Cinco vezes teatro

09-05-2001
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Cinco Vezes Teatro

Sexta-feira, 4 de Maio de 2001

Shakespeare em dose dupla, um texto-monstro de Frank Wedekind levado à cena pelo Teatre Nacional de Catalunya, dois lamentos em tom tragicómico pela mão dos florentinos da i Magazzini e ainda a última incursão de Maria Emília Correia no universo em expansão da literatura lusófona: é este o plano de conjunto da recheadíssima oferta que o PoNTI 2001 reservou para Maio. Uma mão cheia de propostas teatrais que dá o mote para o ritmo acelerado dos próximos tempos, esclarece José Luís Ferreira, o director executivo do festival: "Começa agora um dos picos da programação, com um ciclo de acolhimento cuja abundância se aproxima bastante do formato tradicional do PoNTI". A oferta emagrece em Agosto, mas o Outono repetirá a cadência dos meses mais fortes e Dezembro trará ao Porto uma edição "quase normal" do festival, com um total de oito apresentações.

Para já, e enquanto "Otelas" não estreia, o público do PoNTI pode ir aguçando o apetite com "Due Lai", um texto de Giovanni Testori que Federico Tiezzi encenou para a companhia i Magazzini. A produção, protagonizada pelo multipremiado Sandro Lombardi, estreou ontem no TNSJ e fica até domingo. "O texto é de um dramaturgo ainda desconhecido entre nós, mas que acabará por ser descoberto como uma das grandes vozes do nosso século", acredita José Luís Ferreira, que destaca "o recurso permanente ao humor sarcástico" e a cumplicidade entre um encenador e um protagonista absolutamente sintonizados no que a "preocupações estéticas e teatrais" diz respeito.

"Shylock", de Gareth Armstrong, cumpre a exigente tarefa de encerrar o ciclo shakesperiano do festival inaugurado por "A Tempestade", pela Royal Shakespeare Company. O espectáculo leva encenação de Frank Barrie e fica no Teatro Helena Sá e Costa de 17 a 20 deste mês. José Luís Ferreira não poupa elogios a uma produção "simples, bem humorada e muito britânica" que tem o dom de dar vida própria ao protagonista de "O Mercador de Veneza" e, simultaneamente, oferece ao espectador uma panorâmica histórica peculiar da imagem do judeu no mundo ocidental. Segue-se "A Maçã no Escuro", de Clarice Lispector, uma encenação de Maria Emília Correia para o colectivo O Vermelho e o Negro, que ocupará o TNSJ de 19 a 27. Para o fim, e já no quadro da colaboração com o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), fica o paradigmático "Lulú. La Caixa de Pandora (Una Tragèdia-monstre)", de Frank Wedekind. O acolhimento desta produção do Teatre Nacional de Catalunya encenada por Mario Gras - um nome fundamental do teatro espanhol contemporâneo - é, de resto, apenas um primeiro passo para um relacionamento entre duas estrutura praticamente gémeas que o TNSJ quer tornar regular. I.N.

Cinco Vezes Teatro

Sexta-feira, 4 de Maio de 2001

Shakespeare em dose dupla, um texto-monstro de Frank Wedekind levado à cena pelo Teatre Nacional de Catalunya, dois lamentos em tom tragicómico pela mão dos florentinos da i Magazzini e ainda a última incursão de Maria Emília Correia no universo em expansão da literatura lusófona: é este o plano de conjunto da recheadíssima oferta que o PoNTI 2001 reservou para Maio. Uma mão cheia de propostas teatrais que dá o mote para o ritmo acelerado dos próximos tempos, esclarece José Luís Ferreira, o director executivo do festival: "Começa agora um dos picos da programação, com um ciclo de acolhimento cuja abundância se aproxima bastante do formato tradicional do PoNTI". A oferta emagrece em Agosto, mas o Outono repetirá a cadência dos meses mais fortes e Dezembro trará ao Porto uma edição "quase normal" do festival, com um total de oito apresentações.

Para já, e enquanto "Otelas" não estreia, o público do PoNTI pode ir aguçando o apetite com "Due Lai", um texto de Giovanni Testori que Federico Tiezzi encenou para a companhia i Magazzini. A produção, protagonizada pelo multipremiado Sandro Lombardi, estreou ontem no TNSJ e fica até domingo. "O texto é de um dramaturgo ainda desconhecido entre nós, mas que acabará por ser descoberto como uma das grandes vozes do nosso século", acredita José Luís Ferreira, que destaca "o recurso permanente ao humor sarcástico" e a cumplicidade entre um encenador e um protagonista absolutamente sintonizados no que a "preocupações estéticas e teatrais" diz respeito.

"Shylock", de Gareth Armstrong, cumpre a exigente tarefa de encerrar o ciclo shakesperiano do festival inaugurado por "A Tempestade", pela Royal Shakespeare Company. O espectáculo leva encenação de Frank Barrie e fica no Teatro Helena Sá e Costa de 17 a 20 deste mês. José Luís Ferreira não poupa elogios a uma produção "simples, bem humorada e muito britânica" que tem o dom de dar vida própria ao protagonista de "O Mercador de Veneza" e, simultaneamente, oferece ao espectador uma panorâmica histórica peculiar da imagem do judeu no mundo ocidental. Segue-se "A Maçã no Escuro", de Clarice Lispector, uma encenação de Maria Emília Correia para o colectivo O Vermelho e o Negro, que ocupará o TNSJ de 19 a 27. Para o fim, e já no quadro da colaboração com o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), fica o paradigmático "Lulú. La Caixa de Pandora (Una Tragèdia-monstre)", de Frank Wedekind. O acolhimento desta produção do Teatre Nacional de Catalunya encenada por Mario Gras - um nome fundamental do teatro espanhol contemporâneo - é, de resto, apenas um primeiro passo para um relacionamento entre duas estrutura praticamente gémeas que o TNSJ quer tornar regular. I.N.

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