Teses pedem mais disciplina

01-12-2000
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Tribuna Permanente foi rejeitada

Teses Pedem Mais Disciplina

Sexta-feira, 1 de Dezembro de 2000 O apelo à repreensão de militantes e a condenação da comunicação social foi a alteração introduzida na Resolução Política ao XVI Congresso do PCP durante a reunião do comité central do passado domingo que gerou mais polémica, acabando contudo por ser aprovada. Fortemente apoiada por Carlos Aboim Inglez e por Carlos Costa, de acordo com os relatos da reunião que foram feitos ao PÚBLICO, a passagem que foi proposta rezava: "A forte e intensa ofensiva contra o PCP, conduzida pela comunicação social dominante e suportada por comportamentos e práticas de militantes do partido claramente violadoras das normas de funcionamento interno definidas e aprovadas colectivamente, que a todos obrigam na acção militante interna ou externa, exigem da direcção do partido uma redobrada coesão, na dinamização da iniciativa partidária, no combate político e ideológico e na afirmação prática dos princípios e normas de funcionamento democrático do partido, elementos essenciais da sua força e capacidade de intervenção." Contra a introdução desta passagem foram feitas críticas por dirigentes como Lino de Carvalho, Mário Abrantes, Jorge Matos e Gouveia Monteiro. No plano da disciplina, refira-se ainda que existiram intervenções com uma linguagem mais radical, como foi o caso de José Teles de Figueiredo, que declarou: "A direcção mostrou tibieza na aplicação da disciplina." E Clarinda Nogueira chegou a sustentar em relação aos que criticam a linha oficial: "Devem sair do partido com a mesma dignidade com que entraram." Na reunião, que se realizou para a aprovação final das teses ao congresso - só João Amaral votou contra e houve 12 abstenções - e a que faltaram inúmeros dirigentes, houve mais alterações relativas à comunicação social, nomeadamente à partidária, como o "Avante!". Por exemplo, o relator do capítulo das teses sobre "O Partido", Francisco Lopes, anunciou que não tinham sido aceites as propostas de que fosse criada uma Tribuna Permanente no "Avante!". Já em relação à comunicação social não partidária, foi ainda introduzido um ponto, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO: "Alguns órgãos da chamada ''grande imprensa'' praticam frequentemente um tipo de informação de claros contornos anticomunistas, em que à recuperação de métodos discriminatórios e manipulatórios que julgaríamos definitivamente ultrapassados se juntam outros, de cariz mais sofisticado, que sob a invocação dos ''critérios jornalísticos'' e recorrendo ao anonimato das ''fontes'', parece apenas visarem enfraquecer e desacreditar o PCP." Além de Francisco Lopes, os relatores da comissão de redacção das teses foram os mesmos da última reunião: Albano Nunes, "situação internacional"; Domingos Abrantes, "situação nacional"; Jerónimo de Sousa, "luta de massas, a intervenção social e política do partido". Para a fase seguinte, ou seja, as alterações propostas em congresso, a comissão de redacção é também composta por Octávio Teixeira, Agostinho Lopes e Vítor Dias. Debate "sereno" Outro ponto que gerou discussão foi à volta da elaboração do comunicado final para a comunicação social. Isto porque a proposta inicial afirmava: "O debate sereno e determinado do colectivo partidário fez gorar as fortes e persistentes ofensivas que se verificaram sobre o partido." E pretendia acrescentar que "o debate constituiu uma concludente manifestação da elevada consciência política". Nesta linha houve dirigentes que destacaram o debate nas suas organizações usando expressões como o "grande êxito do debate" e "uma grande participação" - de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, a participação envolveu menos de dez por cento dos inscritos. Contra esta adjectivação proposta para o comunicado manifestaram-se Joaquim Miranda, Teresa Lopes, José Antunes, Branca de Carvalho, Oliveira Alves e Manuela Silva. Gouveia Monteiro chegou ao ponto de afirmar que em Coimbra a organização do PCP considerou "francamente insatisfatória a participação". O comunicado final diz que um "debate vivo e determinado na generalidade do colectivo do partido fez gorar as fortes e persistentes ofensivas que se verificam sobre o partido" e refere a "manifestação da elevada consciência política". Refira-se ainda que José Soeiro fez questão de numa intervenção seca lembrar que, quando avisou em comité central que se demitia, "não foi de ânimo leve" e pediu que a questão "não fosse ali discutida", já que daí "não viria nenhum bem ao partido". S.J.A./H.P. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Andrez deixa direcção do PCP

Demissões em cascata

Teses pedem mais disciplina

Militantes insistem nos ataques pessoais

Saramago entronizado

O PCP congresso a congresso

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Sexta-feira, 1 de Dezembro de 2000 O apelo à repreensão de militantes e a condenação da comunicação social foi a alteração introduzida na Resolução Política ao XVI Congresso do PCP durante a reunião do comité central do passado domingo que gerou mais polémica, acabando contudo por ser aprovada. Fortemente apoiada por Carlos Aboim Inglez e por Carlos Costa, de acordo com os relatos da reunião que foram feitos ao PÚBLICO, a passagem que foi proposta rezava: "A forte e intensa ofensiva contra o PCP, conduzida pela comunicação social dominante e suportada por comportamentos e práticas de militantes do partido claramente violadoras das normas de funcionamento interno definidas e aprovadas colectivamente, que a todos obrigam na acção militante interna ou externa, exigem da direcção do partido uma redobrada coesão, na dinamização da iniciativa partidária, no combate político e ideológico e na afirmação prática dos princípios e normas de funcionamento democrático do partido, elementos essenciais da sua força e capacidade de intervenção." Contra a introdução desta passagem foram feitas críticas por dirigentes como Lino de Carvalho, Mário Abrantes, Jorge Matos e Gouveia Monteiro. No plano da disciplina, refira-se ainda que existiram intervenções com uma linguagem mais radical, como foi o caso de José Teles de Figueiredo, que declarou: "A direcção mostrou tibieza na aplicação da disciplina." E Clarinda Nogueira chegou a sustentar em relação aos que criticam a linha oficial: "Devem sair do partido com a mesma dignidade com que entraram." Na reunião, que se realizou para a aprovação final das teses ao congresso - só João Amaral votou contra e houve 12 abstenções - e a que faltaram inúmeros dirigentes, houve mais alterações relativas à comunicação social, nomeadamente à partidária, como o "Avante!". Por exemplo, o relator do capítulo das teses sobre "O Partido", Francisco Lopes, anunciou que não tinham sido aceites as propostas de que fosse criada uma Tribuna Permanente no "Avante!". Já em relação à comunicação social não partidária, foi ainda introduzido um ponto, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO: "Alguns órgãos da chamada ''grande imprensa'' praticam frequentemente um tipo de informação de claros contornos anticomunistas, em que à recuperação de métodos discriminatórios e manipulatórios que julgaríamos definitivamente ultrapassados se juntam outros, de cariz mais sofisticado, que sob a invocação dos ''critérios jornalísticos'' e recorrendo ao anonimato das ''fontes'', parece apenas visarem enfraquecer e desacreditar o PCP." Além de Francisco Lopes, os relatores da comissão de redacção das teses foram os mesmos da última reunião: Albano Nunes, "situação internacional"; Domingos Abrantes, "situação nacional"; Jerónimo de Sousa, "luta de massas, a intervenção social e política do partido". Para a fase seguinte, ou seja, as alterações propostas em congresso, a comissão de redacção é também composta por Octávio Teixeira, Agostinho Lopes e Vítor Dias. Debate "sereno" Outro ponto que gerou discussão foi à volta da elaboração do comunicado final para a comunicação social. Isto porque a proposta inicial afirmava: "O debate sereno e determinado do colectivo partidário fez gorar as fortes e persistentes ofensivas que se verificaram sobre o partido." E pretendia acrescentar que "o debate constituiu uma concludente manifestação da elevada consciência política". Nesta linha houve dirigentes que destacaram o debate nas suas organizações usando expressões como o "grande êxito do debate" e "uma grande participação" - de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, a participação envolveu menos de dez por cento dos inscritos. Contra esta adjectivação proposta para o comunicado manifestaram-se Joaquim Miranda, Teresa Lopes, José Antunes, Branca de Carvalho, Oliveira Alves e Manuela Silva. Gouveia Monteiro chegou ao ponto de afirmar que em Coimbra a organização do PCP considerou "francamente insatisfatória a participação". O comunicado final diz que um "debate vivo e determinado na generalidade do colectivo do partido fez gorar as fortes e persistentes ofensivas que se verificam sobre o partido" e refere a "manifestação da elevada consciência política". Refira-se ainda que José Soeiro fez questão de numa intervenção seca lembrar que, quando avisou em comité central que se demitia, "não foi de ânimo leve" e pediu que a questão "não fosse ali discutida", já que daí "não viria nenhum bem ao partido". S.J.A./H.P. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Andrez deixa direcção do PCP

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