Conversa da treta A segunda ronda de conversas do Governo com a oposição sobre o OE 2002 deu em nada. Mas o Governo insiste e volta a convocar os líderes dos partidos João Carlos Santos Oliveira Martins garante que o Governo não negoceia o OE com deputados, individualmente O MINISTRO das Finanças anunciou esta semana a realização de uma terceira ronda de conversas com os partidos antes da apresentação do Orçamento, numa derradeira tentativa de passar a mensagem de que «o Governo tudo continuará a fazer para chegar a um possível entendimento com um ou mais grupos parlamentares». Na mesma semana em que António Guterres foi ao Minho assinar o contrato de concessão da SCUT Norte-Litoral e consignar a empreitada do IC28 - duas obras que o autarca de Ponte de Lima, Daniel Campelo, não deixará de levar em consideração na hora de votar o Orçamento para 2002 -, Guilherme d'Oliveira Martins insistiu na tónica de que o Governo não assinará acordos com deputados individualmente, «como nunca o fez no passado». O MINISTRO das Finanças anunciou esta semana a realização de uma terceira ronda de conversas com os partidos antes da apresentação do Orçamento, numa derradeira tentativa de passar a mensagem de que. Na mesma semana em que António Guterres foi ao Minho assinar o contrato de concessão da SCUT Norte-Litoral e consignar a empreitada do IC28 - duas obras que o autarca de Ponte de Lima, Daniel Campelo, não deixará de levar em consideração na hora de votar o Orçamento para 2002 -, Guilherme d'Oliveira Martins insistiu na tónica de que o Governo não assinará acordos com deputados individualmente, Mas, a avaliar pelas reacções dos partidos da oposição no balanço desta segunda ronda, só mesmo Daniel Campelo, ou outro deputado que fuja à disciplina partidária, poderá dar ao Governo os votos de que precisa para fazer passar o OE. Campelo, outra vez! Na terça-feira, o presidente do PSD foi a S. Bento reiterar as quatro condições prévias para negociar o Orçamento: uma auditoria às contas públicas, a revogação da reforma fiscal (em particular, a tributação das mais-valias), a criação de incentivos à poupança e ao investimento e a adopção de medidas de contenção na despesa pública primária. Durão Barroso disse a Guterres que o PSD não apresenta qualquer proposta para o OE, uma vez que «os números oficiais estão falseados» - e, nessa medida, fazer qualquer proposta seria «ir a jogo com cartas falseadas». Mas o primeiro-ministro foi peremptório: não haverá auditoria extraordinária às contas públicas. Em relação às outras condições, os sociais-democratas saíram convencidos de que o Governo vai «tomar uma ou outra medida para a redução da despesa pública e para fomentar o investimento», estando também em aberto eventuais alterações à reforma fiscal. Entretanto, Durão Barroso agendou para finais de Novembro a actualização do «Programa de Emergência para a Economia Portuguesa», que o PSD apresentou no ano passado. Em relação à votação do OE, o PSD prepara-se para questionar Guterres: se consegue uma maioria para aprovar o Orçamento (com Campelo), por que não a tem para fazer aprovar uma moção de confiança? «A verdade é que existe um grave problema de confiança do país. Exemplo disso é que nenhum parceiro social confia no actual Governo. Por isso, o primeiro-ministro não está interessado em clarificar a situação política», afirma uma fonte da direcção do PSD. Tal como sucedeu esta semana, na segunda ronda de conversações sobre o OE, o CDS/PP também não deverá estar presente na terceira ronda. Os populares mantêm a convicção de que o Governo já tem o OE negociado com Daniel Campelo e, como tal, estão indisponíveis para participar em «encenações». O PCP, nas palavras do deputado Lino de Carvalho, afirma que o Governo sabe «claramente quais são as questões essenciais para o PCP», que «não sãocondições de negociação para um eventual voto». Esse voto, continua, «será medido em função do OE que vier a ser apresentado». Para os comunistas, que apresentaram oito «grandes questões» que sugerem que sejam tomadas em linha de conta, são fundamentais a revisão e flexibilização do Pacto de Estabilidade - «não percebemos o que o Governo quer nesta matéria», diz Lino de Carvalho -, o prosseguimento da reforma fiscal e a questão das despesas com o pessoal: «Não podem ser os trabalhadores a pagar os custos do contraccionismo económico». O Bloco de Esquerda também está à espera da resposta do Executivo às propostas que entregou, opondo-se a «uma política orçamental regida pelo Pacto de Estabilidade e pelo Plano de Redução da Despesa Pública», diz Francisco Louçã. A outra preocupação fundamental é a reforma fiscal: «Saber por que ficou paralisada». Apesar de Louçã considerar que um acordo «já está feito» com Campelo, diz que o BE vai ver «que documento o Governo apresenta e, eventualmente, até apresentar propostas globais».
A.P.A./C.F./M.T.O./S.R.
Pessimismo q.b. OS ATENTADOS nos EUA deram ao primeiro-ministro um argumento adicional para apelar ao sentido de Estado da oposição na hora da votação do Orçamento para 2002. «É muito importante o empenhamento de todos em criar as condições para que a nossa economia possa sair de tudo isto da melhor maneira possível» - afirmou António Guterres - «sobretudo porque vivemos um momento de particular incerteza à escala mundial». Incerteza é também a palavra utilizada pelo Ministério das Finanças, na sua nota mensal de conjuntura, referindo-se ao impacto dos «acontecimentos trágicos nos EUA» na economia. O texto não esconde que a quebra na confiança dos consumidores, a acrescida volatilidade no mercado do petróleo bruto e as quebras nas bolsas poderão provocar efeitos negativos que «afectariam o consumo privado e atrasariam a retoma do investimento produtivo». Mas conclui com uma nota de optimismo: «A resiliência do espírito humano é, frequentemente, muito maior nas situações de adversidade (...) no médio prazo, os recentes acontecimentos poderão produzir efeitos positivos».
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Conversa da treta A segunda ronda de conversas do Governo com a oposição sobre o OE 2002 deu em nada. Mas o Governo insiste e volta a convocar os líderes dos partidos João Carlos Santos Oliveira Martins garante que o Governo não negoceia o OE com deputados, individualmente O MINISTRO das Finanças anunciou esta semana a realização de uma terceira ronda de conversas com os partidos antes da apresentação do Orçamento, numa derradeira tentativa de passar a mensagem de que «o Governo tudo continuará a fazer para chegar a um possível entendimento com um ou mais grupos parlamentares». Na mesma semana em que António Guterres foi ao Minho assinar o contrato de concessão da SCUT Norte-Litoral e consignar a empreitada do IC28 - duas obras que o autarca de Ponte de Lima, Daniel Campelo, não deixará de levar em consideração na hora de votar o Orçamento para 2002 -, Guilherme d'Oliveira Martins insistiu na tónica de que o Governo não assinará acordos com deputados individualmente, «como nunca o fez no passado». O MINISTRO das Finanças anunciou esta semana a realização de uma terceira ronda de conversas com os partidos antes da apresentação do Orçamento, numa derradeira tentativa de passar a mensagem de que. Na mesma semana em que António Guterres foi ao Minho assinar o contrato de concessão da SCUT Norte-Litoral e consignar a empreitada do IC28 - duas obras que o autarca de Ponte de Lima, Daniel Campelo, não deixará de levar em consideração na hora de votar o Orçamento para 2002 -, Guilherme d'Oliveira Martins insistiu na tónica de que o Governo não assinará acordos com deputados individualmente, Mas, a avaliar pelas reacções dos partidos da oposição no balanço desta segunda ronda, só mesmo Daniel Campelo, ou outro deputado que fuja à disciplina partidária, poderá dar ao Governo os votos de que precisa para fazer passar o OE. Campelo, outra vez! Na terça-feira, o presidente do PSD foi a S. Bento reiterar as quatro condições prévias para negociar o Orçamento: uma auditoria às contas públicas, a revogação da reforma fiscal (em particular, a tributação das mais-valias), a criação de incentivos à poupança e ao investimento e a adopção de medidas de contenção na despesa pública primária. Durão Barroso disse a Guterres que o PSD não apresenta qualquer proposta para o OE, uma vez que «os números oficiais estão falseados» - e, nessa medida, fazer qualquer proposta seria «ir a jogo com cartas falseadas». Mas o primeiro-ministro foi peremptório: não haverá auditoria extraordinária às contas públicas. Em relação às outras condições, os sociais-democratas saíram convencidos de que o Governo vai «tomar uma ou outra medida para a redução da despesa pública e para fomentar o investimento», estando também em aberto eventuais alterações à reforma fiscal. Entretanto, Durão Barroso agendou para finais de Novembro a actualização do «Programa de Emergência para a Economia Portuguesa», que o PSD apresentou no ano passado. Em relação à votação do OE, o PSD prepara-se para questionar Guterres: se consegue uma maioria para aprovar o Orçamento (com Campelo), por que não a tem para fazer aprovar uma moção de confiança? «A verdade é que existe um grave problema de confiança do país. Exemplo disso é que nenhum parceiro social confia no actual Governo. Por isso, o primeiro-ministro não está interessado em clarificar a situação política», afirma uma fonte da direcção do PSD. Tal como sucedeu esta semana, na segunda ronda de conversações sobre o OE, o CDS/PP também não deverá estar presente na terceira ronda. Os populares mantêm a convicção de que o Governo já tem o OE negociado com Daniel Campelo e, como tal, estão indisponíveis para participar em «encenações». O PCP, nas palavras do deputado Lino de Carvalho, afirma que o Governo sabe «claramente quais são as questões essenciais para o PCP», que «não sãocondições de negociação para um eventual voto». Esse voto, continua, «será medido em função do OE que vier a ser apresentado». Para os comunistas, que apresentaram oito «grandes questões» que sugerem que sejam tomadas em linha de conta, são fundamentais a revisão e flexibilização do Pacto de Estabilidade - «não percebemos o que o Governo quer nesta matéria», diz Lino de Carvalho -, o prosseguimento da reforma fiscal e a questão das despesas com o pessoal: «Não podem ser os trabalhadores a pagar os custos do contraccionismo económico». O Bloco de Esquerda também está à espera da resposta do Executivo às propostas que entregou, opondo-se a «uma política orçamental regida pelo Pacto de Estabilidade e pelo Plano de Redução da Despesa Pública», diz Francisco Louçã. A outra preocupação fundamental é a reforma fiscal: «Saber por que ficou paralisada». Apesar de Louçã considerar que um acordo «já está feito» com Campelo, diz que o BE vai ver «que documento o Governo apresenta e, eventualmente, até apresentar propostas globais».
A.P.A./C.F./M.T.O./S.R.
Pessimismo q.b. OS ATENTADOS nos EUA deram ao primeiro-ministro um argumento adicional para apelar ao sentido de Estado da oposição na hora da votação do Orçamento para 2002. «É muito importante o empenhamento de todos em criar as condições para que a nossa economia possa sair de tudo isto da melhor maneira possível» - afirmou António Guterres - «sobretudo porque vivemos um momento de particular incerteza à escala mundial». Incerteza é também a palavra utilizada pelo Ministério das Finanças, na sua nota mensal de conjuntura, referindo-se ao impacto dos «acontecimentos trágicos nos EUA» na economia. O texto não esconde que a quebra na confiança dos consumidores, a acrescida volatilidade no mercado do petróleo bruto e as quebras nas bolsas poderão provocar efeitos negativos que «afectariam o consumo privado e atrasariam a retoma do investimento produtivo». Mas conclui com uma nota de optimismo: «A resiliência do espírito humano é, frequentemente, muito maior nas situações de adversidade (...) no médio prazo, os recentes acontecimentos poderão produzir efeitos positivos».
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