post-it do site WWW.netparque.pt:

"MINISTRO, NUNCA!

Isto é um SOS: preciso urgentemente de contactar os que persistentemente me andam a incitar a ser Ministro. E não só Ministro: também já fui incitado a ser Secretário de Estado, Subsecretário, Chefe de Gabinete ou Assessor ministerial, ou tão simplesmente boy.

Vão pensar que esse contacto será fácil, já que quem está como Primeiro Ministro é o Eng. Guterres e quem aspira a sê-lo é o Dr. Ferro Rodrigues, pelo que bastará clicar os respectivos números de telefone.

Engano grave: ao contrário do que mentes perversas gostam de propalar, os convites não provêm do PS mas sim de camaradas meus militantes do PCP!

Não acreditam? Então leiam por exemplo os comentários de leitores na Internet, feitos sobre artigos ou notícias referentes ao PCP. Veja-se o caso do Expresso e de um militante autonomeado Kostas Kalimera. Pelo que escreve, é homem bem colocado no partido. E não perde oportunidade: está sempre a dizer que acabo Ministro, ou simplesmente boy.

Só que todos esses militantes, que dizem que acabo boy, escondem-se no anonimato. Não é por cobardia, claro. Há de ser por pudor: eles não podem deixar de ter vergonha das desvergonhas que escrevem...

Peço então a quem sabe que me ponha em contacto com eles. No PCP, peço ajuda a camaradas colocados no topo do aparelho, com acesso fácil aos ficheiros de militantes, digam-me por favor, um contacto chega!

Mas, se não quiserem fazê-lo (talvez para garantir a privacidade desses cibernautas envergonhados), ao menos dêem-lhes este recado: Não quero ser nem serei Ministro, nem boy seja de categoria for. Não estou à venda nem me vendo.

Lego aos meus filhos um nome honrado, que não é atingível pela calúnia lamacenta cozinhada sabe-se bem onde!

João Amaral "

27 de Janeiro de 2002 às 15:58

Duckman ( duckman2@mindless.com )

Pequena previsão eleitoral - nas próximas eleições o PCP (ou CDU mais correctamente) vai ter MENOS votos que o BE!

Não, não se riam, esperem para ver.

~:D

Nota: e já agora não se esqueçam - foi aqui que leram isto pela primeira vez.

27 de Janeiro de 2002 às 03:47

DEUScronio ( ocsav_p@yahoo.com )

Fica aqui alguns exertos de uns artigos do João Amaral, deputado do PCP sobre o Governo PS entre 95-99.

Pegunto eu se o PS mudou entre 99-01?

Se no fundo nao continua, passando para lá da propria Social-Democracia bem juntinho ao Neoliberalismo. Isso não quer dizer que o PS nao tenha gente de esquerda, mas que nao manda dentro do PS.

Custa.me ver militantes do PCP a dizer que o PCP nada fez para tirar o PS da direita (como ele fosse um partido acefalo, que bastava o PCP querer e ele ia atras, ou os seus JOBS e os seus Lobbys permitissem isso).Ou dizerem que o PCP nestes 6 anos de governos PS, teve uma atitude do contra, nao aprovando, medidas positivas e importantes.

Penso que neste artigo fica bem claro que nada foi assim.

Estranho é ver militantes do PCP com muitos anos de casa a não criticarem o PS(o que tem feito de mal no governo), e ver os tais militantes do PS da chamada "ala esquerda" a meterem os dedos na ferida e a criticarem o PS de uma forma dura, mas realista. As vezes penso, se estes militantes tanto do PS e do PCP, nao estam enganados no partido.

Pena é que muitos, incluindo quem escreveu este artigo (J.A.) se esqueça da luta, da intervençao, das propostas que temos feito, nestes anos de Governo PS, querendo com isso "passar a mao pelo pelo" deste PS. Ha procura sabe.se la do quê...

Vasco Gonçalves

(não, não é o General)

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(exertos das) Notas sobre a VII Legislatura (1995-1999)

Por João Amaral

As eleições de Outubro de 1995 corresponderam a uma recomposição política da Assembleia: o PSD derrotado, o PS com uma elevada maioria relativa (112 Deputados em 230), e o PP com um score que lhe permitiu passar a 3º partido, com igual número de Deputados da CDU.

...O PCP, pela voz do Secretário-Geral, posicionou-se como oposição de esquerda à anunciada política neo-liberal do Governo. Mas, sublinhou: "não seremos oposição sistemática, potenciaremos tudo o que possa vir de positivo"...

...As primeiras iniciativas do PCP foram os projectos de redução do horário de trabalho para as 40 horas, a criação do rendimento mínimo, o reforço da fiscalização dos Serviços de Informações, a retoma da idade de reforma das mulheres aos 62 anos, o pré-escolar, a revogação dos normas de Cavaco contra a liberdade de imprensa, o regime de exclusividade dos Directores Gerais, a Lei de opções da política de segurança interna (contra a política das super-esquadras), a revogação da lei das propinas, a fixação de um calendário para a regionalização. A primeira intervenção de fundo do PCP foi a defesa da barragem do Alqueva. No debate, Lino de Carvalho saudou a afirmação do socialista Hasse Ferreira de que o Alqueva seria feito, embora lamentando que não fosse claro a assumir esse compromisso em nome do PS...

...Por exemplo, na fiscalização do SIS, inviabiliza com uma abstenção o projecto do PCP, mais avançado, e "obriga" o PCP a viabilizar com uma abstenção o próprio projecto PS, mais limitado. Uma táctica semelhante nas propinas inviabiliza a revogação proposta pelo PCP mas "obriga" o PCP a abster-se (face aos votos contra do PSD e PP) na suspensão...

...Já na aplicação da Lei das Finanças Locais, para impedir a sua total aplicação, como propunha o PCP, o PS descansa na abstenção do PSD...

...Esta fase serve ainda para aprovar algumas leis positivas com os votos PCP e PS. É assim com a revogação da legislação cavaquista que limitava a liberdade de imprensa, e é assim com a legislação sobre freguesias (competências e regime de permanência), embora aqui mais tarde, na especialidade, o PS tenha imposto soluções muito restritivas...

...O PCP marca logo o debate do projecto das 40 horas, que o PS chumba. Esse facto condiciona fortemente toda a evolução política posterior.

O PSD ataca com o voto dos portugueses no estrangeiro. Na altura o PS resistiu. Ainda vinham longe os compromissos da revisão constitucional.

O PP dá a sua marca com o agravamento brutal das penas, que é chumbado pelos outros partidos. Simultaneamente, abre em Fevereiro a revisão constitucional apresentando o seu projecto...

...Alguns acontecimentos entretanto, permitiram confrontos sérios. O mais grave foi a amnistia às FP25, votado pelo PS e PCP, depois da mensagem do Presidente Soares a solicitá-la...

...É neste quadro que se chega ao Orçamento do Estado para 1996. O PCP faz uma crítica cerrada. Lino de Carvalho duvida do previsto aumento de PIB de 2,7% e fala de 1%; crítica a política de habitação, dizendo que a baixa orçamental não poderá ser colmatada por uma grande descida das taxas de juro em que ninguém acredita; augura o aumento do desemprego; critica a contenção salarial e a desvalorização das políticas sociais; denuncia a escalada de privatizações...

...O PCP põe-se do claro lado da oposição. O Governo vai negociar com o PP, que assim fica com os lucros de um negócio sem princípios, já que aprova o Orçamento de Maastricht, o tal tratado que tanto dizia criticar. E Manuel Monteiro passa à categoria de "querido inimigo"...

...Este debate do OE para 1996 foi o marco decisivo, que deu o tom à legislatura. As consequências piores estavam ainda para vir...

...Aquelas opções radicavam nos traços essenciais da política anunciada logo no programa do Governo por António Guterres, no plano económico e financeiro e no plano europeu. O PS elegia como grande objectivo o cumprimento dos critérios de Maastricht para adesão à moeda única. Por outro lado, anunciava-se desde o início o prosseguimento e aceleração do processo de privatizações...

...Para o PCP, estas opções representavam, além do seu próprio demérito, o abandono das promessas de mudança de política feitas na campanha eleitoral pelo PS. E não só: implicando aparentemente uma política orçamental restritiva e a contenção do processo de crescimento, essas opções deveriam ter fortes repercussões nas políticas sociais e de desenvolvimento, com graves custos para o país e para os portugueses....

...E assim, apesar de algumas convergências pontuais em torno de algumas iniciativas legislativas, o PCP, reconhecendo não ser oposição sistemática, posicionou-se claramente como oposição, mais concretamente como oposição de esquerda.

A questão que importa enfrentar é simples, resume-se numa pergunta: podia ter sido de forma diferente?

Evidentemente que este "ser de forma diferente" implicaria da parte do Governo alterações significativas dos seus objectivos de política económica e financeira, e da sua política europeia.

Basta ver o que se passou a seguir à aprovação do Orçamento para 1996, entre Março e Julho de 1996. Basta analisar três traços característicos do comportamento do PS para com o PCP.

Primeiro traço: em relação a algumas reformas de fundo, que constituíam repetidas propostas do PCP, o PS rejeitou os projectos comunistas para aprovar os seus próprios projectos, orgulhosamente só. Assim sucedeu com o rendimento mínimo garantido e com o pré-escolar. Com esse comportamento, o PS não conseguiu retirar um milímetro ao mérito da acção e iniciativa do PCP. Mas deu um péssimo sinal acerca do que pretendia que fosse o seu relacionamento com o PCP.

Segundo traço: o PS dá prioridade a iniciativas que sabe à partida que contam com a clara oposição do PCP. Foi assim com a lei dos horários "flexíveis". Foi assim com o anúncio do agravamento da penalização dos cortes de estrada. Na situação inversa, de votação de um projecto do PCP, o PS obtém o mesmo efeito com a rejeição do projecto do PCP para reposição da idade de reforma das mulheres aos 62 anos. Também aqui privilegia a "provocação" ao PCP e aos seus valores, neste caso com a despudorada negação das posições que o próprio PS tinha assumido na legislatura anterior.

Terceiro traço: a busca de entendimento com a direita em matérias de grande repercussão política, em que existia convergência entre PCP e PS.

O paradigma é o caso da regionalização. A regionalização tinha sido possível, no quadro constitucionalmente então vigente com os votos do PCP e do PS. O PS recuou, perante a chantagem do PSD. Recuou, com a ajuda do PP, aceitando o referendo e remetendo a regionalização para o fim do processo de revisão. Mas, é bom frizá-lo, o PS não quis o referendo por o achar necessário (e muito menos por admitir na altura vir a perdê-lo!).

Não: o PS recuou para ficar com pontes para a direita e para não ter de votar em aliança com o PCP uma lei estruturante.

Assim, nos cinco meses entre Março e Julho de 1996, o PS solidificou a sua opção pelo apoio da direita. Não é possível nenhuma encenação em que o PS seja vítima da "intransigência" do PCP. Foi o PS que escolheu o caminho e tudo fez para o percorrer, contra o PCP.

Claro que neste período não deixou de haver convergências pontuais com o PCP, designadamente em matérias em que o PCP tomou iniciativa.

Assim sucedeu por exemplo com a importante lei sobre a floresta, com a revisão do Plano de Erradicação de Barracas, com uma lei com o alcance da tutela administrativa, ou com a regularização extraordinária da situação dos imigrantes. São exemplos do que poderia ter sido diferente, se outra fosse a vontade do PS.

Mesmo o rendimento mínimo só foi possível porque, apesar da rejeição pelo PS do nosso projecto, o PCP não se deixou cegar e pensou nos interesses dos excluídos, e por isso deu o seu voto para que o rendimento mínimo pudesse existir.

A partir de Julho de 1996, iam começar os piores anos, as convergências estruturantes com o PSD. Seria então possível terem as coisas corrido de outra forma? Valerá a pena fazer essa análise, numa terceira parte deste artigo.

Analisando os temas mais importantes, votados no decurso desses doze meses, desde a política económica e financeira até a revisão constitucional e passando pela política europeia, pode afirmar-se o seguinte: o miolo da VII Legislatura assenta no Bloco Central PS/PSD com a ajuda e incentivo do PP.

Numa primeira fase, foram sendo feitas várias opções que conduzem à convergência do PS com o PP de Manuel Monteiro. Apesar da sua autoproclamada oposição à política europeia em curso (que lhe valeu muitos votos nas eleições!), Monteiro apoia o PS no momento decisivo do Orçamento de Estado, apesar de ele consubstanciar a aceitação das imposições do Tratado de Maastricht. Para o PCP, essas imposições constituíam um garrote económico e social, incompatível com a necessária política de desenvolvimento e de melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo em geral. Por isso, o PCP só podia votar contra o Orçamento.

Até à votação do Orçamento (Março de 1996), o Governo distribuiu apoios e concessões, procurando cativar qualquer dos outros partidos. Nesse período, foi possível aprovar várias leis positivas, como se descreveu no primeiro artigo desta série. Mas, a opção estratégica do

Governo (Maastricht e Moeda Única) não podia ser sustentada pelo PCP.

Com estes traços caracterizadores, não espanta que o PS tenha atravessado todo este período em situação de confronto e conflito com o PCP.

A única convergência de alcance, sobre a questão do aborto, terminou com a derrota dos projectos do PCP e do PS (e a passagem do projecto de Strecht Monteiro).

As restantes convergências foram sobre temas menores (Observatório dos Mercados Agrícolas, Museu do Douro, etc.), ou sobre algumas consequências negativas das decisões da União Europeia em matéria agrícola e da indústria têxtil (resoluções condenatórias que o PS aproveita para se dissociar das consequências nacionais da política europeia que defende).

Talvez mais do que nenhum outro debate, o que marca este período é o voto do PS contra o projecto do PCP que pretendia resolver a favor dos trabalhadores as dúvidas sobre a questão das pausas no horário de 40 horas.

Neste ano, o debate sobre o Estado da Nação não se realizou, apesar de ser obrigatório face ao Regimento da Assembleia da República. Não espanta. Para o PS o estado da Nação era baço. Apesar de "êxitos" como o resultado eleitoral nos Açores, a descrença era grande. Guterres chegou mesmo a afirmar que o PS só fazia asneiras!

Quanto ao PSD, que viveu este período de braço dado com o PS, a crítica não era oportuna nem necessária.

Em Setembro de 1997, com o fim deste período, o PSD sentir-se-à então pronto para fazer o barulho a que chama oposição

«Avante!» - Março/Abril.1999

26 de Janeiro de 2002 às 22:43

Duckman ( duckman2@mindless.com )

Este Kostas Kalimera não será de facto o Kamarada Karlos Karvalhas? Com a K7 tão bem enfiada, só pode...

~:D

PS (Post Scriptum): Mas porque raio de carga d'água é kestes komunas expõem as "suas" ideias por 1., 2., 3., etc.?

Serão influências do Wittgenstein? Se é isso então recordem o final do seu "Tratactus Logicus Philosophicus":

"9.99 - E sobre o que não sabemos, devemos ficar calados."

26 de Janeiro de 2002 às 22:03

manuel caetano ( fertum@amanet.pt )

Apenas três contribuições para quem não tenha desistido de pensar::

1. João Amaral acha que o «debate» forçou o PCP a uma demarcação da direita e a declaração de disponibilidade em direcção ao PS para examinar etc.etc. Dir-se-á que só pode escrever isto quem ou não conhece a real orientação de sempre do seu Partido ou gasta tempo demais a deturpá-la. E, reparem na contenção, volta a insinuar que haveria algum risco do PCP poderia ser «muleta do PSD». Mas é claro que, se fosse candidato, não teria nenhum problema em responder aos candidatos do PS que nunca tinha dito isso e que essa afirmação, se feita pelos candidatos do PS, é uma infame calúnia contra o PCP!

2.Registo, com sincera tristeza, que pela enésima vez, após todos os esclarecimentos que já vieram a público, João Amaral volte a insistir numa suposta «votação envergonhada» do PCP em legislação com marca de esquerda. Curioso debate de ideias este ! Repete, repete, repete. Mas não responde ao esclarecimento de que as abstenções do PCP na reforma fiscal e na lei de bases da segurança social se ficaram a dever à impossibilidade de o PCP, com um voto a favor, dar respectivamente cobertura política ao tratamento dado à questão dos «off-shores» e dar cobertura política à consagração do príncipio do «plafonamento». Aliás, se tivesse votado a favor, talvez Edgar Correia não estivesse tão à vontade, como esteve, para em artigo no Público ter criticado a pressão e vontade do Ministro Paulo Pedroso para andar para a frente com o «plafonamento».Mas apesar dessas abstenções, a verdade é que jamais alguém contestou ou escondeu a relevante contribuição do PCP para essas leis. O dever de João Amaral era explicar se no Comité Central do PCP alguma vez pôs alguma reserva a essas abstenções, ou então explicitar que está a criticar «a posteriori» Edgar Correia que, como membro da Comissão Política, se diz também não ter tido qualquer objecção a essas duas abstenções.

3. Bem pode João Amaral, no quadro de uma contenção que reclama dos outros mas não pratica, continuar a insistir, em fase de arranque da pré-campanha, que o PCP é que não se esforçou o suficiente para uma aproximação ou entendimento global com o PS.

Julgo que está esquecido de muitas coisas.

Por exemplo, está esquecido que, em Junho de 2001, era o PS que cedia totalmente as pressões da direita e do grande capital ao ponto de ter sacrificado Pina Moura, um Ministro muito «in» no guterrismo. E até por este facto se vê que a culpa é toda do PCP !.

E está esquecido que era ele próprio, e não Domingos Abrantes, que , em 15 de Janeiro de 2000, apenas três meses após a formação do 2º governo do PS e no início da legislatura agora interrompida, em artigo no «Expresso» intitulado «ESTE PS NÃO É DE CONFIANÇA», que escrevia : « Com a mesma legitimidade que assiste a esses dirigentes do PS para deitarem o PCP na marquesa médica e submetê-lo a exame, faço aqui também o exame do PS, para saber se ele está em condições de participar com forças políticas da esquerda em soluções políticas, no governo do país e das autarquias» (...); « Este PS do Engenheiro Guterres (...) nem é o PS dos que continuam socialistas e acreditam em coisas tão fora de moda como o valor do trabalho, a luta social ou o principio da laicidade do Estado. O PS do engenheiro Guterres é este PS dos negócios, um PS que não acredita na transformação da sociedade, um PS que inspirado nas convicções do seu líder entende que a justiça social é copiar a Conferência de S. Vicente de Paulo (...)»; «Continuam as operações de saneamento das competências e sua substituição por «boys», tudo feito com desprezo pelas pessoas e sem qualquer pudor. Continua o serviço dos grandes grupos económicos. cada vez mais donos das decisões políticas governamentais» (...) ;«Seguramente este PS não é de confiança. Pela sua própria prática, parece cortar as escassas possibilidades de diálogo à esquerda.»

4. Registo, de boca aberta, que ocupado com tantas críticas à direcção e orientação do PCP, João Amaral o que tem a dizer sobre as «condições» do PS é apenas o seguinte : « O facto é que o PS já «ditou» três condições, que têm de ser examinadas. Qual o conteúdo da proposta do PCP? Por exemplo, um objectivo essencial de uma política de esquerda deve ser a melhoria das condições de vida e direitos dos trabalhadores, o que supõe um programa de acelerada convergência real com a UE. É à luz da garantia desse programa que são consideradas as condicionantes do país quanto aos défices, bem como a estratégia nacional no aprofundamento da construção europeia». Que maravilha de «critica», que maravilha de clareza ! João Amaral já não sabe a diferença entre convergência «real» e «nominal» e que a «nominal» se têm revelado inimiga da «real» ? Ou as suas palavras tão «soft» são a introdução à aceitação das «condições» de Ferro ou quê?

26 de Janeiro de 2002 às 19:25

Kostas Kalimera ( kkalimera@hotmail.com )

O PCP não tem que se preocupar com o PS.

O que o PCP tem de fazer é procurar o entendimento com os eleitores, com o povo soberano, ouvir o que têm para nos dizer, convencer que o PCP, a CDU, é a melhor alternativa ao rotativismo paralisante do PS com o PSD, a melhor saída para a letargia a que aqueles dois partidos, com vários lideres diferentes conduziram o país após longos anos de governo; ora um, ora outro, ora os dois juntos, com o apoio expresso ou não do CDS/PP, e sempre, mas sempre convergindo os dois nas questões mais importantes.

Como se sabe, os dramáticos acontecimentos do princípio da década de noventa reflectiram-se muito negativamente no PCP. O PCP já procedeu à análise desses acontecimentos, que importa continuar e aprofundar.

A implosão da URSS e o desaparecimento dos regimes do leste europeu levou ao júbilo os arautos do capitalismo. Entraram em êxtase. Anunciaram o paraíso. Vinha aí o progresso, a democracia, os direitos humanos, o desenvolvimento e a paz.

Mas não foi isso o que aconteceu.

Pelo contrário. A devastação social nos países do leste e da antiga União Soviética atingiu proporções inimagináveis. Reacenderam-se velhos ódios, a guerra voltou ao solo europeu, o Direito Internacional praticamente desapareceu, instalou-se o unilateralismo e a”lei do mais forte” nas relações internacionais. A presença militar é uma constante, aumenta a violência e a insegurança; os conflitos perduram e agravam-se; reina o pessimismo.

Hoje, mesmo pessoas muito afastadas do comunismo, já reconhecem que a potência dominante, os USA, utilizam o seu enorme poder não para promover a paz e a concórdia, mas para impôr o seu domínio e vontade discricionária.

A luta pelo desarmamento mundial desapareceu. Os USA rasgam tratados internacionais e relançam a louca corrida aos armamentos. Propôem-se gastar somas fabulosas na construção de novas armas para juntar ao seu já dantesco arsenal militar.

Neste quadro, em que a bazófia dos trombetas do sistema se desacreditou completamente, é possível que muitos que deixaram de apoiar o PCP e a CDU reconsiderem da sua posição e voltem a dar o seu apoio e voto aqueles que nunca desistiram da luta, que mantêm a esperança, que não procuram mordomias, que são portadores de um projecto modernizador, revolucionário, democrático e responsável para o nosso país e o nosso povo!

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