Queda de aeronave na Azambuja por explicar

23-02-2001
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Queda de Aeronave na Azambuja por Explicar

Por JOSÉ PARREIRA

Sábado, 3 de Fevereiro de 2001

PILOTO EXPERIENTE TINHA "BREVET" CADUCADO

Uma fonte do Gpiac disse que "parece não ter havido factores exteriores" a causar o acidente

O piloto da aeronave que se despenhou ao final da tarde da passada quinta-feira, junto à localidade de Porto de Muge, no concelho de Azambuja tinha, de acordo com alguns pilotos, o "brevet" caducado, apesar de ter sido co-piloto da TAG (Linhas Aéreas de Angola) até 1975. Depois ingressara nas fileiras da Unita, tendo chegado a pilotar aviões de Jonas Savimbi.

Segundo os testemunhos de alguns amigos de António José Saraiva dos Reis, de 52 anos, ele "era um bom piloto, com muita experiência". Mas neste momento "não tinha o 'brevet' em dia", e por essa razão não podia ter sido autorizado a voar nas pistas de onde na quarta-feira tinha descolado e aterrado.

"A aeronáutica civil deveria exercer uma maior fiscalização", reforça um piloto comercial proprietário de um ultraleve que contactava com frequência com a vítima. Nas últimas semanas, por causa das cheias na região do Vale de Santarém, o aparelho de Saraiva dos Reis tinha sido transferido da Escola de Voo da Azambuja, que se encontrava alagada, para a quinta do Algueirão, cujo proprietário e director era seu amigo.

Pelo facto de não possuir 'brevet 'de piloto Saraiva dos Reis também não podia fazer seguro da aeronave e dos seus ocupantes. De acordo com um dos pilotos que habitualmente contactava com a vítima deste acidente, "ele tinha saído da zona da Azambuja, aterrou no aeródromo de Santarém e voou em direcção a Porto de Muge". Como causas prováveis para explicar o acidente a mesma fonte aponta "uma pouco provável falha estrutural da aeronave" ou "um voo a baixa altitude", o que, a verificar-se, "é muito complicado para este tipo de aparelhos".

A aeronave em causa também não estava homologada, uma vez que a legislação portuguesa apenas prevê ultra-ligeiros, avionetas e aviões. Neste caso, o aparelho é um "intermédio" de ultra-ligeiro e de avioneta. Trata-se de um modelo "Jodel" de construção amadora, de madeira e fibras sintéticas, com um motor Volkswagen de apenas 60 cavalos - o que é muito pouco "para se poder recuperar quando se voa a uma baixa altitude". Todos os pilotos que conheciam Saraiva dos Reis consideram-no como "um indivíduo dotado, com boas capacidades".

Para além de Saraiva dos Reis, residente em Porto de Muge, faleceu no acidente José Ernesto Patrício, de 45 anos, residente em Casais Lagartos, concelho do Cartaxo. De acordo com o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (Gpiac), as causas da queda da aeronave serão reveladas nos próximos dias.

Uma fonte do Gpiac disse ao PÚBLICO que "parece não ter havido factores exteriores a causar a queda do avião". Mas só nos próximos dias se poderão vir a ter certezas, "depois de uma avaliação dos dados existentes". No local do sinistro esteve uma equipa de investigadores a recolher amostras do aparelho para posterior peritagem.

Queda de Aeronave na Azambuja por Explicar

Por JOSÉ PARREIRA

Sábado, 3 de Fevereiro de 2001

PILOTO EXPERIENTE TINHA "BREVET" CADUCADO

Uma fonte do Gpiac disse que "parece não ter havido factores exteriores" a causar o acidente

O piloto da aeronave que se despenhou ao final da tarde da passada quinta-feira, junto à localidade de Porto de Muge, no concelho de Azambuja tinha, de acordo com alguns pilotos, o "brevet" caducado, apesar de ter sido co-piloto da TAG (Linhas Aéreas de Angola) até 1975. Depois ingressara nas fileiras da Unita, tendo chegado a pilotar aviões de Jonas Savimbi.

Segundo os testemunhos de alguns amigos de António José Saraiva dos Reis, de 52 anos, ele "era um bom piloto, com muita experiência". Mas neste momento "não tinha o 'brevet' em dia", e por essa razão não podia ter sido autorizado a voar nas pistas de onde na quarta-feira tinha descolado e aterrado.

"A aeronáutica civil deveria exercer uma maior fiscalização", reforça um piloto comercial proprietário de um ultraleve que contactava com frequência com a vítima. Nas últimas semanas, por causa das cheias na região do Vale de Santarém, o aparelho de Saraiva dos Reis tinha sido transferido da Escola de Voo da Azambuja, que se encontrava alagada, para a quinta do Algueirão, cujo proprietário e director era seu amigo.

Pelo facto de não possuir 'brevet 'de piloto Saraiva dos Reis também não podia fazer seguro da aeronave e dos seus ocupantes. De acordo com um dos pilotos que habitualmente contactava com a vítima deste acidente, "ele tinha saído da zona da Azambuja, aterrou no aeródromo de Santarém e voou em direcção a Porto de Muge". Como causas prováveis para explicar o acidente a mesma fonte aponta "uma pouco provável falha estrutural da aeronave" ou "um voo a baixa altitude", o que, a verificar-se, "é muito complicado para este tipo de aparelhos".

A aeronave em causa também não estava homologada, uma vez que a legislação portuguesa apenas prevê ultra-ligeiros, avionetas e aviões. Neste caso, o aparelho é um "intermédio" de ultra-ligeiro e de avioneta. Trata-se de um modelo "Jodel" de construção amadora, de madeira e fibras sintéticas, com um motor Volkswagen de apenas 60 cavalos - o que é muito pouco "para se poder recuperar quando se voa a uma baixa altitude". Todos os pilotos que conheciam Saraiva dos Reis consideram-no como "um indivíduo dotado, com boas capacidades".

Para além de Saraiva dos Reis, residente em Porto de Muge, faleceu no acidente José Ernesto Patrício, de 45 anos, residente em Casais Lagartos, concelho do Cartaxo. De acordo com o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (Gpiac), as causas da queda da aeronave serão reveladas nos próximos dias.

Uma fonte do Gpiac disse ao PÚBLICO que "parece não ter havido factores exteriores a causar a queda do avião". Mas só nos próximos dias se poderão vir a ter certezas, "depois de uma avaliação dos dados existentes". No local do sinistro esteve uma equipa de investigadores a recolher amostras do aparelho para posterior peritagem.

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