EXPRESSO: Opinião

15-01-2002
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29/12/2001

OPINIÃO

Novos desafios

«O tempo dos governos de António Guterres acabou. Agora não faltam os que lhe atiram baldes de lama. Mesmo dentro do PS, muitos dos que se aproveitaram do seu período de sucesso estão agora na primeira fila a atirar pedras.Para mim, António Guterres, de quem sou amigo pessoal, ficará para sempre associado a um tempo em que a esquerda perdeu uma oportunidade. Tem as suas culpas, como outros.» O ANO de 2002 começa de forma absolutamente imprevisível. Com o Orçamento aprovado em Novembro pelo voto do deputado Campelo, o Governo do engenheiro António Guterres parecia ter a sua subsistência assegurada para todo o ano. Mas toda a gente percebia que subsistência não significava apoio popular. Toda a gente percebia que o ano de vida que o Governo tinha «comprado» era um ano para tentar recuperar perante a opinião pública. Para isso, era fundamental aguentar o embate das autárquicas, isto é, era fundamental que estas não comprometessem o fôlego que o Governo ainda tinha para tentar a recuperação. Por isso, o próprio primeiro-ministro se envolveu na batalha, que afinal perdeu estrondosamente. Já foi dito, com razão, que talvez um bom punhado de eleitores que no dia das eleições votaram por forma a penalizar o Governo não esperasse nem desejasse um resultado tão fulminante. Mas o volume da punição tornou o resultado inevitável. Qualquer prolongamento do Governo só lhe aumentaria o desgaste e portanto o desgaste do PS. António Guterres assim o entendeu, e não hesitou, com o desapego de que sempre fez timbre. Havia outra solução, que não eleições legislativas? O facto é que nesta legislatura, desde 1999, a Assembleia da República teve uma maioria de deputados do PS e do PCP. Essa maioria funcionou para aprovar reformas, como a reforma fiscal ou a reforma da Segurança Social. Funcionou para aprovar alterações positivas na legislação de protecção dos trabalhadores, como sucedeu com o novo regime de contrato de trabalho combatendo a precariedade. Funcionou para aprovar leis com uma clara marca de esquerda como a lei sobre os contraceptivos de emergência ou a lei das uniões de facto abrangendo as uniões homossexuais. Mas essa maioria foi incapaz de gerar uma política alternativa globalmente de esquerda. Foi uma maioria malbaratada, uma oportunidade perdida. As responsabilidades são partilhadas. Um e outro dos dois partidos podiam ter dado passos que não deram. O PS preferiu o ziguezague, o PCP resguardou-se sempre, de tal forma que nem sequer votou favoravelmente as duas reformas centrais (fiscal e da Segurança Social) com clara orientações de esquerda, limitando-se a uma abstenção. Na recta final, já desamparado e desorientado, o Governo capitulou para a direita, sem qualquer sucesso. A tentativa à direita era um já um desespero, perante a porta que lhe foi fechada à esquerda. Agora, que se vai para eleições, o desafio à esquerda é assegurar que estes erros não se repetem. PS e PCP têm a sua própria identidade e têm universos eleitorais diferentes. Mas uma governação coerente à esquerda não pode ter sucesso sem a contribuição dos dois eleitorados e portanto dos dois partidos. Não há uma política de esquerda se ela for feita contra o PCP ou contra o PS. Nas autárquicas, PS e PCP continuam a somar mais votos que PSD e CDS-PP. Há um eleitorado maioritário de esquerda e centro-esquerda, que pode ser mobilizado para uma vitória se tiver uma perspectiva política de concretização de um governo e de uma política que corresponda às suas aspirações. O tempo dos governos de António Guterres acabou. Agora não faltam os que lhe atiram baldes de lama. Mesmo dentro do PS, muitos dos que se aproveitaram do seu período de sucesso estão agora na primeira fila a atirar pedras. Para mim, António Guterres, de quem sou amigo pessoal, ficará para sempre associado a um tempo em que a esquerda perdeu uma oportunidade. Tem as suas culpas, como outros. Mas ficará também associado a realizações como o pré-escolar, as reformas fiscal e da Segurança Social, o sindicalismo policial, o associativismo militar ou o rendimento mínimo garantido. Vem aí outro tempo e novos desafios. Só posso desejar que estejamos capazes de os tomar para o bem dos portugueses e de Portugal. jamaral@palacio.parlamento.pt

COMENTÁRIOS AO ARTIGO

8 comentários 1 a 8

1 de Janeiro de 2002 às 18:35

j_escobar

Se este Kostas Kalimera não é o «alter ego» do distinto director do «Avante!» José Casanova, então é porque eu sou a Marlene Dietrich!

31 de Dezembro de 2001 às 18:22

Alvin ( cafonseca@netcabo.pt )

Parece que o PCP vai ter mais uma sangria!

Na anterior sangria, altos quadros do PCP, foram aceites quer pelo PSD

(caso Zita Seabra), outros para o PS (José Magalhães; Barros Moura; José Luis Judas Etc.).

Desta vez são: João Amaral, Carlos Brito e mais alguns.

Custa-me ver Prestigiados camaradas, esquecerm o centralismo democrático, que sempre foi a espinha dorsal da vitalidade do nosso partido.

Ponham os olhos na Zita Seabra que foi acolhida no seio do PSD quase como uma heroína, todos os discursos que fez, enquanto parlamentar comunista foram-lhe impostos pelos que agora chama de Estalinistas?

Não! -Note-se a diferença, vendeu-se a um tacho que lhe foi oferecido pelo PSD.

O José Luis Judas até fugio aos impostos do dinheiro que ganhou com o tacho que o PS lhe arranjou,

na camara de Cascais.

Fico muito triste se verificar a posição do João Amaral e do Carlos Brito, estarão prestes a seguir os exemplos anteriores?.

Sou um militante de base do PCP, que foi despedido da Lisnve Com 36 anos de trabalho.

Tenho passado muitos sacrificios,

Quer morais, quer monetários, e fico muito triste, ao ver camaradas

por quem sempre tive muita admiração trazer para o exteriror problemas internos do PCP.

Lembrem-se dos estatutos do nosso partido, leiam os comentários dos nossos inimigos neste forum.

A luta de um militante do PCP, é e será sempre ao lado da luta dos trabalhadores portugueses,e das classes mais desfavorecidas deste pais, e não ao lado daqueles, que, 26 depois do 25 de Abril, continuam a adiar, a esperança de dias melhores, para o nosso povo.

O meu nome é José Maria da fonseca

utilizei um email de um amigo.

30 de Dezembro de 2001 às 12:41

hache ( areosapecas@netc.pt )

No EXPRESSO o João Amaral está nos altos e o Carlos Carvalhas está nos baixos. Como este critério nada tem a ver com a fita métrica, estamos conversados ó João...Balsemão.

Zé Machado

30 de Dezembro de 2001 às 07:38

A. Vaz

Faço minhas as palavras expressas pelo sr. Diogo Sotto Mai.

É pena que a oligarquia instalada na direcção do PCP não tenha a sua lucidez e continue "orgulhosamente só" a lutar por um Portugal melhor. 27 anos de democracia poderiam ter ensinado qualquer coisa ao gerontismo do CC do PCP mas infelizmente assim não aconteceu. Felicidades e um bom ano.

29 de Dezembro de 2001 às 20:10

Kostas Kalimera ( kkalimera@hotmail.com )

Enfim, continuo à espera das ideias inovadoras e renovadoras. cada vez desconfio mais que bem posso esperar sentado.

Fazer suas as acusações que outros sempre fizeram contra o PCP é inovação?

Descredibilizar as posições do próprio partido e credibilizar as do PS é renovação?

De facto, o JA nada tem para oferecer a não ser palavras bonitas mas vazias de conteúdo ou com conteúdo pouco recomendável!

A sua grande medida, parece, seria pôr o PCP a bater palmas ao PS!!!...

E podiamos falar dos exemplos do PC francês, do PC espanhol nas últimas eleições, porque com eles o JA se identificou, embora agora prefira não falar deles. Podiamos também falar do caso italiano, do Partido dos Comunistas Italianos, ou do aguerrido e corajoso Partido da Refundação Comunista, de Fausto Bertinotti, com o qual JA não deve simpatizar muito...

Mas não vale a pena dar passos por essa estrada que não vai dar em nada.

Neste momento a preocupação central do PCP é falar directamente com os eleitores. Com os eleitores é que é preciso estabelecer os necessários compromissos para governar o país.

O governo do PS, de Guterres e de Ferro Rodrigues já foi.

Antes já tinha ido o governo do PSD, de Cavaco e de Durão Barroso.

As soluções governativas do rotativismo fracassaram e esgotaram-se. Insistir, é continuar mais no mesmo, no pântano cada vez mais profundo e mal cheiroso.

O povo português não está condenado a esta sombria perspectiva. O PCP, a CDU e todos os que a eles se decidam juntar são alternativa ao rotativismo fracassado e impotente.

O PCP pode, quer e sabe governar muito melhor do que aquela malfadada parelha do centrão.

É por isso justo pedir e esperar que lhe seja concedida uma oportunidade para governar.

Alguns, ainda temem que um governo do PCP possa pôr em causa a democracia. Receio infundado, até porque o Presidente é socialista, o poder local laranja na maioria e o Tribunal Constitucional não depende do governo.

No presente momento, os representantes dos interesses parasitários que têm apoiado, promovido e beneficiado com a acção governativa do PS e do PSD, não tendo soluções nem vontade para resolver os problemas do país (porque com o país assim ganham dinheiro que se fartam), procuram criar bodes expiatórios (os funcionários públicos, os juízes, os médicos, os trabalhadorres fabris "que são pouco produtivos" etc.) sobre quem descarregar as culpas de forma a salvaguardarem os ilegitimos privilégios de que têm gozado com o PS e com o PSD com o apoio do PP, que para isso votou diversos orçamentos.

Por isso mais útil se torna votar no PCP, na CDU, para que os problemas do país começem a ser resolvidos, para que o justo não pague pelo pecador(como tem acontecido até aqui)e para que os interesses ilegitimos deixem de beneficiar das mordomias que lhes foram concedidas por rosas e laranjas (até para retribuir as quantidades generosas de dinheiro que recebem desses interesses para fazer as suas "campanhas eleitorais").

É este o combate que vale a pena travar! É para esta luta que teria muito gosto em contar com a disponibilidade do João Amaral ( não mereceria então a atenção da imprensa do Balsemão e da que está identificada com o PS mas isso seria um bom sinal...)

29 de Dezembro de 2001 às 16:20

Diogo Sotto Mai ( op3706@mail.telepac.pt )

Lúcido e coerente, João Amaral merece os meus parabéns pela excelência do seu artigo e pelo rigor da sua crítica. Desejo-lhe muita saúde, se possível, Amigo.

29 de Dezembro de 2001 às 14:22

Reader

C'os diabos! Afinal João Rosa & Teixeira do Amaral era do PCP !!

Parecia tanto do PS ...

29 de Dezembro de 2001 às 10:26

Alvim ( antonioalvim@netcabo.pt )

Não deixa de ser curioso que João Amaral consiga apontar mais reformas que Jorge Coelho no seu elogio fúnebre a António Guterres no DN há dias. Jorge Coelho apenas se conseguiu lembrar das muitas vitórias eleitorais e gratuitamente que os mais desfavorecidos vivem melhor (a provar e a saber se essas eventuais melhorias não estão a ser rapidamente destruidas, por exemplo com o aumento dos medicamentos, pela crise economica em que deixou o Pais)

Contudo mesmo as apontadas por João Amaral duas estão apenas no papel (pré escolar e segurança social), outra auto destruida após os destroços que teve tempo para provocar no País (Reforma Fiscal)e as outras perfeitamente marginais.

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«O tempo dos governos de António Guterres acabou. Agora não faltam os que lhe atiram baldes de lama. Mesmo dentro do PS, muitos dos que se aproveitaram do seu período de sucesso estão agora na primeira fila a atirar pedras.Para mim, António Guterres, de quem sou amigo pessoal, ficará para sempre associado a um tempo em que a esquerda perdeu uma oportunidade. Tem as suas culpas, como outros.» O ANO de 2002 começa de forma absolutamente imprevisível. Com o Orçamento aprovado em Novembro pelo voto do deputado Campelo, o Governo do engenheiro António Guterres parecia ter a sua subsistência assegurada para todo o ano. Mas toda a gente percebia que subsistência não significava apoio popular. Toda a gente percebia que o ano de vida que o Governo tinha «comprado» era um ano para tentar recuperar perante a opinião pública. Para isso, era fundamental aguentar o embate das autárquicas, isto é, era fundamental que estas não comprometessem o fôlego que o Governo ainda tinha para tentar a recuperação. Por isso, o próprio primeiro-ministro se envolveu na batalha, que afinal perdeu estrondosamente. Já foi dito, com razão, que talvez um bom punhado de eleitores que no dia das eleições votaram por forma a penalizar o Governo não esperasse nem desejasse um resultado tão fulminante. Mas o volume da punição tornou o resultado inevitável. Qualquer prolongamento do Governo só lhe aumentaria o desgaste e portanto o desgaste do PS. António Guterres assim o entendeu, e não hesitou, com o desapego de que sempre fez timbre. Havia outra solução, que não eleições legislativas? O facto é que nesta legislatura, desde 1999, a Assembleia da República teve uma maioria de deputados do PS e do PCP. Essa maioria funcionou para aprovar reformas, como a reforma fiscal ou a reforma da Segurança Social. Funcionou para aprovar alterações positivas na legislação de protecção dos trabalhadores, como sucedeu com o novo regime de contrato de trabalho combatendo a precariedade. Funcionou para aprovar leis com uma clara marca de esquerda como a lei sobre os contraceptivos de emergência ou a lei das uniões de facto abrangendo as uniões homossexuais. Mas essa maioria foi incapaz de gerar uma política alternativa globalmente de esquerda. Foi uma maioria malbaratada, uma oportunidade perdida. As responsabilidades são partilhadas. Um e outro dos dois partidos podiam ter dado passos que não deram. O PS preferiu o ziguezague, o PCP resguardou-se sempre, de tal forma que nem sequer votou favoravelmente as duas reformas centrais (fiscal e da Segurança Social) com clara orientações de esquerda, limitando-se a uma abstenção. Na recta final, já desamparado e desorientado, o Governo capitulou para a direita, sem qualquer sucesso. A tentativa à direita era um já um desespero, perante a porta que lhe foi fechada à esquerda. Agora, que se vai para eleições, o desafio à esquerda é assegurar que estes erros não se repetem. PS e PCP têm a sua própria identidade e têm universos eleitorais diferentes. Mas uma governação coerente à esquerda não pode ter sucesso sem a contribuição dos dois eleitorados e portanto dos dois partidos. Não há uma política de esquerda se ela for feita contra o PCP ou contra o PS. Nas autárquicas, PS e PCP continuam a somar mais votos que PSD e CDS-PP. Há um eleitorado maioritário de esquerda e centro-esquerda, que pode ser mobilizado para uma vitória se tiver uma perspectiva política de concretização de um governo e de uma política que corresponda às suas aspirações. O tempo dos governos de António Guterres acabou. Agora não faltam os que lhe atiram baldes de lama. Mesmo dentro do PS, muitos dos que se aproveitaram do seu período de sucesso estão agora na primeira fila a atirar pedras. Para mim, António Guterres, de quem sou amigo pessoal, ficará para sempre associado a um tempo em que a esquerda perdeu uma oportunidade. Tem as suas culpas, como outros. Mas ficará também associado a realizações como o pré-escolar, as reformas fiscal e da Segurança Social, o sindicalismo policial, o associativismo militar ou o rendimento mínimo garantido. Vem aí outro tempo e novos desafios. Só posso desejar que estejamos capazes de os tomar para o bem dos portugueses e de Portugal. jamaral@palacio.parlamento.pt

COMENTÁRIOS AO ARTIGO

8 comentários 1 a 8

1 de Janeiro de 2002 às 18:35

j_escobar

Se este Kostas Kalimera não é o «alter ego» do distinto director do «Avante!» José Casanova, então é porque eu sou a Marlene Dietrich!

31 de Dezembro de 2001 às 18:22

Alvin ( cafonseca@netcabo.pt )

Parece que o PCP vai ter mais uma sangria!

Na anterior sangria, altos quadros do PCP, foram aceites quer pelo PSD

(caso Zita Seabra), outros para o PS (José Magalhães; Barros Moura; José Luis Judas Etc.).

Desta vez são: João Amaral, Carlos Brito e mais alguns.

Custa-me ver Prestigiados camaradas, esquecerm o centralismo democrático, que sempre foi a espinha dorsal da vitalidade do nosso partido.

Ponham os olhos na Zita Seabra que foi acolhida no seio do PSD quase como uma heroína, todos os discursos que fez, enquanto parlamentar comunista foram-lhe impostos pelos que agora chama de Estalinistas?

Não! -Note-se a diferença, vendeu-se a um tacho que lhe foi oferecido pelo PSD.

O José Luis Judas até fugio aos impostos do dinheiro que ganhou com o tacho que o PS lhe arranjou,

na camara de Cascais.

Fico muito triste se verificar a posição do João Amaral e do Carlos Brito, estarão prestes a seguir os exemplos anteriores?.

Sou um militante de base do PCP, que foi despedido da Lisnve Com 36 anos de trabalho.

Tenho passado muitos sacrificios,

Quer morais, quer monetários, e fico muito triste, ao ver camaradas

por quem sempre tive muita admiração trazer para o exteriror problemas internos do PCP.

Lembrem-se dos estatutos do nosso partido, leiam os comentários dos nossos inimigos neste forum.

A luta de um militante do PCP, é e será sempre ao lado da luta dos trabalhadores portugueses,e das classes mais desfavorecidas deste pais, e não ao lado daqueles, que, 26 depois do 25 de Abril, continuam a adiar, a esperança de dias melhores, para o nosso povo.

O meu nome é José Maria da fonseca

utilizei um email de um amigo.

30 de Dezembro de 2001 às 12:41

hache ( areosapecas@netc.pt )

No EXPRESSO o João Amaral está nos altos e o Carlos Carvalhas está nos baixos. Como este critério nada tem a ver com a fita métrica, estamos conversados ó João...Balsemão.

Zé Machado

30 de Dezembro de 2001 às 07:38

A. Vaz

Faço minhas as palavras expressas pelo sr. Diogo Sotto Mai.

É pena que a oligarquia instalada na direcção do PCP não tenha a sua lucidez e continue "orgulhosamente só" a lutar por um Portugal melhor. 27 anos de democracia poderiam ter ensinado qualquer coisa ao gerontismo do CC do PCP mas infelizmente assim não aconteceu. Felicidades e um bom ano.

29 de Dezembro de 2001 às 20:10

Kostas Kalimera ( kkalimera@hotmail.com )

Enfim, continuo à espera das ideias inovadoras e renovadoras. cada vez desconfio mais que bem posso esperar sentado.

Fazer suas as acusações que outros sempre fizeram contra o PCP é inovação?

Descredibilizar as posições do próprio partido e credibilizar as do PS é renovação?

De facto, o JA nada tem para oferecer a não ser palavras bonitas mas vazias de conteúdo ou com conteúdo pouco recomendável!

A sua grande medida, parece, seria pôr o PCP a bater palmas ao PS!!!...

E podiamos falar dos exemplos do PC francês, do PC espanhol nas últimas eleições, porque com eles o JA se identificou, embora agora prefira não falar deles. Podiamos também falar do caso italiano, do Partido dos Comunistas Italianos, ou do aguerrido e corajoso Partido da Refundação Comunista, de Fausto Bertinotti, com o qual JA não deve simpatizar muito...

Mas não vale a pena dar passos por essa estrada que não vai dar em nada.

Neste momento a preocupação central do PCP é falar directamente com os eleitores. Com os eleitores é que é preciso estabelecer os necessários compromissos para governar o país.

O governo do PS, de Guterres e de Ferro Rodrigues já foi.

Antes já tinha ido o governo do PSD, de Cavaco e de Durão Barroso.

As soluções governativas do rotativismo fracassaram e esgotaram-se. Insistir, é continuar mais no mesmo, no pântano cada vez mais profundo e mal cheiroso.

O povo português não está condenado a esta sombria perspectiva. O PCP, a CDU e todos os que a eles se decidam juntar são alternativa ao rotativismo fracassado e impotente.

O PCP pode, quer e sabe governar muito melhor do que aquela malfadada parelha do centrão.

É por isso justo pedir e esperar que lhe seja concedida uma oportunidade para governar.

Alguns, ainda temem que um governo do PCP possa pôr em causa a democracia. Receio infundado, até porque o Presidente é socialista, o poder local laranja na maioria e o Tribunal Constitucional não depende do governo.

No presente momento, os representantes dos interesses parasitários que têm apoiado, promovido e beneficiado com a acção governativa do PS e do PSD, não tendo soluções nem vontade para resolver os problemas do país (porque com o país assim ganham dinheiro que se fartam), procuram criar bodes expiatórios (os funcionários públicos, os juízes, os médicos, os trabalhadorres fabris "que são pouco produtivos" etc.) sobre quem descarregar as culpas de forma a salvaguardarem os ilegitimos privilégios de que têm gozado com o PS e com o PSD com o apoio do PP, que para isso votou diversos orçamentos.

Por isso mais útil se torna votar no PCP, na CDU, para que os problemas do país começem a ser resolvidos, para que o justo não pague pelo pecador(como tem acontecido até aqui)e para que os interesses ilegitimos deixem de beneficiar das mordomias que lhes foram concedidas por rosas e laranjas (até para retribuir as quantidades generosas de dinheiro que recebem desses interesses para fazer as suas "campanhas eleitorais").

É este o combate que vale a pena travar! É para esta luta que teria muito gosto em contar com a disponibilidade do João Amaral ( não mereceria então a atenção da imprensa do Balsemão e da que está identificada com o PS mas isso seria um bom sinal...)

29 de Dezembro de 2001 às 16:20

Diogo Sotto Mai ( op3706@mail.telepac.pt )

Lúcido e coerente, João Amaral merece os meus parabéns pela excelência do seu artigo e pelo rigor da sua crítica. Desejo-lhe muita saúde, se possível, Amigo.

29 de Dezembro de 2001 às 14:22

Reader

C'os diabos! Afinal João Rosa & Teixeira do Amaral era do PCP !!

Parecia tanto do PS ...

29 de Dezembro de 2001 às 10:26

Alvim ( antonioalvim@netcabo.pt )

Não deixa de ser curioso que João Amaral consiga apontar mais reformas que Jorge Coelho no seu elogio fúnebre a António Guterres no DN há dias. Jorge Coelho apenas se conseguiu lembrar das muitas vitórias eleitorais e gratuitamente que os mais desfavorecidos vivem melhor (a provar e a saber se essas eventuais melhorias não estão a ser rapidamente destruidas, por exemplo com o aumento dos medicamentos, pela crise economica em que deixou o Pais)

Contudo mesmo as apontadas por João Amaral duas estão apenas no papel (pré escolar e segurança social), outra auto destruida após os destroços que teve tempo para provocar no País (Reforma Fiscal)e as outras perfeitamente marginais.

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