Alqueva não é comparável a Foz Côa, diz Guterres

28-04-2001
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Partidos defendem que estudo das gravuras não deve pôr em causa barragem do Alqueva

Alqueva Não É Comparável a Foz Côa, Diz Guterres

Por EUNICE LOURENÇO E SÃO JOSÉ ALMEIDA

Sábado, 28 de Abril de 2001

O primeiro-ministro, António Guterres, deu ontem a indicação, no Parlamento, de que a barragem do Alqueva irá avançar, apesar da descoberta de gravuras do Neolítico. "Sempre que há uma contradição entre os interesses económicos e os valores, há que fazer uma análise, mas a importância estratégica do Alqueva para o Alentejo e para o país não é comparável a Foz Côa", afirmou Guterres, no debate mensal, em resposta a uma pergunta do presidente do CDS-PP, Paulo Portas.

"A barragem é para fazer ou as gravuras sabem nadar?", tinha perguntado Portas, lembrando a Guterres que a sua primeira medida como primeiro-ministro foi suspender o projecto da barragem de Foz Côa, devido à descoberta de gravuras do período Paleolítico, algumas com mais de 25 mil anos. O líder do CDS-PP queria, agora, saber se o PS ia aplicar o mesmo princípio. Na resposta, António Guterres deu a entender que o projecto para a construção da barragem do Alqueva deve avançar, não obstante a descoberta de gravuras. Não foi, contudo, taxativo quanto à opção do Executivo, pois, como anunciou, já deu instruções ao Instituto Português de Arqueologia para proceder à análise sobre o real valor histórico das gravuras encontradas, que são do período Neolítico.

Também o PSD, o PCP e o CDS-PP se manifestaram ontem favoráveis à continuação das obras da barragem do Alqueva, considerando-as compatíveis com os estudos para conhecer o valor arqueológico das gravuras rupestres encontradas na região. Posição semelhante tem o Bloco de Esquerda (BE), que defende apenas a paragem das obras que possam condicionar o apuramento do valor das gravuras.

"Parar as obras todas seria disparatado", afirmou o deputado Fernando Rosas, depois de receber no Parlamento alguns dirigentes ambientalistas. Rosas considera, contudo, necessário averiguar se a Empresa de Desenvolvimento das Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) já sabia, ou tinha indícios, da existência das gravuras agora referenciadas. "Se a EDIA sabia e não fez nada é grave", concluiu o deputado do BE.

Pelo PSD, José Eduardo Martins afirmou à agência Lusa ser "difícil parar" obras que já estão significativamente atrasadas, salientando que o enchimento da barragem não se concluirá no próximo Inverno. Manuel Queiró, do CDS-PP, manifestou-se no mesmo sentido, acrescentando que a construção daquela barragem "é demasiado importante" para ser suspensa nesta altura.

O deputado comunista Lino de Carvalho afirmou que é preciso confirmar rapidamente a existência e o valor patrimonial das gravuras e, caso o tenham, encontrar soluções técnicas para a sua salvaguarda, sem prejuízo da construção da obra. Mas este parlamentar acentuou que os estudos de impacto ambiental global por efeito da construção do Alqueva indicam haver "efeitos positivos" nessa matéria, associados aos de natureza económica e social que se farão sentir no Alentejo. Por isso, insistiu que aqueles que se pronunciam a favor da suspensão das obras de construção da barragem, ou da diminuição do volume de água, têm de apontar alternativas para inverter o processo de desertificação da região alentejana.

Partidos defendem que estudo das gravuras não deve pôr em causa barragem do Alqueva

Alqueva Não É Comparável a Foz Côa, Diz Guterres

Por EUNICE LOURENÇO E SÃO JOSÉ ALMEIDA

Sábado, 28 de Abril de 2001

O primeiro-ministro, António Guterres, deu ontem a indicação, no Parlamento, de que a barragem do Alqueva irá avançar, apesar da descoberta de gravuras do Neolítico. "Sempre que há uma contradição entre os interesses económicos e os valores, há que fazer uma análise, mas a importância estratégica do Alqueva para o Alentejo e para o país não é comparável a Foz Côa", afirmou Guterres, no debate mensal, em resposta a uma pergunta do presidente do CDS-PP, Paulo Portas.

"A barragem é para fazer ou as gravuras sabem nadar?", tinha perguntado Portas, lembrando a Guterres que a sua primeira medida como primeiro-ministro foi suspender o projecto da barragem de Foz Côa, devido à descoberta de gravuras do período Paleolítico, algumas com mais de 25 mil anos. O líder do CDS-PP queria, agora, saber se o PS ia aplicar o mesmo princípio. Na resposta, António Guterres deu a entender que o projecto para a construção da barragem do Alqueva deve avançar, não obstante a descoberta de gravuras. Não foi, contudo, taxativo quanto à opção do Executivo, pois, como anunciou, já deu instruções ao Instituto Português de Arqueologia para proceder à análise sobre o real valor histórico das gravuras encontradas, que são do período Neolítico.

Também o PSD, o PCP e o CDS-PP se manifestaram ontem favoráveis à continuação das obras da barragem do Alqueva, considerando-as compatíveis com os estudos para conhecer o valor arqueológico das gravuras rupestres encontradas na região. Posição semelhante tem o Bloco de Esquerda (BE), que defende apenas a paragem das obras que possam condicionar o apuramento do valor das gravuras.

"Parar as obras todas seria disparatado", afirmou o deputado Fernando Rosas, depois de receber no Parlamento alguns dirigentes ambientalistas. Rosas considera, contudo, necessário averiguar se a Empresa de Desenvolvimento das Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) já sabia, ou tinha indícios, da existência das gravuras agora referenciadas. "Se a EDIA sabia e não fez nada é grave", concluiu o deputado do BE.

Pelo PSD, José Eduardo Martins afirmou à agência Lusa ser "difícil parar" obras que já estão significativamente atrasadas, salientando que o enchimento da barragem não se concluirá no próximo Inverno. Manuel Queiró, do CDS-PP, manifestou-se no mesmo sentido, acrescentando que a construção daquela barragem "é demasiado importante" para ser suspensa nesta altura.

O deputado comunista Lino de Carvalho afirmou que é preciso confirmar rapidamente a existência e o valor patrimonial das gravuras e, caso o tenham, encontrar soluções técnicas para a sua salvaguarda, sem prejuízo da construção da obra. Mas este parlamentar acentuou que os estudos de impacto ambiental global por efeito da construção do Alqueva indicam haver "efeitos positivos" nessa matéria, associados aos de natureza económica e social que se farão sentir no Alentejo. Por isso, insistiu que aqueles que se pronunciam a favor da suspensão das obras de construção da barragem, ou da diminuição do volume de água, têm de apontar alternativas para inverter o processo de desertificação da região alentejana.

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