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14-10-2000
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15 de Março

Parlamento Europeu: Mário Soares retoma críticas a Luanda

Mário Soares criticou hoje no Parlamento Europeu (PE) a "excessiva discrição diplomática" e a "cortina de silêncio" internacional sobre a situação dos direitos humanos em Angola. O ex-Presidente português não se referiu às autoridades angolanas, apoiando-se exclusivamente no relatório sobre "Os Direitos do Homem no Mundo", discutido hoje em Estrasburgo.

"O relatório diz que esta questão dos atentados aos direitos humanos em Angola tem sido tratada com excessiva discrição diplomática. Eu acho que isto corresponde exactamente ao que tem sucedido. Tem havido uma cortina de silêncio sobre o que se passa em Angola, um país que está há 40 anos em guerra permanente e há 25 em guerra civil", disse Soares.

O eurodeputado socialista julga ser "necessário que houvesse uma visão mais informada sobre aquilo que se passa em Angola", exemplificando com o debate sobre "os direitos humanos dos jornalistas atacados" naquele país, realizado na última sessão plenária do PE - onde Soares fez as críticas a Luanda que desencadearam uma polémica com o regime angolano.

A "preocupação" de Soares dirigiu-se hoje, sobretudo, para "os direitos das crianças, que são levadas à força para a guerra por ambos os lados" e para os "direitos das mulheres" angolanas.

O relatório suscitou, porém, reacções mais inflamadas, como a do eurodeputado popular José Ribeiro e Castro. No texto do documento, elaborado pela eurodeputada sueca Cecilia Malmstrom, pode ler-se: "A breve referência ao conflito em Angola contida no relatório do Conselho é outro exemplo de excessiva discrição diplomática. O Conselho estará verdadeiramente em condições de poder identificar a UNITA como o principal responsável pelo fracasso do processo de paz?". Ribeiro e Castro - que subscreve a dúvida expressa no relatório - afirmou que "o Conselho [Europeu] não está mais em posição de sustentar que a UNITA é o único responsável pelo fracasso do processo de paz". "Temos assistido a um aumento de consciência ao nível do PE para as graves responsabilidades que o Governo angolano e o MPLA também têm na situação trágica e tensíssima de violação contínua dos direitos humanos em Angola", considerou Ribeiro e Castro. De acordo com o eurodeputado po= lar, é preciso "retomar o encadeado" da guerra civil angolana, que "não é uma história de um dia": "Tínhamos que começar com a ocupação cubana, com o fracasso de Bicesse, com os massacres de Luanda, que cavaram fundo a desconfiança entre as duas partes".

Embora manifestando algumas "reservas e dúvidas" quanto ao comportamento da UNITA "a partir de certa altura do processo", José Ribeiro e Castro salientou que "quem está no Governo é que tem a principal responsabilidade" e, por isso, "cumpria sobretudo" ao executivo angolano "dar mostras contínuas de boa-fé, ser capaz de reconstruir a confiança que contribuiu muito para abalar e favorecer a emergência de outras forças civis descomprometidas com a guerra". "Temos assistido por parte do Governo de Luanda a uma política cleptocrática, acusações severíssimas e suspeitas gravíssimas de uma corrupção tenebrosa envolvida com a economia de guerra e uma política de eucalipto, secando toda e qualquer outra forma de expressão da sociedade civil angolana: os intelectuais, os jornalistas, uma opinião pública que pudesse concorrer para uma evolução política diferente para aquele país", concluiu o eurodeputado popular.

URL deste artigo: http://noticias.sapo.pt/artigos/BICDEE,bjjbbj.html

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Parlamento Europeu: Mário Soares retoma críticas a Luanda

Mário Soares criticou hoje no Parlamento Europeu (PE) a "excessiva discrição diplomática" e a "cortina de silêncio" internacional sobre a situação dos direitos humanos em Angola. O ex-Presidente português não se referiu às autoridades angolanas, apoiando-se exclusivamente no relatório sobre "Os Direitos do Homem no Mundo", discutido hoje em Estrasburgo.

"O relatório diz que esta questão dos atentados aos direitos humanos em Angola tem sido tratada com excessiva discrição diplomática. Eu acho que isto corresponde exactamente ao que tem sucedido. Tem havido uma cortina de silêncio sobre o que se passa em Angola, um país que está há 40 anos em guerra permanente e há 25 em guerra civil", disse Soares.

O eurodeputado socialista julga ser "necessário que houvesse uma visão mais informada sobre aquilo que se passa em Angola", exemplificando com o debate sobre "os direitos humanos dos jornalistas atacados" naquele país, realizado na última sessão plenária do PE - onde Soares fez as críticas a Luanda que desencadearam uma polémica com o regime angolano.

A "preocupação" de Soares dirigiu-se hoje, sobretudo, para "os direitos das crianças, que são levadas à força para a guerra por ambos os lados" e para os "direitos das mulheres" angolanas.

O relatório suscitou, porém, reacções mais inflamadas, como a do eurodeputado popular José Ribeiro e Castro. No texto do documento, elaborado pela eurodeputada sueca Cecilia Malmstrom, pode ler-se: "A breve referência ao conflito em Angola contida no relatório do Conselho é outro exemplo de excessiva discrição diplomática. O Conselho estará verdadeiramente em condições de poder identificar a UNITA como o principal responsável pelo fracasso do processo de paz?". Ribeiro e Castro - que subscreve a dúvida expressa no relatório - afirmou que "o Conselho [Europeu] não está mais em posição de sustentar que a UNITA é o único responsável pelo fracasso do processo de paz". "Temos assistido a um aumento de consciência ao nível do PE para as graves responsabilidades que o Governo angolano e o MPLA também têm na situação trágica e tensíssima de violação contínua dos direitos humanos em Angola", considerou Ribeiro e Castro. De acordo com o eurodeputado po= lar, é preciso "retomar o encadeado" da guerra civil angolana, que "não é uma história de um dia": "Tínhamos que começar com a ocupação cubana, com o fracasso de Bicesse, com os massacres de Luanda, que cavaram fundo a desconfiança entre as duas partes".

Embora manifestando algumas "reservas e dúvidas" quanto ao comportamento da UNITA "a partir de certa altura do processo", José Ribeiro e Castro salientou que "quem está no Governo é que tem a principal responsabilidade" e, por isso, "cumpria sobretudo" ao executivo angolano "dar mostras contínuas de boa-fé, ser capaz de reconstruir a confiança que contribuiu muito para abalar e favorecer a emergência de outras forças civis descomprometidas com a guerra". "Temos assistido por parte do Governo de Luanda a uma política cleptocrática, acusações severíssimas e suspeitas gravíssimas de uma corrupção tenebrosa envolvida com a economia de guerra e uma política de eucalipto, secando toda e qualquer outra forma de expressão da sociedade civil angolana: os intelectuais, os jornalistas, uma opinião pública que pudesse concorrer para uma evolução política diferente para aquele país", concluiu o eurodeputado popular.

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