Consequências da adesão ao Euronext

15-07-2001
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Consequências da Adesão ao Euronext

Quinta-feira, 21 de Junho de 2001 Alves Monteiro, presidente da Bolsa Estamos na fase de "semear" "A adesão [da Bolsa de Valores de Lisboa e Porto] ao Euronext tem um efeito infra-estruturante essencial, que vai mexer muito com o mercado, com o posicionamento dos agentes e exigir um grau acrescido de sofisticação, de profissionalismo e uma atitude diferente", afirmou Alves Monteiro presidente da praça portuguesa ao PÚBLICO. "Em termos gerais, a bolsa não se move por questões imediatistas", defendeu, acrescentando que, no âmbito do processo de adesão à plataforma pan-europeia, se está na fase de "semear". Sobre o actual comportamento da bolsa, entende que tem que se "registar" a queda [recente], mas admitiu que, "dentro de algum tempo, o mercado vai dar a volta e vai retomar um ritmo aceitável, como vinha a registar no passado, e que os índices vão recuperar". R.S. José Lemos, ex-presidente da Bolsa Janela de oportunidades A integração da BVLP no Euronext é "positiva", cria "uma janela de oportunidades" e tem de ser encarada como um "desafio", considera José Lemos, vice-presidente da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo e ex-presidente da Bolsa de Lisboa . Lisboa tem "desvantagens competitivas que têm de ser revistas. (...) Temos de nos harmonizar com os nossos parceiros, nomeadamente ao nível fiscal, e criar factores de atractividade, caso contrário corre-se o risco dos negócios serem deslocalizados para mercados mais vantajosos". Sobre o actual momento bolsista afirmou que "há uma grande falta de confiança dos investidores e um clima psicológico muito negativo. (...) Por isso, penso que uma reviravolta do mercado e o retorno da confiança só acontecerá se forem tomadas medidas de incentivo ao investimento e dados sinais políticos inequívocos de aposta no mercado". "Para reanimar o mercado é urgente que o Governo suspenda alguns pontos da reforma fiscal, nomeadamente os relativos à tributação da mais-valias e aos dividendos", exemplificou José Lemos. A.C. José Maia, presidente dos fundos de investimento Estrangeiros já estão a sair A curto prazo a integração da BVLP no Euronext é negativa para o mercado português, já que os índices nacionais, nomeadamente o PSI-20, irão perder importância, defende José Maia, presidente da APFIN - Associação Portuguesa de Fundos de Investimentos e da Caixagest, sociedade. Aliás, José Maia afirma mesmo que esse efeito já se está a verificar, dado que nos últimos dias se tem sentido a saída de investidores estrangeiros da BVLP. "Com a adesão da bolsa de Lisboa ao Euronext é natural que diminua o interesse dos fundos, tanto nacionais com estrangeiros, por acções portuguesas. (...) Até porque há uma série de investidores que vêem a bolsa como uma entidade nacional, que se perde com a sua integração numa plataforma pan-europeia", explicou José Maia. Como ponto positivo do Euronext, José Maia destaca o aumento de visibilidade das empresas de média e alta capitalização junto dos investidores franceses, holandeses e belgas, e o facto da BVLP não ficar sozinha. Sobre o cenário tempestivo que se vive na bolsa, José Maia acredita que o mercado irá recuperar a médio prazo. Há títulos que estão a um preço muito "convidativos" e que podem ser "boas oportunidades de compra", justificou. A.C. Garcia dos Santos, presidente dos corretores Intermediários mais penalizados Os intermediários financeiros serão no curto prazo quem mais irá perder com a integração da BVLP no Euronext, já que deverão registar uma redução de receitas, defende Garcia dos Santos, presidente da Associação Portuguesa de Corretores (APC). Contudo, o responsável afirma que a associação não se opõe à fusão da bolsa portuguesa com a plataforma pan-europeia. Muito pelo contrário, é processo que considera "inevitável" e "indispensável". Garcia dos Santos afirma que os intermediários financeiros terão de se reestruturar para enfrentar os desafios do aumento da concorrência que a adesão ao Euronext provocará. No imediato, frisa, as corretoras perdem receitas porque deixaram de intermediar negócios de alguns clientes estrangeiros sobre títulos portugueses. Um problema que será agravado caso os intermediários do mercado britânico, grandes clientes das corretoras portuguesas, se tornem membros remotos do Euronext. A.C. PT e EDP Positivo ou indiferente As empresas portuguesas com maior capitalização bolsista, como a EDP e a PT, prevêem que a adesão ao Euronext não lhes trará grandes mudanças e, a verificarem-se, serão para melhor. Para a companhia eléctrica com a sexta maior capitalização bolsista europeia, a consequência esperada será "positiva ou, pelo menos, indiferente" no que se refere à sua posição no mercado, na opinião do responsável pelo gabinete de relações com os investidores. Quanto à quebra das cotações, nos últimos meses - ontem, a EDP fechou, a 2,72 euros -, a mesma fonte sustenta haver duas ordens de factores: uma queda generalizada conjuntural dos mercados e, por outro, três "catalisadores", ou sejam, os factores que têm penalizado adicionalmente a empresa: o impasse em relação ao processo da Hidrocantábrico, a exposição da EDP ao mercado brasileiro e à sua crise e a aproximação de um novo quadro regulatório, em 2002. Pedro Dias, responsável pelas relações com investidores da PT, considera igualmente "positiva" a adesão ao Euronext, considerando que a empresa de telecomunicações "ficará com maior visibilidade". A quebra recente nas cotações da PT explica-se sobretudo pela oferta de troca de acções lançada no Brasil e pela exposição na América Latina, numa altura em que os investidores estão ainda a penalizar as telecoms europeias pelo elevado grau de endividamento que apresentam. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Bolsa à espera de Pina Moura

O que vai mudar com o Euronext

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Quinta-feira, 21 de Junho de 2001 Alves Monteiro, presidente da Bolsa Estamos na fase de "semear" "A adesão [da Bolsa de Valores de Lisboa e Porto] ao Euronext tem um efeito infra-estruturante essencial, que vai mexer muito com o mercado, com o posicionamento dos agentes e exigir um grau acrescido de sofisticação, de profissionalismo e uma atitude diferente", afirmou Alves Monteiro presidente da praça portuguesa ao PÚBLICO. "Em termos gerais, a bolsa não se move por questões imediatistas", defendeu, acrescentando que, no âmbito do processo de adesão à plataforma pan-europeia, se está na fase de "semear". Sobre o actual comportamento da bolsa, entende que tem que se "registar" a queda [recente], mas admitiu que, "dentro de algum tempo, o mercado vai dar a volta e vai retomar um ritmo aceitável, como vinha a registar no passado, e que os índices vão recuperar". R.S. José Lemos, ex-presidente da Bolsa Janela de oportunidades A integração da BVLP no Euronext é "positiva", cria "uma janela de oportunidades" e tem de ser encarada como um "desafio", considera José Lemos, vice-presidente da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo e ex-presidente da Bolsa de Lisboa . Lisboa tem "desvantagens competitivas que têm de ser revistas. (...) Temos de nos harmonizar com os nossos parceiros, nomeadamente ao nível fiscal, e criar factores de atractividade, caso contrário corre-se o risco dos negócios serem deslocalizados para mercados mais vantajosos". Sobre o actual momento bolsista afirmou que "há uma grande falta de confiança dos investidores e um clima psicológico muito negativo. (...) Por isso, penso que uma reviravolta do mercado e o retorno da confiança só acontecerá se forem tomadas medidas de incentivo ao investimento e dados sinais políticos inequívocos de aposta no mercado". "Para reanimar o mercado é urgente que o Governo suspenda alguns pontos da reforma fiscal, nomeadamente os relativos à tributação da mais-valias e aos dividendos", exemplificou José Lemos. A.C. José Maia, presidente dos fundos de investimento Estrangeiros já estão a sair A curto prazo a integração da BVLP no Euronext é negativa para o mercado português, já que os índices nacionais, nomeadamente o PSI-20, irão perder importância, defende José Maia, presidente da APFIN - Associação Portuguesa de Fundos de Investimentos e da Caixagest, sociedade. Aliás, José Maia afirma mesmo que esse efeito já se está a verificar, dado que nos últimos dias se tem sentido a saída de investidores estrangeiros da BVLP. "Com a adesão da bolsa de Lisboa ao Euronext é natural que diminua o interesse dos fundos, tanto nacionais com estrangeiros, por acções portuguesas. (...) Até porque há uma série de investidores que vêem a bolsa como uma entidade nacional, que se perde com a sua integração numa plataforma pan-europeia", explicou José Maia. Como ponto positivo do Euronext, José Maia destaca o aumento de visibilidade das empresas de média e alta capitalização junto dos investidores franceses, holandeses e belgas, e o facto da BVLP não ficar sozinha. Sobre o cenário tempestivo que se vive na bolsa, José Maia acredita que o mercado irá recuperar a médio prazo. Há títulos que estão a um preço muito "convidativos" e que podem ser "boas oportunidades de compra", justificou. A.C. Garcia dos Santos, presidente dos corretores Intermediários mais penalizados Os intermediários financeiros serão no curto prazo quem mais irá perder com a integração da BVLP no Euronext, já que deverão registar uma redução de receitas, defende Garcia dos Santos, presidente da Associação Portuguesa de Corretores (APC). Contudo, o responsável afirma que a associação não se opõe à fusão da bolsa portuguesa com a plataforma pan-europeia. Muito pelo contrário, é processo que considera "inevitável" e "indispensável". Garcia dos Santos afirma que os intermediários financeiros terão de se reestruturar para enfrentar os desafios do aumento da concorrência que a adesão ao Euronext provocará. No imediato, frisa, as corretoras perdem receitas porque deixaram de intermediar negócios de alguns clientes estrangeiros sobre títulos portugueses. Um problema que será agravado caso os intermediários do mercado britânico, grandes clientes das corretoras portuguesas, se tornem membros remotos do Euronext. A.C. PT e EDP Positivo ou indiferente As empresas portuguesas com maior capitalização bolsista, como a EDP e a PT, prevêem que a adesão ao Euronext não lhes trará grandes mudanças e, a verificarem-se, serão para melhor. Para a companhia eléctrica com a sexta maior capitalização bolsista europeia, a consequência esperada será "positiva ou, pelo menos, indiferente" no que se refere à sua posição no mercado, na opinião do responsável pelo gabinete de relações com os investidores. Quanto à quebra das cotações, nos últimos meses - ontem, a EDP fechou, a 2,72 euros -, a mesma fonte sustenta haver duas ordens de factores: uma queda generalizada conjuntural dos mercados e, por outro, três "catalisadores", ou sejam, os factores que têm penalizado adicionalmente a empresa: o impasse em relação ao processo da Hidrocantábrico, a exposição da EDP ao mercado brasileiro e à sua crise e a aproximação de um novo quadro regulatório, em 2002. Pedro Dias, responsável pelas relações com investidores da PT, considera igualmente "positiva" a adesão ao Euronext, considerando que a empresa de telecomunicações "ficará com maior visibilidade". A quebra recente nas cotações da PT explica-se sobretudo pela oferta de troca de acções lançada no Brasil e pela exposição na América Latina, numa altura em que os investidores estão ainda a penalizar as telecoms europeias pelo elevado grau de endividamento que apresentam. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Bolsa à espera de Pina Moura

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