Navio chinês pode provocar desastre ambiental

15-02-2001
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Navio Chinês Pode Provocar Desastre Ambiental

Por ANA PEIXOTO FERNANDES

Quarta-feira, 27 de Dezembro de 2000 Um navio de nacionalidade chinesa, o "Coral Bulker", está encalhado, desde anteontem à noite, junto ao molhe norte do porto de Viana do Castelo. A embarcação sofreu, às últimas horas do dia de Natal, uma avaria na casa de máquinas, o que fez com que ficasse descontrolada, acabando por vir a embater contra as rochas. Com um rombo no casco, o barco oferece sérios riscos de vir a originar um desastre ambiental, se se verificar o derramamento de grandes quantidades do combustível que possui no seu interior. A retirada das 620 toneladas de fuel oil e 70 de gasóleo, que se encontram a bordo, é considerada prioritária pelas autoridades marítimas e pelo próprio secretário de Estado da Administração Marítimo Portuária, José Junqueiro, que se deslocou ao local do acidente logo de madrugada, para acompanhar o desenrolar da situação. Os 22 tripulantes que seguiam no "Coral Bulker" - com cerca de 170 metros de comprimento, 17 mil toneladas de arqueação bruta e 8 metros de calado -, que transportava 9 mil toneladas de madeira proveniente de Tallin, capital da Estónia, foram resgatados entre as 3h40 e as 5h30 por um helicóptero "Puma" da Força Aérea Portuguesa, encontrando-se recolhidos e a salvo num hotel da cidade. O incidente ocorreu perto da meia-noite de 25 de Dezembro, quando o barco, que se encontrava fundeado a algumas milhas da costa, teve uma avaria numa das suas máquinas. Apesar de todos os esforços por parte da tripulação para orientar o navio, o estado alteroso do mar, que já havia levado ao encerramento da própria barra, acabou por o arrastar até ao local onde se ainda se encontra, junto à entrada da barra situada a algumas dezenas de metros da Praia Norte, e onde se deverá manter durante os próximos dias. As condições meteorológicas adversas e a forte ondulação eram ontem o maior impedimento para realizar qualquer tipo de operação de resgate, pelo que as probabilidades de ocorrer um desastre ecológico aumentam a cada momento. Na melhor das hipóteses, o melhoramento do estado do mar permitirá a retirada do combustível e o reboque da embarcação, mas "tudo é possível, o melhor e o pior", afirmou José Junqueiro. "Perigo ambiental eminente" "Há perigo ambiental eminente. Queríamos fazer a transferência deste combustível que está no navio, saber até se é possível rebocar o navio daqui, mas tudo é imprevisível, porque as condições do mar são péssimas e mesmo uma operação de transferência de cerca de 690 toneladas de combustível é muito complicada e poderá levar vários dias", afirmou o governante. O mesmo confirmou a existência de um pequeno derramamento de fuel oil e gasóleo, acrescentando que, "se não resistir a este choque contra o molhe norte, há possibilidades de um rombo no barco ou de ele partir e o derrame é muito complicado". "Não sabemos o que poderá acontecer ao próprio navio, com o mar com esta força e com ele projectado aqui contra o molhe", manifestou ainda. Esta situação desencadeou, ontem, ao final da tarde, uma reunião de emergência na Capitania do Porto de Viana com os representantes do armador do navio e que contou com a presença do secretário de Estado do Ambiente, Rui Gonçalves, autoridades marítimas, o presidente da câmara, Defensor de Moura, e o governador civil de Viana do Castelo, Oliveira Silva. Do encontro, saiu a certeza de que a operação de retirada do combustível, que se encontra no interior do "Coral Bulker", será realizada o mais breve quanto possível, o que poderá acontecer ao início da manhã de hoje se as condições meteorológicas e o estado do mar forem favoráveis. À saída da reunião, Rui Gonçalves assegurou que "foram decididas algumas medidas para prevenir eventuais casos de poluição se houver algum acidente mais grave com o navio", estando já formadas as equipas que, durante a noite, poderão instalar barreiras à entrada do estuário do rio Lima. "A quantidade de combustível que foi derramada é curta, não se sabe exactamente qual, ninguém a consegue avaliar neste momento. Apenas se sabe a capacidade do depósito, que são 400 litros, mas é impossível dizer-se se todo o depósito foi libertado ou não. Uma pequena quantidade foi, com certeza, e está junto ao barco", afirmou. Baseando-se em informações prestadas pelo comandante da capitania, António Carvalho, aquele governante acrescentou ainda que "tudo indica que o barco está encalhado mas não numa situação que ofereça grande risco. Mas, com a força do mar e a força dos elementos, nunca sabemos o que é que pode acontecer e, por isso, é melhor prevenir do que remediar". O secretário de Estado garantiu que todos os meios de combate à poluição marítima foram requisitados para Viana do Castelo e que estes serão instalados durante a noite. Meios que, afirma, "são suficientes para proteger o estuário". "De manhã cedo, será apresentado um plano para retirar o combustível e começarão a retirá-lo tão cedo quanto possível", afirmou ainda. A reunião entre o comandante do porto de Viana e o comandante e representantes ingleses do armador do "Coral Bulker" continuava ontem ao início da noite, mas estes últimos emitiram, entretanto, um comunicado anunciando que os proprietários chineses do navio, a empresa Alderran Shipping - BVI, designaram a companhia Smit Tak BV como responsável pelo salvamento da embarcação e das operações necessárias a fim de evitar ou minimizar os possíveis danos ambientais decorrentes do acidente. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Navio chinês pode provocar desastre ambiental

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Os 22 tripulantes que seguiam no "Coral Bulker" - com cerca de 170 metros de comprimento, 17 mil toneladas de arqueação bruta e 8 metros de calado -, que transportava 9 mil toneladas de madeira proveniente de Tallin, capital da Estónia, foram resgatados entre as 3h40 e as 5h30 por um helicóptero "Puma" da Força Aérea Portuguesa, encontrando-se recolhidos e a salvo num hotel da cidade. O incidente ocorreu perto da meia-noite de 25 de Dezembro, quando o barco, que se encontrava fundeado a algumas milhas da costa, teve uma avaria numa das suas máquinas. Apesar de todos os esforços por parte da tripulação para orientar o navio, o estado alteroso do mar, que já havia levado ao encerramento da própria barra, acabou por o arrastar até ao local onde se ainda se encontra, junto à entrada da barra situada a algumas dezenas de metros da Praia Norte, e onde se deverá manter durante os próximos dias. As condições meteorológicas adversas e a forte ondulação eram ontem o maior impedimento para realizar qualquer tipo de operação de resgate, pelo que as probabilidades de ocorrer um desastre ecológico aumentam a cada momento. Na melhor das hipóteses, o melhoramento do estado do mar permitirá a retirada do combustível e o reboque da embarcação, mas "tudo é possível, o melhor e o pior", afirmou José Junqueiro. "Perigo ambiental eminente" "Há perigo ambiental eminente. Queríamos fazer a transferência deste combustível que está no navio, saber até se é possível rebocar o navio daqui, mas tudo é imprevisível, porque as condições do mar são péssimas e mesmo uma operação de transferência de cerca de 690 toneladas de combustível é muito complicada e poderá levar vários dias", afirmou o governante. O mesmo confirmou a existência de um pequeno derramamento de fuel oil e gasóleo, acrescentando que, "se não resistir a este choque contra o molhe norte, há possibilidades de um rombo no barco ou de ele partir e o derrame é muito complicado". "Não sabemos o que poderá acontecer ao próprio navio, com o mar com esta força e com ele projectado aqui contra o molhe", manifestou ainda. Esta situação desencadeou, ontem, ao final da tarde, uma reunião de emergência na Capitania do Porto de Viana com os representantes do armador do navio e que contou com a presença do secretário de Estado do Ambiente, Rui Gonçalves, autoridades marítimas, o presidente da câmara, Defensor de Moura, e o governador civil de Viana do Castelo, Oliveira Silva. Do encontro, saiu a certeza de que a operação de retirada do combustível, que se encontra no interior do "Coral Bulker", será realizada o mais breve quanto possível, o que poderá acontecer ao início da manhã de hoje se as condições meteorológicas e o estado do mar forem favoráveis. À saída da reunião, Rui Gonçalves assegurou que "foram decididas algumas medidas para prevenir eventuais casos de poluição se houver algum acidente mais grave com o navio", estando já formadas as equipas que, durante a noite, poderão instalar barreiras à entrada do estuário do rio Lima. "A quantidade de combustível que foi derramada é curta, não se sabe exactamente qual, ninguém a consegue avaliar neste momento. Apenas se sabe a capacidade do depósito, que são 400 litros, mas é impossível dizer-se se todo o depósito foi libertado ou não. Uma pequena quantidade foi, com certeza, e está junto ao barco", afirmou. Baseando-se em informações prestadas pelo comandante da capitania, António Carvalho, aquele governante acrescentou ainda que "tudo indica que o barco está encalhado mas não numa situação que ofereça grande risco. Mas, com a força do mar e a força dos elementos, nunca sabemos o que é que pode acontecer e, por isso, é melhor prevenir do que remediar". O secretário de Estado garantiu que todos os meios de combate à poluição marítima foram requisitados para Viana do Castelo e que estes serão instalados durante a noite. Meios que, afirma, "são suficientes para proteger o estuário". "De manhã cedo, será apresentado um plano para retirar o combustível e começarão a retirá-lo tão cedo quanto possível", afirmou ainda. A reunião entre o comandante do porto de Viana e o comandante e representantes ingleses do armador do "Coral Bulker" continuava ontem ao início da noite, mas estes últimos emitiram, entretanto, um comunicado anunciando que os proprietários chineses do navio, a empresa Alderran Shipping - BVI, designaram a companhia Smit Tak BV como responsável pelo salvamento da embarcação e das operações necessárias a fim de evitar ou minimizar os possíveis danos ambientais decorrentes do acidente. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Navio chinês pode provocar desastre ambiental

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