Estudantes do Técnico com a casa às costas
O IST – Tagus Park corre o risco de ficar vazio. A solução passa por um novo curso, que aguarda aprovação ministerial
José Pedro Tomaz O pólo de Oeiras abriu, em Dezembro último, ainda em obras. Um grupo de 80 alunos de Engenharia Informática inaugurou o projecto, agora com o futuro ameaçado
OS EDIFÍCIOS do Instituto Superior Técnico (IST) no Tagus Park, em Oeiras, podem ficar vazios no próximo ano académico. Em causa está a impossibilidade legal do IST ministrar a Licenciatura em Engenharia Informática e Computadores (LEIC) na Alameda e no Tagus Park, em simultâneo, e o facto do novo curso previsto para ocupar aquelas instalações ainda não ter a aprovação do Ministério da Educação.
Para inaugurar o pólo de Oeiras, em Dezembro do ano passado, o IST apresentou ao Ministério da Educação duas novas licenciaturas em Engenharia Industrial e Biomédica. Mas o ministério «reprovou» a proposta e não atribuiu vagas para ambos os cursos.
Sem outras alternativas, o Técnico solicitou autorização para leccionar LEIC no Tagus Park e na Alameda. José Reis, secretário de Estado do Ensino Superior, aceitou o pedido, salvaguardando que «esta autorização vale apenas para o ano lectivo 2000/2001», conforme consta no despacho enviado à reitoria do IST, ao qual o EXPRESSO teve acesso.
De acordo com José Manuel Tribolet, responsável pelo Departamento de Engenharia Informática do Técnico, «era necessário iniciar as aulas para garantir que o projecto não ficava na gaveta por mais cinco anos».
Tribolet esclarece que «já em 1995 havia a estratégia de levar o departamento para Oeiras, mas não avançou por falta de verbas». Com o pólo de Oeiras sem equipamentos para soluções ambiciosas, optou por organizar o primeiro ano de engenharia informática também no Tagus Park e, assim, viabilizar as aulas nesse pólo, com 80 alunos.
O prazo dado pelo Governo está prestes a terminar e o IST tenta agora manter o Tagus Park a funcionar. Do pacote de soluções constam a criação da Licenciatura em Engenharia de Sistemas de Informação e Multimédia (LESIM) e a autorização para que os 80 alunos de informática terminem ali os seus estudos.
No entanto, estas ideias carecem da aprovação do Ministério da Educação, que se escusou a adiantar ao EXPRESSO qualquer explicação. Fonte do gabinete de imprensa apenas referiu que «o ministério está informado sobre a situação e tomará medidas quando entender ser necessário».
Chumbos para a Alameda
Em qualquer dos cenários, os alunos que este ano reprovarem vão ser obrigados a ir para a Alameda. Aos outros, que não querem deixar Oeiras, restará optar por uma das duas licenciaturas, caso o parecer do ministério seja favorável. Isto é, se a licenciatura em multimédia e a continuação de informática tiverem luz verde, os estudantes do segundo ano têm que optar por uma das áreas. No Tagus Park só existirá o primeiro ano da nova licenciatura e o segundo de um dos cursos, a eleger pelos estudantes.
O responsável pelo Departamento de Informática garante que não existem condições e docentes suficientes para assegurar os cinco anos de engenharia informática nos dois pólos do IST, mais multimédia em Oeiras.
Por outro lado, «se o ministério quisesse transferir todo o primeiro ano de informática para o Tagus Park, 180 alunos, a maioria dos professores iria recusar. E estaria a violar a autonomia universitária», adianta José Tribolet.
O presidente do Conselho Directivo do IST, Carlos Matos Ferreira, revela que a licenciatura em multimédia será aprovada pelo Senado da Universidade Técnica de Lisboa a 22 de Fevereiro e, posteriormente, enviada ao ministério. «Vai ser a aposta para o Tagus Park e faz parte do plano estratégico do IST até 2006», pedido pelo Governo a todas as universidades.
Apesar de Tribolet garantir que «não existe qualquer hipótese do curso ser reprovado, porque é fundamental para o país ter especialistas nesta área», os alunos estão preocupados. Só agora foram informados que a sua situação é temporária. «Sei que se vive mau ambiente na Alameda. Aqui temos os melhores professores e a taxa de aluno por computador é menor», diz um estudante.
Para já, fica a promessa do presidente da Associação de Estudantes do IST, João Rosa, em defender os interesses dos universitários e a certeza que o futuro do Técnico – Tagus Park está nas mãos do Governo. O Ministério da Educação decide até Maio.
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Estudantes do Técnico com a casa às costas
O IST – Tagus Park corre o risco de ficar vazio. A solução passa por um novo curso, que aguarda aprovação ministerial
José Pedro Tomaz O pólo de Oeiras abriu, em Dezembro último, ainda em obras. Um grupo de 80 alunos de Engenharia Informática inaugurou o projecto, agora com o futuro ameaçado
OS EDIFÍCIOS do Instituto Superior Técnico (IST) no Tagus Park, em Oeiras, podem ficar vazios no próximo ano académico. Em causa está a impossibilidade legal do IST ministrar a Licenciatura em Engenharia Informática e Computadores (LEIC) na Alameda e no Tagus Park, em simultâneo, e o facto do novo curso previsto para ocupar aquelas instalações ainda não ter a aprovação do Ministério da Educação.
Para inaugurar o pólo de Oeiras, em Dezembro do ano passado, o IST apresentou ao Ministério da Educação duas novas licenciaturas em Engenharia Industrial e Biomédica. Mas o ministério «reprovou» a proposta e não atribuiu vagas para ambos os cursos.
Sem outras alternativas, o Técnico solicitou autorização para leccionar LEIC no Tagus Park e na Alameda. José Reis, secretário de Estado do Ensino Superior, aceitou o pedido, salvaguardando que «esta autorização vale apenas para o ano lectivo 2000/2001», conforme consta no despacho enviado à reitoria do IST, ao qual o EXPRESSO teve acesso.
De acordo com José Manuel Tribolet, responsável pelo Departamento de Engenharia Informática do Técnico, «era necessário iniciar as aulas para garantir que o projecto não ficava na gaveta por mais cinco anos».
Tribolet esclarece que «já em 1995 havia a estratégia de levar o departamento para Oeiras, mas não avançou por falta de verbas». Com o pólo de Oeiras sem equipamentos para soluções ambiciosas, optou por organizar o primeiro ano de engenharia informática também no Tagus Park e, assim, viabilizar as aulas nesse pólo, com 80 alunos.
O prazo dado pelo Governo está prestes a terminar e o IST tenta agora manter o Tagus Park a funcionar. Do pacote de soluções constam a criação da Licenciatura em Engenharia de Sistemas de Informação e Multimédia (LESIM) e a autorização para que os 80 alunos de informática terminem ali os seus estudos.
No entanto, estas ideias carecem da aprovação do Ministério da Educação, que se escusou a adiantar ao EXPRESSO qualquer explicação. Fonte do gabinete de imprensa apenas referiu que «o ministério está informado sobre a situação e tomará medidas quando entender ser necessário».
Chumbos para a Alameda
Em qualquer dos cenários, os alunos que este ano reprovarem vão ser obrigados a ir para a Alameda. Aos outros, que não querem deixar Oeiras, restará optar por uma das duas licenciaturas, caso o parecer do ministério seja favorável. Isto é, se a licenciatura em multimédia e a continuação de informática tiverem luz verde, os estudantes do segundo ano têm que optar por uma das áreas. No Tagus Park só existirá o primeiro ano da nova licenciatura e o segundo de um dos cursos, a eleger pelos estudantes.
O responsável pelo Departamento de Informática garante que não existem condições e docentes suficientes para assegurar os cinco anos de engenharia informática nos dois pólos do IST, mais multimédia em Oeiras.
Por outro lado, «se o ministério quisesse transferir todo o primeiro ano de informática para o Tagus Park, 180 alunos, a maioria dos professores iria recusar. E estaria a violar a autonomia universitária», adianta José Tribolet.
O presidente do Conselho Directivo do IST, Carlos Matos Ferreira, revela que a licenciatura em multimédia será aprovada pelo Senado da Universidade Técnica de Lisboa a 22 de Fevereiro e, posteriormente, enviada ao ministério. «Vai ser a aposta para o Tagus Park e faz parte do plano estratégico do IST até 2006», pedido pelo Governo a todas as universidades.
Apesar de Tribolet garantir que «não existe qualquer hipótese do curso ser reprovado, porque é fundamental para o país ter especialistas nesta área», os alunos estão preocupados. Só agora foram informados que a sua situação é temporária. «Sei que se vive mau ambiente na Alameda. Aqui temos os melhores professores e a taxa de aluno por computador é menor», diz um estudante.
Para já, fica a promessa do presidente da Associação de Estudantes do IST, João Rosa, em defender os interesses dos universitários e a certeza que o futuro do Técnico – Tagus Park está nas mãos do Governo. O Ministério da Educação decide até Maio.