Ministério da Saúde mais socialista

29-02-2000
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Manuela Arcanjo: uma «limpeza» nos serviços e nas direcções

A nova ministra, nesta matéria, definiu claramente prioridades diferentes das da sua antecessora, apesar de pertenceram as duas a um Governo do mesmo partido e de seguirem programas eleitorais iguais.

Arcanjo colocou o «seu» antigo director-geral do Orçamento à frente do Instituto de Gestão Financeira da Saúde, destronando uma equipa que vinha desde os Governos do PSD. E provocou, há duas semanas, a mais mediática das demissões - a do que parecia «eterno» presidente do Infarmed -, cujo significado ultrapassa em muito a mera conquista de lugares para gente de confiança partidária.

Apesar disso, para o seu lugar a escolha foi óbvia: Miguel Andrade, militante do PS e da confiança pessoal do novo secretário de Estado, José Miguel Boquinhas. Mas o mesmo já não se pode dizer do nome que tinha sido escolhido para vice-presidente, por representar uma mudança radical nas orientações da política do medicamento e na gestão dos interesses deste sector. Luz Rodrigues, independente, médico e prestigiado professor de Farmacologia da universidade de Medicina de Lisboa, foi assessor na Ordem dos Médicos, onde assumiu posições públicas contra o «lobbie» das farmácias.

Inesperadamente, porém, ontem Luz Rodrigues disse ao EXPRESSO que já não deverá ser efectivamente nomeado para aquele cargo - para o qual tinha sido convidado pelo próprio Boquinhas -, apesar de ter estado dois dias a trabalhar, com gabinete atribuído, motorista de serviço e telemóvel à disposição.

Segundo o professor, terá sido precisamente o «'lobbie' das farmácias» a impedir a concretização da sua nomeação.

É por isso que as mudanças em curso mostram bem como a nova equipa não aceitou nem a «imobilidade» de algumas direcções-gerais nem a ascensão do PCP noutras. E está a tomar de assalto o Ministério.

Odete Ferreira pode deixar Sida

Para director-geral da Saúde, Boquinhas convidou, como segunda escolha, José Luís Castanheira, ex-presidente do Instituto Ricardo Jorge e antigo director do Serviço de Prevenção da Droga (no tempo de Paulo Mendo). Castanheira fez pública a sua aproximação ao PS nos últimos tempos, tendo-lhe também valido, nesta nomeação, a amizade pessoal do secretário de Estado.

Arnaldo Silva, o novo secretário de Estado dos Recursos Humanos e ex-chefe de gabinete de Fausto Correia, também já colocou gente da confiança do PS nas suas direcções-gerais, vinda do anterior ministério de Jorge Coelho. E até Odete Ferreira, há mais de cinco anos à frente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida, tudo indica que deverá ser substituída em breve.

Críticas à esquerda

Os efeitos destas mudanças não demorarão a fazer sentir-se. O actual silêncio expectante, por exemplo, do Sindicato Independente dos Médicos-SIM (de que Boquinhas era sócio) e o «barulho» que a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), liderada por Mário Jorge, já começou a fazer, são sinais dos novos tempos. Afinal, os «amigos» de Mário Jorge no Ministério acabaram de ser dispensados. E sempre que a FNAM crítica, isso significa, normalmente, que os tempos são mais favoráveis ao SIM.

GRAÇA ROSENDO

Manuela Arcanjo: uma «limpeza» nos serviços e nas direcções

A nova ministra, nesta matéria, definiu claramente prioridades diferentes das da sua antecessora, apesar de pertenceram as duas a um Governo do mesmo partido e de seguirem programas eleitorais iguais.

Arcanjo colocou o «seu» antigo director-geral do Orçamento à frente do Instituto de Gestão Financeira da Saúde, destronando uma equipa que vinha desde os Governos do PSD. E provocou, há duas semanas, a mais mediática das demissões - a do que parecia «eterno» presidente do Infarmed -, cujo significado ultrapassa em muito a mera conquista de lugares para gente de confiança partidária.

Apesar disso, para o seu lugar a escolha foi óbvia: Miguel Andrade, militante do PS e da confiança pessoal do novo secretário de Estado, José Miguel Boquinhas. Mas o mesmo já não se pode dizer do nome que tinha sido escolhido para vice-presidente, por representar uma mudança radical nas orientações da política do medicamento e na gestão dos interesses deste sector. Luz Rodrigues, independente, médico e prestigiado professor de Farmacologia da universidade de Medicina de Lisboa, foi assessor na Ordem dos Médicos, onde assumiu posições públicas contra o «lobbie» das farmácias.

Inesperadamente, porém, ontem Luz Rodrigues disse ao EXPRESSO que já não deverá ser efectivamente nomeado para aquele cargo - para o qual tinha sido convidado pelo próprio Boquinhas -, apesar de ter estado dois dias a trabalhar, com gabinete atribuído, motorista de serviço e telemóvel à disposição.

Segundo o professor, terá sido precisamente o «'lobbie' das farmácias» a impedir a concretização da sua nomeação.

É por isso que as mudanças em curso mostram bem como a nova equipa não aceitou nem a «imobilidade» de algumas direcções-gerais nem a ascensão do PCP noutras. E está a tomar de assalto o Ministério.

Odete Ferreira pode deixar Sida

Para director-geral da Saúde, Boquinhas convidou, como segunda escolha, José Luís Castanheira, ex-presidente do Instituto Ricardo Jorge e antigo director do Serviço de Prevenção da Droga (no tempo de Paulo Mendo). Castanheira fez pública a sua aproximação ao PS nos últimos tempos, tendo-lhe também valido, nesta nomeação, a amizade pessoal do secretário de Estado.

Arnaldo Silva, o novo secretário de Estado dos Recursos Humanos e ex-chefe de gabinete de Fausto Correia, também já colocou gente da confiança do PS nas suas direcções-gerais, vinda do anterior ministério de Jorge Coelho. E até Odete Ferreira, há mais de cinco anos à frente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida, tudo indica que deverá ser substituída em breve.

Críticas à esquerda

Os efeitos destas mudanças não demorarão a fazer sentir-se. O actual silêncio expectante, por exemplo, do Sindicato Independente dos Médicos-SIM (de que Boquinhas era sócio) e o «barulho» que a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), liderada por Mário Jorge, já começou a fazer, são sinais dos novos tempos. Afinal, os «amigos» de Mário Jorge no Ministério acabaram de ser dispensados. E sempre que a FNAM crítica, isso significa, normalmente, que os tempos são mais favoráveis ao SIM.

GRAÇA ROSENDO

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