Selecção Nacional de Andebol

13-02-2002
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SAIBA TUDO SOBRE A VITÓRIA LEONINA NO CAMPEONATO NACIONAL DE ANDEBOL Video-entrevista com os campeões nacionais

José Tomaz e Ricardo Andorinho

ao INFORDESPORTO.PT

Após 14 anos de jejum, o Sporting voltou a conquistar o campeonato nacional. A vitória no terceiro e decisivo jogo da final do play-off, frente ao FC Porto garantiu aos "leões" arrecadar o seu 17º título. Uma conquista para a qual muito contribuíram o técnico José Tomaz e o atleta Ricardo Andorinho que gentilmente acederam ao nosso convite e responderam a diversas questões relacionadas com a modalidade. INFORDESPORTO.PT - Tendo em conta o conhecimento dos seus adversários directos, acreditava, no início da época, que chegaria ao final da mesma na condição de campeão nacional?

José Tomaz - Os treinadores de equipas de alto rendimento têm de ter objectivos concretos. Estar no alto nível implica conquistar muitas vitórias e títulos e dar sempre o melhor. Desta forma, criámos condições de treino exigentes e acabámos por conseguir esse objectivo. INFORDESPORTO.PT - O que sente depois de tão importante vitória?

Ricardo Andorinho - É uma alegria muito grande. Foi o culminar de um grande esforço feito pela nossa equipa, um esforço que não vem de agora. Foi com a chegada do professor Tomaz que, com todo o seu conhecimento e rigor, conseguimos o tão desejado título. Eu já estou no Sporting há sete anos e por diversas vezes estive perto de conseguir esta proeza, como tal esta acabou por ser uma vitória bastante saborosa. Eu e os meus colegas já merecíamos este título. Nós e os sócios. P - Gostaria de dedicar esta vitória a alguém? (Pergunta de Ricardo Nery)

RA - Dedico-a a todas as pessoas que acreditaram em nós, ao longo da época e aos sócios que sempre nos apoiaram. Aproveito a ocasião para enviar um agradecimento especial ao grupo Netleão que, particularmente nesta última fase, nos deu um grande apoio. Todos eles acabaram por ser um grande suporte para esta vitória. 14 anos de espera... «O campeonato nacional tem vindo a ganhar competitividade» P - Que causas que apontam, se é que elas existem, para este longo jejum de 14 anos? (pergunta de José Pires da Silva)

JT - Não sabemos bem o porquê dessa situação. Eu penso que no alto rendimento os objectivos são as vitórias, mas, no entanto, há que saber perder e aceitar as derrotas, ou seja, só depois de perdermos algumas vezes é que podemos consolidar as bases para podermos, mais tarde, vir a ganhar. Saber perder e ganhar implica reflectir sobre essa mesma situação, de forma a que se cometa o menor número de erros possível. Estas situações obedecem a muito empenho, muito rigor, muito desejo de ganhar, mas por se tratar de um jogo, surgem, por vezes, situações que não conseguimos controlar, situações que estão fora do nosso alcance. Como tal, tentámos criar um rigor de trabalho que nos possibilitasse estarmos sempre próximos das vitórias. Esta situação resultou e tudo correu bem. E tenho a certeza de que este grupo de jogadores não quer ficar por aqui. Eles querem mais, eles merecem mais. P - O Ricardo partilha da mesma opinião?

RA - Sim, sou da mesma opinião. É um campeonato nacional que tem vindo a ganhar competitividade, ao longo dos anos, onde as equipas de topo se têm vindo a reforçar cada vez mais e melhor. Esta situação aumenta a dificuldade, ou seja, não é fácil ganhar o campeonato nacional nos dias que correm. O ABC tem tido a supremacia do andebol português nos últimos anos, o FC Porto reforçou-se muito para esta temporada, adquirindo jogadores com bastante qualidade. No entanto e apesar de tudo isto, o Sporting mostrou muito carácter e conquistou o título nacional. P - Se lhe pedisse para nomear um jogador do campeonato, alguém que realmente se tivesse destacado ao longo da temporada, na sua opinião, José Tomaz, qual seria esse atleta?

JT - O andebol é um desporto colectivo, onde o termo individual tem de estar sempre ao dispor do colectivo. É natural que exista sempre um ou outro jogador que se destaca, mas o que realmente importa é o colectivo. Quero que o Sporting seja mais do que uma soma de individualidades. Temos de nos fazer valer do conjunto, sermos um só. P - E o Ricardo?

RA - Faço minhas as palavras do professor. Apesar de haver sempre um ou outro elemento que marque mais golos ou faça mais defesas, temos de pensar como um conjunto, como uma equipa. Penso que esta situação ficou bem patenteada no último encontro, onde à partida para o mesmo muito se falou à cerca da minha ausência e da falta de golos que daí adviria. Tal não se verificou e o colectivo do Sporting deu uma resposta à altura. A sofrer fora das quatro linhas «Já me habituei a este sofrimento» P - O Ricardo não pôde, infelizmente, participar na final devido a lesão. Qual é a sensação de viver um jogo desta importância do lado de fora? (pergunta de Diliana Duarte)

RA - É um grande sofrimento. O facto de estar a presenciar o jogo da bancada aliado à impossibilidade de não poder dar o meu contributo torna a situação muito mais angustiante. Esta não foi a primeira vez que estive impedido de participar em jogos importante e decisivos. Já me habituei a este sofrimento. De qualquer forma, este seria, sem dúvida, um jogo onde eu queria participar. Não foi possível. O que importa é que tudo acabou bem. P - Ricardo, acredita que o Sporting poderá repetir esta vitória na próxima temporada?

RA - Eu penso que sim. Apesar de eu não saber se vou ficar no Sporting, há que criar estruturas para que esta situação não seja única. Com o conhecimento que tenho do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, junto das camadas jovens do clube, pelo professor Tomaz, acho que o Sporting poderá criar essa plataforma a médio prazo. Desta forma garantem-se bons jogadores prontos a integrar a equipa sénior, possibilitando, de uma forma natural a luta pelos títulos nacionais e por melhores posições nas competições europeias. A sofrer fora das quatro linhas «Já me habituei a este sofrimento» P - A equipa de juniores do Sporting desceu aos regionais. Quais serão as consequências desta situação na equipa sénior? (pergunta de Ricardo Mesquita)

JT - Ninguém gosta do insucesso. No entanto, esta é uma situação que não nos preocupa uma vez que o problema foi identificado. Acaba por ser uma situação anormal e que será rectificada no futuro. P - Ficou a ideia de que o Sporting poderia ter chegado mais longe na Taça EHF. Que balanço é que faz da sua equipa nas competições europeias?

JT - Ao assumir que somos uma equipa de alto rendimento implica que temos de estar ao nosso melhor em todas as frentes. A nível nacional assumimo-nos como candidatos à conquista do título, uma vez que tínhamos bases que nos permitiam tomar essa posição. Nas competições europeias a nossa postura foi diferente. Por se tratar de uma competição onde os jogos são a eliminar e onde não conhecemos os nosso adversários não criar grandes expectativas. Não fizemos mais do que lutar por uma posição, por um espaço na Europa. Para a história fica sempre a experiência adquirida na prova e ao mesmo tempo um pouco de tristeza por termos sido eliminados tão próximos da final. P - O que é que falta à Liga dos Campeões para que se possa tornar uma prova mais atractiva para as massas, mais interessante para as transmissões televisivas, mais profissional?

JT - Acho que a modalidade tem evoluído bastante nos últimos tempos e prova disso são os grandes espectáculos montados em torno do Mundial de França e do Europeu da Croácia. O andebol está no bom caminho, num trajecto ascendente, no entanto, há sempre aspectos a rever para que se possa melhorar ainda mais. P - Muitas pessoa não estão a par da sua passagem pelo Hóquei em Patins. O que é que leva uma pessoa a passar da selecção nacional de hóquei para técnico principal de andebol do Sporting?

JT - Desde sempre estive ligado ao andebol. Não sendo um jogador de topo, actuei durante muitos anos na primeira divisão. Com o passar do tempo fui desenvolvendo um gosto especial pelo treino e pelo desperto em geral. E foi esta paixão pelo actividade desportiva e pelo treino que levou o António Livramento, na altura seleccionador nacional de hóquei em patins, a convidar-me para trabalhar com ele. Vivi grandes momentos no hóquei, foi uma fase muito boa da minha vida. Daí para o andebol foi um pequeno passo. Assumi o cargo de treinador do Sporting com muito orgulho e seriedade. P - A construção do novo estádio poderá melhorar as condições de trabalho?

JT - A alta competição e o alto rendimento não implicam só bons praticantes, há que criar condições para os atletas desenvolverem as suas capacidades. A nível de estruturas estamos francamente mal. O problema está identificado, resta-nos esperar. Os responsáveis do Sporting, nomeadamente o professor Moniz Pereira, já nos garantiram um espaço no novo estádio, até porque não faz sentido um investimento com a dimensão do que estamos a fazer com a equipa, se não se criarem condições para que a modalidade tenha o seu espaço próprio. O progresso da modalidade «Sem publicidade é muito difícil levar pessoas aos pavilhões» P - Ricardo, será que é desta vez que o andebol se afirma no panorama nacional e ultrapassa o basquetebol?

RA - Actualmente o andebol já tem mais praticantes. No entanto, a grande diferença existente entre as duas modalidades é a liga profissional que, no basquetebol, está completamente implantada e que tem tido, até ao momento, pernas para andar. No andebol a situação é diferente e, na minha opinião, há que aproveitar eventos de grande envergadura como são os campeonatos mundiais, os campeonatos europeus para colocar a modalidade num nível mais alto. Há, no entanto, uma série de factores que não permitem que o andebol, e quando falo em andebol refiro-me também a outras modalidades ditas amadoras, não consigam ter outra expressão. Esses factores estão directamente ligados às infra-estruturas, e em grande parte a toda uma grande máquina de seu nome: marketing. Sem a publicidade é muito difícil levar pessoas aos pavilhões para verem andebol, que é, sem dúvida, uma modalidade com muito espectáculo e emoção. Neste aspecto acho que a federação está a trabalhar bem e a criação da liga de elite, já a funcionar na próxima temporada, foi um passo importante na modalidade. P - Se o professor tivesse a oportunidade de tomar uma medida a favor do andebol, qual seria?

JT - Há um grande número de situações que deveriam ser revistas. Uma delas é o facto de não termos cultura desportiva. Fomos educados para o futebol e não deveria ser assim. Há espaço para todas as modalidades. Temos de nos reger pelo pensamento de vale a pena praticar desporto, principalmente os jovens, para que a partir daí se possam idealizar novos projectos. É muito importante acreditar no desporto de base, de formação. Mas nem tudo é mau. O andebol tem dado alguns passos importantes, tem consolidado a sua prática, tenho notado um crescimento no interesse pela modalidade, especialmente no decorrer desta temporada. P - José Tomaz, já começou a estruturar a equipa para a próxima temporada?

JT - As equipa de alto rendimento são preparadas com muito tempo de antecedência. Em Dezembro de 2000 já tínhamos o plantel definido. No entanto, surgem sempre situações de última hora, mas grande parte do plantel já está estruturado há bastante tempo. P - Ricardo qual é a sua situação para a próxima temporada?

RA - Nada está definido. Todo este processo ainda se encontra em aberto e por resolver. É uma situação que, neste momento, já não depende apenas de mim, envolve outro tipo de situações. Só na próxima semana é que poderei adiantar algo sobre este assunto. Entrevista: Paulo Almeida e José Sá Guedes Tendo em conta o grande número de questões que nos chegaram lamentamos que não tenha sido possível aos entrevistados responder a todas. De qualquer forma ficam os agradecimentos a todos os que participaram nesta iniciativa:

Mário Leitão, Bruno Duarte, Diliana Duarte, Eduardo, Alexandre Albuquerque, Catarina Araújo, Paulo Cautela, Fernando Gomes, Hugo Vieira, Vítor Lourenço, João Sorreluz, Sónia Loreto, Fernando Gonçalves, Ângelo Prates, José Pires da Silva, Ricardo Mesquita, Pedro, Carolina Oliveira, Ricardo Nery, José Pampulha, Pedro Moura, Nuno Dias, Eduardo Monteiro.

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José Tomaz e Ricardo Andorinho

ao INFORDESPORTO.PT

Após 14 anos de jejum, o Sporting voltou a conquistar o campeonato nacional. A vitória no terceiro e decisivo jogo da final do play-off, frente ao FC Porto garantiu aos "leões" arrecadar o seu 17º título. Uma conquista para a qual muito contribuíram o técnico José Tomaz e o atleta Ricardo Andorinho que gentilmente acederam ao nosso convite e responderam a diversas questões relacionadas com a modalidade. INFORDESPORTO.PT - Tendo em conta o conhecimento dos seus adversários directos, acreditava, no início da época, que chegaria ao final da mesma na condição de campeão nacional?

José Tomaz - Os treinadores de equipas de alto rendimento têm de ter objectivos concretos. Estar no alto nível implica conquistar muitas vitórias e títulos e dar sempre o melhor. Desta forma, criámos condições de treino exigentes e acabámos por conseguir esse objectivo. INFORDESPORTO.PT - O que sente depois de tão importante vitória?

Ricardo Andorinho - É uma alegria muito grande. Foi o culminar de um grande esforço feito pela nossa equipa, um esforço que não vem de agora. Foi com a chegada do professor Tomaz que, com todo o seu conhecimento e rigor, conseguimos o tão desejado título. Eu já estou no Sporting há sete anos e por diversas vezes estive perto de conseguir esta proeza, como tal esta acabou por ser uma vitória bastante saborosa. Eu e os meus colegas já merecíamos este título. Nós e os sócios. P - Gostaria de dedicar esta vitória a alguém? (Pergunta de Ricardo Nery)

RA - Dedico-a a todas as pessoas que acreditaram em nós, ao longo da época e aos sócios que sempre nos apoiaram. Aproveito a ocasião para enviar um agradecimento especial ao grupo Netleão que, particularmente nesta última fase, nos deu um grande apoio. Todos eles acabaram por ser um grande suporte para esta vitória. 14 anos de espera... «O campeonato nacional tem vindo a ganhar competitividade» P - Que causas que apontam, se é que elas existem, para este longo jejum de 14 anos? (pergunta de José Pires da Silva)

JT - Não sabemos bem o porquê dessa situação. Eu penso que no alto rendimento os objectivos são as vitórias, mas, no entanto, há que saber perder e aceitar as derrotas, ou seja, só depois de perdermos algumas vezes é que podemos consolidar as bases para podermos, mais tarde, vir a ganhar. Saber perder e ganhar implica reflectir sobre essa mesma situação, de forma a que se cometa o menor número de erros possível. Estas situações obedecem a muito empenho, muito rigor, muito desejo de ganhar, mas por se tratar de um jogo, surgem, por vezes, situações que não conseguimos controlar, situações que estão fora do nosso alcance. Como tal, tentámos criar um rigor de trabalho que nos possibilitasse estarmos sempre próximos das vitórias. Esta situação resultou e tudo correu bem. E tenho a certeza de que este grupo de jogadores não quer ficar por aqui. Eles querem mais, eles merecem mais. P - O Ricardo partilha da mesma opinião?

RA - Sim, sou da mesma opinião. É um campeonato nacional que tem vindo a ganhar competitividade, ao longo dos anos, onde as equipas de topo se têm vindo a reforçar cada vez mais e melhor. Esta situação aumenta a dificuldade, ou seja, não é fácil ganhar o campeonato nacional nos dias que correm. O ABC tem tido a supremacia do andebol português nos últimos anos, o FC Porto reforçou-se muito para esta temporada, adquirindo jogadores com bastante qualidade. No entanto e apesar de tudo isto, o Sporting mostrou muito carácter e conquistou o título nacional. P - Se lhe pedisse para nomear um jogador do campeonato, alguém que realmente se tivesse destacado ao longo da temporada, na sua opinião, José Tomaz, qual seria esse atleta?

JT - O andebol é um desporto colectivo, onde o termo individual tem de estar sempre ao dispor do colectivo. É natural que exista sempre um ou outro jogador que se destaca, mas o que realmente importa é o colectivo. Quero que o Sporting seja mais do que uma soma de individualidades. Temos de nos fazer valer do conjunto, sermos um só. P - E o Ricardo?

RA - Faço minhas as palavras do professor. Apesar de haver sempre um ou outro elemento que marque mais golos ou faça mais defesas, temos de pensar como um conjunto, como uma equipa. Penso que esta situação ficou bem patenteada no último encontro, onde à partida para o mesmo muito se falou à cerca da minha ausência e da falta de golos que daí adviria. Tal não se verificou e o colectivo do Sporting deu uma resposta à altura. A sofrer fora das quatro linhas «Já me habituei a este sofrimento» P - O Ricardo não pôde, infelizmente, participar na final devido a lesão. Qual é a sensação de viver um jogo desta importância do lado de fora? (pergunta de Diliana Duarte)

RA - É um grande sofrimento. O facto de estar a presenciar o jogo da bancada aliado à impossibilidade de não poder dar o meu contributo torna a situação muito mais angustiante. Esta não foi a primeira vez que estive impedido de participar em jogos importante e decisivos. Já me habituei a este sofrimento. De qualquer forma, este seria, sem dúvida, um jogo onde eu queria participar. Não foi possível. O que importa é que tudo acabou bem. P - Ricardo, acredita que o Sporting poderá repetir esta vitória na próxima temporada?

RA - Eu penso que sim. Apesar de eu não saber se vou ficar no Sporting, há que criar estruturas para que esta situação não seja única. Com o conhecimento que tenho do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, junto das camadas jovens do clube, pelo professor Tomaz, acho que o Sporting poderá criar essa plataforma a médio prazo. Desta forma garantem-se bons jogadores prontos a integrar a equipa sénior, possibilitando, de uma forma natural a luta pelos títulos nacionais e por melhores posições nas competições europeias. A sofrer fora das quatro linhas «Já me habituei a este sofrimento» P - A equipa de juniores do Sporting desceu aos regionais. Quais serão as consequências desta situação na equipa sénior? (pergunta de Ricardo Mesquita)

JT - Ninguém gosta do insucesso. No entanto, esta é uma situação que não nos preocupa uma vez que o problema foi identificado. Acaba por ser uma situação anormal e que será rectificada no futuro. P - Ficou a ideia de que o Sporting poderia ter chegado mais longe na Taça EHF. Que balanço é que faz da sua equipa nas competições europeias?

JT - Ao assumir que somos uma equipa de alto rendimento implica que temos de estar ao nosso melhor em todas as frentes. A nível nacional assumimo-nos como candidatos à conquista do título, uma vez que tínhamos bases que nos permitiam tomar essa posição. Nas competições europeias a nossa postura foi diferente. Por se tratar de uma competição onde os jogos são a eliminar e onde não conhecemos os nosso adversários não criar grandes expectativas. Não fizemos mais do que lutar por uma posição, por um espaço na Europa. Para a história fica sempre a experiência adquirida na prova e ao mesmo tempo um pouco de tristeza por termos sido eliminados tão próximos da final. P - O que é que falta à Liga dos Campeões para que se possa tornar uma prova mais atractiva para as massas, mais interessante para as transmissões televisivas, mais profissional?

JT - Acho que a modalidade tem evoluído bastante nos últimos tempos e prova disso são os grandes espectáculos montados em torno do Mundial de França e do Europeu da Croácia. O andebol está no bom caminho, num trajecto ascendente, no entanto, há sempre aspectos a rever para que se possa melhorar ainda mais. P - Muitas pessoa não estão a par da sua passagem pelo Hóquei em Patins. O que é que leva uma pessoa a passar da selecção nacional de hóquei para técnico principal de andebol do Sporting?

JT - Desde sempre estive ligado ao andebol. Não sendo um jogador de topo, actuei durante muitos anos na primeira divisão. Com o passar do tempo fui desenvolvendo um gosto especial pelo treino e pelo desperto em geral. E foi esta paixão pelo actividade desportiva e pelo treino que levou o António Livramento, na altura seleccionador nacional de hóquei em patins, a convidar-me para trabalhar com ele. Vivi grandes momentos no hóquei, foi uma fase muito boa da minha vida. Daí para o andebol foi um pequeno passo. Assumi o cargo de treinador do Sporting com muito orgulho e seriedade. P - A construção do novo estádio poderá melhorar as condições de trabalho?

JT - A alta competição e o alto rendimento não implicam só bons praticantes, há que criar condições para os atletas desenvolverem as suas capacidades. A nível de estruturas estamos francamente mal. O problema está identificado, resta-nos esperar. Os responsáveis do Sporting, nomeadamente o professor Moniz Pereira, já nos garantiram um espaço no novo estádio, até porque não faz sentido um investimento com a dimensão do que estamos a fazer com a equipa, se não se criarem condições para que a modalidade tenha o seu espaço próprio. O progresso da modalidade «Sem publicidade é muito difícil levar pessoas aos pavilhões» P - Ricardo, será que é desta vez que o andebol se afirma no panorama nacional e ultrapassa o basquetebol?

RA - Actualmente o andebol já tem mais praticantes. No entanto, a grande diferença existente entre as duas modalidades é a liga profissional que, no basquetebol, está completamente implantada e que tem tido, até ao momento, pernas para andar. No andebol a situação é diferente e, na minha opinião, há que aproveitar eventos de grande envergadura como são os campeonatos mundiais, os campeonatos europeus para colocar a modalidade num nível mais alto. Há, no entanto, uma série de factores que não permitem que o andebol, e quando falo em andebol refiro-me também a outras modalidades ditas amadoras, não consigam ter outra expressão. Esses factores estão directamente ligados às infra-estruturas, e em grande parte a toda uma grande máquina de seu nome: marketing. Sem a publicidade é muito difícil levar pessoas aos pavilhões para verem andebol, que é, sem dúvida, uma modalidade com muito espectáculo e emoção. Neste aspecto acho que a federação está a trabalhar bem e a criação da liga de elite, já a funcionar na próxima temporada, foi um passo importante na modalidade. P - Se o professor tivesse a oportunidade de tomar uma medida a favor do andebol, qual seria?

JT - Há um grande número de situações que deveriam ser revistas. Uma delas é o facto de não termos cultura desportiva. Fomos educados para o futebol e não deveria ser assim. Há espaço para todas as modalidades. Temos de nos reger pelo pensamento de vale a pena praticar desporto, principalmente os jovens, para que a partir daí se possam idealizar novos projectos. É muito importante acreditar no desporto de base, de formação. Mas nem tudo é mau. O andebol tem dado alguns passos importantes, tem consolidado a sua prática, tenho notado um crescimento no interesse pela modalidade, especialmente no decorrer desta temporada. P - José Tomaz, já começou a estruturar a equipa para a próxima temporada?

JT - As equipa de alto rendimento são preparadas com muito tempo de antecedência. Em Dezembro de 2000 já tínhamos o plantel definido. No entanto, surgem sempre situações de última hora, mas grande parte do plantel já está estruturado há bastante tempo. P - Ricardo qual é a sua situação para a próxima temporada?

RA - Nada está definido. Todo este processo ainda se encontra em aberto e por resolver. É uma situação que, neste momento, já não depende apenas de mim, envolve outro tipo de situações. Só na próxima semana é que poderei adiantar algo sobre este assunto. Entrevista: Paulo Almeida e José Sá Guedes Tendo em conta o grande número de questões que nos chegaram lamentamos que não tenha sido possível aos entrevistados responder a todas. De qualquer forma ficam os agradecimentos a todos os que participaram nesta iniciativa:

Mário Leitão, Bruno Duarte, Diliana Duarte, Eduardo, Alexandre Albuquerque, Catarina Araújo, Paulo Cautela, Fernando Gomes, Hugo Vieira, Vítor Lourenço, João Sorreluz, Sónia Loreto, Fernando Gonçalves, Ângelo Prates, José Pires da Silva, Ricardo Mesquita, Pedro, Carolina Oliveira, Ricardo Nery, José Pampulha, Pedro Moura, Nuno Dias, Eduardo Monteiro.

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