Ele teve boa nota

22-10-2000
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Realizou-se em primeiro lugar o teste de potência aeróbia máxima, que avalia a capacidade de consumo máximo de oxigénio. O João começou a correr num tapete rolante ao mesmo tempo que expira para o tubo de um espirómetro (aparelho que mede a capacidade torácica). O esforço no tapete aumenta progressivamente até à exaustão completa. No final, a máquina avalia o consumo máximo, o qual é um bom indicador da capacidade que o atleta tem de absorver oxigénio e de o fazer chegar aos tecidos. O resultado obtido foi 70ml/kg/minuto, um bom valor para os parâmetros de um alpinista. Para se ter uma ideia, um sedentário tem em média valores entre 30 e 40ml/kg/minuto e os atletas têm, em geral, valores superiores a 40, chegando a haver casos de 90 em maratonistas ou esquiadores de fundo muito bem treinados. José Magalhães explica que «como em altitude a concentração de oxigénio é menor, quanto maior for a capacidade de absorver oxigénio, maior é a capacidade num ambiente em que o oxigénio é mais rarefeito».

Seguiu-se o teste sobre o limiar anaeróbio que é o ponto a partir do qual o metabolismo anaeróbio (energia formada sem a utilização de oxigénio) começa a ter grande peso no fornecimento de energia aos tecidos e começa a produzir um composto nefasto para o organismo, responsável pelos sintomas de fadiga. Esse composto é o ácido láctico. Pretendia-se saber se o João conseguia correr depressa sem ter de recorrer a esse metabolismo que o leva a acumular no sangue o ácido láctico que irá produzir fadiga. Uma vez mais, o resultado foi bastante bom, situando-se em 86%. Os maratonistas, por exemplo, têm valores muito idênticos. José Magalhães ressalva, no entanto, que «se pode ser o melhor atleta do mundo a nível do mar mas se se fizer uma má aclimatação em altitude está tudo perdido».

Por último, João Garcia foi submetido a um teste de composição corporal, feito através de bio-impedância - colocam-se eléctrodos nas extremidades dos pés e das mãos e depois passa um fluxo eléctrico pelo corpo e como a massa gorda e a massa magra têm diferentes resistências à passagem desse fluxo a máquina calcula a percentagem de cada uma delas. O resultado foi de 14% de massa gorda e 86% de massa magra, um valor normal para os atletas que fazem treinos de resistência (corrida, marcha, bicicleta), como é o caso do João. «Era importante conhecer este valor, já que uma das consequências crónicas de estar em altitude é a perda de peso, que às vezes vai até aos 11 quilos».

Magalhães sublinha que «o alpinismo mexe com tantas coisas que o facto de o João ter um bom teste ao nível do mar não é por si só suficiente para chegar ao cume do Evereste. A temperatura, vento, tempestades e as condições psicológicas contam muito».

Texto de ISABEL MARGARIDA DE SOUSA

Realizou-se em primeiro lugar o teste de potência aeróbia máxima, que avalia a capacidade de consumo máximo de oxigénio. O João começou a correr num tapete rolante ao mesmo tempo que expira para o tubo de um espirómetro (aparelho que mede a capacidade torácica). O esforço no tapete aumenta progressivamente até à exaustão completa. No final, a máquina avalia o consumo máximo, o qual é um bom indicador da capacidade que o atleta tem de absorver oxigénio e de o fazer chegar aos tecidos. O resultado obtido foi 70ml/kg/minuto, um bom valor para os parâmetros de um alpinista. Para se ter uma ideia, um sedentário tem em média valores entre 30 e 40ml/kg/minuto e os atletas têm, em geral, valores superiores a 40, chegando a haver casos de 90 em maratonistas ou esquiadores de fundo muito bem treinados. José Magalhães explica que «como em altitude a concentração de oxigénio é menor, quanto maior for a capacidade de absorver oxigénio, maior é a capacidade num ambiente em que o oxigénio é mais rarefeito».

Seguiu-se o teste sobre o limiar anaeróbio que é o ponto a partir do qual o metabolismo anaeróbio (energia formada sem a utilização de oxigénio) começa a ter grande peso no fornecimento de energia aos tecidos e começa a produzir um composto nefasto para o organismo, responsável pelos sintomas de fadiga. Esse composto é o ácido láctico. Pretendia-se saber se o João conseguia correr depressa sem ter de recorrer a esse metabolismo que o leva a acumular no sangue o ácido láctico que irá produzir fadiga. Uma vez mais, o resultado foi bastante bom, situando-se em 86%. Os maratonistas, por exemplo, têm valores muito idênticos. José Magalhães ressalva, no entanto, que «se pode ser o melhor atleta do mundo a nível do mar mas se se fizer uma má aclimatação em altitude está tudo perdido».

Por último, João Garcia foi submetido a um teste de composição corporal, feito através de bio-impedância - colocam-se eléctrodos nas extremidades dos pés e das mãos e depois passa um fluxo eléctrico pelo corpo e como a massa gorda e a massa magra têm diferentes resistências à passagem desse fluxo a máquina calcula a percentagem de cada uma delas. O resultado foi de 14% de massa gorda e 86% de massa magra, um valor normal para os atletas que fazem treinos de resistência (corrida, marcha, bicicleta), como é o caso do João. «Era importante conhecer este valor, já que uma das consequências crónicas de estar em altitude é a perda de peso, que às vezes vai até aos 11 quilos».

Magalhães sublinha que «o alpinismo mexe com tantas coisas que o facto de o João ter um bom teste ao nível do mar não é por si só suficiente para chegar ao cume do Evereste. A temperatura, vento, tempestades e as condições psicológicas contam muito».

Texto de ISABEL MARGARIDA DE SOUSA

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