PSD Teme Que o Abalo Internacional Favoreça o Governo
Por ANA SÁ LOPES
Terça-feira, 18 de Setembro de 2001
Os sociais-democratas pensam que a crise mundial pode ser benéfica para a imagem de Guterres. Preocupam-se agora em tentar explicar que o Governo não melhorou por causa do ataque a Nova Iorque.
O PSD está preocupado com o efeito que a instabilidade mundial possa vir a ter na política caseira, nomeadamente nas repercussões junto da opinião pública que possam conduzir à melhoria das relações entre o povo e o Governo.
Neste contexto, os dirigentes do PSD temem o "adormecimento" popular face às questões internas, o que, acreditam, acabará por se traduzir num quadro desfavorável para a oposição. O "efeito amortecedor" na política interna provocado pelo choque de Nova Iorque preocupa o maior partido da oposição, num momento em que, depois de muito penar, o PSD tinha conseguido ultrapassar o partido do Governo em vários estudos de opinião.
Agora, a estratégia passa por fazer com que o eleitorado compreenda que "os problemas nacionais não se devem ao ataque a Nova Iorque". Mas há dirigentes que têm a perfeita noção de que o previsível acentuar da crise económica internacional "é o cenário ideal para o Governo se desculpar". António Guterres ontem avançou para uma ligação objectiva entre os acontecimentos de Nova Iorque e a economia portuguesa. Assim, apelou aos partidos de oposição para se "empenharem" na discussão do Orçamento de Estado "sobretudo por se tratar de um momento de particular incerteza à escala mundial". E acrescentou: " É muito importante o empenhamento de todos em criar as condições para que a nossa economia possa sair de tudo isto da melhor maneira possível e, por isso, espero de todos o mesmo grau de abertura e de diálogo que o Governo põe nestes contactos",
O secretário-geral do PSD, José Luís Arnaut, disse ao PÚBLICO que "a situação económica já era má antes deste acontecimento" e que o seu agravamento não se deverá só "ao acontecimento". "A falta de reformas estruturais não se deve ao atentado de Nova Iorque. É preciso fazer a distinção entre o que se vive a nível interno e o que se passa externamente", disse o secretário-geral.
O PSD, que hoje é recebido por António Guterres na ronda prévia ao orçamento que o primeiro-ministro está a realizar com os vários partidos da oposição, não esconde a sua preocupação com os "rendimentos internos" que o PS e o Governo possam vir a retirar da conjuntura internacional. Aliás, importa acrescentar que uma das palavras-chave que Guterres dirigiu ao país, na sua mensagem na terça-feira do ataque, foi "unidade".
Sobre o Orçamento, o PSD deverá hoje repetir na audiência com Guterres a posição que já divulgou na "rentrée": o documento orçamental assenta em "bases falsas" e sem a aceitação por parte do Governo de uma auditoria não há margem para qualquer diálogo.
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PSD Teme Que o Abalo Internacional Favoreça o Governo
Por ANA SÁ LOPES
Terça-feira, 18 de Setembro de 2001
Os sociais-democratas pensam que a crise mundial pode ser benéfica para a imagem de Guterres. Preocupam-se agora em tentar explicar que o Governo não melhorou por causa do ataque a Nova Iorque.
O PSD está preocupado com o efeito que a instabilidade mundial possa vir a ter na política caseira, nomeadamente nas repercussões junto da opinião pública que possam conduzir à melhoria das relações entre o povo e o Governo.
Neste contexto, os dirigentes do PSD temem o "adormecimento" popular face às questões internas, o que, acreditam, acabará por se traduzir num quadro desfavorável para a oposição. O "efeito amortecedor" na política interna provocado pelo choque de Nova Iorque preocupa o maior partido da oposição, num momento em que, depois de muito penar, o PSD tinha conseguido ultrapassar o partido do Governo em vários estudos de opinião.
Agora, a estratégia passa por fazer com que o eleitorado compreenda que "os problemas nacionais não se devem ao ataque a Nova Iorque". Mas há dirigentes que têm a perfeita noção de que o previsível acentuar da crise económica internacional "é o cenário ideal para o Governo se desculpar". António Guterres ontem avançou para uma ligação objectiva entre os acontecimentos de Nova Iorque e a economia portuguesa. Assim, apelou aos partidos de oposição para se "empenharem" na discussão do Orçamento de Estado "sobretudo por se tratar de um momento de particular incerteza à escala mundial". E acrescentou: " É muito importante o empenhamento de todos em criar as condições para que a nossa economia possa sair de tudo isto da melhor maneira possível e, por isso, espero de todos o mesmo grau de abertura e de diálogo que o Governo põe nestes contactos",
O secretário-geral do PSD, José Luís Arnaut, disse ao PÚBLICO que "a situação económica já era má antes deste acontecimento" e que o seu agravamento não se deverá só "ao acontecimento". "A falta de reformas estruturais não se deve ao atentado de Nova Iorque. É preciso fazer a distinção entre o que se vive a nível interno e o que se passa externamente", disse o secretário-geral.
O PSD, que hoje é recebido por António Guterres na ronda prévia ao orçamento que o primeiro-ministro está a realizar com os vários partidos da oposição, não esconde a sua preocupação com os "rendimentos internos" que o PS e o Governo possam vir a retirar da conjuntura internacional. Aliás, importa acrescentar que uma das palavras-chave que Guterres dirigiu ao país, na sua mensagem na terça-feira do ataque, foi "unidade".
Sobre o Orçamento, o PSD deverá hoje repetir na audiência com Guterres a posição que já divulgou na "rentrée": o documento orçamental assenta em "bases falsas" e sem a aceitação por parte do Governo de uma auditoria não há margem para qualquer diálogo.