Levar o mundo digital a todos os cidadãos

23-06-2001
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APDC organizou debate sobre questões de acessibilidade

Levar o Mundo Digital a Todos Os Cidadãos

Por ISABEL GORJÃO SANTOS

Segunda-feira, 11 de Junho de 2001

Vamos ter televisão digital interactiva. "Mas vamos quem?", perguntou José Magalhães, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, durante o seminário A Nova Economia e os Cidadãos com Necessidades Especiais, que a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) organizou na passada semana.

O debate procurou abordar a forma como as novas tecnologias podem ajudar a resolver os problemas das pessoas com necessidades especiais, proporcionando o acesso à Internet, às comunicações móveis e às tecnologias de informação de uma forma generalizada. José Magalhães aproveitou a oportunidade para salientar que a questão da televisão digital interactiva "merece respostas de acordo com a igualdade que deve estar no coração dos projectos".

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentres considera que é importante aproveitar "o actual ambiente tecnológico favorável à eliminação de barreiras", o qual engloba a televisão digital. "O mundo digital está a nascer e pode nascer ordenado", adiantou José Magalhães, mencionando alguns exemplos de como as novas tecnologias podem contribuir para a melhoria das condições de vida das pessoas com necessidades especiais. A existência de relatos sonoros do que se passa no ecrã, nomeadamente nos telemóveis de terceira geração, a transmissão de linguagem gestual através desses terminais e o fornecimento de possibilidades reais de acesso à informação são algumas das medidas a ter em conta.

Segundo José Magalhães, o Estado deverá apoiar o desenvolvimento de equipamentos de acesso à Internet a preços verdadeiramente baixos: "Isto é do interesse de todos, inclusive dos operadores e dos comerciantes." A par disso, o debate sobre as novas tecnologias e os cidadãos com necessidades especiais deverá alargar-se a toda a sociedade, pois "a discussão das questões destes cidadãos dentro de um gueto faz esquecer que todos os outros projectos são também para pessoas com necessidades especiais".

Em jeito de conclusão, José Magalhães lembrou que o comércio electrónico está agora a despontar e que é também preciso que o teletrabalho comece a ser utilizado em Portugal.

O seminário A Nova Economia e os Cidadãos com Necessidades Especiais abarcou quatro debates sobre outros tantos temas: Acessibilidade à Internet, Outras Formas de Comunicação, O Desenvolvimento das Telecomunicações e as Expectativas dos Clientes Deficientes, e As Obrigações dos Operadores UMTS e as Expectativas das Populações com Necessidades Especiais.

Manuel Monteiro, responsável da Direcção Sociedade de Informação da Comissão Europeia, salientou que a Europa está empenhada em levar os benefícios da Sociedade da Informação a todos os seus cidadãos. A investigação nesta área está a ser financiada através do programa "Promover uma Sociedade da Informação acessível a todo o utilizador", que reúne diversas universidades, empresas, organismos governamentais e organizações não governamentais de toda a Europa. As prioridades vão para a concepção de produtos de "design universal", diversos sistemas adaptativos e ferramentas destinadas a facilitar a comunicação e a mobilidade, para além de sistemas de apoio às actividades diárias e à integração social.

Monteiro adiantou que a aposta na normalização de equipamentos e serviços deve ser também uma prioridade, devendo ter-se em atenção a adaptação dos novos equipamentos às pessoas com necessidades especiais. "As questões da acessibilidade são primordiais porque toda a população tem direito a fazer parte da Sociedade da Informação", concluiu, defendendo a criação de uma espécie de bandeira da acessibilidade, "tal como existe, para as praias, a bandeira azul".

"Nos Estados Unidos, as associações já estão a pôr processos em tribunal quando as questões da acessibilidade não são tidas em conta", lembrou o responsável da Direcção da Sociedade da Informação da Comissão Europeia.

Ao abordar as novas formas de comunicação que as tecnologias oferecem, Paulo Ramos, director-geral da Compaq Portugal, lembrou que, nos Estados Unidos, há 54 milhões de pessoas com necessidades especiais, "e há uma intervenção do poder político muito forte nesta matéria". O responsável da Compaq considera também que "nada terá uma mudança significativa se o Estado não intervir claramente nestas matérias, pois não será a iniciativa privada que o irá fazer".

O debate relativo ao UMTS contou com a participação dos operadores que venceram as quatro licenças postas recentemente a concurso - Telecel, TMN, Optimus e Oniway - e foi moderado por Francisco Godinho, engenheiro de reabilitação e professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Sobre as oportunidades que a terceira geração de comunicações móveis irá oferecer, Augusto Azevedo, da Optimus, salientou que as telecomunicações móveis tendem a ser o principal meio de acesso à informação, por possuírem uma procura muito elevada. Carlos Roseiro, da TMN, destacou, por outro lado, a facilidade de utilização dos equipamentos e adiantou que a empresa vai começar a trabalhar com outras associações e organizações para conhecerem as principais necessidades dos utilizadores.

Joaquim Santos, em representação da Oniway, referiu-se às enormes potencialidades da terceira geração de comunicações móveis e considerou imperativo que estas cheguem a todos os cidadãos. Como exemplo dessas potencialidades mencionou as chamadas telefónicas com imagem e o acesso a serviços públicos e à administração pública. Já Henrique Correia, da Telecel, lembra que, com a terceira geração de comunicações móveis, os utilizadores terão acesso a uma série de serviços a partir de um equipamento "que é simultaneamente um telefone, uma agenda electrónica e um computador".

Neste seminário, esteve também presente Luís Nazaré, presidente do Instituto Português das Comunicações (ICP), que participou na sessão de abertura e destacou os avanços que se têm verificado, em Portugal, ao nível da legislação e dos avanços tecnológicos.

No final de um dia de debate, de que resultou um breve diagnóstico da actual situação, a organização do seminário apresentou conclusões optimistas, referindo que "Portugal caminha no bom sentido para responder às expectativas dos cidadãos com necessidades especiais".

Isabel Gorjão Santos

APDC organizou debate sobre questões de acessibilidade

Levar o Mundo Digital a Todos Os Cidadãos

Por ISABEL GORJÃO SANTOS

Segunda-feira, 11 de Junho de 2001

Vamos ter televisão digital interactiva. "Mas vamos quem?", perguntou José Magalhães, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, durante o seminário A Nova Economia e os Cidadãos com Necessidades Especiais, que a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) organizou na passada semana.

O debate procurou abordar a forma como as novas tecnologias podem ajudar a resolver os problemas das pessoas com necessidades especiais, proporcionando o acesso à Internet, às comunicações móveis e às tecnologias de informação de uma forma generalizada. José Magalhães aproveitou a oportunidade para salientar que a questão da televisão digital interactiva "merece respostas de acordo com a igualdade que deve estar no coração dos projectos".

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentres considera que é importante aproveitar "o actual ambiente tecnológico favorável à eliminação de barreiras", o qual engloba a televisão digital. "O mundo digital está a nascer e pode nascer ordenado", adiantou José Magalhães, mencionando alguns exemplos de como as novas tecnologias podem contribuir para a melhoria das condições de vida das pessoas com necessidades especiais. A existência de relatos sonoros do que se passa no ecrã, nomeadamente nos telemóveis de terceira geração, a transmissão de linguagem gestual através desses terminais e o fornecimento de possibilidades reais de acesso à informação são algumas das medidas a ter em conta.

Segundo José Magalhães, o Estado deverá apoiar o desenvolvimento de equipamentos de acesso à Internet a preços verdadeiramente baixos: "Isto é do interesse de todos, inclusive dos operadores e dos comerciantes." A par disso, o debate sobre as novas tecnologias e os cidadãos com necessidades especiais deverá alargar-se a toda a sociedade, pois "a discussão das questões destes cidadãos dentro de um gueto faz esquecer que todos os outros projectos são também para pessoas com necessidades especiais".

Em jeito de conclusão, José Magalhães lembrou que o comércio electrónico está agora a despontar e que é também preciso que o teletrabalho comece a ser utilizado em Portugal.

O seminário A Nova Economia e os Cidadãos com Necessidades Especiais abarcou quatro debates sobre outros tantos temas: Acessibilidade à Internet, Outras Formas de Comunicação, O Desenvolvimento das Telecomunicações e as Expectativas dos Clientes Deficientes, e As Obrigações dos Operadores UMTS e as Expectativas das Populações com Necessidades Especiais.

Manuel Monteiro, responsável da Direcção Sociedade de Informação da Comissão Europeia, salientou que a Europa está empenhada em levar os benefícios da Sociedade da Informação a todos os seus cidadãos. A investigação nesta área está a ser financiada através do programa "Promover uma Sociedade da Informação acessível a todo o utilizador", que reúne diversas universidades, empresas, organismos governamentais e organizações não governamentais de toda a Europa. As prioridades vão para a concepção de produtos de "design universal", diversos sistemas adaptativos e ferramentas destinadas a facilitar a comunicação e a mobilidade, para além de sistemas de apoio às actividades diárias e à integração social.

Monteiro adiantou que a aposta na normalização de equipamentos e serviços deve ser também uma prioridade, devendo ter-se em atenção a adaptação dos novos equipamentos às pessoas com necessidades especiais. "As questões da acessibilidade são primordiais porque toda a população tem direito a fazer parte da Sociedade da Informação", concluiu, defendendo a criação de uma espécie de bandeira da acessibilidade, "tal como existe, para as praias, a bandeira azul".

"Nos Estados Unidos, as associações já estão a pôr processos em tribunal quando as questões da acessibilidade não são tidas em conta", lembrou o responsável da Direcção da Sociedade da Informação da Comissão Europeia.

Ao abordar as novas formas de comunicação que as tecnologias oferecem, Paulo Ramos, director-geral da Compaq Portugal, lembrou que, nos Estados Unidos, há 54 milhões de pessoas com necessidades especiais, "e há uma intervenção do poder político muito forte nesta matéria". O responsável da Compaq considera também que "nada terá uma mudança significativa se o Estado não intervir claramente nestas matérias, pois não será a iniciativa privada que o irá fazer".

O debate relativo ao UMTS contou com a participação dos operadores que venceram as quatro licenças postas recentemente a concurso - Telecel, TMN, Optimus e Oniway - e foi moderado por Francisco Godinho, engenheiro de reabilitação e professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Sobre as oportunidades que a terceira geração de comunicações móveis irá oferecer, Augusto Azevedo, da Optimus, salientou que as telecomunicações móveis tendem a ser o principal meio de acesso à informação, por possuírem uma procura muito elevada. Carlos Roseiro, da TMN, destacou, por outro lado, a facilidade de utilização dos equipamentos e adiantou que a empresa vai começar a trabalhar com outras associações e organizações para conhecerem as principais necessidades dos utilizadores.

Joaquim Santos, em representação da Oniway, referiu-se às enormes potencialidades da terceira geração de comunicações móveis e considerou imperativo que estas cheguem a todos os cidadãos. Como exemplo dessas potencialidades mencionou as chamadas telefónicas com imagem e o acesso a serviços públicos e à administração pública. Já Henrique Correia, da Telecel, lembra que, com a terceira geração de comunicações móveis, os utilizadores terão acesso a uma série de serviços a partir de um equipamento "que é simultaneamente um telefone, uma agenda electrónica e um computador".

Neste seminário, esteve também presente Luís Nazaré, presidente do Instituto Português das Comunicações (ICP), que participou na sessão de abertura e destacou os avanços que se têm verificado, em Portugal, ao nível da legislação e dos avanços tecnológicos.

No final de um dia de debate, de que resultou um breve diagnóstico da actual situação, a organização do seminário apresentou conclusões optimistas, referindo que "Portugal caminha no bom sentido para responder às expectativas dos cidadãos com necessidades especiais".

Isabel Gorjão Santos

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